terça-feira, 31 de julho de 2007

Rentabilidade dos bancos bate recorde

A queda dos juros ocorrida nos últimos meses não impediu os bancos de baterem recorde de rentabilidade pelo segundo ano consecutivo. Em 2006, os ganhos alcançados pelas 104 instituições financeiras que atuam no Brasil somaram R$ 33,4 bilhões, o que representa um retorno de 22,9% sobre o patrimônio líquido do setor.

Os números estão nos balanços que os bancos enviaram ao Banco Central no início deste ano. Segundo esses documentos, o lucro total dos bancos havia sido de R$ 28,3 bilhões em 2005, o que correspondia a uma rentabilidade de 22,6%.
O levantamento considera apenas os resultados obtidos pelas instituições financeiras propriamente ditas. Negócios como cartões de crédito, seguros, previdência privada e consórcios não são incluídos.

O BC mantém em sua base de dados as demonstrações financeiras entregues entre 1996 e 2006. No período, em apenas três anos o retorno sobre o patrimônio líquido do setor bancário como um todo ultrapassou 20%: 2002, 2005 e 2006.

Tarifas
Os balanços mostram que, de 1996 para cá, a receita obtida com tarifas bancárias foi um dos itens que mais subiram, ajudando a impulsionar os ganhos do setor. Em 1996, esse tipo de cobrança proporcionou aos bancos um faturamento de R$ 12,1 bilhões. No ano passado, o valor havia pulado para R$ 47,5 bilhões -alta de 293%.

Em 1996, ainda segundo os balanços entregues ao BC, os bancos gastaram R$ 24,9 bilhões com suas folhas de pagamento. No ano passado, esse valor havia passado para R$ 38,7 bilhões, variação de 55%. Nesse período, a inflação (IPCA) foi de 92,7%.

Esses números mostram a melhora num dos índices usados para medir a eficiência dos bancos, o chamado "índice de cobertura", que é a parcela da folha de pagamentos que poderia ser coberta apenas com o dinheiro arrecadado com as tarifas. Entre 1996 e 2006, esse índice subiu de 48% para 123%.

Já as receitas dos bancos com juros, tanto de operações de crédito quanto de investimentos em títulos públicos, subiram mais de 100% nos últimos 11 anos. Os números mostram que a trajetória de queda das taxas observada recentemente não impediu os bancos de manterem elevados ganhos nesse tipo de operação.

Segundo as demonstrações financeiras, o faturamento alcançado pelo setor com juros de empréstimos chegou a R$ 152,3 bilhões no ano passado, 137% a mais do que em 1996. No caso das aplicações em títulos, as receitas somaram R$ 87,8 bilhões, aumento de 119%.
Fonte:Folha de São Paulo

Pós-neoliberalismo: da luta social à luta política

Por Emir Sader
Na Bolívia, no Equador e na Venezuela caminha-se para uma rearticulação entre as lutas sociais e as políticas. Não por acaso é nesses países que se dá a ruptura com o modelo neoliberal, com os que souberam acumular força popular na luta de resistência ao neoliberalismo e transformaram essa energia em força política.

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NEOCOLONIALISMO

Por Marco Aurélio Weissheimer - Carta Maior

Estrangeiros já possuem cerca de 10% das terras na Argentina
Livro de jornalistas argentinos denuncia o crescente processo de estrangeirização da proriedade da terra no país. Aproximadamente 10% do território argentino já estão em mãos de investidores internacionais. São algumas das terras mais férteis do país, ricas em água e outros recursos naturais.

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sexta-feira, 27 de julho de 2007

A Marcha

Do blog do Mino Carta

Estamos às vésperas do retorno da Marcha da Família, com Deus e pela Liberdade(que desembocou no Golpe Militar). Agora passa a se chamar Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros. Trata-se de uma fórmula mais elaborada, mais complexa, mas os objetivos são os mesmos. O movimento foi lançado pela OAB de São Paulo, e conta com o respaldo de figuras importantes da Fiesp e da Associação Comercial paulista, e com a divulgação de televisões e rádios, por ora não melhor especificadas.

Uma campanha publicitária, oferecida de graça por Nizan Guanaes, gênio da propaganda nativa de inolvidável extração tucana, insistirá em peças destinadas a expor o pensamento dos graúdos envolvidos: “cansei do caos aéreo”, “cansei de bala perdida”, “cansei de pagar tantos impostos” (são esses mesmos caras os que mais sonegam).

É do conhecimento até do mundo mineral a quem esses valentes senhores atribuem a culpa por os males que denunciam: nem é ao governo como um todo, e sim ao Lula, invasor bárbaro de uma área reservada aos doutores. Mas o presidente da OAB paulista, certo D’Urso, diz que o movimento não tem conotação política. Enquanto isso, às sorrelfas, o pessoal pede instruções aos mestres. Alguns ligam para Fernando Henrique Cardoso, outros para José Serra. São os derradeiros retoques da tucanização da elite brasileira, a mesma que sentou-se em cima de um tesouro chamado Brasil e só cuidou de predá-lo, com os resultados conhecidos.

Incompetência generalizada, recorde mundial em má distribuição de renda, baixo crescimento, educação e saúde descuradas até o limite do crime, miséria da maioria etc. etc.


Parêntesis e grifos são meus.

Leia o texto original completo no blog do Mino:
http://z001.ig.com.br/ig/61/51/937843/blig/blogdomino/2007_07.html#post_18911307

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Leonel Brizola atacando a Globo

No YouTube encontramos pérolas.

Vejam o Leonel Brizola no horário eleitoral gratuito da eleição presidencial de 1989. É uma rara oportunidade de se ver um líder político com a coragem de atacar a Globo.

Governo fascista no Peru

O governo peruano promulgou uma série de leis que proíbe, sob pena de destituição, funcionários públicos com poder de decisão ou em cargo de confiança de participar de greves e declarou isentos de responsabilidade policiais e militares que ferirem ou matarem pessoas durante ação repressiva.

As medidas promulgadas pelo presidente Alan García coincidem com uma onda de protestos coordenada principalmente por professores e agricultores - e comandada, em alguns casos, por governadores do sul do país - que deixou três mortos, cerca de trinta feridos e 300 manifestantes presos, em um momento em que a popularidade do centro-esquerdista atinge seu pior nível.


Folha de São Paulo, 24/07/2007

sábado, 21 de julho de 2007

Dow Chemical vai produzir no país polietileno a partir do álcool

A gigante americana Dow Chemical anunciou ontem uma "joint venture" com a brasileira Crystalsev para criar um pólo álcoolquímico que produzirá polietileno (usado em embalagens de plástico) a partir do álcool.
A unidade deve iniciar suas operações em 2011, com capacidade para 350 mil toneladas por ano. Ainda não foi definido o local, mas estão em análise as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
"Estamos felizes em participar do projeto, que diminuirá nossa dependência em combustíveis fósseis, além de proteger o ambiente", disse o presidente mundial da Dow, Andrew Liveris. A matéria-prima usual para a produção do polímero é a nafta, derivada do petróleo.
Essa é a segunda empresa que anuncia que produzirá polietileno a partir do álcool. Há um mês, a Braskem, maior petroquímica do país, divulgou um projeto que vai custar entre US$ 70 milhões e US$ 100 milhões para fabricar o "polietileno verde". O início da produção está previsto para o final de 2009, com capacidade para 200 mil toneladas por ano.

Folha de São Paulo, 20/0702007

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Pela beatificação do ACM.

O Jornal Nacional fez um especial sobre a vida do Antônio Carlos Magalhães: "se tornou influente por defender os interesses do seu estado".

Quem não conhece vai achar que ACM deveria ser beatificado.

O que vocês acham de São Toninho de Deus?

sábado, 14 de julho de 2007

Justiça trabalhista manda Cosipa pagar R$ 4 milhões

A Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista) foi condenada pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo a pagar R$ 4 milhões por ter causado danos ao ambiente de trabalho e, por conseqüência, à saúde de funcionários.

O Ministério Público do Trabalho de São Paulo ingressou com a ação civil pública em 1999 para pedir pagamento de danos, após relatórios da Delegacia Regional do Trabalho mostrarem que trabalhadores que tiveram contato com benzeno em atividades na empresa adquiriram leucopenia - doença provocada pela diminuição de glóbulos brancos (leucócitos) nas células do sangue, reduzindo defesas do organismo.

Fonte: Folha de São Paulo de 13/07/2007

Obs.: O benzeno é uma substância altamente cancerígena e isso é de conhecimento de todo bom químico. Mesmo sabendo desse perigo várias indústrias até pouco tempo atrás expunham seus funcionários ao contato com esse produto.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Promiscuidade na relação das diretorias do Banco Central com o mercado financeiro

A Carta Capital desta semana publicou uma matéria sobre a promiscuidade da relação entre os dirigentes do Banco Central e o mercado financeiro (A Roda da Fortuna, Carta Capital 452 pgs. 20-24). Também há pouco tempo o jornalista Luís Nassif (www.luisnassif.com.br) publicou o livro Cabeças-de-planilha (Ediouro) onde mostra como os operadores do Plano Real passaram de professores universitários a colecionadores de Maserati.

Eu sempre falo: o maior problema do Brasil não é a corrupção, não esta que estamos acostumados a ver nos jornais, não esta que está prevista no Código Penal.

O milhão que o Roriz não conseguiu explicar, o pagamento da pensão feito por lobista da Mendes Jr que o Renan Calheiros está tendo que se explicar nem passam perto do volume de recursos que são torrados pelo Banco Central ao definir uma taxa de juros exageradamente alta.

A discussão sobre o juros uso de juros eladíssimos para o controle da inflação é controversa entre os economistas. Mas o que todo mundo concorda que isso leva a um grande ônus financeiro para o governo (que terá que deixar de investir em saúde, educação, infraestrutura,etc). Todo mundo concorda também que o sistema financeiro é o setor que mais se beneficia dos juros altos que o BC insiste em manter.

Essa forma de corrupção está muito bem oculta, não está prevista no código penal. Tudo bem disfarçado do mais sério tecnicismo.

Nas palavras do Paulo Nogueira Batista Júnior, hoje representante do Brasil no FMI: "Onde está o problema? Em grande medida, no controle informal dos grandes bancos sobre as nomeações para os cargos de direção do Banco Central. Nos bastidores, vigora um regime de indicações e vetos que conduz ao seguinte: a escolha de pessoas rigorosamente identificadas com os interesses e a visão de mundo do mercado financeiro."(artigo publicado em 26 de março de 2005 na Agência Carta Maior).

Esse pessoal têm passado no Banco Central somente para turbinar suas carreiras. Não dá para esperar que essa turma tome alguma decisão que desagrade os futuros patrões.

Isso é como amarrar cachorro com linguiça. O BC deveria fiscalizar o sistema financeiro mas é dominado pelos interesses do grupo econômico que fiscaliza. Se observa há anos no Brasil que BC dificilmente toma medidas que contraria os interesses dos bancos. Medidas como controles de capitas, que outros países utilizam para controlar o sistema financeiro, no Brasil são tidas como heresias.

A grande imprensa não discute estes temas. Esse assunto só aparece em voga na Carta Capital, na Agência Carta Maior, no blog do Nassif e no Centro de Mídia Independente entre outros.

Ainda bem que a grande mídia está perdendo espaço para esses veículos novos.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Meirelles tenta fazer uma reunião secreta com seus verdadeiros patrões

"Uma articulação de bastidores do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para tentar manter a credibilidade da sua política monetária gerou mais desgaste do BC com o mercado e dentro do governo.
A Folha apurou que Meirelles tentou fazer uma reunião em segredo hoje, na sede do banco em São Paulo, com tesoureiros de grandes bancos, mas o vazamento do encontro o levou a suspendê-lo. Antes, porém, o BC tentou transferi-lo para terça-feira retirando o caráter reservado da iniciativa."

Folha 06/07/2007

Controles de capitais são efetivos?

Hoje no Valor Econômico, Márcio Garcia, da PUC-RIO discute sobre ineficácia do controle de capitais. Eu acho que o Márcio Garcia está escrevendo para o leitor desinformado e para aqueles que acham que pensar em controles de capitais é uma heresia.

O exemplo usado no artigo é no mínimo ridículo. Ele usa o exemplo do ensaio de controle de capitais do governo FHC. Tentou-se taxar com IOF capitais de curto prazo, mas a experiência foi cancelada pois desagradava os rentistas.

Os exemplos clássicos de controles de capitais mais recentes são os do Chile,China e Índia e Malásia.

O pessoal da UFRJ, com destaque para o João Sicsú discutem bem o tema. Há uma discussão desse assunto no site www.desempregozero.org.br.

Acho que o problema é mais embaixo, na cabeça de várias autoridades econômicas a entrada de dólares é um sinal de sucesso. Num momento que a valorização do Real é um grande problema, ao invés de tentar inibir o excesso de dólares, o governo incentiva mais entradas (Tesouro sai fazendo captações externas, o governo dá incentivo fiscal para o aplicador estrangeiro).



Dez teses a favor do controle de capitais:
http://www.desempregozero.org.br/editoriais/dez_teses_1.php
http://www.desempregozero.org.br/editoriais/dez_teses_2.php
http://www.desempregozero.org.br/editoriais/dez_teses_3.php
http://www.desempregozero.org.br/editoriais/dez_teses_4.php
http://www.desempregozero.org.br/editoriais/dez_teses_5.php
http://www.desempregozero.org.br/editoriais/dez_teses_6.php
http://www.desempregozero.org.br/editoriais/dez_teses_7.php
http://www.desempregozero.org.br/editoriais/dez_teses_8.php
http://www.desempregozero.org.br/editoriais/dez_teses_9.php
http://www.desempregozero.org.br/editoriais/dez_teses_final.php

Biocombustível pode pressionar alta dos alimentos

A crescente demanda por biocombustíveis vem provocando mudanças nos mercados agrícolas mundiais e pode levar a aumentos de preços dos alimentos, segundo o relatório "Panorama Agrícola 2007-2016", elaborado pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação).

Segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab),um avanço da área de cana-de-açúcar sobre lavouras de milho e soja, no Mato Grosso do Sul, Paraná e Minas Gerais, como já ocorre em São Paulo. No Paraná, até áreas de trigo estão sendo invadidas por lavouras de cana. Além do etanol, a cultura do eucalipto também invade áreas de culturas tradicionais como a do feijão.

Cada vez mais se faz necessária uma ação de planejamento por parte do poder público para não deixar a cana avançar sobre a produção de alimentos e sobre áreas de proteção ambiental.

No Brasil há muito espaço para espansão da cultura da cana. Ninguém aqui é contra a revolução dos biocombustíveis, mas não se deve permitir tirar o alimento da boca do pobre para por no carro do rico. Para isso é preciso um zoneamento agrícola capaz de permitir um planejamento da ocupação de terras para a agricultura.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Entrada de dólares em 2007 já supera todo ano de 2006

Tem muita gente que acredita no discurso dos banqueiros de que o câmbio se valorizada por causa do exuberante saldo comercial. Eu prefiro acreditar em coelhinhos que botam ovos de chocolate.

Esse discurso parte daqueles que estão ganhando muito dinheiro com arbitragem de moedas e juros. Essa mesma turma que diz o câmbio valorizado é uma virtude. É uma virtude para o setor financeiro, para a geração de empregos é um desastre.

Essa falácia é desmontada bastando-se olhar o balanço de transações correntes (disponível no site do Banco Central). Realmente o saldo comercial é expressivo, mas quando se desconta a remessa de lucros, juros, pagamento de fretes e seguros, o saldo do balanço de transações correntes é ridículo. É esse último saldo é que verdadeiramente importa, ainda mais num país onde quase 50% das grandes empresas é de capital estrangeiro, tem obrigação de gerar superavits comerciais só para remunerar estes investimentos.

Outro ponto que reforça a tese de que a valorização do Real ocorre pelo lado financeiro é volume líquido de capital externo que entra no Brasil. Este volume atinge US$ 43 bi até meados de junho, contra US$ 37 bi ao longo de todo o ano passado (Folha de São Paulo, 05/07). Só em junho quando o Banco Central apertou as normas sobre exposição cambial dos bancos podemos ter uma esperança que o dólar não caia mais.

Nos últimos meses se observou um forte aumento do endividamento externo de curto prazo, tornando o país mais vulnerável. Esse movimento é conhecido como carry trade, onde o investidor toma numa onde a taxa de juros é baixa e aplica em outra onde a taxa de juros é maior ou tem perspectiva de se valorizar.

É uma festa, ganha-se muito dinheiro, não se gera um posto de trabalho e a sociedade toda paga a conta.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Este ano o BNDES vai bater seu orçamento para empréstimos

Pela primeira vez nos últimos cinco anos, a demanda por empréstimos no BNDES pode ultrapar o orçamento para projetos estimado para este ano entre R$ 58 bilhões a R$ 61 bilhões.

Essa é uma boa notícia! Nos últimos anos o que vimos foi sobrar recursos no BNDES por falta de demanda por parte dos empresários. O país precisa crescer para oferecer oportunidade para a juventude, que é o grupo que mais sofre com a falta de empregos. Para isso é preciso crédito de longo prazo.

Outro fato a destacar é a coerência dos dirigentes do BNDES com um projeto de desenvolvimento para o país. Essa é a razão do BNDES existir. Ao ser questionado sobre qual estratégia será implementada para conseguir mais recursos, Maurício Borges Lemos, diretor da área financeira, disse que o banco vai priorizar priorizar o mercado interno: "Não queremos ajudar a derrubar o câmbio". A partir do dia 3 de julho o investidor poderá reservar suas debêntures do BNDES.

Além da emissão de debêntures, o BNDES pretende colocar no mercado ações da carteira da BNDESPAR caso seja necessário mais recursos.

Se fossem os cabeções do Tesouro ou do BACEN, eles fariam uma captação no exterior, onde se pode conseguir uma taxa de juros bem menor. Mas com o Real supervalorizado, tudo que o Brasil menos precisa é de mais entrada de dólares.

Parabéns para os técnicos do BNDES.

domingo, 1 de julho de 2007

A taxa de juros é exageradamente elevada

"a gestão (Lula) mostrou-se crescentemente obcecada com a inflação, fazendo uso excessivo das políticas fiscal e monetária. As taxas de juros matêm-se exageradamente elevadas e eu confesso que não entendo a razão."
Stephany Griffith-Jones em entrevista na Carta Capital de 4 de julho.

Em estado de guerra

As manchetes dos jornais mostram a operação do governo do Rio para retomada do controle das favelas do complexo do Alemão. Em apenas um dia foram 19 mortos e há suspeitas de que mais 11 corpos estejam pelas vielas.

Pelos números da violência parece que o país está mergulhado numa guerra civil. O problema é no país inteiro.

Há muito tempo a sociedade abandonou uma grande parcela da população à sua própria sorte. O Estado não está presente. Abriu-se espaço para que grupos assumam o controle desses bolsões.

Vai se acumulando uma infinidade de fatores negativos que vão levando os jovens para o caminho da marginalidade.

O que se pode esperar de um jovem que é criado num ambiente horroroso, não têm acesso a uma escola decente, vê a mãe doméstica, ralando a vida inteira sem pespectiva nenhuma de melhora de vida?

O que dizer para um jovem que se perde na bandidagem e não dá valor nenhum à vida humana se antes disso a sociedade não deu valor à vida dela? A violência e o banditismo é fruto da nossa sociedade desigual.

A sociedade (classe média) está mais preocupada com a rentabilidade dos títulos públicos, com a valorização de suas ações na bolsa ou com a compra de um carro novo. Muitas pessoas acham que a pobreza é por culpa dos pobres, que não se esforçam, que não gostam de trabalhar, que não aproveitam as oportunidades. É uma visão mesquina.

A taxa de desemprego entre os jovens é o dobro da registrada para a população em geral e as vagas que estão disponíveis não são muito animadores. Desde o final dos anos 70 o país não cresce, as taxas de desemprego que já eram altas na década de 80, dobraram na década de 90. O emprego formal (com carteira) ocupa apenas 1/3 da força de trabalho.

A situação ainda está feia. Não dá para dizer (como certo presidente) que nunca antes nesse país estivemos tão bem.


Sugestão de leitura:
Matéria da Carta Capital sobre a ação do governo do Rio nas favelas do Complexo do Alemão
http://www.cartacapital.com.br/2007/07/451/batalha-no-alemao

Bancos buscam dólares no exterior para vender ao BC e elevam a dívida externa de curto prazo

O Banco Central apertou as normas sobre exposição cambial dos bancos em junho como resposta a um forte aumento do endividamento externo de curto prazo. Depois de passar muito tempo enxugando gelo, o BC resolve ir à fonte do problema, coisa muito difícil de ocorrer no nosso país, que não costuma tomar medidas que contrarie os interesses da banqueirada.

O BC sabe há muito tempo que o câmbio está valorizando devido à entrada de capitais de curto prazo. O Meirelles vem com uma conversa fiada dizendo que é por conta do superávit comercial. Isso não se sustenta, basta dar uma olhada para o balanço de pagamentos. Depois de pagar as obrigações no exterior (fretes, seguros, remessa de dividendos e juros), o que sobra do saldo comercial é ridículo.

A compra de divisas seria efetiva para conter a valorização do câmbio se o BC estivesse comprando o excedente de dólares dos exportadores. Não era bem isso que ocorria. Os bancos estavam tomando empréstimos de curto no exterior para vender os dólares para o BC. Só em abril o BC comprou US$11 bilhões.

Essa ação dos banqueiros deixa a economia mais vulnerável, uma vez que o volume de reservas é feito na maior parte com capitais especulativos que podem sair do país ao menor sinal de perigo.

A manutenção de reservas com uma taxa de juros do Brasil custa caro para o Brasil. É como tomar dinheiro no cheque especial para aplicar na poupança. O banco ganha duas vezes.

Não seria mais fácil e mais barato limitar o ingresso de capitais de curto prazo? Qual o interesse do país?

Pela ação das autoridades do Banco Central, do Ministério da Fazenda e do Tesouro, me parece que o destino do Brasil é ser espaço de valorização financeira de capitais que não têm nenhum compromisso com a geração de riqueza aqui dentro. A função do governo nisso é arrecadar impostos para pagar juros.