segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Apenas uma parte do corte dos impostos é repassado ao consumidor

Políticas públicas: Estudo da FGV-SP calculou efeito de mudanças no ICMS no preço final de dez alimentos

Valor Econômico, 21/12/2009

Em tempos de crise, são comuns políticas públicas que reduzem impostos, como forma de aumentar a demanda e aquecer a economia. Em 2009, o governo federal reduziu alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e linha branca. Nem sempre, porém, a queda nas alíquotas tributárias beneficia integralmente o consumidor final. Quando não há competição perfeita, a indústria ou o varejo podem aproveitar a redução para recompor parte de suas margens.

Essa é a conclusão de um estudo realizado pela Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP). A pesquisa analisou quanto das alterações de alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) chega a ser transmitido ao preço cobrado do consumidor final. Foram analisados os efeitos das variações do imposto em dez itens da cesta básica entre junho de 1994 e junho do ano passado. Em sete dos dez bens pesquisados o índice de transmissão variou de 22% a 50%, em média. Ou seja, de cada R$ 1 de redução de ICMS resultante da alteração tributária, apenas R$ 0,22 a R$ 0,50 chegaram a ser repassados, em média, ao preço ao consumidor final. Em três produtos, nenhum centavo de redução chegou ao preço final.

No açúcar, por exemplo, a cada R$ 1 de queda do imposto resultante de alteração tributária, apenas 47%, em média, foram repassados ao preço final. No arroz foram 43%. No óleo, 22%. Na carne e farinha, a transmissão foi zero.

De autoria dos pesquisadores Enlinson Henrique Carvalho de Mattos e Ricardo Politi, o estudo buscou verificar o impacto das reduções e elevações do imposto estadual sobre o preço final. No período analisado, porém, 70% das alterações tributárias geraram redução do imposto. Mattos explica que o período foi escolhido porque a partir de 1992 o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) permitiu que os Estados passassem a reduzir a base de cálculo do ICMS nas vendas internas de produtos da cesta básica. Isso ocasionou diversas alterações na carga tributária do imposto.

A pesquisa também levou em consideração especificidades do ICMS, como sua forma de recolhimento não cumulativo e sua apuração, que leva em consideração a inclusão do próprio imposto na base de cálculo.

"Conclui-se que o benefício de desoneração dos bens da cesta básica não atingiu os consumidores na mesma proporção", diz Mattos. Para ele, o impacto diferenciado nos preços sugere que os mercados não apresentam competição perfeita e a indústria ou varejo podem ter aproveitado a redução de ICMS para recompor parte de suas margens.

Os produtos pesquisados foram açúcar, arroz, café, carne, farinha, feijão, leite, manteiga, óleo e pão. Mattos lembra que os resultados para carne, leite e pão são afetados por grande número de varejistas que usam o Simples Nacional, sistema de pagamento de tributos destinado a pequenas empresas. Por isso, estabelecimentos como açougues e padarias recolhem os tributos de forma unificado. Para esses produtos, portanto, a pesquisa captou o efeito do ICMS para grandes estabelecimentos como supermercados e hipermercados. Há alguns segmentos também com elevada informalidade, aponta Mattos, como o de carnes.

Foram analisados preços de 16 capitais do país - Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio, Salvador, São Paulo e Vitória. O estudo controlou custos locais, preços das matérias-primas, entre outras variáveis, além da repercussão de tributos federais na carga tributária de ICMS.

Para Mattos, o fato de a transmissão da redução de impostos não ser integral ao consumidor final é significativo para políticas publicas. "Em mercados com concorrência imperfeita, outros mecanismos devem ser considerados", sugere o professor.

Desde abril, alguns produtos beneficiados pela desoneração de IPI tiveram seus preços reduzidos. Entre abril e novembro, o preço médio da geladeira recuou 8,02% dentro do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Na mesma comparação, contudo, o preço dos fornos de micro-ondas, produto de linha branca não beneficiado com a redução de IPI, ficou 5,51% menor.

Júlio de Oliveira, tributarista do Machado Associados, acredita que vários fatores podem ter influenciado a falta de transmissão integral da redução de ICMS. "Mercadorias que passam por muitas etapas de produção e comercialização, por exemplo, correm mais riscos de ter parte da desoneração perdida e agregada às margens de lucro das empresas", diz. Muitas vezes, acredita, indústrias e varejistas também podem deixar de repassar o benefício porque, em períodos passados, por questões de mercado, acabaram arcando com elevação de custos tributários.


Comentário: mesmo na teoria neoclássica, que considera concorrência perfeita, não há previsão de que toda a redução do imposto vá para os preços, os autores se esqueceram da tal elasticidade demanda-preço. Na vida real sabemos que não existe concorrência perfeita e o poder de mercado de alguns produtores ou distribuidores geralmente faz com que este embolsem o que antes era pago como imposto.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Depois dizem que os portugueses é que são burros

Enquanto os gringos mantêm os juros baixos, aqui o Cassino Brasil continua rendendo muitos lucros a todos que vem apostar aqui.

O juro está alto para os padrões internacionais. Os "analistas" do mercado estão prevendo subida na SELIC em 2010.

Os próprios manuais ortodoxos dizem que se a conta financeira for aberta o país não tem liberdade para definir a taxa de juros que quizer. Se fizer isso é pura burrice. O chamado carry trade corre sobre as barbas do BC que nada faz. Os bancos tomam lá fora a quase zero e emprestam ao Tesou por 8,75% e ainda ganham com a valorização do câmbio.


Um sugestão que os "economistas" do mercado estão dando é que o Tesouro emita títulos em reais lá fora e deixe o dinheiro lá mesmo. É como se o Joaquim fosse ao banco pedisse tomasse emprestado todo dinheiro oferecido pelo gerente e como não tinha o que fazer com o dinheiro, deixou lá mesmo depositado na conta corrente.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Política monetária: Os vilões da história saem vestidos de heróis

Já reparou a cobertura da grande mídia sobre a saída de Torós do BC? Os caras quase conseguiram quebrar o país no final de 2008 e saem do BC com pinta de heróis.

A TV Globo e a CBN limitou-se a informar que Torós pediu demissão após a entrevista.

Os jornalões falam da entrevista, mostrando com destaques as falas de Torós. No G1, a manchete é “Ação contra crise aproximou BC da economia real, diz Torós”

Estão pintando o cara como herói. E logo a mídia e a oposição que sempre buscaram o menor deslize para promover o maior escândalo. A Globo não vai pedir uma CPI?


Para entender a história leia :

Como o BC quase quebrou o país

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/11/16/como-o-bc-quase-quebrou-o-pais-2/

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Meirelles diz a deputados que estuda meios para conter câmbio

No Valor de ontem (28/10) tinha uma manchete: Meirelles diz a deputados que estuda meios para conter câmbio

Pensei: S E R A ?

Mas ao ler a matéria do Alex Ribeiro vi que era conversa fiada para engar os deputados incautos. Ele diz que pretende liberalizar mais o câmbio para conter valorização do real. Pretendem liberar os fundos de pensão a investirem no exterior.

Brincadeira! Há anos diziam que o Brasil precisa atrair poupança. O governo deixa de tomar medidas necessária para não desagradar o "investidor" estrangeiro e agora querem liberar os fundos de pensão para investir lá fora. Não sou contra os fundos de pensão fazerem um ou outro investimento estratégico, mas isso não resolve o problema do câmbio.

Ao contrário, isso só vai piorar, pois no momento atual que muita gente está vindo ganhar dinheiro no Brasil, os fundos não vão sair. Podem querer sair justamente no período que o Brasil precisar dos dólares.



Meirelles diz a deputados que estuda meios para conter câmbio
Alex Ribeiro, de Brasília
Valor 28/10/2009

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem em apresentação à bancada do PMDB na Câmara dos Deputados que estuda adotar novas medidas de liberalização cambial para conter a tendência de valorização da taxa de câmbio.

Sem citar medidas específicas, Meirelles disse que um dos problemas são os limites para os fundos de pensão aplicarem recursos no exterior, em virtude de regras que, segundo ele, vêm da época dos controles cambiais no país. Segundo o presidente do BC, a ideia é dar sequência à agenda de liberalização cambial que, nos últimos anos, incluiu medidas como a unificação dos mercados de câmbio livre e flutuante e o fim da exigência de cobertura cambial paras as exportações.

Deputados peemedebistas criticaram a tendência de apreciação cambial, afirmando que leva à desindustrialização e prejudica o setor agrícola. Os parlamentares cobraram medidas adicionais para conter o fortalecimento do real ante o dólar. Meirelles se filiou ao PMDB em setembro e disse que define até março se sairá candidato a algum cargo nas eleições do próximo ano.

O presidente do BC apresentou dados aos parlamentares que mostram que, a despeito da valorização cambial, a atividade industrial continua a se expandir no país, puxada sobretudo pelo mercado doméstico. "Não se pode falar de desindustrialização porque a industria está crescendo", afirmou, ponderando que segmentos mais ligados a exportações podem estar sendo mais afetados.

Meirelles disse que, quanto aos setores agrícolas, há uma correlação positiva entre a moeda nacional e o preço das commodities. Quando os preços das commodities sobe, a moeda nacional se fortalece ante o dólar, e vice-versa. "O Brasil, no passado, era ligado a outras economias emergentes. Hoje, sua moeda flutua junto com a de outros exportadores de commodities."

O presidente do BC reafirmou o compromisso com o regime de câmbio flutuante, argumentando que países que adotaram sistemas de câmbio fixo ficaram vulneráveis a crise e tiveram aumento de inflação. Mas disse que o compromisso com o câmbio flutuante não significa que o governo irá observar imóvel aos movimentos no câmbio. "O governo está atendo a isso."

Prova da preocupação do governo, disse, foi a taxação com Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos ingressos de investimentos em renda fixa e ações. Segundo ele, o BC também está comprando dólares no mercado para combater "problemas de liquidez".

Em fins do ano passado, quando o Brasil foi contagiado pela crise internacional, havia falta de dólares, e o BC entrou vendendo moeda, lembrou Meirelles. Agora, quando há excesso de liquidez no mercado, o BC está entrando comprando dólares.

O presidente do BC descartou o uso de medidas como controle de capitais para evitar a apreciação excessiva da moeda nacional. "A quarentena foi usada principalmente no Chile, e o sistema não foi bem sucedido", disse.

Meirelles afirmou que o governo está negociando a criação de sistemas de moedas locais com China, Rússia e India, o que deverá diminuir a dependência do dólar nas transações comerciais com outros países.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Boicote à BR Distribuidora


Está rolando uma corrente na internet pedindo boicote à Br Distribuidora para assim conseguir baixar o preço da gasolina. É uma falta de sentimento cívico dar preferência a distribuidoras estrangeiras que nada produzem no Brasil, apenas vendem a gasolina da Petrobras, fazem lucros e manda para suas matrizes. Além disso o preço da gasolina produzido na Petrobras é pouco mais de R$0,40. Para chegar nos R$2,50 se somam os impostos e a margem das distribuidoras e postos.
Veja o comparativo de preços entre vários países na figura acima ou no endereço http://www.petrobras.com.br/pt/produtos/composicao-de-precos/. Verás que os preços praticados no Brasil não são os maiores do mundo.


Leia o texto da corrente e mais abaixo veja meu comentário

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GASOLINA (GNV, DIESEL e ÁLCOOL)

Como poderemos baixar os preços???
NÃO DEIXE DE LER ...
Voce lembra do Criança Esperança?
A UNICEF e a Rede Globo ‘abriram as pernas’....
Foi a força da Internet contra uma FÁBRICA DE DINHEIRO
que DESCOBRIU-SE nunca chegar a quem de direito.
Então continue a ler
Não deixe de participar,
mesmo que vc HOJE não precise abastecer seu carro com gasolina!! Mesmo que você não tenha carro, saiba que em quase tudo que voce consome, compra ou utiliza no seu dia-a-dia, tem o preço dos transportes, fretes e distribuição embutidos no preço de custo e consequentemente repassados a voce.
Voce sabia que no Paraguai (que não tem nenhum poço de petróleo) a gasolina custa R$ 1,45 o litro e sem adição de álcool Na Argentina, Chile e Uruguai que juntos (somados os 3) produzem menos de 1/5 da produção brasileira, o preço da gasolina gira em torno de R$ 1,70 o litro e sem adição de álcool
QUAL É A MÁGICA ??

Voce sabia, que já desde o ano de 2007 e conforme anunciado aos "quatro ventos" pelo LULA e sua Ministra DILMA... o Brasil já é AUTO-SUFICIENTE em petróleo e possui a TERCEIRA maior reserva de petróleo do MUNDO
Realmente, só tem uma explicação para pagarmos R$ 2,67 (cartel do DF) o litro, a GANÂNCIA do Governo com seus impostos e a busca desenfreada dos lucros exorbitantes da nossa querida e estimada estatal brasileira que refina o petróleo por ela mesma explorado nas "terras tupiniquins"

CHEGA !!!
Se trabalharmos juntos poderemos fazer alguma coisa.
Ou vamos esperar a gasolina chegar aos R$ 3,00 ou R$ 4,00 o litro? Mas, se você quiser que os preços da gasolina baixem, será preciso promover alguma ação lícita, inteligente, ousada e emergencial.
Unindo todos em favor de um BEM COMUM !!!

Nós precisamos de uma ação enérgica e agressiva para ensinar às produtoras de petróleo e derivados que são os COMPRADORES que, por serem milhões e maioria, controlam e ditam as regras do mercado, e não os VENDEDORES que são "meia-dúzia".
Com o preço da gasolina subindo mais a cada dia, nós, os consumidores, precisamos entrar rapidamente em ação!!
O único modo de chegarmos a ver o preço da gasolina diminuir é atingindo quem produz,
na parte mais sensível do corpo humano: o BOLSO. Será não comprando a gasolina deles!!!

MAS COMO ??!!
Considerando que todos nós dependemos de nossos carros, e não podemos deixar de comprar gasolina, gnv, diesel ou álcool. Mas nós podemos promover um impacto tão forte a ponto dos preços dos combustíveis CAIREM, se todos juntos agirmos para

FORÇAR UMA GUERRA DE PREÇOS ENTRE ELES MESMOS.

Aqui está a idéia:
Para os próximo meses (agosto, setembro e outubro...)
não compre gasolina da principal fornecedora brasileira de derivados de petróleo, que é a PETROBRÁS (Postos BR).
Se ela tiver totalmente paralisada a venda de sua gasolina, estará inclinada e obrigada, por via de única opção que terá, a reduzir os preços de seus próprios produtos, para recuperar o seu mercado.
Se ela fizer isso, as outras companhias (Shell, Esso, Ipiranga, Texaco, etc...) terão que seguir o mesmo rumo, para não sucumbirem economicamente e perderem suas fatias de mercado.
Isso é absolutamente certo e já vimos várias vezes isso acontecer!
CHAMA-SE LEI DA OFERTA E DA PROCURA

Mas, para haver um grande impacto, nós precisamos alcançar milhões de consumidores da Petrobrás.
É realmente simples de se fazer!!
Continue abastecendo e consumindo normalmente!! Basta escolher qualquer outro posto ao invés de um BR (Petrobrás). Porque a BR?
Por tratar-se da maior companhia distribuidora hoje no Brasil e consequentemente com maior poder sobre o mercado e os preços praticados.
Mas não vá recuar agora... Leia mais e veja como é simples alcançar milhões de pessoas!!
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Comentário:
Boicotar a Br Distribuidora soa para mim como atitude anti-cívica. Ao não abastecer na BR você está dando preferência a distribuidoras estrangeiras que nada produzem no Brasil, compram a gasolina da Petrobras e simplesmente revendem. Além disso o preço da gasolina produzido na Petrobras é pouco mais de R$0,40. Para chegar nos R$2,50 se somam os impostos e a margem das distribuidoras e postos.

Veja o comparativo de preços entre vários países na figura no início deste post ou no endereço http://www.petrobras.com.br/pt/produtos/composicao-de-precos/. Verás que os preços praticados no Brasil não são os maiores do mundo.

Tem até um distribuidora aqui no Brasil (a Shell) que faz propaganda enganosa, ela diz vender gasolina premium (a V-Power), diz que é a gasolina desenvolvida para a fórmula 1. Na verdade a gasolina V-Power é a gasolina aditivada que é igual em qualquer posto HONESTO. A única gasolina premium comercializada no Brasil é a Br Podium produzida lá na RPBC (Cubatão). Além disso, no Brasil, o maior programa de controle de qualidade de combustível na ponta para o consumidor é o De Olho no Combustível da Br que monitora constantemente a qualidade do combustível vendido na sua rede.

Não se pode comparar a estrutura de preços dos combustíveis do Brasil com o dos EUA, ou da Argentina. Tomem cuidado! Boa parte das comparações de preço que aparecem na mídia são enganosas. Na Argentina os preços são de certa forma tabelados, e muitas vezes tem inibido os investimentos na produção petrolífera, em pouco tempo estarão importando sem terem dólares para pagar, aí os preços vão disparar. Nos EUA o mercado é bem competitivo e os combustíveis acompanham de perto os preços do petróleo. Além disso lá os impostos sobre a produção são pequenos. Na terra do Tio Sam a taxação é pesada sobre a renda e a propriedade.

O SISTEMA DE PREÇOS de combustíveis no Brasil é próximo ao da Europa. Em primeiro lugar os preços da Petrobras são baixos, não são diferentes dos dos EUA ou da Argentina como queiram. A diferença aqui é que os preços são mais estáveis, os preços da gasolina e do diesel não sobem e descem acompanhando o petróleo, eles são definidos a partir da tendência de longo prazo. Por exemplo,em meados de 2007, quando o petróleo beirou US$150/barril, os preços da Petrobras estavam definidos olhando o petróleo a menos de US$70. Se a gasolina tivesse subido e a inflação acelerasse mais a turma da bufunfa teria arranjado mais uma desculpa para mandar o BANCO CENTRAL subir mais os juros.

Na média de 2008, os preços cobrados pela Petrobras foi pouco maiores que R$0,40.
Para chegar nos R$2,50 da bomba tem os impostos, a margem da distribuidora e do posto. Quem cobra os impostos não é a Petrobras. É uma falta de compromisso com o país fazer campanha contra a BR Distribuidora.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Ofensiva da Caixa irrita concorrência

Ofensiva da Caixa irrita concorrência


    Vanessa Adachi e Raquel Balarin, de São Paulo
    Valor 13/10/2009
Texto: A-

A Caixa Econômica Federal (CEF), controlada pelo Tesouro Nacional, é pivô de uma disputa sem precedentes dentro da Febraban, a federação que reúne a banca nacional, em torno das folhas de pagamento de servidores municipais e estaduais. Os grandes bancos privados - Bradesco, Itaú, HSBC e Santander - e até o Banco do Brasil, igualmente controlado pelo governo federal, têm apresentado queixas formais contra a Caixa, acusando-a de instigar prefeituras e governos estaduais a romper contratos para administração da folha de pessoal. Por ser banco público, a Caixa pode assumir as folhas sem licitação pública.

Na última reunião mensal realizada pela subcomissão de negócios com o setor público da Febraban, no dia 18 de setembro, o clima esquentou. Em resposta às queixas, representantes da Caixa têm dito aos outros bancos que a conquista de novas folhas de pagamento é uma determinação da cúpula do banco e faz parte da estratégia traçada. Foi o que disse também ao Valor o vice-presidente de Finanças da Caixa, Márcio Percival (ver reportagem na página C3).

Ao acenar com preços mais altos para assumir as folhas, a Caixa tem capturado a atenção das prefeituras, que se ressentiram com a queda da arrecadação ocasionada pela crise neste ano.

Os bancos sentiram o movimento da Caixa ganhar força a partir de março. Estimativas com base nas queixas apresentadas à Febraban indicam que ao menos 80 municípios romperam seus acordos com outras instituições neste ano, substituindo-as pela Caixa. A ofensiva do banco federal se mostrou mais forte em Santa Catarina, onde cerca de 50 prefeituras já estariam em contato com a Caixa, sendo que dez já lhe entregaram suas folhas. Em alguns casos, os bancos tomam ciência do cancelamento quando não recebem das prefeituras os arquivos de dados para pagamento no fim do mês.

A agressividade negocial incomoda até mesmo o Banco do Brasil, que já perdeu as contas de municípios como Embu e e Santa Cruz das Palmeiras, em São Paulo. O BB detém cerca de 65% do mercado de folhas de salários de funcionários públicos municipais e estaduais, o que torna inevitável que, em sua ofensiva para ganhar mercado, a Caixa atravesse o caminho do Banco do Brasil, gerando uma situação particularmente desconfortável entre as duas instituições federais. Procurado, o BB informou que não comentaria o assunto.

No passado recente o BB foi alvo de queixas semelhantes por parte dos bancos privados. Mas, segundo o relato de executivo de um banco, o caso da Caixa supera o do BB em termos de agressividade.

Curioso é que a maioria das licitações de folhas deste ano fracassou por falta de interesse dos bancos - de pouco mais de 200 leilões, cerca de 180 fracassaram. Além disso, o movimento da Caixa acontece quando falta pouco mais de dois anos para que a portabilidade de contas seja estendida aos funcionários públicos.

Os contratos, que têm prazo de cinco anos, preveem pagamento de multa corrigida por índice de preço em caso de rompimento. Mas, na maioria dos casos, as prefeituras não pagam as multas, segundo a queixa dos bancos, que têm recorrido à Justiça. Cálculos feitos até agora indicam que as perdas por penalidades não pagas chegam a R$ 80 milhões. Em geral, a multa é calculada pro-rata em relação ao período remanescente do contrato suspenso. "A agressividade excessiva está incomodando o sistema", diz o executivo de um banco. "Com esse apetite voraz, a Caixa tem extrapolado os limites", reclama outro.

Uma lista à qual o Valor teve acesso reúne alguns dos municípios que, segundo os bancos, teriam quebrado o contrato para transferir suas folhas de salários para a Caixa. Constam dela Barra Mansa (RJ), Santo Antonio de Pádua (RJ), Teófilo Otoni (MG), Umuarama (PR) e Lapa (PR), que tinham contrato com o Itaú Unibanco; São José (SC), Navegantes (SC) e Afogados da Ingazeira (PE), que eram atendidos pelo Bradesco; Caçador (SC), São Miguel do Oeste (SC), Morro da Fumaça (SC), que trabalhavam com o HSBC; Jataí (GO), Novo Hamburgo (RS), Imperatriz (MA) e Ferraz de Vasconcelos (SP), do Santander. O banco de origem espanhola estaria ainda sob risco de perder o contrato do governo da Paraíba para a Caixa.

O que os bancos dizem ao prestar queixa é que a Caixa conta com um arsenal imbatível para ganhar essas folhas, como linhas de financiamento para investimentos em infraestrutura de toda sorte, além de repasse de recursos federais, inclusive do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC.

Hoje a Caixa tem menos de 10% das folhas de um universo de 5,5 mil municípios. Levando-se em conta as folhas de salários de Estados, sua fatia de mercado fica em torno de 5%. A agressividade de agora é vista como uma tentativa de reparar um erro estratégico do passado, quando a Caixa foi a única entre as grandes instituições que ficou de fora da disputa por folhas em meados da década.

O mal estar tem sido tanto dentro da Febraban que o tema, antes restrito à subcomissão dos negócios com o setor público, pode vir a ser tratado em instâncias superiores da casa. Procurados, além do Banco do Brasil, Itaú Unibanco, HSBC, Santander e Bradesco também preferiram não conceder entrevistas. Em nota, a Febraban informou que "não entra no mérito de assuntos concorrenciais a não ser que haja alguma irregularidade que seja reportada aos comitês pertinentes, de autorregulação ou de ética, o que não foi o caso".

Rede estatal de banda larga deve chegar a 76% do país

Infraestrutura: Meta é atender 4 mil cidades e 162 milhões de pessoas

Rede estatal de banda larga deve chegar a 76% do país


Cristiano Romero, de Brasília
13/10/2009


Estão avançados os estudos no governo para a criação da rede nacional de banda larga. O plano prevê a implantação de uma rede estatal de fibra ótica de 31.448 quilômetros, interligando 4.245 municípios (o equivalente a 76% do território nacional) e beneficiando 162 milhões de pessoas (87% do total). Trata-se do último grande projeto do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado da anunciada consolidação das leis sociais.

O projeto, segundo informou ao Valor o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna, está orçado em R$ 1,1 bilhão e pode ser executado em 14 meses. Com o plano, que depende ainda de aprovação do presidente Lula, o governo pretende criar a infraestrutura necessária para viabilizar o acesso da maioria da população à internet. A meta é fazer isso a uma velocidade de conexão considerada rápida - 1 megabyte (1 Mbps). Hoje, 90% das conexões de internet no Brasil são feitas com velocidade inferior a 1 Mbps.

"Vai começar com 1 megabyte real de velocidade nos dois sentidos, ou seja, um mega de 'upload' (envio de arquivos) e 1 mega de 'download' (recebimento). O custo para elevar depois a capacidade é marginal", afirmou Santanna, principal idealizador do Plano Nacional de Banda Larga.

O presidente Lula quer, com o projeto, promover inclusão digital. Mesmo sendo o país mais rico da América Latina, o Brasil possui baixo índice de penetração de banda larga. De cada 100 habitantes, apenas 5,2, segundo o Barômetro Cisco publicado em dezembro de 2008, têm acesso a essa tecnologia. No Chile (8,5%), na Argentina (7,8%) e no Uruguai (6,5%), os índices de penetração são maiores.


Foto Destaque

Em recente visita ao município de Barra do Piraí, no interior fluminense, o presidente ficou impressionado com o projeto de inclusão digital implantado pela prefeitura com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da Universidade Federal Fluminense (UFF). Lá, ele viu crianças da rede escolar pública portando computadores individuais.

Em setembro, o presidente encarregou uma comissão interministerial de consolidar, no prazo de 45 dias, uma proposta de um plano nacional de banda larga. A comissão criou dois grupos para analisar o tema - um para tratar de infraestrutura e, outro, de mudanças no marco regulatório. A apresentação da proposta definitiva está prevista para o dia 9 de novembro, quando Lula terá que tomar decisões importantes sobre o projeto.

Uma dessas decisões diz respeito à escolha da entidade que administrará a rede nacional de banda larga. Há quatro possibilidades sendo analisadas. A primeira é usar a antiga holding do Sistema Telebrás, que foi mantida mesmo após a privatização, em 1998, das empresas de telefonia (as teles). Outra opção é criar uma nova empresa.

Uma terceira possibilidade é usar estatais do setor de tecnologia de informação, como o Serpro e a Dataprev, para incorporar as novas atividades. Outra seria encampar a Eletronet, empresa pertencente ao grupo AES que está em processo de falência, e da qual a LightPar, braço de participações acionárias da Eletrobrás, detém 49% do capital.

Das quatro alternativas, a que mais tem ganhado força dentro do governo é ressuscitar a Telebrás. "A Telebrás é uma empresa que já está constituída e tem tudo pronto para tocar essa operação. Para usá-la, basta uma portaria do Ministério das Comunicações, porque a Lei Geral de Telecomunicações (LGT) já atribui ao ministro o poder de dar uma nova função à estatal", revelou Santanna.

A Telebrás, que é uma empresa de capital aberto com ação cotada em bolsa, tem R$ 283 milhões em caixa. O governo detém 91% das ações. Santanna acredita que, uma vez que a estatal volte a funcionar, o governo poderá promover uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) para captar recursos e destiná-los a futuros investimentos. "Podemos pulverizar o capital, como fez a Deutsche Telecom", comparou.

A solução Telebrás não agrada a todos no governo. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, por exemplo, tem restrições. "O nosso foco não é a Telebrás. Lamentavelmente, em vez de a gente falar do plano, que é algo extraordinário, está se falando da Telebrás. Ela tem uma participação mínima nesse processo. Não dependemos da Telebrás para fazer isso. Ela pode ser ator, mas não um ator importante ou decisivo", criticou o ministro em entrevista ao Valor.

Costa defende que o plano de banda larga seja executado em parceria com as grandes empresas de telefonia. Ele cita o acordo firmado, em 2008, entre o governo e as teles para a instalação de internet nas escolas públicas urbanas. Pelo acordo, gestado no Ministério das Comunicações, as empresas trocaram uma obrigação ainda dos tempos de privatização - a instalação de postos de serviços de telecomunicação nas cidades com até 50 mil habitantes - pela implantação de internet em 57 mil escolas, a custo zero para o governo. "Foi um acordo extraordinário", afirmou o ministro.

As divergências entre Santanna e Costa vão além da Telebrás. A visão do primeiro, que encontra amplo respaldo no governo, é a de que há uma falha de mercado no segmento de banda larga no Brasil, um dos mais caros e deficientes do mundo. As empresas só levam infraestrutura de banda larga às regiões do país onde há forte demanda e dinheiro para pagar pelos serviços.

"É fácil entender por que uma parceria com as teles não vai andar. A lógica da telefonia fixa é cobrar por tempo e distância. A lógica da internet é outra. Você não paga por distância e tempo, mas por capacidade alugada (de banda larga)", argumentou Santanna, acrescentando que a legislação não prevê a universalização desses serviços. "Quanto mais rápida for a banda larga, mais mercado a empresa de telefonia vai perder em outros negócios, como voz (telefonia fixa). Por isso, em todo o mundo as teles estão procurando outros negócios, como a geração de conteúdo."

Nelson Simões da Silva, diretor geral da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), sistema que interliga em alta velocidade as universidades e os institutos de pesquisa públicos e privados e foi o responsável pela implantação da internet no Brasil, diz que a privatização do Sistema Telebrás foi muito bem-sucedida ao criar uma infraestrutura de telecomunicação no país. O problema é que essa infraestrutura não chegou às regiões mais pobres do país, limitando o acesso da população aos serviços de internet.

"A RNP não teria a infraestrutura que tem hoje se não fosse o processo de abertura do mercado. Se fosse a Telebrás, no ritmo em que ela vinha (antes da privatização), não teria conseguido. A penetração de telefonia fixa e celular é grande. Estes são os méritos desse processo, mas há falhas. O estímulo para levar infraestrutura onde não há renda não existe", explicou Simões ao Valor. "A política pública falhou nessa área. Portanto, o novo projeto é uma resposta de política pública que não prescinde de uma atuação da indústria de telecomunicação, de forma alguma, mas ele incorpora um ator novo."

Costa está convencido de que é possível levar banda larga aos rincões do país de braços dados com as empresas de telefonia. Na semana passada, o ministro convocou os principais dirigentes das teles para uma reunião em Brasília, na qual solicitou a elaboração de um plano de investimento em banda larga.

"O que nós queremos é motivar as empresas, dizendo: 'Precisamos chegar a todas as cidades, estamos do seu lado, queremos participar com o que nós temos e vocês com o que vocês têm'", disse o ministro, acrescentando que o governo não vai explorar comercialmente os serviços de banda larga. "Não queremos roubar o espaço comercial de ninguém. O governo não vai contratar as empresas privadas. Vai indicar o caminho onde elas precisam investir."

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Legado Lula I - Um Colchão de Segurança

Recebi de um amigo um texto do Stephen Kanitz defendendo a manutenção de elevadas reservas cambiais. Só que o camarada, mesmo depois da crise só pensa em função do mercado financeiro. Aqui vai minha resposta e abaixo o texto do Kanitz.


Já parou para estimar o custo destas reservas? No mínimo uns R$30 bilhões por ano. É um custo muito alto, é mais que os gastos com edução. São mais de 3 bolsa-família. E para que servem essas reservas? Para garantir a saída tranquila dos especuladores que vêm aqui ganhar muito no mercado financeiro: ganham nas ações, na dívida pública e com a valorização do real. Esse dinheiro de curto prazo pouco contribui para o desenvolvimento do país.

Não vivem dizendo que o Brasil depende de capital estrangeiro para se financiar? Mas as reservas não são aplicadas em títulos da dívida dos EUA? Você tomaria dinheiro emprestado no cheque especial para aplicar na poupança? Mas é essa a política das reservas.

Essa conversa de que precisamos atrair capital estrangeiro é conversa fiada. Entram os dólares, o BC compra os dólares e em contrapartida emite dívida pública. Ele fica sentado nesses dólares até que o "investidor" decide sair ao menor sinal de crise. E somos nós contribuintes que sustentamos essa farra.

Há outros meios de manter certa estabilidade cambial. Por exemplo o professor de Economia Política Internacional de Harvard Dani Rodrik sugere que os países em desenvolvimento como o Brasil limite a entrada ou a saída de capitais de curto prazo. Afinal é esse capital volátil que entra num primeiro momento valorizando o câmbio, tirando competitividade das nossas empresas e estimulando importações. No momento seguinte esse mesmo capital sai de forma desordenada bagunçando as contas externas.

O capital que o Brasil precisa é daquelas empresas que vem para cá construir fábricas, trazer novas tecnologias. E boa parte desse capital está aqui mesmo, nos fundos girando em falso na ciranda da dívida pública. Um autor que explica bem a questão das distorções causadas no Brasil pelo excesso de liberdade do capital financeiro internacional é Bresser-Pereira (professor da FGV). Não é o autor que mais admiro, mas é bem didático nesta questão.

Tentativa de crescer com poupança externa é estratégia errada
Valor Econômico, 18.9.2009
http://www.bresserpereira.org.br/view.asp?cod=3557
Crises financeiras nos anos 1990 e poupança externa
http://www.bresserpereira.org.br/view.asp?cod=2927
É o câmbio, sr. presidente
http://www.bresserpereira.org.br/view.asp?cod=3491



2009/10/5 E. R. I. <xxxxxx@gmail.com>

Legado Lula I - Um Colchão de Segurança

Stephen Kanitz

http://blog.kanitz.com.br/2009/10/o-legado-lula-i-um-colchao-de-seguranca.html

Publiquei em 2004 na Veja, o artigo "Faça um Colchão de Segurança", onde colocava uma preocupação com o baixo nível de reservas internacionais do Brasil na época, e que diante da crise que viria em 2008 foi presciente.

"Volatilidade faz parte da vida - e sempre fará. O correto é conviver com ela, e não tentar impedi-la.

Governos anteriores acreditavam que saberiam intervir inteligentemente no câmbio ou nos juros, a cada nova crise, e portanto acumular reservas seria desnecessário e custoso.


Nunca criamos reservas internacionais suficientes para enfrentar crises. Hoje (2004) temos somente 18 bilhões de dólares, dez dias de nosso PIB.


Reservas financeiras substanciais compram tranqüilidade e tempo, já que nenhuma crise dura para sempre.


TODAS as crises foram nefastas para o Brasil porque nossas reservas sempre terminaram antes. Criar reservas nunca foi nossa prioridade.


A China vive uma fase de prosperidade porque possui nada menos que 420 bilhões de dólares, o suficiente para enfrentar a pior crise que se possa imaginar.


Ninguém sabe como será o amanhã, exceto que teremos muitas crises pela frente. Se você tiver zero de reservas familiares, a crise o afetará 100%. Quanto mais reservas você tiver, menos ela o afetará.

Quem enfrenta uma crise sem ter reservas acaba contraindo mais dívidas, como sempre acontece com o Brasil.

Gostaria de dizer que Lula leu este artigo na Veja e mandou o Banco Central começar a acumular os 200 bilhões de reservas que acabou nos protegendo da crise de 2008.

Certamente foi incentivado por Henrique Meirelles, primeiro administrador financeiro guinado ao Banco Central, que pensa como todo administrador.

Reservas internacionais será um legado do governo Lula, que nenhum sucessor terá coragem de desmontar.

Reservas internacionais
Dizer que Lula surfou a onda dos 18 bilhões de reservas deixadas pelo Plano Real é uma bobagem monumental. 18 bilhões não seguram crise alguma, desaparecem em duas semanas, como desapareceram em 1998 no final do Primeiro Mandato de FHC.

Lula ao criar estas reservas de 200 bilhões lutou contra dezenas de especialistas, inclusive economistas de seu próprio partido, que achavam que 200 bilhões de reservas deveriam ser gastos em "saúde e educação".

Estas reservas, apesar de óbvias, eram politicamente complicadas devido ao seu custo elevadíssimo.
O governo tinha que financiá-las a um juro interno de 16% ao ano, e só recebia 4% de juros quando aplicadas em títulos estrangeiros.

A crise americana de 2008 foi até uma benção, ao provar a tese de que reservas são necessárias, sempre. Nunca mais teremos que recorrer ao FMI, ou à amizade de um Bill Clinton.

Estas reservas acumuladas por Lula serão um legado para sempre. Nos salvou da crise de 2008, bem diferente do desastre da crise de 1998 quando não tínhamos reservas suficientes.

Ter reservas suficientes será política de todo futuro governo, e precisamos ficar atentos e protestar se um futuro presidente decidir torrar as reservas, como algo custoso e desnecessário.

http://blog.kanitz.com.br/2009/10/o-legado-lula-i-um-colchao-de-seguranca.html

E.R.I.

Brasília-DF


terça-feira, 6 de outubro de 2009

Publicidade do Kassab

O Kassab pretende gastar mais de R$100 milhões com publicidade, é um valor muito grande, mesmo considerando o tamanho da cidade e as campanhas de utilidade pública que a prefeitura precisa fazer.

Mas tenho visto propagandas da prefeituras da capinal no interior do estado parecendo até propaganda partidária. Na última peça que vi se falou da virada esportiva (depois do evento não faz sentido fazer propaganda) e o prefeito aparecia como garoto propaganda promovendo a gestão do governo "democrático" da capital paulista. Como se a capital não tivesse muitos problemas, a gestão Kassab só tem a mostrar a virada esportiva e o "cidade limpa" (controle da publicidade em placas e outdoors). Projetos que não promovem nenhuma grande transformação.

Prêmio Congresso em Foco

O Congresso em Foco diz que é um site jornalístico que faz uma cobertura analítica, independente e crítica do Congresso Nacional e dos principais fatos políticos da capital federal. Parece piada. Por exemplo, no quesito combate a corrupção, foram listados os hipócritas que vestem a camisa branca, mas por baixo estão sujos de lama. Os outros da lista não tem nenhum destaque.

Demóstenes Torres (DEM-GO)
Gustavo Fruet (PSDB-PR)
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)
Pedro Simon (PMDB-RS)

Pedro Simon é o fiel aliado da Ieda Cruzes que está atolada na lama lá no RS, Jarbas Vasconcelos foi pintado pela Veja a pouco tempo como o legítimo representante do que há de bom no PMDB. Dos demos-tucanos nem preciso falar.

http://www.premiocongressoemfoco.com.br/Voto.aspx
Vladimir M Coutinho
www.vlad.blog.br

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Moody's concede grau de investimento ao Brasil, e daí?

Moody's concede grau de investimento ao Brasil, e daí? Só no Brasil o pessoal ainda leva a sério as agências de risco. Essas agências davam rating da Argentina muito melhor do que o Brasil pouco antes do calote deles. As mesmas agências davam nota AA+ para os derivativos lastreados por hipotecas de alto risco.

E mesmo se essas agências fossem sérias, para o desenvolvimento do país não ter grau de investimento não significa nada. Não é de capital financeiro que o país precisa. Não é essa lógica que segue o "bom" investimento. Quem olha grau de investimento é o especulador, o dólar que vem aqui se multiplicar num período que não precisamos e vai embora ao menor sinal de crise.

Para que serve esse tipo de capital? Já pensou o mecanismo perverso de extração de recursos se processa: dólar entra, é convertido em reais. Por um lado valoriza o real tirando competitividade da economia nacional, por outro o BC compra os dólar e em seguida emite dívida pública para fazer frente a essa compra pagando 8,6% e aplica os dólares a 2%. É como tomar dinheiro no cheque especial para aplicar na poupança. Coisa de bobo.


Segue a notícia que estou comentando:

Brasil é primeiro país a alcançar Grau de Investimento da agência Moody's desde início da crise

A agência de classificação de risco Moody's anunciou, na última segunda-feira (22) a alteração da classificação das dívidas interna e externa de longo prazo do Brasil, elevando o país à categoria de Grau de Investimento. Com a nova classificação, o Brasil se torna o único país que teve sua posição elevada para grau de investimento pela Moody's desde o início da crise econômica mundial.

Entre os fatores relacionados pela agência para a elevação, destaca-se "a notável melhora apresentada na estrutura de dívida do governo". Além da condução responsável das políticas fiscal e monetária nos últimos anos, a agência ressalta o desempenho do Brasil durante a crise e as medidas tomadas pelas autoridades brasileiras.

Outro motivo é a forte recuperação da atividade econômica. Entre os principais países que entraram em recessão técnica em decorrência da crise, o Brasil apresentou a maior taxa de crescimento do PIB no segundo trimestre de 2009. A agência acredita que "as chances de que o Brasil continue melhorando seu perfil de crédito são razoavelmente altas",

A classificação de risco reflete a opinião da agência opinião sobre a capacidade e a disposição de um governo para honrar suas obrigações relativas à dívida. Com a elevação, o Brasil se torna grau de investimento pelas três maiores agências classificadoras de risco. O grau já havia sido concedido pela Standard and Poor's e pela Fitch em 2008.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Demo-tucanos entreguistas e preguiçosos

Folha 18/09/09

Três deputados federais de oposição apresentaram separadamente emendas aos projetos do pré-sal que, além de coincidirem com os interesses das grandes empresas do setor petrolífero, têm redação idêntica.

José Carlos Aleluia (DEM-BA), Eduardo Gomes (PSDB-TO) e Eduardo Sciarra (DEM-PR) sugeriram em suas emendas diversas modificações às propostas do governo, entre elas uma das bandeiras das gigantes do petróleo: a de que a Petrobras não seja a operadora exclusiva dos campos.

“A previsão legal de um monopólio ou reserva de mercado para a Petrobras não se justifica em hipótese alguma”, diz trecho nas emendas dos três.

Segundo a Folha apurou, as emendas clonadas eram parte de versões preliminares preparadas por petrolíferas e repassadas aos deputados por consultores e representantes de empresas. As emendas entregues oficialmente aos parlamentares pelo IBP têm redação diferente, mas teor idêntico nas propostas de mudanças.

Além dos três deputados, outras emendas que coincidem com os interesses das grandes empresas foram apresentadas por outros parlamentares, como Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM, e Arnaldo Jardim (PPS-SP), que presidirá uma das comissões dos projetos de um novo marco regulatório para o setor petrolífero enviados pelo governo ao Congresso.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Kassab se divorciou da mídia

Agora a mídia começou a mostrar as medidas antipopulares do Kassab, o divórcio deve ter ocorrido porque o Serra não mais o quer para candidato a governador.

Ao mesmo tempo que eleva as verbas para publicidade reduz gastos com a merenda escolar e com a limpeza urbana. Estava contanto que a mídia ia esconder tudo como o fez até agora.

Prefeitura de SP reduz merenda de alunos de creches
O Estado de São Paulo 17/09/09
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090917/not_imp436303,0.php
Os alunos das creches municipais de São Paulo receberão uma refeição a menos a partir de segunda-feira. Assinado na semana passada, o novo contrato da Prefeitura com as oito fornecedoras de merenda terceirizada estabelece corte no cardápio oferecido às crianças do período integral (10 horas).

Pelo modelo atual, os alunos do período integral se alimentam cinco vezes ao longo do dia - café da manhã; colação (suco de frutas natural ou uma fruta); almoço; lanche da tarde e jantar. O novo contrato dá duas alternativas: as creches que optarem por servir o café da manhã não deverão fornecer o jantar e vice-versa. A escolha pelo café da manhã ou jantar será feita pelas diretoras de ensino, conforme o horário de funcionamento da creche.

"Isso nos criou um problema enorme. As crianças que atendemos são carentes e a maioria só come aqui. Como vou cortar o café da manhã se ela não tomou em casa? E como vou deixar de servir o jantar se elas dificilmente se alimentam adequadamente à noite?", questionou a diretora de uma creche da zona oeste, onde estão matriculados 104 alunos de 0 a 3 anos. "Procurei a nutricionista da empresa terceirizada e ela disse que a Prefeitura cortou uma refeição porque as crianças estavam obesas."

A diretora critica ainda a mudança na composição do lanche da tarde. Pelo modelo antigo, diz ela, as crianças recebiam uma mistura láctea (leite com café, achocolatado ou iogurte) e um pão ou biscoito. O novo contrato prevê apenas a mistura láctea, afirma a dirigente ouvida ontem pelo Estado sob a condição de anonimato. "Isso não pode ser considerado uma refeição."

O corte no número de refeições servidas aos alunos é visto com preocupação por especialistas. Autora de um estudo sobre alimentação escolar pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e doutoranda da Unesp de Araraquara, a nutricionista Giovana Pegolo explica que, independentemente do estado nutricional e da fase da vida, uma pessoa deve fazer seis refeições por dia - o café da manhã é uma das três mais importantes, ao lado do almoço e do jantar.

"O café da manhã, por exemplo, vai dar o suporte para o aprendizado", afirma. Na sua avaliação, o café da manhã e o jantar são indispensáveis num período letivo de 10 horas. "Na fase de crescimento, é essencial que o indivíduo se alimente a cada 3 horas. Caso contrário, o metabolismo tende a entender que vai faltar alimento e passa a acumular gordura, o que favorece a obesidade."

A terceirização da merenda na capital está sob investigação do Ministério Público, que apura denúncias de fraudes na licitação de 2006. No mês passado, a Justiça negou pedido do MP para suspender a licitação atual. Um dos argumentos usados pelo magistrado era que os preços ficaram 22% menores do que os anteriores. "Vamos levar esse fato novo ao conhecimento do juiz", disse o promotor Silvio Marques, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

BC ou o Ministério da Fazenda?

Já observaram como a imprensa nativa enaltece o testa-de-ferro dos rentistas, o sr. Henrique Meirelles? Fica dando entrevistas na grande mídia e falando abrobrinhas. Só abaixou os juros porque foi forçado pela crise. No entanto, se fosse pelo BC o Brasil teria afundado na crise.

Desde setembro de 2008 os sinais da crise já eram claros, e até o final do ano passado o COPOM enxergava motivos para desacelerar a economia. Foram seis meses para perceber que a economia tinha entrado em parafuso!

Mesmo assim as medidas foram inócuas. Liberou compulsórios, R$200 bilhões, para que? Para os bancos comprarem títulos da divida pública, assim lucrar mais ainda. O dinheiro tava no BC e voltou prá lá, pouca coisa foi para economia.

Quando o BC fixa a taxa de juros obriga o governo a tomar emprestado todos os recursos que os aplicadores ofereçam. Assim, meus caros, o governo emite dívida em troca de nada. O governo se endivida, paga um caminhão de juros e o BC fica lá sentado em cima do dinheiro. É isso mesmo, está em todo bom manual de política monetária ou de macroeconomia. Metade do orçamento do Governo Federal se refere a operações com a dívida pública. No computo geral 1/4 dos impostos vão para a conta dos juros. Por isso não sobra dinheiro para a educação, saúde e investimentos. 0,5% de juros paga todo gasto com o bolsa família.

Voltando à vaca morta: o BC ao invés de usar o BB ou a Caixa para ajudar o setor exportador durante a crise , preferiu entregar as divisas (US$) para os bancos que por sua vez salvaram a pele de quem tinha apostado até as cuecas no Cassino Brasil. Boa parte das reservas queimadas durante a crise foram usadas como seguro para aqueles que especularam com o Real e com arbitragem de juros. Somos nós que pagamos o custo elevadíssimo de carregar essas reservas (aproximadamente o custo é a diferença entre os juros no Brasil e nos EUA). E para que atrair esse capital especulativo? Isso não é investimento (no sentido físico, fábrica, emprego). Os dólares entram, o BC compra pagando SELIC (8,75% hoje, era muito maior ) e aplica em títulos dos EUA que rendem menos de 4% ao ano.

O que não deixou o barco afundar foi a atuação do Ministério da Fazenda fazendo uso da política fiscal (redução de impostos), dos bancos públicos (BB, da CEF e do BNDES) e dos investimento da Petrobras.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Armínio Fraga está preocupado com o dinheiro dos trabalhadores

A crise veio para mostrar no que dá quando o Estado deixa de cumprir seu papel deixando o deus mercado solto. Mesmo assim as vozes do neoliberalismo continua forte no Brasil. Na recuperação do Brasil o Ministério da Fazenda teve papel ativo através da política fiscal e do uso dos bancos públicos. No entanto o que se vê nos jornais é o sr. Henrique Meirelles (melhor presidente de banco central do mundo, segundo os banqueiros) com pinta de bonzão.

O jornal Valor de hoje (14/09/09) dá voz a Armínio Fraga, ex-presidente do BC e representante de um setor que faz muito dinheiro no mercado financeiro brasileiro sem contribuir quase nada para o desenvolvimento do país. Ele é contra a ampliação do papel do BNDES na economia brasileira. Ele prega que esse papel deve ser deixado para o mercado financeiro que nunca cumpriu esse papel.

Desde a reforma bancária conduzida pelos militares há muitos anos atrás, com os vários incentivos, nem os bancos nem o mercado acionário foi capaz de fornecer crédito para financiar o desenvolvimento brasileiro. Fraga sabe disso, mas é o que menos importa, ele quer é garantir o lucro dele e dos seus pares.

Ele é muito cara de pau ao dizer "Até quando se quer emprestar dinheiro para empresas, principalmente para as que podem captar no mercado, com um funding barato com dinheiro do trabalhador?". "Provavelmente (o BNDES), não leva em conta o fato de ser uma máquina de concentração de renda".

Ele acha que o BNDES não deveria ter concedido crédito à Petrobras. Acha que mesmo com a crise a empresa deveria ter recorrido ao mercado internacional. Mas já pararam para pensar: para que se financiar em dólares para fazer frente a gastos em real? Tem algo de errado nessa história, dólar serve para comprar coisas no exterior, assim ao se financiar no exterior o país além de se endividar desnecessariamente, deixará de produzir bens que serão importados.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Kassab, Serra e a enchente em São Paulo

Enquanto a imprensa, alidada do prefeito Kassab e o governador José Serra, desta a força das chuvas, pouco se discute sobre o fato da prefeitura de São Paulo ter cortado verbas para limpeza urbana e conservação de galerias e canais.

A retirada do lixo e a manutenção das galerias contribui para minimizar o efeito das chuvas.

Leia mais:

Antecedentes da tragédia paulistana

Marginal Tietê, a discussão do momento

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Discaradamente a mídia faz campanha para o Serra e o Kassab

Não só a CBN, mas toda grande mídia está com Serra.


A EPTV (filiada da Globo que cobre a grande Campinas, Sul de Minas e região de Ribeirão, ou seja não é da capital) tem a meta de mostrar diariamente o Serra e o Kassab.

Todo dia tem uma reportagem no jornal local, algum problema em alguma cidade da região metropolitana de Campinas e a solução passa por uma entrevista ao Kassab.

O Serra gravou uma mensagem de para homenagear a emissora que é veiculada toda hora.

A EPTV está pior do que o SP-TV. É campanha aberta pro Zé Serra e pro Kassab.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

SP aprova cobrança em hospital público

Folha 03/09/09


Atendimento a paciente particular e de plano de saúde é previsto no projeto que amplia a terceirização dos hospitais estaduais

Venda de serviço pode chegar a 25% da capacidade da unidade; texto segue agora para sanção do governador José Serra

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou ontem, por 55 votos a 17, o projeto de lei que permite que todos os hospitais estaduais sejam terceirizados e, apesar de públicos, atendam a pacientes particulares e de planos de saúde, mediante cobrança.

O Ministério Público do Estado afirmou que, assim que a norma entrar em vigor, ajuizará ações contra a sua execução. Na visão do Ministério Público, a futura lei fere os princípios de igualdade e universalidade do SUS (Sistema Único de Saúde), pois criará um tratamento diferenciado para os pagantes.

Para que se torne lei, o texto aprovado pelos deputados precisa ser sancionado pelo governador José Serra (PSDB). A aprovação é dada como certa, já que o projeto original foi apresentado pelo governador.
Durante a votação de ontem, funcionários públicos fizeram protestos e chegaram a xingar a relatora do projeto, a deputada Maria Lúcia Amary (PSDB).

A futura lei é especialmente polêmica na questão da venda de até 25% dos atendimentos dos hospitais públicos terceirizados a pacientes particulares e de planos de saúde. Os críticos dizem que se trata de uma “privatização da saúde pública”.

Na visão desses críticos, os pacientes que pagarem pelo atendimento ou utilizarem seus planos de saúde entrarão numa fila mais rápida, em detrimento dos pacientes do SUS, relegados a uma fila mais lenta.

Os hospitais atenderão de maneira seletiva porque, segundo esse raciocínio, os planos de saúde pagam mais que o sistema público pelos procedimentos médicos.

“O SUS já não consegue atender à demanda atual. Não há vagas sobrando nos hospitais. Como querem separar 25% para pacientes particulares? Haverá um claro prejuízo à população que depende do SUS”, diz Anna Trotta, promotora de Justiça da área de saúde pública.

A promotora diz que, se o governador sancionar a lei, entrará com ações civis públicas contra os contratos de terceirização que vierem a ser firmados entre o Estado e as OSs (organizações sociais) permitindo o atendimento de pacientes particulares. E que alertará o procurador-geral da República para que avalie a necessidade de entrar no Supremo Tribunal Federal com uma Adin (ação direta de inconstitucionalidade) contra a lei paulista.

O governo argumenta que a lei não prejudica os pacientes do SUS: “Continuarão a ser atendidos normalmente, conforme a produção prevista em contrato de metas [das OSs] com a Secretaria [da Saúde]“.

A deputada relatora do projeto argumenta que o dinheiro pago pelos pacientes ou seus planos de saúde serão investidos nos próprios hospitais, para subsidiar o atendimento dos pacientes do SUS.
À proposta aprovada ontem foi acrescentada a permissão para que também as instalações estaduais culturais e de esportes estaduais sejam terceirizadas, como museus e clubes.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Isso você não vê na mídia: A produtividade do setor público cresceu mais que a do setor privado

Da Agência Carta Maior
O Ipea avaliou a evolução da diferença de produtividade entre esses dois setores entre 1995 e 2006. “Em todos os anos pesquisados, a produtividade da administração pública foi maior do que a registrada no setor privado. E essa diferença foi sempre superior a 35%”, diz o presidente do instituto, Marcio Pochmann (foto). “Há muita ideologia e poucos dados nas argumentações de que o Estado é improdutivo, e os números mostram isso: a produtividade na administração pública cresceu 1,1% a mais do que o crescimento produtivo contabilizado no setor privado, durante todo o período analisado”, acrescenta.

O presidente do Ipea lembrou ainda que as administrações estaduais que adotaram medidas de choque de gestão, como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, não constam entre aquelas com melhor desempenho na produtividade. "Ou tiveram ganho muito baixo, ou ficaram abaixo da média de 1995 a 2006", afirmou, ressalvando que essa comparação não era objetivo do estudo, mas foi uma das conclusões observadas.
Leia mais...

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16123&boletim_id=585&componente_id=9884

Acesse o estudo:
http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/comunicado_presidencia/09_08_19_ComunicaPresi_27_ProdutividadenaAdminisPublica.pdf

Para a classe média se informar

A classe média, extremamente preconceituosa devia procurar melhores fontes de informações. Enquanto banqueiros recebem centenas de bilhões do governo brasileiro, eles estão preocupados com a ajuda que o governo federal dá aos mais necessitados do país.

Dizem que o Bolsa Família estimula o ócio e o aumento da natalidade. Mal sabem eles que desde de 2006 a taxa de fecundidade total é menor de 2, isto é, em média cada casal gera menos filhos do que o necessário para sua reposição.

Nos países desenvolvidos como Japão, países nórdicos, o governo paga uma boa quantia para os casais terem filhos para que a população não decresça.

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1445&id_pagina=1

Em SP polícia só se preocupa com pobre na hora de descer o pau

Na imprensa sai isso:
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse ontem não ter a intenção de reforçar o policiamento nas regiões dos Jardins e de Pinheiros às custas de outros bairros. “Eu fico preocupado com a segurança tanto das pessoas mais humildes, das periferias, quanto das autoridades do governo”, disse.
Mas na prática o governador determina que a polícia priorize o atendimento aos "coitados" da classe média alta que moram em condomínio.

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/09/02/ja-a-criminalidade-sofisticada/

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pré-sal: As discussões relevantes

As discussões relevantes

Por Luís Nassif

Pontos relevantes na discussão sobre o pré-sal.

1. Controle do Estado sobre a exploração.

Esse neoliberalimo oco da mídia não consegue distinguir as diversas formas de atuação do Estado, não sabendo separar áreas estratégicas de áreas convencionais. Petróleo é estratégico. Nenhum país do mundo deixa de manter o controle estrito sobre áreas estratégicas. E procurar se apropriar o máximo possível dos lucros da exploração.

2. A definição de políticas que privilegiem fornecedores brasileiros, dentro de uma política industrial de capacitação das empresas. Foi o que fez a Inglaterra com o Mar do Norte e a Noruega.

3. Ações para impedir a “doença holandesa”, de apreciação do Real. A melhor alternativa, das apresentadas até agora, é o fortalecimento do fundo soberano incumbido de aplicar as reservas em investimentos internacionais, dentro de uma visão estratégica de fortalecimento das empresas brasileiras que estão se internacionalizando.

4. A internacionalização das empresas brasileiras. Até agora, o custo Brasil, a política cambial desfavorável, levou as empresas brasileiras a buscarem alternativas no mercado internacional. Mas sua estratégia não é necessariamente a melhor para o país. Valem-se de lucros acumulados aqui para investimentos no exterior, que irão gerar empregos e desenvolvimento nos países em que investirem. Não necessariamente no país.

Esse é um dos pontos centrais a serem discutidos. Na última fase do capitalismo global, multinacionais americanas se mandaram para a China, garantiram a vitalidade econômica. Mas os benefícios ficaram na China, não no país de origem, onde houve precarização do emprego e dos salários. Multinacionais brasileiras não devem ser apenas motivo de orgulho. Suia internacionalização precisa estar subordinada a uma estratégia de desenvolvimento nacional.

5. O caminho para a reforma fiscal. Com os recursos do pré-sal, pode-se pensar em uma nova distribuição do bolo federativo que crie condições para a redução da carga de impostos sobre a atividade produtiva.

6. O papel da Petrobras. Não ficou claro, ainda, como será a capitalização da Petrobras, se com reservas (como estava pensado originalmente) se com títulos da dívida. O aumento de sua importância é irreversível. O que se tem a discutir é o aprimoramento da governança.

7. Destinação dos recursos. É fundamental que, desde já, se defina uma destinação legítima dos recursos. Mas, principalmente, evitar o efeito-substituição. Quando se criou o IPMF no governo FHC - destinado a saúde -, o que se fez foi reduzir os recursos orçamentários para a área. A saúde ficou com os mesmos recursos e o restante foi desviado para outros propósitos.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Tucanos pretendiam contratar concorrente da Petrobras para assessorá-los

“O Senador Alvaro Dias declarou que o partido está em negociação com uma empresa de Houston, nos Estados Unidos, para auxiliar seu trabalho na CPI da Petrobras. E diz mais “Foi a única empresa até agora que topou nos ajudar porque não é daqui e deve trabalhar para as concorrentes da Petrobrás. Na próxima semana devemos ter muito mais munição”.
As motivações do PSDB aos poucos vão ficando claras. Para atacar um patrimônio nacional busca apoio em uma concorrente nos Estados Unidos, país que tem enorme interesse no enfraquecimento da Petrobras, já que pretende que suas empresas de petróleo ganhem importante fatia do pré-sal. Para isso contam com um senador tucano, que se dispõe a fazer o jogo do capital internacional contra a empresa brasileira.

Depois de tentar mudar o nome da empresa para PETROBRAX, agora os tucanos se dispõem a prestar relevantes serviços aos concorrentes de nossa maior empresa. Mas, sobre isso, a imprensa não fala uma linha.

Álvaro Dias deverá se encontrar com representantes de uma empresa de Houston na próxima semana para fechar contrato de investigação sobre a Petrobras. Dias deixou subentendido que a investigação que ficará a cargo da tal empresa pode ultrapassar a análise dos documentos enviados à CPI. O senador falou sobre essa questão com jornalistas do Globo, Estadão e Folha. Mas não deu detalhes.

Outro senador que estaria envolvido nos contatos com a empresa é Sérgio Guerra, mas ele se nega a falar sobre o assunto.”

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=17093

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/08/31/a-petrolifera-americana-na-cpi-petrobras/

sábado, 22 de agosto de 2009

A Previdência é superavitária

Do blog do Nassif


A Previdência Social brasileira é superavitária. Em julho o superávit foi de R$ 13 milhões. É o terceiro mês do ano em que se registrou superávit. Os anteriores haviam sido Fevereiro (R$ 268 milhões) e Maio (R$ 214,3 milhões).

A enxurrada de manchetes dos jornais de ontem, apontando para um suposto deficit da Previdência, deve-se ao engano sistemático alimentado especialmente por economistas como Fábio Giambiagi. Juntam-se na mesma conta os dados da Previdência urbana e as políticas assistenciais que nada têm a ver para passar a falsa impressão de déficit - e poder impor aumentos de alíquotas ou redução de benefícios.


Continua...
http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/08/21/a-previdencia-e-superavitaria/

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Arbitragem de juros volta a ganhar força

Valor 20/08/09

Enquanto os BCs continuam a injetar dinheiro no sistema financeiro, estão também alimentando a "carry trade"

Enquanto os bancos centrais continuam a injetar enormes somas de dinheiro no sistema financeiro global, estão também alimentando uma das mais arriscadas estratégias de investimento para o mercado de câmbio. Conhecida como "carry trade", a estratégia envolve tomar dinheiro emprestado em países como o Japão, onde a taxa de juros é baixa, investi-lo onde as taxas são mais altas e embolsar a diferença.

Depois de florescer durante os anos de boom econômico, esse tipo de operação praticamente desapareceu, porque as oscilações do câmbio levaram a grandes perdas durante a crise financeira. Agora, no entanto, os mercados estão mais calmos e, ao mesmo tempo em que alguns bancos centrais sinalizam aumento de juros e outros mantêm as taxas perto de zero, os fundos de hedge e outros investidores voltam às operações.

Se essa atividade prosperar, é provável que tenha impacto sobre as moedas, pesando sobre aquelas que os "traders" usam para fazer os empréstimos e dando impulso às escolhidas como investimento.

O iene continua sendo uma moeda popular para a tomada de empréstimos, com taxa referencial de juros próxima a zero. Há outras regiões atraentes, como a Europa, onde a taxa está em 1%, ou os EUA, onde os juros estão perto de zero. Analistas do Deutsche Bank dizem ver investimentos voltando para o real brasileiro - uma referência para o "carry trade" por causa da história de juros altos do país. O real subiu 28% em relação ao dólar desde o fim de fevereiro.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Lucros bancos 1º semestre 2009

Novidade: os bancos foram o setor mais lucrativo no primeiro semestre

A desaceleração do crédito e o aumento das provisões para inadimplência marcaram os balanços dos bancos no primeiro semestre deste ano. Apesar disso, a rentabilidade foi boa. "Um retorno de 20% pode ser considerado bom em qualquer parte do mundo", disse o analista de bancos da corretora Fator, Fernando Salazar.

De acordo com levantamento da consultoria Economatica, os bancos foram o setor mais lucrativo no primeiro semestre no mercado brasileiro. O resultado consolidado de 21 empresas do setor bancário totalizou, no primeiro semestre, o lucro de R$ 14,3 bilhões, o equivalente a 23,5% do lucro consolidado das empresas de capital aberto que já divulgaram seus balanços semestrais à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) até ontem. Em segundo lugar no ranking aparece o setor de petróleo e gás - basicamente a Petrobras - que lucrou R$ 13,55 bilhões no semestre.

Salazar informou que o retorno foi sustentado pelo spread ainda elevado e ganhos de tesouraria no primeiro trimestre e pela redução dos custos de captação e mudança de mix da carteira de crédito, com maior predominância das operações com pessoas físicas, no segundo trimestre. Para ele, o cenário vai melhorar no segundo semestre com a redução do ritmo de crescimento da inadimplência e a retomada do crédito.

Valor 18/08/09

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Lucro do BB sobe mais de 40% no trimestre e volta a ser o maior banco do país Reply to all Forward Reply by chat Filter messages like this Print Add t

O lucro do BB cresceu 43% no trimestre, totalizando R$ 4,014 bilhões no semestre. O total de ativos já chegou a R$599 bilhões, ultrapassando o Itaú Unibanco.

Os banqueiros e demais rentistas acostumados com a vida fácil proporcionado por um Banco Central serviçal vão ter que começar a trabalhar. A senhora crise forçou a queda dos juros e parece um começo de uma mudança. Acredito que os bancos públicos terão uma grande vantagem competitiva sendo os primeiros a romper o acordo implícito do oligopólio bancário que até então proporcionou altos ganhos com pouco esforço. As margens serão menores, mas o potencial de crescimento do volume de crédito proporcionará incremento no lucro. Além disso, passaram a contribuir mais para o desenvolvimento do país.

Cadê as Miriams Leitão, os Sardenbergs e os a maioria dos analistas ouvidos pela grande mídia? Eles recomendaram recomendaram a venda de ações BB quando o governo trocou o presidente dizendo era uma decisão política. Essa turma sempre chove no molhado, afinal qualquer decisão do governo é política, o que é necessário é discernimento para avaliavar se a decisão é boa ou não para o país. No fundo ele só dizem aquilo que seus patrões mandam. Que pena que muita gente ainda leva a sério o que lê ou assiste no PIG.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

BC liquida posições e sai do mercado futuro de câmbio

Valor 12/08/09

Pela primeira vez no governo Lula, o BC desmontou completamente suas posições no mercado futuro de câmbio

Pela primeira vez no governo Lula, o Banco Central desmontou completamente suas posições no mercado futuro de câmbio. O BC não está comprado nem vendido e sim neutro, com exposição zero em derivativos. Já no mercado à vista, ele adquiriu em maio, junho e julho US$ 8,159 bilhões. "Costumamos pautar nossa atuação pela natureza do fluxo cambial e não consideramos que o uso desses contratos seja necessário neste momento", afirma o diretor de política monetária, Mario Torós.

Se o BC atuasse com swaps mesmo com as pressões de valorização do real vindas do fluxo à vista poderia distorcer o mercado, criando anomalias no cupom cambial e na diferença entre o dólar à vista e futuro, diz Roberto Padovani, estrategista do WestLB. E nesse momento as pressões vêm claramente do mercado à vista. Foram cerca de US$ 7 bilhões em ingresso líquido de abril a julho. Em junho e julho foi o segmento financeiro do mercado à vista que garantiu o fluxo de dólares, com o maior volume de captações externas de empresas, demanda por ações na BM&FBovespa e investimento externo direto crescente.

Para alguns economistas, não há muito mais que se possa fazer além do que o BC está fazendo, exceto apertar os gastos públicos. O ex-diretor do BC Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco, acredita que hoje o peso do diferencial entre os juros externos e internos é bem menor e este não é o fator principal para explicar a recente valorização do câmbio. Para ele, se o objetivo é ter um real mais fraco, o ideal seria que houvesse contenção de gastos públicos.

Outros economistas, como Fernando Cardim de Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, veem na enxurrada de recursos para a bolsa um dos focos da valorização e defendem o controle de capitais. "Uma opção é fazer com que parte dos recursos que vierem para a bolsa fique depositada sem remuneração por um período mínimo de tempo", sugere. De janeiro a 6 de agosto, o saldo líquido do investimento externo na Bovespa foi de R$ 13,266 bilhões - 76,6% maior que os R$ 7,49 bilhões de todo o ano de 2003, maior volume da série histórica iniciada em 1994.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

China implanta previdência rural

Valor 06/08/2009

Novo sistema público de aposentadoria rural beneficiará mais de 900 milhões de chineses em áreas rurais

A China vai implantar em outubro, ainda de modo experimental, um novo sistema público de aposentadoria rural. Há mais de 900 milhões de chineses em áreas rurais que têm de guardar dinheiro por conta própria por causa da falta de apoio previdenciário. As autoridades acreditam que os chineses beneficiados estariam mais propensos a usar suas economias para consumir. O sistema atual beneficia só 80 milhões de trabalhadores rurais. Agora, todos com mais de 60 anos receberão aposentadoria mensal, variável de acordo com a região.

Governo espera leiloar concessão do trem-bala ainda este ano

Valor 06/08/2009
O edital de licitação do trem de alta velocidade (TAV) Rio-São Paulo-Campinas será divulgado e colocado em consulta pública até o fim de agosto. A promessa foi feita ontem pelo secretário-executivo do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e pelo diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, em audiência pública na Câmara dos Deputados. Enquanto recebe contribuições públicas, o edital será encaminhado ao Tribunal de Contas da União (TCU), que deverá analisá-lo até o fim de setembro. Com isso, espera-se realizar o leilão ainda em 2009.

A conclusão do projeto em 2014, a tempo de inaugurá-lo para a Copa do Mundo, depende da proposta de execução das obras feita pelo consórcio vencedor. Ele afirmou que esse será um dos critérios analisados na licitação. "Não vamos impor um prazo de construção, mas privilegiar quem oferecer a proposta de menor prazo."

domingo, 2 de agosto de 2009

Ideia de capitalizar a Petrobras volta a ganhar força

Valor Econômico 31/07/2009



Depois de ter decidido reforçar o papel da Petrobras na exploração do pré-sal, o governo está fortemente inclinado a capitalizar a empresa. A medida foi proposta pelo Ministério de Minas e Energia, que antes via com indiferença essa possibilidade, e teve boa acolhida na Casa Civil, embora não haja decisão final.

Sem injetar recursos do Tesouro, a intenção do governo é aumentar sua participação acionária na Petrobras, que atualmente possui cerca de 32% do capital social da empresa. O mecanismo para isso seria a entrega de blocos vizinhos àqueles já explorados pela petrolífera, na área do pré-sal e dentro do regime de concessão. É o processo conhecido como "unitização" dos blocos, que beneficia a Petrobras. A entrega já ocorreria no sistema de partilha, mas a empresa não terá necessariamente o controle desses blocos, apesar de operá-los sempre. Ela pode ter participação de 30%, por exemplo, com o restante sendo licitado. A ideia já havia sido debatida na primeira fase das discussões do pré-sal, mas não prosperou. E voltou a ganhar força com o novo papel que o governo decidiu dar à Petrobras.

Além de garantir mais retorno sobre os lucros da petrolífera, com maior participação acionária, a ideia é que esse processo eleve sua capacidade de alavancagem. Com capital social maior, em tese, ela poderia aumentar seu nível de endividamento e levantar recursos para a exploração do pré-sal. A dúvida da comissão que discute o marco regulatório é se e como isso implicará uma chamada pública para dar, aos acionistas minoritários, a possibilidade de comprar mais ações também. Na estratégia para reforçar a Petrobras, o governo tirou os investimentos da empresa do cálculo de superávit primário e ontem o BNDES assinou contrato de financiamento no valor de R$ 25 bilhões. O valor financiará projetos do plano de negócios da Petrobras para o período 2009-2013, dentro do PAC.

Tudo caminha, nas discussões feitas pelos técnicos do governo ao longo desta semana, para que a nova estatal a ser criada para administrar as reservas do pré-sal detenha uma pequena participação nos futuros blocos do pré-sal. A ideia em exame é que seja algo muito pequeno, possivelmente em torno de 1%, suficiente para a estatal ter acesso às decisões do grupo explorador, vigiar as contas dos consórcios e ajudar no controle do ritmo de produção. Ela deverá estar junto com a Petrobras, que terá uma participação minoritária nos blocos, mas sempre com a tarefa de atuar como operadora.

Os planos de mandar ao Congresso as novas regras do pré-sal e de outras áreas "estratégicas" em agosto ainda estão mantidos, mas ficou apertado cumprir esse prazo.

Distribuição da riqueza do petróleo vai mudar

Valor Econômico 31/07/2009

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, reforçou ontem o papel da Petrobras no desenvolvimento do pré-sal brasileiro e deixou claro que virão mudanças na distribuição da riqueza obtida com essas reservas, defendendo ainda o papel maior da estatal no novo modelo. Segundo a ministra, o pré-sal traz a oportunidade de se reconstruir a cadeia de equipamentos e da própria engenharia nacional com a ajuda da Petrobras.

"Acho que o marco pré-sal está cercado por essa decisão além de outra decisão fundamental, que é específica da indústria de petróleo, que é o fato do petróleo, como o ouro no passado, gerar uma renda superior, bastante superior do seu custo e do lucro normal. Ele gera um excedente, um sobrelucro, uma renda. E é essa renda que o governo do presidente Lula acha fundamental recuperar para a população brasileira. Que nós tenhamos condições de revertê-la para o conjunto da população brasileira sob a forma de um fundo especial de combate à pobreza, educação, inovação e ciência e tecnologia", disse a ministra, que era ouvida por Sergio Cabral, governador do Rio de Janeiro, um grande oponente das mudanças.

Segundo ela, "o que está em jogo no marco regulatório é que parte expressiva da renda petrolífera tem que ficar com o povo brasileiro". Ela ponderou ainda que mesmo considerando algum insucesso no pré-sal, o risco agora é baixo e o petróleo é de alta qualidade, ao contrário do que acontecia antes, quando, segundo ela, o risco era altíssimo e o petróleo de baixa qualidade.

Dilma participou da cerimônia de assinatura do contrato de financiamento de R$ 25 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a Petrobras, que teve a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de ministros, políticos e sindicalistas.

Ela, que iniciou seu discurso sendo ovacionada por sindicalistas presentes aos gritos de "nossa futura presidente", disse que a Petrobras foi afastada do desenvolvimento do Brasil na década passada, quando se decidiu pelas importações de plataformas da Coreia e Cingapura, fazendo com que se levasse para o exterior um crescimento que era sustentado pela companhia. Agora, se o Brasil quiser evitar a "maldição holandesa", traduzida por ela como sendo resultado das exportações de óleo bruto e a importação de equipamentos e serviços, será preciso permitir que a Petrobras exerça todo o seu potencial.

Em uma referência às mudanças no marco regulatório do setor que estão sendo finalizadas em Brasília, Dilma disse o governo começou a "evitar a maldição do petróleo ao recompor a indústria naval brasileira".

Dilma enfatizou o papel da Petrobras no que chamou de reconstrução da cadeia de equipamentos e da engenharia nacional. O papel da Petrobras no desenvolvimento da cadeia de fornecedores da indústria de petróleo e gás também foi reforçado pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que quer no Brasil "um mínimo" de 70% dos investimentos da Petrobras, que hoje representam 2,3% do PIB brasileiro, para que eles sejam produzidos no Brasil por trabalhadores brasileiros.

O diretor de finanças da Petrobras, Almir Barbassa, revelou que o US Exim Bank acenou com a possibilidade de elevar o limite de crédito concedido à estatal para compra de equipamentos e serviços nos Estados Unidos. Barbassa ressaltou que o atual teto de US$ 2,2 bilhões poderia ser elevado para US$ 5 bilhões.

O executivo acrescentou que com o atual patamar dos preços do petróleo é possível que a Petrobras não utilize outra linha de financiamento com o BNDES, essa no valor de R$ 10 bilhões. Sobre o financiamento de R$ 25 bilhões assinado ontem, o superintendente de infraestrutura do BNDES, Nelson Siffert, explicou que os títulos serão reajustados de acordo com a variação cambial e que a remuneração do banco será de cerca de 1% ao ano.

Barbassa destacou que a amortização do empréstimo do BNDES começará em um período em que a companhia estará com uma produção crescente no pré-sal brasileiro, o que deverá garantir um fluxo de caixa robusto para a companhia, facilitando a quitação do financiamento. "Temos sempre que trabalhar com cuidado o aumento do endividamento, mas amortizar quando houver uma forte geração de receita nos dá tranquilidade", frisou o diretor.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Petrobras: oitava maior empresa do mundo

De acordo com pesquisa feita pela consultoria Ernest & Young, a Petrobras é a oitava maior empresa global por valor de mercado. Quem traz a notícia é a edição de hoje (28/7) do jornal O Estado de São Paulo.

http://www.blogspetrobras.com.br/fatosedados/?p=4160

Papel da Petrobras no pré-sal tem aval de Lula

Do Valor de 29/07/09

A estatal poderá deter blocos inteiros do pré-sal e será a operadora em todas as áreas que forem licitadas

O amplo papel destinado à Petrobras na exploração de petróleo no pré-sal é uma decisão estratégica de governo, previamente avalizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e tem como objetivo reduzir o apetite das companhias estrangeiras sobre essas reservas, disse um ministro ao Valor. A estatal, pelas regras acertadas entre a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, e o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, poderá deter blocos inteiros do pré-sal e será a operadora em todas as áreas que forem licitadas, onde terá participação minoritária.

A nova política de pagamento de royalties sobre o petróleo do pré-sal também tem a anuência do presidente Lula. As áreas que já foram licitadas continuarão a pagar royalties e participações especiais (tributo cobrado sobre campos de alta produtividade) conforme a legislação em vigor, mesmo se o campo estiver no pré-sal, como é o caso de Tupi e Iara. As receitas públicas advindas da exploração de todas as outras áreas serão integralmente depositadas em um fundo que será criado para gerir os recursos dessas reservas. A rentabilidade das aplicações desse fundo é que serão distribuídas para todo o país, por meio do Orçamento da União, que os destinará a políticas sociais, sobretudo na educação.

"Não haverá mais royalties do pré-sal para os Emirados Fluminenses", disse o ministro, referindo-se às gordas receitas que os municípios produtores do Rio de Janeiro recebem e que nem sempre são investidas em obras necessárias. Tornou-se famoso o caso de Rio das Ostras, que pavimentou o calçadão da praia com porcelanato.