terça-feira, 28 de outubro de 2008

A volta do Velho

Com a crise financeira até banqueiros estão comprando e lendo(!) “O Capital”. O livro virou um best-seller. Motivo: entender como o capitalismo pode devorar a si mesmo, que é o que está acontecendo. Há 20 anos o capitalismo obteve uma vitória destruidora sobre o comunismo. Hoje, parece não poder se recuperar de sua vitória.

Flávio Aguiar

Leia o texto completo:
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4014&boletim_id=479&componente_id=8431

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O que é isso companheiro?

Meus amigos, o Rio está condenado a mais quatro anos sem grandes mudanças. Nem Gabeira, nem Paes prestram.

O Gabeira, o verde financiado por siderúrgica e mineradora na sua eleição para deputados? O neotucano? Aquele adorado pelos bancários, que brada contra desafetos políticos desonestos e apóia a política monetária do Meirelles que consome bilhões?

Não é à toa que ele é o queridinho dos banqueiros e tem por trás o Armínio Fraga (futuro secretário de finanças do Rio) que aproveitou sua condição de presidente do Banco Central para enriquecer mais ainda (ele e a seus próximos).

Fraga é dono da Gávea investimentos e tem vários interesses imobiliários no Rio, interesses que não coincidem com os da população.


O que é isso companheiro?

Fim da greve dos bancários

Após 15 dias de greve, os bancários aceitam nova proposta da FENABAN (sindicato dos banqueiros): reajuste salarial de 10% para quem ganha até R$ 2.500 e de 8,15% para os que ganham acima desse valor. Cerca de metade dos bancários do país ganham atualmente menos que R$ 2.500.

Os bancários que já foram classe média a menos de duas décadas atrás, hoje na maioria nem sonha em colocar seus filhos em escolas particulares. Viraram proletários. O número de trabalhadores decresceu na mesma proporção que subiram os lucros e as tarifas bancárias.

Eu fui bancário até maio passado e sei como é dura a labuta. Muita cobrança, metas e metas. Segundo o INSS, a categoria é uma das que mais tem doenças ocupacionais, físicas (Lesão por Esforço Repetitivo) e mentais (insônia, depressão, surtos).

Os bancos não tem dó de esfolar a população, seja pelas tarifas, juros altos e vendas casada seja pela pressão para que o governo mantenha uma política econômica que os beneficia por anos a fio. Quase 6% do PIB é desviado para os rentistas através da política de juros altos e operações nebulosas do Banco Central.

Mesmo no curto período de bonança da economia brasileira (desde meados de 2006 até a eclosão da crise dos subprimes), os trabalhadores não conseguiram recuperar nem um quinto o que perderam na década passada e no início do governo Lula.

A política econômica favorece os patrões e os sindicatos como os dos bancários enfraqueceram tanto pela desmobilização dos trabalhadores, quanto pela sua diretoria que há muito tempo deixou de ser combativa.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Hora de mudar a política monetária e cambial

Em épocas de crise financeira como a que estamos vivendo, os mecanismos normais de mercado deixam de funcionar, convenções são quebradas, as visões sofrem transfigurações e comportamentos sofrem mudanças. Surgem descontinuidades que demandam mudanças nas instituições e nas regras de operação. É por isso que o próprio Banco Central do Brasil foi obrigado a rapidamente mudar as regras de depósito compulsório, uma anomalia herdada da época de hiperinflação que havia se transformado numa convenção imutável, para evitar contração maior de crédito. É hora de deixar de lado as convenções do período de normalidade e aprender as novas lições que o novo mundo nos oferece. Com a crise, num piscar de olhos, as prioridades mudaram, colocando em xeque a própria política monetária do BC. A redução das exigências de depósito compulsório significa aumentar a oferta de crédito, portanto a liquidez no mercado monetário, o que equivale rigorosamente a uma redução nos juros. De fato, o BC está disponibilizando recursos adicionais aos bancos a custo zero dos depósitos à vista e reduzindo o custo de captação dos depósitos a prazo e de poupança. Desta forma, a não ser que o Banco Central do Brasil seja esquizofrênico, a Selic deveria ser reduzida, como tem feito a quase totalidade dos bancos centrais em todo o mundo, para dar certo alívio na contração de crédito e encorajar o nível de atividade em 2009.

Yoshiaki Nakano
Valor 21/10/2008

Crise expõe perigo de fortalecimento da direita, diz Hobsbawm

O britânico Eric Hobsbawm, considerado um dos historiadores mais influentes do século 20, disse à BBC nesta terça-feira que o maior perigo da atual crise financeira mundial é o fortalecimento da direita.

“A esquerda está virtualmente ausente. Assim, me parece que o principal beneficiário deste descontentamento atual, com uma possível exceção – pelo menos eu espero – nos Estados Unidos, será a direita”, disse Hobsbawn, em entrevista à Rádio 4.

O historiador marxista comparou o atual momento “ao dramático colapso da União Soviética” e ao fim de “uma era específica”.

“Agora sabemos que estamos no fim de uma era e não se sabe o que virá pela frente.”

Hobsbawn diz não acreditar que a linguagem marxista, que lhe serviu de norte ao longo de toda sua carreira, será proeminente politicamente, mas intelectualmente, “a análise marxista sobre a forma com a qual o capitalismo opera será verdadeiramente importante”.

No link abaixo, os principais trechos da entrevista.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O Brasil pós-crise

Davi Kupfer, para O Valor

(...) Para o Brasil, a redução do ritmo de expansão da economia mundial deverá significar um importante ajuste no desempenho das exportações. No caso dos bens commodities, é certo que o recuo das quantidades demandadas, e principalmente dos seus preços no mercado internacional, será duradouro. No entanto, cabe relativizar, primeiro, a queda dos preços, posto que as cotações estavam infladas por um componente especulativo conseqüente da própria financeirização experimentada por esses mercado no período final da bolha. Segundo, a redução das quantidades vai se abater de forma muito assimétrica entre as empresas, considerando-se o caráter tipicamente oligopólico da organização industrial predominante nesses mercados: as empresas mais competitivas em custos, que conseguem estabelecer contratos de fornecimento mais vantajosos, sentirão menos. E esse é o caso de diversas empresas brasileiras em setores de mineração, metais, celulose, agronegócios e outros. Mas não é só de commodities que vive a economia brasileira. E ainda bem, pois é justo a diversificação da indústria nacional que permite descortinar horizontes mais favoráveis para os anos vindouros. Com a provável estabilização do câmbio em níveis menos valorizados, haverá mais possibilidades para a indústria tradicional recuperar parte da competitividade perdida, enquanto projetos de produção de bens de maior conteúdo tecnológico voltados para o mercado interno também tendem a ganhar maior viabilidade.

Portanto, tudo indica que, no mundo pós-crise, a principal transformação que deve ser introduzida na política econômica brasileira é uma mudança de orientação em direção a uma maior ênfase na dimensão fiscal. A tônica da política fiscal, por sua vez, não deve ser nem anticíclica nem pró-cíclica, nos termos da falsa dicotomia que já se estabeleceu no debate sobre o tema, simplesmente porque ela é importante demais para ser engessada por visões ideológicas do funcionamento da economia. A política fiscal deve ser pragmática e mirar o longo prazo, buscando garantir acima de tudo as condições adequadas para que o esforço de formação de capital fixo, público e privado, que se encontra em andamento na economia brasileira, não seja abortado pelas maiores incertezas esperadas para os próximos anos.

Quando a crise de 1929 eclodiu, o Brasil era uma pequena economia primário-exportadora, quase que totalmente dependente do café. A falta de alternativa diante da devastação provocada pela crise no mercado internacional proporcionou a adoção de um modelo econômico novo, baseado na substituição de importações, que, para o bem ou para o mal, colocou o país na rota do desenvolvimento. A atual crise não é da mesma linhagem, nem o país é mais uma economia mono-produtora, mas está nas mãos dos formuladores da política econômica a chance de aproveitar a ruptura da ordem econômica internacional para tirar o país da armadilha do juro alto e do câmbio baixo criada pela atual política macroeconômica de estabilização e abrir espaço para um novo modelo de desenvolvimento.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Veja condenada por em face de matéria inverídica e ofensiva contra a imagem de Itaipu

Por decisão do Juiz Hélio Egydio M. Nogueira, da 9ª Vara Criminal Federal de São Paulo, a revista "Veja" foi condenada, em sentença proferida no dia 9 de agosto de 2006, a publicar direito de resposta requerido pela Itaipu Binacional, pela matéria "inverídica e ofensiva" contra a imagem da empresa e seu diretor-geral brasileiro Jorge Samek.

Na edição nº 1946, de 08 de março de 2006, Veja publicou matéria de capa sob o título ´Mensalão II´, com dois subtítulos epigrafados de ´Fitas Explosivas´, na qual acusou Itaipu de ter perdoado uma multa milionária da empresa Voith Siemens, em troca de favores.

A Justiça Federal reconheceu que "Veja" publicou conteúdo alterado de gravação de conversa telefônica, de forma a transformar uma mera especulação em verdade absoluta. Na sentença, o juiz reconheceu que Itaipu provou a regularidade da execução do contrato com o Consórcio Ceitaipu, que constrói suas duas últimas unidades geradoras.

Além do mais, o juiz observou que a acusação de "Veja" era totalmente improcedente, tendo em vista que a Itaipu sequer tem contrato direto com a empresa Voith Siemens e, portanto, não poderia perdoar dívida alguma.

http://www.itaipu.gov.br/index.php?q=node/436&nid=1233
http://www.projetobr.com.br/web/blog?entryId=9341

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Refazendo uma análise do legado de Greenspan

Estadão - 12/10/2008

Proeminente financista George Soros evita usar os contratos financeiros conhecidos como derivativos "porque não entendemos realmente como funcionam". Felix G. Rohatyn, banqueiro de investimento que salvou Nova York de uma catástrofe financeira na década de 70, qualificou os derivativos de "bombas de hidrogênio" em potencial. E há cinco anos Warren E. Buffett, previdentemente, observou que os derivativos eram "armas financeiras de destruição em massa, contendo perigos que, embora hoje latentes, são potencialmente letais".

Um importante personagem do mundo das finanças, contudo, por longo tempo entendeu o contrário. E suas opiniões tiveram enorme influência nos debates sobre a regulamentação e o uso dos derivativos - contratos exóticos que prometem proteger os investidores contra perdas, com isso estimulando práticas mais perigosas que levaram à crise financeira. Por mais de uma década, o ex-presidente do Federal Reserve (banco central americano) Alan Greenspan se opôs a que os derivativos fossem objeto de vigilância no Congresso ou em Wall Street.

"O que concluímos com os anos no mercado é que os derivativos têm sido um veículo extraordinariamente útil para transferir o risco daqueles que não deveriam assumi-lo para aqueles que assim o desejam e são capazes de agir assim", disse Greenspan ao Comitê de Bancos do Senado, em 2003. "Achamos que seria um erro" regulamentar de modo ainda mais forte esses contratos.

Hoje, mesmo com o mundo apanhado por uma tempestade econômica que Greenspan descreveu recentemente como "o tipo de crise financeira devastadora que ocorre apenas uma vez num século", sua fé nos derivativos continua inabalável.

O problema não é que os contratos falharam, diz ele. Mais exatamente, as pessoas que os utilizaram é que ficaram gananciosas. Uma falta de integridade engendrou a crise, disse Greenspan num discurso proferido há uma semana na Universidade Georgetown, sugerindo que aqueles que negociaram com derivativos não eram tão confiáveis como "o farmacêutico que avia a receita encomendada pelo nosso médico".

Mas outros têm opinião totalmente diferente de como os mercados globais se livram da crise e do papel que Greenspan teve na criação desse tumulto.

"Claramente, os derivativos são a peça central da crise e Greenspan foi o principal proponente da desregulamentação desses derivativos", disse Frank Partnoy, professor de direito na Universidade de San Diego e especialista no campo da regulamentação financeira.

O mercado de derivativos hoje é de US$ 531 trilhões, comparado com seu valor em 2002, de US$ 106 trilhões. Com a finalidade, teórica, de limitar o risco e proteger de problemas financeiros, esses contratos, pelo contrário, atiçaram a incerteza e, de fato, propagaram o risco em meio à dúvida sobre como as empresas os avaliam. Para muitos economistas, se Greenspan tivesse agido de modo diferente como presidente do Fed, de 1987 a 2006, a atual crise poderia ter sido evitada ou contida.

Com o passar dos anos, Greenspan ajudou a capacitar um ambicioso experimento americano, permitindo que as forças de mercado atuassem livremente. Hoje, o país enfrenta as conseqüências.

Os derivativos foram criados para atenuar - ou, no jargão de Wall Street, "proteger" as perdas com investimento. Por exemplo, alguns dos contratos protegem os detentores de dívida contra perdas no caso de títulos hipotecários. (O nome vem do fato de que seu valor "deriva" de ativos subjacentes como ações, títulos e commodities.)

Muitos indivíduos têm um derivativo comum: o contrato de seguro das próprias casas. Numa escala maior, tais contratos permitem que empresas e instituições financeiras assumam riscos que elas, do contrário, deveriam evitar - por exemplo, emitindo mais hipotecas ou dívida corporativa. E os contratos podem ser negociados, limitando o risco, mas também aumentando o número de partes expostas caso haja problemas.

Durante a década de 90, alguns já diziam que os derivativos tinham se tornado tão vastos, entrelaçados e inescrutáveis que requeriam uma fiscalização federal para proteger o sistema financeiro. Em reuniões com autoridades federais, aparições no Capitólio e discursos acompanhados com muita atenção, Greenspan disse confiar na boa vontade de Wall Street para auto-regular-se ao abolir as restrições.

Desde que o mercado imobiliário começou a entrar em colapso, a atuação de Greenspan tem sido revista. Economistas de todo o espectro ideológico criticaram sua decisão de permitir que o mercado imobiliário continuasse a se desenvolver por meio do crédito barato e taxas de juros baixas, em vez de conter os aumentos de preços com taxas mais altas. Outros o criticaram por não disciplinar as instituições que emprestavam indiscriminadamente.

Mas, qualquer que seja o fim da história quanto a essas decisões, o legado de Greenspan pode, no final, repousar num fenômeno mais profundamente incrustado e muito menos examinado: a espetacular ascensão e a calamitosa queda do comércio de derivativos.

FÉ NO SISTEMA

Alguns analistas acham injusto acusar Greenspan pela crise. "A idéia de que Greenspan poderia ter gerado um resultado totalmente diferente é ingênua", disse Robert E. Hall, economista da conservadora Hoover Institution, grupo de pesquisa em Stanford. Greenspan rejeitou pedidos de entrevista. Sua porta-voz remeteu as respostas a trechos do livro de memórias dele, A Era da Turbulência, em que sublinha suas crenças.

Como o presidente com mais tempo à frente do Fed, Greenspan pregou os poderes transcendentes e criadores de riqueza do mercado. Liberal convicto, uma das pessoas que influenciaram sua formação foi Ayin Rand, que retratou o poder coletivo como força demoníaca contra o egoísmo esclarecido dos indivíduos. Mas ele também confiou que os agentes dos mercados financeiros agiriam com responsabilidade.

Um exame de mais de duas décadas da carreira de Greenspan no campo da regulamentação financeira, e dos derivativos em particular, revela a que ponto ele atrelou a saúde da economia do país a essa crença. À medida que o nascente mercado de derivativos se firmava no início dos anos 90, e nos anos subseqüentes, os críticos denunciavam a ausência de regras que obrigassem as instituições a divulgar suas posições e criar em separado fundos como reserva contra apostas equivocadas.

Quase sempre Greenspan - figura reverenciada, apelidada afetuosamente de Oráculo - proclamava que os riscos poderiam ser manejados pelos próprios mercados. "As propostas para uma regulamentação mesmo minimalista foram basicamente rechaçadas por Greenspan e diversos membros do Tesouro", relembra Alan S. Blinder, ex-membro da diretoria do Fed e economista na Universidade de Princeton. "Lembro dele sempre aclamando, consistentemente, os derivativos."

Arthur Levitt Jr, ex-chairman da Comissão de Valores Mobiliários, diz que Greenspan se opôs à regulamentar os derivativos por causa de um desprezo pelo governo. Segundo Levitt, a sua autoridade e o conhecimento das finanças globais convenceram legisladores menos especializados na área financeira a seguirem sua liderança.

"Sempre achei que titãs da nossa legislatura não queriam deixar aparente sua incapacidade de compreender conceitos apresentados por Greenspan", disse Levitt. "Não me lembro de ninguém dizendo: "O que você quer dizer com isso, Alan?".

Contudo, depois de um longo tempo, alguém questionou. Em 1992, Edward J. Markey, democrata de Massachusetts que presidiu o subcomitê de telecomunicações e finanças da Câmara, pediu ao Escritório de Contabilidade Geral para fazer um estudo sobre os riscos dos derivativos. Dois anos depois, o Escritório apresentou seu relatório, identificando "fraquezas e brechas significativas" na fiscalização dos derivativos.

"Uma falência repentina ou uma saída abrupta dos negócios de algumas dessas grandes empresas corretoras dos Estados Unidos pode causar problemas de liquidez nos mercados e apresentar riscos também para outros, incluindo bancos garantidos no plano federal, e para o sistema financeiro como um todo", declarou Charles A. Bowsher, chefe do Escritório, ao depor ao comitê de Markey, em 1994. "Em alguns casos, a intervenção pode resultar num socorro financeiro pago ou garantido pelos contribuintes."

No seu depoimento, Greenspan foi tranqüilizador. "Os riscos nos mercados financeiros, incluindo os mercados de derivativos, estão sendo regulados pelas partes envolvidas, em nível privado. Não há nada na regulamentação federal que, por si, seja superior à regulamentação do próprio mercado."

Greenspan advertiu que os derivativos poderiam ampliar as crises porque reuniam fortunas de muitas instituições aparentemente independentes. "A mera eficiência envolvida neste caso significa que, se uma crise tiver que ocorrer, ela é transmitida a um ritmo mais rápido e com uma virulência maior." Mas qualificou a possibilidade como "extremamente remota", acrescentando que o "risco faz parte da vida". No fim daquele ano, Markey apresentou um projeto requerendo maior regulamentação dos derivativos. Nunca foi aprovado.

RESISTÊNCIA AOS ALERTAS

Em 1997, a Comissão Reguladora de Operações a Futuro com Commodities (CFTC), agência federal que regula os negócios de opções e futuros, começou a analisar uma regulamentação do mercado de derivativos. A comissão, na época presidida pela advogada Brooksley E. Born, solicitou análises sobre qual a melhor maneira de fiscalizar determinados derivativos.

As opiniões de Born provocaram feroz oposição de Greenspan e Robert E. Rubin, então secretário do Tesouro. Advogados do Tesouro concluíram que a mera discussão de novas regras ameaçava o mercado de derivativos. Greenspan alertou que o excesso de normas poderia prejudicar Wall Street, levando operadores a transferir seus negócios para o exterior.

"Greenspan disse a Born que ela não sabia o que estava fazendo e que provocaria uma crise financeira", disse Michael Greenberger, diretor sênior da Comissão.

Born não quis comentar a respeito. Rubin, hoje o mais alto executivo do Citigroup, diz que defendeu a regulamentação dos derivativos - particularmente o aumento das reservas para possíveis perdas - mas não via uma maneira de fazer isso quando estava na direção do Tesouro.

Em 21 de abril de 1998, a alta cúpula dos reguladores financeiros federais reuniu-se numa sala no prédio do Tesouro para discutir a proposta da advogada Born. Rubin e Greenspan imploraram para que ela reconsiderasse sua posição, segundo Greenberger e Levitt.

Brooksley Born levou sua proposta adiante. Em 5 de junho de 1998, Greenspan, Rubin e Levitt apelaram ao Congresso para evitar que Born continuasse a agir até que outros agentes reguladores elaborassem suas recomendações. Levitt diz que hoje lamentaa decisão.

Em novembro de 1999, a alta cúpula dos reguladores, incluindo Greenspan e Rubin, recomendou que o Congresso retirasse permanentemente a autoridade reguladora da CFTC no campo dos derivativos. Greenspan usou seu prestígio para convencer o Congresso.

À medida que o mercado se agitava com altas históricas, a opinião dominante era de que os bons tempos se deviam em grande parte à mão firme de Greenspan. "Você sairá como o maior chairman da história do Fed", disse o senador Phil Gramm, republicano do Texas, presidente do Comitê de Bancos do Senado quando Greenspan esteve lá em fevereiro de 1999.

As credenciais e a confiança de Greenspan reforçaram sua reputação - ajudando-o a convencer o Congresso a repelir leis que separavam as atividades bancárias de investimento das comerciais, para reduzir o risco no sistema financeiro.

"Ele tinha um modo de falar que fazia você achar que ele sabia do que estava falando", disse o senador Tom Harkin, democrata de Iowa. "Ele conseguia dizer coisas de tal maneira que as pessoas não o questionavam, como se ele soubesse tudo. Ele era o Oráculo, e quem era você para questionar?" Em 2000, Harkim perguntou o que podia acontecer se o Congresso debilitasse a autoridade da CFTC.

"Se for feita essa exclusão e alguma coisa imprevista acontecer, quem fará alguma coisa a respeito?", perguntou a Greenspan numa audiência. Greenspan respondeu que se podia confiar em Wall Street. "Existe um compromisso fundamental de que tipo de economia você deseja ter", disse ele. "Você pode ter uma quantidade imensa de regras e eu garantirei que não vai haver erro, mas também que nem tudo vai dar certo."

No fim daquele ano, em outra audiência no Congresso sobre o boom das fusões, ele disse que Wall Street tinha subjugado o risco. "O senhor não está preocupado com essa crescente concentração de riqueza a ponto de que, se uma dessas enormes instituições falir, isso terá um impacto terrível sobre a economia nacional e global?" indagou Bernard Sanders, deputado independente de Vermont.

"Não, não estou", respondeu Greenspan. "Acho que o crescimento geral nas grandes instituições ocorreu no contexto de uma estrutura implícita dos mercados em que muitos dos riscos maiores estão dramática e plenamente protegidos."

A Câmara aprovou por unanimidade projeto de lei que mantinha os derivativos livres da fiscalização da CFTC. O senador Gramm anexou o documento limitando a autoridade a um projeto legal de 11 mil páginas, que o Senado aprovou e foi promulgado pelo presidente Clinton.

Contudo, investidores experientes como Buffet continuaram a fazer advertências sobre os derivativos, como o fez em 2003, na carta anual aos acionistas da sua empresa, a Berkshire Hathaway. "Um grande volume de risco, particularmente do crédito, se concentrou nas mãos de poucos negociantes de derivativos", escreveu. "As dificuldades de um deles podem rapidamente se propagar." Mas os negócios continuaram.

E quando Greenspan começou a ouvir falar de uma bolha imobiliária descartou a ameaça. Wall Street estava usando derivativos, disse ele num discurso de 2004, para dividir os riscos com outras instituições.

O risco compartilhado, desde então, transformou-se num vírus. À medida que a crise imobiliária crescia e as hipotecas deixaram de ser resgatadas, os derivativos na realidade amplificaram a queda.

A debacle de Wall Street que engoliu empresas como Bear Stearns e Lehman Brothers e colocou em perigo a AIG, gigante do setor de seguros, foi motivada pelo fato de que essas instituições e seus clientes estavam ligados pelos derivativos.

Nos últimos meses, à medida que a crise financeira ganhava ímpeto, as aparições públicas de Greenspan têm sido menos freqüentes. Seu livro de memórias foi lançado em meados de 2007, quando o desastre se formava. Quando a versão de bolso foi lançada este ano, Greenspan escreveu um epílogo que é uma espécie de resposta: "O gerenciamento dos riscos nunca consegue chegar à perfeição".

Os vilões foram os banqueiros, em cujo interesse pessoal ele tinha apostado. "Eles apostaram que podiam continuar aumentando suas posições arriscadas e ainda vendê-las antes do dilúvio", escreveu. "Muitos estavam errados." Nenhuma intervenção federal foi organizada para contê-los, mas Greenspan não lamenta. "Governos e bancos centrais não podiam ter alterado o curso desse boom."

* O autor escreve no ?The New York Times?

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Para evitar o pior

Por Júlio Gomes de Almeida


O Brasil está se atrasando demasiadamente em adotar ações em face à crise externa. O atraso se revela mais profundo porque a crise se desenvolve com velocidade e gravidade cada vez maiores. É natural que as autoridades queiram reunir todas as informações disponíveis para somente então se decidirem por determinadas ações de política econômica.

Como a situação atual é muito delicada, as autoridades estão como que "filtrando" as informações e ponderando o desencontro de avaliações antes de tomar decisões. Porém, dado o andamento da crise lá fora e os desdobramentos internos dela, os seguintes pontos já podem ser considerados com clareza:

1. O debate no Brasil sobre a causa da maior inflação, se tinha origem predominantemente "de fora" (preços de commodities) ou correspondia ao aquecimento da demanda interna, foi literalmente superado pelos acontecimentos externos que tanto deprimiram os preços de commodities com relação ao "pico" de preços de meados do ano, quanto, no plano interno, "travaram" o crédito doméstico e as expectativas de investir e consumir de empresários e famílias brasileiras. O Brasil deve reduzir desde já a sua taxa básica de juros, seguindo a medida adotada hoje pelos mais importantes bancos centrais do mundo.

2. Influência inflacionária no contexto atual poderá ter a desvalorização do Real que desde o início da crise vem sendo elevada demais. A desvalorização exagerada também potencializa a sensação de contágio brasileiro pela crise externa. Por gerar expectativas excessivamente pessimistas, uma ação muito forte de intervenção no mercado cambial é necessária para reduzir a desvalorização da moeda ao menos nessa etapa de aguda instabilidade dos mercados financeiros mundiais.

3. A restrição do crédito contratado com recursos externos por empresas brasileiras é total. A bem da verdade, essa restrição do crédito externo já se apresentava de forma parcial e com grandes oscilações desde agosto do ano passado quando a crise externa se explicitou, tendo sido agravada intensamente nos últimos três meses. Como na situação atual não é possível sequer nutrir uma perspectiva de retorno do crédito externo, o governo deveria anunciar que cobrirá integralmente com suas reservas ou outras fontes internas de seus bancos a demanda de crédito para exportação.

O governo já anunciou a disposição de financiar as exportações com recursos de suas reservas e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) já ampliou suas linhas de financiamento ao giro de exportações, faltando anunciar um valor para os financiamentos correspondente à demanda atual. Cabe observar que para compensar perdas de fonte externas com financiamentos internos nos casos de investimentos e no crédito agrícola, o governo já agiu especialmente com ações do BNDES.

4. O crédito no Brasil travou não somente no que diz respeito às linhas com recursos externos, mas também para as demais linhas com recursos internos. O quadro ainda não é preciso, mas as informações são de que os aumentos de financiamentos às empresas estão bloqueados e mesmo as renovações de financiamentos antigos estão muito difíceis. No crédito pessoal e ao consumidor o aumento das taxas de juros e o encurtamento de prazo já são realidades. Ou seja, a forte restrição do crédito que se assiste em países como os EUA, se reproduziu aqui, embora os bancos brasileiros não tenham sofrido diretamente com a crise do "subprime".

Em outras palavras, a realidade é que o Brasil importou a crise externa de crédito. Isso significa dizer a restrição de crédito se não for minimizada deprimirá significativamente o crescimento já nesse trimestre final do ano e no ano que vem. É possível minimizar o problema, mas dificilmente ele poderá ser neutralizado. As medidas nessa área se somariam às iniciativas já tomadas para melhorar a liquidez dos bancos de menor porte, mas iriam muito além.

Duas ações são muito urgentes: a) liberação de parcela significativa do compulsório não remunerado dos bancos em contrapartida de operações de crédito para PMEs, crédito agrícola e crédito para giro de exportação; b) reforço das linhas de crédito nessas mesmas áreas e na área de crédito imobiliário do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.


Júlio Gomes de Almeida é professor da Unicamp e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

Fonte: Terra Magazine

Cabo-de-guerra sabota ação do BC

Luiz Sérgio Guimarães
Valor Econômico 08/10/2008

Todas as tentativas do Banco Central de ampliar a liquidez do mercado cambial e impedir a alta do dólar não deram resultado. Além das Medidas Provisórias anunciadas na segunda-feira, ontem o BC vendeu mais de US$ 2 bilhões no mercado futuro e, mesmo assim, o dólar fechou com valorização de 5,14%, cotado a R$ 2,3110. Apesar da escassez de crédito, o mercado não absorve por completo as linhas e os contratos oferecidos pelo BC. De US$ 2 bilhões em swaps cambiais colocados em leilão de manhã, o mercado comprou US$ 1, 359 bilhão. E da oferta de US$ 1 bilhão em linhas de crédito externas, o volume aceito foi de US$ 700 milhões. A recusa reflete o cabo-de-guerra travado atualmente entre "vendidos" e "comprados" nos vários segmentos do mercado de câmbio.

A maior parte das posições "vendidas" em derivativos futuros está sendo carregada por bancos. Com a disparada do dólar - 48,24% desde o piso do ano, o preço de R$ 1,5590 estabelecido no dia 1º de agosto - , os "vendidos" amargam pesadíssimos prejuízos diários. Estes são mitigados pelas posições "compradas" à vista, registradas no BC. Como os bancos são a contraparte de exportadores que especulavam com posições "vendidas", também estão no lucro nesses contratos. Desde que as empresas paguem. Liquidamente, a posição perdedora dos bancos em câmbio oscila entre US$ 10 e 14 bilhões. Por isso, interessa a eles estancar o movimento de contínua perda. Como? Uma maneira é convencer o BC que as suas intervenções indiretas fracassaram. Não adianta tentar economizar reservas cambiais nesse momento. O argumento difundido com insistência por analistas é de que ele tem de agir à vista por meio de vendas puras. Enquanto árbitro do cabo-de-guerra, o BC reluta em queimar reservas e favorecer uma das partes. Mas não tem muita lógica a idéia de algumas mesas de operações de que o BC pretende punir as exportadoras "vendidas". Afinal, elas só assumiram essa ponta estimuladas pela própria política monetária de forte arrocho que derrubava o dólar e apreciava o real. Os contratos supriam uma parte da rentabilidade das exportações roubada pelo declínio da moeda americana. Por esse raciocínio, o BC estaria punindo justamente os que o ajudavam, via câmbio apreciado, a combater a inflação.
Para alguns operadores, o jogo está ficando muito perigoso. As empresas não querem zerar o seu prejuízo porque o preço do dólar parece artificialmente elevado. A moeda estaria, perante o real, com preço totalmente distorcido sobretudo depois que o presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, sinalizou a intenção de reduzir os juros americanos. Isso enfraqueceu o dólar perante as moedas globais. Como ainda não está claro que o BC irá parar de subir a Selic, o natural seria o dólar interromper sua valorização aqui. Até porque, por vários mecanismos interligados, o governo brasileiro garante a liquidez do sistema. Mas não está. Os "comprados" forçam a alta para que os "vendidos" decidam estancar suas perdas e liquidar as posições. Se as partes permanecerem irredutíveis, teme-se a quebra de alguém. É isso que o árbitro, o BC, precisa evitar. Ele precisa impedir também que uma guerra de poderosos players distorça um preço fundamental da economia como é a taxa de câmbio. Economistas já enxergaram no IGP-DI divulgado ontem uma pressão de alta proveniente do câmbio. O índice de setembro, depois da deflação de 0,38% em agosto, subiu 0,36% em setembro. O IPA, componente que representa 60% do índice cheio, já teria acusado a alta do dólar.
O mercado futuro de juros da BM&F permaneceu a reboque da deterioração dos outros mercados. Os juros dos contratos mais longos avançaram também pelo medo de que, em algum momento, os vencedores "comprados" em dólar, os hedge funds, tenham de reverter posição aqui para cobrir perdas sofridas lá fora. A taxa para janeiro de 2011 subiu bem, de 14,92% para 15,16%, enquanto o contrato mais negociado, para janeiro de 2010 avançou menos, de 14,82% para 14,86%. E ainda há os que professam a crença num reforço do aperto monetário pelo Copom para derrubar ainda mais uma demanda já fragilizada pela desaceleração global, justamente quando multiplicam os sinais de desaperto mundo afora. Ontem, além do sinal de Bernanke, o banco central da Austrália reduziu a taxa em um ponto, para 6%. No Brasil, o juro precisa cair também como forma de induzir os grandes bancos a voltar a emprestar para as instituições de menor porte.
Luiz Sérgio Guimarães é repórter de finanças

Commodities compensaram alta do câmbio

Sergio Lamucci, de São Paulo
Valor 08/10/2008


O dólar subiu 16,4% em setembro, mas o impacto do câmbio sobre a inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) foi menor que o da queda das commodities. Depois de cair 0,38% em agosto, o indicador subiu 0,36% no mês passado, influenciado principalmente pela reversão da deflação dos preços no atacado, que passaram de um tombo de 0,8% para uma alta de 0,44%, em grande parte devido ao comportamento do complexo soja (grão, farelo e óleo). Outros produtos refletiram o recuo das commodities, como o milho, e da cadeia petroquímica, que caiu na esteira do recuo do petróleo.
Com a forte alta do dólar nos últimos dias, no entanto, há a possibilidade de o quadro mudar. O grande risco é que o tombo dos produtos primários não seja suficiente para compensar o impacto do real desvalorizado a partir deste mês. Com alta de 8,32% no mês e de 11,9% em 12 meses, o IGP-DI é particularmente sensível aos movimentos do dólar por causa de sua influência sobre os preços no atacado, que têm peso de 60% no indicador.
O coordenador de análises econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, diz que o efeito do dólar mais caro sobre o indicador de setembro foi pequeno. Segundo ele, há alguns produtos, que representam algo como 5% do Índice de Preços no Atacado (IPA), com preços formados diretamente em dólar.
É o caso do minério de ferro e da celulose, que subiram com força no mês passado. O primeiro subiu 5,02%, com avanço significativo em relação à alta de 0,32% de agosto. A celulose saiu de uma deflação de 0,53% para um aumento de 8,52% em setembro. "Esses são produtos que sofrem o impacto direto do câmbio", diz ele, notando que o fenômeno foi localizado.
"A queda das commodities foi mais importante que a alta do câmbio para o resultado do IGP-DI de setembro", afirma Quadros. Ele chama a atenção para o comportamento de produtos como o trigo - recuo de 13,05% - e do milho - queda de 5,55%. No caso dos produtos industrializados no atacado, um dos destaques foi o tombo da nafta para petroquímica. Depois de cair 2,19% em agosto, o produto teve baixa de 10,78% no mês passado.
"É um reflexo do recuo dos preços do petróleo", diz Quadros, chamando a atenção também para a queda dos produtos do grupo de resinas e elastômeros. O polietileno de baixa densidade, por exemplo, caiu 3,51%, uma forte desaceleração em relação à alta de 12,9% registrada no mês anterior.
O que impediu um comportamento mais benigno dos preços no atacado foi o complexo soja, diz Quadros. O grão subiu 5,02% e o farelo, 5,07%. Apesar de a soja ter caído no mercado externo em setembro, apurando queda de 7,11%, a cotação do produto no Mato Grosso ficou praticamente estável no mercado à vista. No Paraná, o farelo subiu. O período, vale notar, é de entressafra.
O economista Cristiano Souza, do Banco Real, diz que a alta do IGP-DI se deveu basicamente à deflação mais modesta dos preços agropecuários no atacado. Depois de um tombo de 5,09% em agosto, a queda foi de 0,46% em setembro. Ele lembra que o recuo do IPA agropecuário nos últimos dois meses se deu após uma elevação de 7,7% ocorrida entre maio e julho.
Se em setembro a alta do dólar não teve impacto inflacionário relevante, em outubro a história pode ser diferente. Do começo do mês passado até ontem, a moeda americana subiu 41,3%. No mesmo período, o índice CRB da Reuters/Jefferies de 19 commodities (agrícolas e metálicas, além do petróleo) caiu 21,4%. "É necessário ver em que patamar o dólar vai se estabilizar, mas é possível que, no curto prazo, a alta do dólar prevaleça sobre a queda das commodities", diz a economista Thaís Marzola Zara, da Rosenberg & Associados.
Para Quadros, o câmbio deverá ter um impacto maior sobre a inflação do que em setembro. No entanto, a magnitude desse efeito é uma incógnita, já que não se sabe em que nível o dólar vai se acomodar. Ele avalia que os fundamentos da economia brasileira não justificam um câmbio na casa de R$ 2,30.
No atual quadro de incerteza, há divergências quanto aos rumos da política monetária. Quadros acha que o Banco Central (BC) deve continuar aumentando os juros, mas reduzindo o ritmo de alta de 0,75 ponto percentual para 0,25 ou 0,5 ponto. Se a queda de commodities e os sinais de desaceleração da economia ajudam a formar um quadro inflacionário mais benigno, o dólar em alta é um fator de pressão sobre os preços, avalia ele. Thaís entende que é o momento de parar com o ciclo de alta da Selic, iniciado em abril. O ideal seria ser mais cauteloso, num momento de incerteza causada pela crise externa, com impacto expressivo sobre o mercado de crédito.
Com peso de 30% no IGP-DI, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) mostrou um comportamento bastante positivo, com deflação de 0,09%. Mais uma vez, o grupo alimentação foi o principal responsável pelo resultado: teve baixa de 0,97%, mais forte que o 0,71% de agosto. Uma notícia positiva foi o comportamento do núcleo do IPC calculado por médias aparadas com suavização (em que se excluem as 20% maiores altas e baixas, diluindo-se os reajustes de preços administrados ao longo de 12 meses). O indicador teve alta de 0,22%, abaixo do 0,3% anterior.
O Índice Nacional do Custo da Construção (INCC), com peso de 10% no IGP-DI, também teve desaceleração. Saiu de uma alta de 1,18% em agosto para aumento de 0,95% em setembro. O grupo materiais e serviços teve avanço mais modesto, de 1,53% - no mês anterior, havia subido 2,13%.

Para entender a crise do subprime




Esta a melhor explicação para a crise dos subprimes que já ouvi até agora. Os dois humoristas do vídeo explicam a crise que está afundando o mercado financeiro mundo afora com uma enorme riqueza de detalhes.

Na metade do vídeo (3' 50'') eles explicam de forma hilária como se deu a concessão dos empréstimos NINJA (No Income No Job and Assets - sem renda, sem trabalho e sem bens) e a origem das hipotecas subprimes. Hipotecas estas que foram empacotadas nos chamados Veículos de Investimentos Estruturados (SIV) que em seguida foram vendidos no mercado financeiro global.


O áudio é em inglês e as legendas em espanhol.

Economistas-papagaio

Anteontem (06/10/2008) houve um seminário na FIRJAN:
“A CRISE FINANCEIRA INTERNACIONAL: RECESSÃO x INFLAÇÃO”.

Adivinhem quem foi os principais palestrantes?
Alexandre Schwartsman,Fábio Giambiagi,Mário Mesquita.

Todos economistas-papagaio que só sabem receitar aumento de juros e corte dos gastos públicos qualquer que seja o problema.

No mundo inteiro vemos governos aumentando gastos para enfrentar a crise, bancos centrais baixando juros. Aqui não muda.

Esses economistas-papagaio tem voz na mídia e no mercado financeiro. O que se poderia achar estranho é que associações de empresários os chamem para dar palestras. Mas será que há empresários (empreendedor que ganha dinheiro produzindo) na FIESP, FIRJAN, CNI? Eu duvido. A maioria dos dirigentes destes clubes são rentistas, caras que venderam suas empresas na década de 90 e vivem de juros.

Hoje, os empresários mais progressistas estão no IEDI (www.iedi.org.br).