domingo, 27 de março de 2011

Gestão Serra cortou verbas para limpeza do Tietê causando enchentes na capital

Rio Tietê ficou sem limpeza por quase três anos em São Paulo

Arthur Guimarães
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Destino do equivalente a cerca de 400 piscinas olímpicas de lixo e resíduos todo ano, o trecho metropolitano do rio Tietê ficou sem limpeza entre 2006, 2007 e parte de 2008.

O governo estadual assumiu nesta semana, em resposta a questionamento feito há 24 dias pelo UOL Notícias, que por mais de 1.000 dias não foi feito o serviço de desassoreamento do leito que corta São Paulo e cujos transbordamentos, em dias de forte chuva na capital, interrompem o tráfego na marginal e trazem o caos aos paulistanos. Só nos primeiros três meses deste ano, foram registrados três episódios do tipo.

Nota oficial emitida em 22 de março pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), órgão vinculado à secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos, confirma que houve uma suspensão no serviço de escavação, recolhimento e transporte dos dejetos que se acumulam no fundo do leito do rio.

Na análise de especialistas, tal suspensão é temerária e pode, inclusive, ter prejudicado os ganhos obtidos com o rebaixamento da calha do Tietê, obra entregue em 2005, sob o custo de R$ 2 bilhões, e que alargou o rio em até 30 metros e o aprofundou em 2,5 metros.

Como apontam engenheiros e geólogos, o Tietê é um rio plano, com baixa velocidade da água e limitada capacidade de autolimpeza. Por isso, precisaria ser desassoreado sempre –apesar de essa ser uma tarefa cara (retirar 1 milhão de metros cúbicos custa R$ 64 milhões) e com pouca visibilidade política.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/03/25/governo-de-sp-deixou-de-limpar-o-rio-tiete-por-quase-tres-anos.jhtm

sexta-feira, 25 de março de 2011

A piora nos indicadores da educação paulista

Não adianta reclamar, os indicadores são do próprio estado de SP

http://educacao.uol.com.br/ultnot/2011/03/18/nota-do-ensino-medio-de-sp-...

18/03/2011 - 17h35
"Nota" do ensino médio do Estado de SP cai e chega a 1,81 em uma escala de zero a dez
Rafael Targino
Em São Paulo

O Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo), uma espécie de “nota” da educação do Estado, caiu entre 2009 e 2010 nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. Neste último nível, a nota do ano passado foi 1,81, contra 1,98 em 2009, em uma escala de zero a dez.

Nos anos finais do ensino fundamental, a nota recuou de 2,84 para 2,52. Nos inciais, a nota subiu de 3,86 para 3,96. O índice é feito levando-se em conta dados de aprovação, reprovação, abandono e os resultados no Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), composto por provas de português e matemática.

Fazem os exames os estudantes dos 5º e 9º anos do fundamental e do 3º ano do ensino médio. O Idesp também influencia nos bônus por desempenho pagos a professores da rede.

Segundo a secretaria, a redução no 9º ano se deu pelas quedas nas notas de matemática (de 251,5 em 2009 para 243,3 em 2010) e português (de 236,3 para 229,2). Esse mesmo recuo foi registrado no ensino médio, em português (de 274,6 para 265,7) e em matemática (de 269,4 para 269,2).

Quem puxou o crescimento da primeira etapa do ensino fundamental foi a prova de matemática. A nota dos alunos subiu de 201,4 em 2009 para 204,6 em 2010.

Proficiência

A distribuição por níveis de proficiência nos três níveis seguiu o resultado do Idesp, com melhora nos anos iniciais e piora nos finais e no ensino médio. Veja:

Anos iniciais do fundamental
2009 2010
MATEMÁTICA
Insuficente 30,3% 29%
Suficente 63,3% 62,7%
Avançado 6,3% 8,2%
PORTUGUÊS
Insuficente 20,9% 19,8%
Suficente 68,8% 70,4%
Avançado 10,3% 9,8%
Anos finais do fundamental
2009 2010
MATEMÁTICA
Insuficente 27,6% 34,9%
Suficente 71,2% 64,3%
Avançado 1,2% 0,8%
PORTUGUÊS
Insuficente 22,5% 28,4%
Suficente 75,5% 69,8%
Avançado 2,3% 1,7%
Ensino médio
2009 2010
MATEMÁTICA
Insuficente 58,3% 57,7%
Suficente 41,2% 42%
Avançado 0,5% 0,3%
PORTUGUÊS
Insuficente 29,5% 37,9%
Suficente 69,8% 61,6%
Avançado 0,7% 0,6%

Dívida em dólar sobe e preocupa governo

Da Folha

Endividamento privado em moeda estrangeira supera o nível de 2008, quando a crise afetou Sadia, Aracruz e Votorantim

Para analistas, o fato de serem operações de curto prazo indica que muitos dos recursos são usados para especular

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

A dívida em moeda estrangeira de empresas e bancos já supera o nível anterior à crise de 2008. Com isso, tornou-se um dos alvos do governo na tentativa de segurar a inflação e a queda do dólar.

Dados do Banco Central mostram que a dívida externa do setor privado chegou a US$ 111 bilhões em setembro, último dado disponível. Há três anos, às vésperas da crise, eram US$ 97 bilhões.

Esse nível de endividamento externo só havia sido alcançado pelo setor privado entre 1998 e 2000, quando chegou a US$ 117 bilhões, e é quase o dobro do verificado há cinco anos.

Outro fator de risco é o aumento na dívida com vencimento em até 12 meses, que dobrou desde 2009.

O fato de serem operações de curto prazo reforça a avaliação, segundo analistas do mercado de câmbio, de que muitas operações não estão ligadas a recursos para investimento, mas à especulação com a queda do dólar.

Na crise de 2008, várias empresas que especulavam com o câmbio, entre elas Sadia, Aracruz e Votorantim, tiveram prejuízos e foram socorridas pelo governo.

O BC já manifestou preocupação com o risco de uma nova virada nas cotações. Em janeiro, anunciou medidas para diminuir as dívidas dos bancos no mercado de câmbio no Brasil. Agora, o governo estuda novas ações para conter a queda do dólar e está de olho no aumento das dívidas no exterior.

FECHAR PORTAS

Além de diminuir o risco cambial das empresas, essas restrições podem fechar uma das principais portas de entrada de recursos no país.

Outro problema é que parte desse dinheiro está sendo trazida pelos bancos, cuja dívida externa cresceu 57% nos primeiros nove meses de 2010, para elevar sua capacidade de empréstimos. Isso reduz a eficácias das medidas para conter a alta do crédito e esfriar a economia.

Sidnei Nehme, da corretora NGO, afirma que a extensão da cobrança do IOF de 5,38%, que hoje se aplica só a empréstimos de até 90 dias, pode desestimular o uso desses empréstimos para lucrar com a diferença de juros dentro e fora do país.

Mario Battistel, da corretora Fair, diz, no entanto, que não há como taxar o dinheiro destinado à especulação sem prejudicar a vinda de recursos para o setor produtivo.

Em 2010, o valor dos novos empréstimos obtidos no exterior superou em quase 150% o pagamento de dívidas.

Empresas e bancos brasileiros pagaram US$ 14 bilhões, mas contraíram US$ 34 bilhões em novas operações de crédito fora do país.

As dívidas de curto prazo no exterior somavam US$ 62 bilhões em janeiro, 24% da dívida externa do país, o dobro da participação de 2006.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Biodiesel e Petrobras fortalece agricultura familiar no NE

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110321/not_imp694790,0.php

Biodiesel fortalece pequeno produtor no Nordeste
Mais de 100 mil famílias lucram com a produção de oleaginosas, com contratos de cinco anos e preços garantidos pela Petrobrás
21 de março de 2011 | 0h 00, Eduardo Magossi / RECIFE - O Estado de S.Paulo

O programa nacional de biodiesel mudou a cara da agricultura familiar em regiões do Nordeste, introduzindo com sucesso as culturas do girassol e da mamona entre pequenos produtores. A garantia de escoamento por meio de contratos de longo prazo com a Petrobrás Biocombustível permite que esses agricultores ampliem a produção e troquem terras arrendadas por próprias, movimentando a economia de municípios da Bahia, Sergipe e Pernambuco.
Nessas regiões, as casas de alvenaria já substituem as barracas de lona. Nas agrovilas, a pavimentação das ruas e o surgimento de pequenos mercados, padarias e cabeleireiros refletem o desenvolvimento da economia local. A maioria das casas já conta com antena parabólica.

Iniciativas simples como garantir a compra dos produtos com contratos de longo prazo têm resultado em um aumento médio da renda destes pequenos produtores em cerca de R$ 6 mil por ano - dinheiro extra que tem sido usado para investimentos na própria lavoura e na melhoria das condições de vida.

De 100 mil famílias que plantam oleaginosas para a produção de biodiesel no Brasil, o programa da Petrobrás Biocombustível (PBio) atende mais de 50% por meio de contratos. "A grande virada foi a criação de contratos de cinco anos, que deu estabilidade e confiança ao agricultor. Ele pode pensar sua propriedade como um negócio no médio prazo", afirma o presidente da PBio, Miguel Rossetto.

Com o programa, a Petrobrás fornece sementes de mamona e girassol para o produtor, além de assistência técnica. Na hora da comercialização, os preços são definidos pelo mercado conforme a data da entrega, respeitando o valor mínimo definido pelo Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar. "O produtor recebe se entregar o produto", diz Rossetto.

Na safra 2009/10, a PBio comprou 84.542 toneladas de produtos por R$ 80,7 milhões - o valor não inclui despesas com assistência técnica e sementes. Embora o volume ainda seja modesto, é suficiente para mudar a vida dos agricultores dessas regiões carentes de investimento e infraestrutura. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário, 50% dos estabelecimentos da agricultura familiar estão no Nordeste.

Terra própria. Em Alagoinha, no agreste pernambucano, o agricultor Enéas de Almeida teve produtividade recorde com o plantio de mamona. Ele registrou 1.480 quilos da oleaginosa por hectare na safra 2010 - muito acima da média de 700 quilos por hectare de Pernambuco. Almeida vinha plantando mamona em cinco hectares de terras arrendadas. "Com o dinheiro que recebi da Petrobrás pela venda da primeira safra, comprei dez hectares", conta. "Agora vou plantar no que é meu."

O pequeno produtor Juracy Souza Pires seguiu à risca as recomendações dos técnicos e usou a mamona para diversificar sua atual produção. Em Irecê, no polígono das secas baiano, a 480 quilômetros de Salvador, Pires é mais um agricultor que está ajudando a reativar o plantio de mamona na região, que já foi conhecida como a capital do feijão. "A venda da mamona me deu renda extra e eu não precisei buscar recursos em agiotas nos últimos dois anos." Sem acesso a recursos bancários, Pires diz que a renda também foi suficiente para dar início à irrigação da lavoura.

O professor de Economia da Universidade Federal de Sergipe, Olívio Teixeira, especialista em agricultura familiar, ressalta que o programa de biodiesel tem sido importante por incentivar a organização dos produtores para fazer frente às exigências da PBio. "De certa forma, o programa incentivou a organização de cooperativas regionais e criando um ambiente para o bom desempenho de programas governamentais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar."

Segundo Teixeira, o pequeno agricultor também tem se mostrado receptivo à transferência de conhecimento propiciada pela assistência técnica do programa de biodiesel. "Estas novas tecnologias, embora básicas, têm levado ao aumento de produtividade não só nas lavouras do programa mas também nas demais culturas plantadas."

Para o pesquisador, a maior vantagem do programa é o fortalecimento da agricultura familiar e não apenas o biodiesel. Em algumas áreas, não foi só a produtividade que dobrou, mas também a renda das famílias.

Baixos salários e condições de trabalho fazem professores desistirem em SP

Em São Paulo, o estado do partido da boa gestão (PSDB), professores concursados desistem devido aos baixos salários e péssimas condições de trabalho.


Professor "novato" desiste de aulas na rede estadual

Por dia, dois docentes recém-concursados abandonam escolas em São Paulo

Principal reclamação é sobre falta de estrutura na rede; governo afirma que desistências estão dentro do esperado

FÁBIO TAKAHASHI - FOLHA DE SÃO PAULO

Formado na USP, Edson Rodrigues da Silva, 31, foi aprovado ano passado no concurso público da rede estadual para ensinar matemática. Passou quatro meses no curso preparatório obrigatório do Estado para começar a lecionar neste ano no ABC paulista. Ao final do primeiro dia de aula, desistiu.

"Vi que não teria condições de ensinar. Só uma aluna prestou atenção, vários falavam ao celular. E tive de ajudar uma professora a trocar dois pneus do carro, furados pelos estudantes. Se continuasse, iria entrar em depressão. Não vale passar por isso para ganhar R$ 1.000 por 20 horas na semana."

Silva diz que continuará apenas na rede privada. Como ele, outros efetivados neste ano pelo governo já desistiram das aulas, passados apenas 39 dias do início das aulas, sendo 25 letivos.

Até sexta-feira, 60 já haviam finalizado o processo de exoneração, a pedido, média de mais de dois por dia letivo. Volume não informado pela Secretaria da Educação está com processo em curso.

A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) diz ser normal o número de desistências, considerando a quantidade de efetivações (9.300). Educadores, porém, discordam.

Para a coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, Maria Marcia Malavasi, "o cenário é triste; especialmente na periferia, os professores encontraram escolas sem estrutura, profissionais mal pagos, amedrontados e desrespeitados."

DESMOTIVAÇÃO

As desistências têm diferentes motivações. Entre as principais citadas por exonerados ouvidos pela Folha estão falta de condições de trabalho (salas lotadas, por exemplo), desinteresse de alunos e baixos salários.

"Muitos alunos não apresentam condições mínimas para acompanhar o ensino médio e têm até uma postura agressiva com o professor", disse Juliana Romero de Mendonça, 25, docente de química. "A realidade da escola é diferente da mostrada no curso", afirmou Gilson Lopes Silva, 30, de filosofia.

O concurso selecionou docentes de todas as matérias do final dos ensinos fundamental e médio, séries com muitos temporários e mais problemas de qualidade.

Para Maria Izabel Noronha, presidente do sindicato do magistério, além de condições precárias da rede, "a formação nas universidades não é satisfatória, pois elas trabalham com uma escola irreal, de alunos quietinhos". Ela exige que o Estado dê mais tempo aos docentes para a formação em serviço.