sexta-feira, 9 de maio de 2008

Dilma X Agripino Maia (ex-arena, depois PDS, PFL e agora DEM)



José Agripino quis dar uma de esperto e acabou se estrepando: a ministra Dilma disse ter mentido quando foi torturada pelo regime militar, daí Agripino insinuou que ela sempre mentia.

Aí a ministra responde na lata:
- "É impossível a verdade ou o diálogo com pau-de-arara, choque elétricos. Eu tinha 19 anos, fiquei três dias na cadeia e fui barbaramente torturada. Me orgulho de ter mentido, porque salvei companheiros da tortura e da morte."

- "Certamente, nós estávamos em momentos diversos das nossas vidas políticas, senador."

Agripino era do Arena, base de apoio do regime militar.Chegou a ser nomeado pelos milicos prefeito biônico de Natal. O Arena virou PDS, PFL e agora DEM. Ele, assim como vários DEMOcratas, só deixou de apoiar o regime quando este dava seu último suspiro.


Agripino + Virgílio = tiro no pé.

Dois coronéizinhos de meia tigela que o PIG (Partido da Imprensa Golpista) tenta a todo custo dar expressão nacional, mas por mais que tente, os dois só mandam bola fora.

Idec mostra mais um drible dos bancos na responsabilidade social

Conselho Monetário Nacional (CMN) baixou uma determinação no final do ano passado para tentar conter o abuso que os bancos cometem na cobrança de tarifas e, conseqüentemente, proteger os clientes da sede de lucros comum nas instituições. As instituições tiveram até o último dia 30 para se adequar à nova realidade, mas, ao que parece, usaram o tempo para montar uma estratégia onde continuassem ganhando em cima da sociedade.

Uma pesquisa realizada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) em dez bancos constatou que a maioria (80%) oferece pacotes de serviços padronizados mais caros do que outras opções.

“As propostas apresentadas por oito bancos driblam o objetivo da nova resolução”, destaca nota publicada pelo Idec. Por meio desse comunicado, a coordenadora executiva do instituto, Marilena Lazzarini, disse que “não é à toa que as instituições financeiras estão sempre entre os primeiros no ranking de reclamação dos órgãos de defesa do consumidor”.

“O consumidor continua sem instrumento de comparação porque os pacotes fora da padronização são mais vantajosos, neutralizando a intenção de se permitir a melhor escolha”, disse Lisa Gan, gerente de informação do Idec.

O presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, destaca que “é fácil para os bancos dizer em suas propagandas que têm responsabilidade social. Mas, na hora de devolver para a sociedade parte do muito que tiram dela, fazem o que podem para evitar”.

Exemplos – De acordo com o levantamento, os bancos Itaú e Caixa Econômica Federal são os que cobram as tarifas mais baixas pelo pacote padronizado (R$ 15). No caso do primeiro, o cliente pode optar por outro sistema – o Maxiconta Econômica – que custa quase a metade (R$ 8,50), com a vantagem de permitir que se efetuem oito transferências a mais para contas dentro do próprio Itaú. Quanto à Caixa, pagando R$ 12,50, o correntista não tem limite no número de saques, enquanto no padronizado, a gratuidade é válida apenas até quatro operações do gênero.

Outro exemplo é o HSBC, que fixou em R$ 21 o tipo de prestação de serviço padronizado e a opção de um pacote no valor de R$ 20 em que não há limite para a oferta de cheques. Já no Banco Real, a tarifa é a mesma entre as duas situações (R$ 27), só que fora do padronizado, o banco disponibiliza 15 cheques, dois saques e quatro transferências entre contas a mais.

Luta – O Idec defende a revisão das medidas e encaminhou na segunda, dia 5, sugestão nesse sentido ao Ministério do Planejamento e ao Banco Central. Além disso, pretende publicar, a partir de terça, dia 6, no site www.idec.org.br, esclarecimentos sobre as normas que devem ser cumpridas, uma tabela com os valores dos pacotes oferecidos pelas instituições pesquisadas e orientações.

André Rossi com Agência Brasil - 05/05/2008
http://www.spbancarios.com.br/noticia.asp?c=7631

quinta-feira, 1 de maio de 2008

O petróleo é nosso

JOSÉ VIEGAS - Folha de São Paulo, 29/04/2008


Podemos seguir o bom exemplo da Noruega e ir pensando desde já na possibilidade de criar um Fundo do Petróleo brasileiro



SUPONHAMOS que as reservas contidas no mais recente achado de petróleo no "ultra deep" brasileiro sejam mesmo de 33 bilhões de barris. Suponhamos que, como o achado não é o primeiro, tampouco será o último. Suponhamos que passemos a exportar, dentro de uns cinco a sete anos, 1 milhão de barris por dia (deve ser mais). Ao preço de hoje, serão 40 bilhões de dólares por ano. Ou seja: 2% do PIB. Que vamos fazer com esse dinheiro?

Precisamos combinar. E podemos começar com uma premissa que deve ser consenso: o petróleo é nosso. Quem somos nós? A nação brasileira.
É só olhar para a lista dos grandes exportadores de petróleo para ver que só um deles, a Noruega, país muito diferente do nosso, é verdadeiramente rico e feliz. Os demais grandes exportadores geram uma riqueza financeira que não se irradia nem pela economia nem pela população e que alimenta gastos supérfluos, burocracias agigantadas e muita corrupção.

Corram a lista para ver onde não é assim. Onde a riqueza do petróleo gerou um surto de desenvolvimento que efetivamente transformou o país em uma potência rica e feliz?

Em síntese, temos que ter presente o fato de que o dinheiro do petróleo não necessariamente fará bem para a saúde da economia do país e pode desvirtuar o seu desenvolvimento, gerando, também aqui, os males que tem gerado em outras partes.

Os mecanismos perversos que afetam as exportações de petróleo são simples e conhecidos. Como já somos auto-suficientes em matéria de petróleo, o aumento da nossa produção será utilizado basicamente para a exportação. O valor da exportação adicional contribuirá para aumentar a cotação internacional do real, que ficará ainda mais sobrevalorizado. Em conseqüência, haverá a diminuição do preço das importações, o que colocará a nossa indústria sob pressão. Isso é o que acontece normalmente e, se nós não tomarmos as medidas necessárias para evitá-lo, é o que também acontecerá conosco.

Singularizei a Noruega porque esse país adotou um esquema alternativo para não deixar que o dinheiro produzido pelas exportações de petróleo se esvaia simplesmente ou, pior, acabe prejudicando o desenvolvimento da nação. O governo norueguês estabeleceu um fundo nacional por meio do qual reserva a renda gerada pelo petróleo para o desenvolvimento a longo prazo.

Em vez de fazer disparar o consumo e as importações a curto prazo (o que gera inflação, gastos supérfluos e desindustrialização), os noruegueses consideraram a renda do petróleo uma riqueza coletiva, pertencente à nação como um todo, e criaram mecanismos capazes de proteger o país das oscilações dos mercados internacionais e de lhe propiciar um desenvolvimento econômico e social sadio e sustentável.

A receita da exportação do petróleo foi canalizada para um fundo que se capitalizou rapidamente e já dispõe de mais de 200 bilhões de euros (mais de 300 bilhões de dólares ou mais de 500 bilhões de reais).

A gestão desse fundo se baseia em duas premissas principais: a) assegurar que uma parcela razoável da riqueza produzida pelo petróleo seja utilizada em proveito das gerações futuras; e b) não permitir que os recursos sejam utilizados de maneiras incompatíveis com a ética, com os interesses de longo prazo da nação e com a proteção do meio ambiente.

Os investimentos do fundo não são especulativos. Destinam-se a apoiar atividades produtivas e a elevar a qualidade de vida da população. Essa é a diferença fundamental entre a Noruega e os outros grandes exportadores de petróleo, em que o grosso do dinheiro vai para os bolsos de magnatas, perde-se em operações de curto prazo, é gasto em corrupção e alimenta privilégios, sem gerar um verdadeiro desenvolvimento econômico e social.

Podemos seguir o bom exemplo e ir pensando desde já na possibilidade de criar um fundo brasileiro, que, como os nossos dois países são muito diferentes, não tem que ser inteiramente igual ao norueguês.

Se decidirmos criar um Fundo do Petróleo, é fundamental que ele seja bem arquitetado, com regras claras e transparentes, com uma base ética sólida e com uma virtual proibição de distribuição de proventos a curto prazo. O Poder Executivo, o Poder Legislativo e a sociedade civil deverão dialogar muito a esse respeito.

O outro aspecto crucial, naturalmente, será a gestão do fundo. Felizmente, o Brasil já tem hoje o terceiro maior banco de desenvolvimento do mundo, o BNDES, cujas práticas de gestão são respeitadas por todos.

JOSÉ VIEGAS FILHO, 65, é embaixador do Brasil na Espanha. Foi ministro da Defesa (2004-2005).

O "investment grade" e os dólares assustados

Do blog do Luís Nassif


Confesso que fiquei como Thomas Trebat, diretor do Centro de Estudos do Brasil da Universidade Columbia (clique aqui para ler matérias):

“Fiquei surpreso pelo timing, conceder o grau de investimento bem no meio de um ciclo econômico que está prestes a virar”, disse.

“O boom econômico brasileiro não vai durar para sempre; por causa da crise mundial, haverá queda nos fluxos de capital e nos preços das commodities, e o País voltará a ter déficit em conta corrente. A melhora foi um reconhecimento do esforço de política econômica dos últimos 12 anos, mas precisamos ver como o País vai reagir ao ambiente menos amistoso dos próximos tempos.”

Vamos entender esse imbróglio:

1. A S&P pisou feio na bola com a Argentina e Brasil, antes de 1999, ao analisar exclusivamente as contas públicas – sob a ótica de capacidade de pagar dívidas contraídas. Dançou feio porque não adianta contas públicas em ordem sem contas externas em ordem. O investidor entre com dólares, adquire reais, aplica. Na hora de sair precisa comprar os dólares para remeter. Na hipótese de uma crise cambial a pressão pelas compras provocará uma explosão nas cotações, que lhe infligirá prejuízos.

2. O Brasil não está perto de uma crise cambial, mas não está longe. A deterioração nas contas externas se dá a olhos vistos, por conta da apreciação cambial. E essa apreciação cambial é fruto do diferencial entre juros internos e externos – quanto maior, mais dólares entram, mais o real se aprecia. Com o “investment grade”esse diferencial aumenta (porque a rentabilidade do títulos soberano do Brasil no exterior diminuir, por ser considerado menor o risco); ocorrerá aumento do fluxo de dólares (muitos fundos institucionais aplicam fatias de sua carteira de acordo com o grau de investimento dos ativos); e o dólar cairá mais ainda por aqui. Portanto será um fator a mais de risco para as contas externas.

3. Os investidores entrarão com a mão no revólver (não diria o dedo no gatilho, porque ainda falta um tempo), de olho nas contas externas. Ficarão até à véspera de uma situação considerada insustentável. Depois se mandam. Futurismo? Não: análise do passado recente apenas.

Para ficar mais claro, entenda quem ganha e quem perde:

1. Ganham investidores externos, que terão mais recursos e mais diferencial de juros para ganhar, enquanto a festa durar.

2. O governo Lula, obviamente, por calar a boca dos críticos da política econômica. É óbvio que, quando vier a crise externa, os críticos passarão a criticar a política econômica e fingirão que não a apoiavam antes. A conta será toda do governo.

3. Grandes multinacionais brasileiras? Dificilmente, já que muitas delas já tinham melhor avaliação que a do Brasil.

4. Importadores em geral. Mas quem adquire bens de investimento ficará com um pé no freio, porque a deterioração das contas externas está se acelerando.

Quem perde:

1. Contas públicas. Cada dólar que entra pelo mercado financeiro está levando o Banco Central a aumentar as reservas e exige como contrapartida a colocação de títulos públicos no mercado. Essa conta é paga pelo contribuinte.

2. Exportadores, por razões óbvias.

3. As contas externas brasileiras, com a ampliação do déficit nas transações correntes.

Estamos falando do primeiro tempo do jogo.

A questão é o segundo tempo.

Numa ponta, há sinais nítidos de que o FED americano está terminando o ciclo de baixa dos juros. Assim que a economia americana demonstrar o menos sinal de recuperação, tratará de aumentar os juros e inverter a queda do dólar. O dólar voltará a se valorizar, os juros a aumentar, reduzindo os fluxos financeiros para o mundo.

Haverá efeitos sobre os preços das commodities (que hoje abrigam capitais especulativos fugindo da desvalorização do dólar) e recuperação da capacidade de importar dos EUA.

A estratégia brasileira tem sido a de substituir dólares seguros (provenientes de contas comerciais) por dólares assustados (do mercado financeiro), Quando os seguros deixarem de entrar, os assustados se assustam.