domingo, 31 de maio de 2015

O desemprego alegre do Banco Central

http://jornalggn.com.br/noticia/o-desemprego-alegre-do-banco-central


O DESEMPREGO ALEGRE DO BANCO CENTRAL - Os 4.542 funcionários do Banco Central tem um excelente plano de saúde, símbolo da tranquilidade de um emprego seguro para toda a vida.  Não lhes incomoda a mínima e nem lhes tira o sono o fato brejeiro de que a política engendrada dentro de suas paredes, nas reuniões do COPOM, vai causar um gigantesco desemprego de gente que não tem a felicidade do emprego vitalício com aposentadoria garantida onde não há sequer sombra de algum dia haver desemprego, pois o emprego é garantido pelos recursos públicos.
Esse é um erro dos planos de ajustes econômicos. Se o plano causa um aumento do desemprego na ECONOMIA PRODUTIVA de 1%, o mesmo percentual deveria ser exigido da economia não produtiva, quer dizer, dos funcionários públicos.
Por que só os empregados da economia privada devem pagar a conta do AJUSTE FISCAL? A medição do desemprego se faz só nos empregos de risco, da economia  competitiva. Na economia pública não há desemprego, ninguém é despedido mesmo que a arrecadação caia 50%. Não é injusto?
Claro que por isso é que [Carlos Alberto] Sardenberg bate bola com um tal de Tico e Teco: "o Banco Central vai ficar contente com o desemprego, você não acha? É claro, com mais desemprego fica mais fácil atingir a meta da inflação". E os dois se divertiram com o desemprego dos pobres diabos da economia produtiva.
Para os Levy boys e Tombini boys desemprego dos outros é refresco, o deles e o da turma deles não tem ajuste.

De onde virá a retomada da confiança?

http://jornalggn.com.br/blog/rodrigo-medeiros/de-onde-vira-a-retomada-da-confianca


Não se pode dizer que nos últimos tempos os mais diversos levantamentos sobre os estados de confiança dos agentes econômicos tenham nos surpreendido no Brasil [1]. A recente divulgação por parte do IBGE tampouco se revela efetivamente surpreendente do ponto de vista das expectativas gerais pessimistas com a economia [2].
Segundo o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) apresentou variação negativa de 0,2% na comparação do primeiro trimestre de 2015 contra o quarto trimestre de 2014, na série com ajuste sazonal. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve contração de 1,6% do PIB no primeiro trimestre do ano. No acumulado dos quatro trimestres terminados no primeiro trimestre de 2015, o PIB registrou queda de 0,9% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores.
O destaque negativo e bem preocupante é a queda dos investimentos (FBCF), da ordem de 6,9% nos últimos quatro trimestres. Em tempos de ajuste fiscal, resta saber de onde virá a retomada do crescimento brasileiro. Há quem aposte na retomada da confiança dos agentes econômicos, logo mais adiante, por conta de um ajuste fiscal de viés ortodoxo. Paul Krugman ironicamente vem nos alertando há alguns anos para o risco da crença generalizada na "fada da confiança" [3].
Afinal, qual é a estratégia ou a agenda de desenvolvimento do Brasil? Em um contexto adverso de contração dos gastos familiares, de retração dos investimentos produtivos, de elevação do desemprego e de ajuste fiscal contracionista, temperado por um aperto monetário do Banco Central, de onde virá mesmo o crescimento econômico? Não parece que virá de outro boom externo. Os índices de commodities Bloomberg e The Economist, por exemplo, apontam para quedas acumuladas entre 18% e 24% no último ano. Nos EUA, a recuperação esperada ainda não se mostrou sustentável [4]. A China desacelerou e poderá desacelerar mais logo adiante.
Para Hyman Minsky, são as expectativas de lucro que determinam os planos de produção e os empregos oferecidos pelas firmas [5]. A oferta não pode ignorar as condições de financiamentos da produção, sendo que na economia moderna capitalista a criação essencial de moeda envolve o financiamento dos investimentos ou as posições de ativos. A estabilidade é algo transitório no capitalismo, pois o investimento produtivo é um processo que consome tempo e é baseado na expectativa de lucros, realizando-se, portanto, sob a incerteza.  
Creio que uma retomada do crescimento sustentado entre nós demandará uma agenda progressista – tributação progressiva e transparente, redução/simplificação dos tradicionais excessos burocráticos, qualificação da mão de obra e avanços educacionais gerais previstos no novo PNE (Plano Nacional de Educação), elevação dos investimentos em infraestrutura (concessões e PPPs, por exemplo), evolução institucional das agências reguladoras e uma reforma do sistema financeiro nacional. Há outros pontos que podem ser considerados, mas o importante seria termos de fato uma base mínima de consensos sobre o que priorizar no momento.

Rodrigo Medeiros é professor do Ifes (Instituto Federal do Espírito Santo)

[1] Sondagens e Índices de Confiança da FGV (clique aqui).
[2] PIB recua 0,2% e chega a R$ 1,408 trilhão no 1º trimestre de 2015 (clique aqui).
[3] Death of a Fairy Tale (clique aqui).
[4] Economia dos EUA tem queda de 0,7% com revisão do PIB do 1º trimestre (clique aqui).
[5] Estabilizando uma economia instável (clique aqui).

Crise: A Desintegração do Modelo Alemão

http://www.esquerda.net/artigo/onda-de-greves-na-alemanha-desintegracao-do-modelo-alemao/37180


Onda de greves na Alemanha: A desintegração do “modelo alemão”
O país está a viver uma “ampla erosão das normas salariais formais e informais que por várias décadas mantiveram a paz no capitalismo alemão”, afirma o sociólogo económico Wolfgang Streeck, sublinhando que a vaga de paralisações “é mais do que um episódio conjuntural: é outra faceta da desintegração inexorável do que costumava ser o 'modelo alemão'”.
“Este ano, a maior economia da Europa está prestes a bater um novo recorde de greves, com todos os trabalhadores - desde os maquinistas aos professores de jardins de infância e creches e trabalhadores dos correios - a promoverem paralisações nos últimos tempos. Esta onda de greves é mais do que um episódio conjuntural: é outra faceta da desintegração inexorável do que costumava ser o 'modelo alemão'”, assinala Wolfgang Streeck num artigo publicado no Guardian.
“Os sindicatos das prósperas indústrias de exportação não são os únicos que estão em greve nos dias de hoje”, refere o sociólogo económico, exemplificando com as paralisações nos serviços domésticos, especialmente no setor público, que aparentam “ter vindo para ficar”.
Lembrando que “a concorrência internacional já não é apenas sobre a quota de mercado, mas também sobre o emprego”, o que veio, por exemplo, condicionar a ação dos sindicatos metalúrgicos, Wolfgang Streeck assinala que a contestação deslocou-se para os serviços, já que, neste caso, “a exportação do trabalho é mais difícil”.
O sociólogo refere também que “os empregadores públicos, na prossecução da consolidação orçamental, romperam o peculiar regime de contratação coletiva do setor público da Alemanha” que assegurava, no essencial, os mesmos aumentos salariais anuais para todos os trabalhadores. Por outro lado, Wolfgang Streeck aponta que várias ocupações - incluindo a dos maquinistas, professores e trabalhadores dos correios - deixaram de ser reguladas pela legislação específica da Função Pública.
“Além disso, a privatização progressiva dos serviços públicos, combinada com o desemprego e a de-sindicalização que veio com o mesmo, colocou cada vez mais os salários do sector público sob concorrência, levando a problemas até então desconhecidos para os sindicatos, desencadeados por aquilo que rapidamente se estava a tornar num sistema de dois níveis salariais”, avança.
Outro desenvolvimento que, segundo o sociólogo, contribuiu para o conflito laboral tem a ver com o surgimento de novas ocupações, especialmente as relacionadas com a educação dos filhos e cuidados com os idosos. Estes trabalhadores são mal pagos e precários, não obstante “a retórica do Governo sobre a indispensabilidade e a virtude moral do seu trabalho”, vinca Wolfgang Streeck.
A somar a estes fatores surge a forma como o patronato se serve do progresso tecnológico para exercer pressão sobre ocupações anteriormente privilegiadas, como pilotos de avião, controladores de tráfego aéreo e maquinistas, pondo em causa direitos já conquistados.
“Tudo isto resulta numa ampla erosão das normas salariais formais e informais que por várias décadas mantiveram a paz no capitalismo alemão”, salienta o sociólogo económico alemão.
A par da deterioração das condições de trabalho, da perda de rendimentos e dos cortes nos serviços públicos e prestações sociais a que é sujeita a maioria das famílias, os salários dos gestores de topo crescem “especialmente, mas não exclusivamente, na área financeira”, refere Streeck, que assinala um aumento das desigualdades salariais.
“O sistema de fixação dos salários alemã está a aproximar-se de uma condição de ausência de normas, semelhante ao que a Grã-Bretanha experimentou na década de 1970. À época, o sociólogo John Goldthorpe Oxford diagnosticou um estado de anomia laboral: uma ausência fundamental de consenso sobre os princípios legítimos de distribuição entre capital e trabalho, bem como entre grupos de trabalhadores”, afirma.
Segundo Wolfgang Streeck, “o governo alemão, com o seu ministro do Trabalho social-democrata, está a tentar suprimir a vaga de conflitos laborais reduzindo o direito de organização e de greve, ilegalizando as greves de sindicatos setoriais - como os maquinistas”.
“Mas isso irá falhar, muito provavelmente no Tribunal Constitucional e, certamente, na prática, num mundo em que a estrutura das empresas e sectores não é mais favorável ao sindicalismo que se baseia na doutrina 'um local de trabalho, um sindicato', e onde os maquinistas, pilotos e outros vão sentir-se no direito de se defender, se necessário, entrando em greve, diga a lei o que disser”, remata.

Especialista de Harvard alerta sobre interesses dos EUA em crise na Fifa

http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2015/05/29/especialista-alerta-sobre-reais-interesses-dos-eua-em-operacao.htm


Daniel Lisboa
Do UOL, em São Paulo
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    John Shulman, que estudou direito em Harvard, fala sobre o escândalo na Fifa
    John Shulman, que estudou direito em Harvard, fala sobre o escândalo na Fifa
"Eu estou chocado, você não está?", diz John Shulman ao atender a reportagem do UOL. Ele tem uma opinião diferente sobre o envolvimento dos Estados Unidos no escândalo da FIFA. Professor convidado da Fundação Dom Cabral, especialista em mediação de negociações, cofundador do Centro para a Negociação e a Justiça dos EUA, e formado em direito pela Universidade de Harvard, ele acredita que a intervenção "não teve cunho legal, mas geopolítico".
"Com essa ação, os EUA enviam dois recados. Para o mundo, o de que o nosso sistema legal pode te pegar se você estiver fazendo algo errado. Internamente, mostramos que tomamos a iniciativa de resolver a corrupção dos outros", diz o professor.
E John entende tanto de geopolítica quanto de futebol. Seu currículo de mediador inclui diversos trabalhos ao redor do mundo, incluindo no Oriente Médio, na Índia e em Ruanda. Sobre o "soccer", uma curiosidade: o hoje professor já jogou profissionalmente na Índia, onde, segundo ele, foi o primeiro jogador ocidental por aquelas bandas.
"Os Estados Unidos nunca deram a menor bola para o futebol. De repente, pela primeira vez na história, o The New York Times vem com a primeira página inteira falando do assunto. Aí eu me pergunto: por quê?", questiona John. Para o professor, há vários pontos obscuros no envolvimento americano. "A logística de uma operação internacional deste porte simplesmente não vale a pena. Até porque não há um número de vítimas nos EUA que justifiquem tamanha mobilização", argumenta ele. "Há empresas nos EUA muito mais corruptas do que a FIFA, pode ter certeza", crava o especialista. 
"Para mim, trata-se claramente do seguinte: são os EUA mobilizando seu aparato legal interno em prol de questões geopolíticas. No caso, para colocar pressão na Rússia (sede da Copa de 2018), com quem o país tem tido problemas recentemente, e no Qatar (sede da Copa de 2022), onde também existem questões geopolíticas". 
John cita ainda a chance para os EUA desestruturarem uma organização que, corrupta ou não, tem tentáculos de poder que fogem ao seu alcance. "A ONU está presente em vários países, mas os EUA têm poder sobre ela. Isso não acontece com a FIFA, o que causa uma ruptura da hegemonia americana."
Quer dizer, se você está feliz que alguém finalmente tomou a iniciativa de enquadrar a FIFA, comemore com moderação. "É claro que a FIFA é corrupta. Todo mundo sabe disso. Mas os EUA não estão fazendo isso pelo bem do futebol", completa John.

Prisões na Fifa - 5 vídeos

Recessão não é solução

http://jornalggn.com.br/noticia/recessao-nao-e-solucao-por-andre-araujo
Por Andre Araujo
O Brasil necessita de uma série de reformas e ajustes no aparelho do Estado e nas finanças públicas. Mas esses movimentos podem ser executados sem que seja preciso provocar uma recessão ainda maior na economia do País. Sem perder tempo com debates doutrinários de teses econômicas, há uma razão prática.
O BRASIL NÃO RESISTIRÁ A UMA RECESSÃO PROLONGADA E PROFUNDA, as tensões sociais e políticas não irão conviver com uma recessão induzida por uma política monetária de arrocho deliberado para travar a economia.
O ajuste fiscal irá subtrair poder de compra do Estado e diminuir renda da população. Isso será uma consequência necessária do ajuste, sem entrar na questão da sua lógica ou qualidade, que ao que tudo indica será ruim.
Só será possível cortar em INVESTIMENTOS PÚBLICOS e em GASTOS SOCIAIS. As demais despesas são ou incomprimíveis ou irredutíveis. Não há quase nada para cortar, exceto nesses dois itens, QUE AFETAM DIRETAMENTE OS SERVIÇOS QUE O ESTADO PRESTA Á POPULAÇÃO.
Então a queda de renda provocada pelo corte de despesas atingirá diretamente a população. Menos investimento significa menos transportes, saúde, educação e saneamento.
Menos gastos sociais significará menos dinheiro nas mãos da população. ESSA ECONOMIA será toda transferida. Vou repetir TODA A ECONOMI será transferida para os rentistas para pagar a alta dos juros da dívida pública.
NÃO FAZ NENHUM SENTIDO, não se está economizando nada, a conta adicional dos juros elevados é superior ao corte de quase R$ 70 bilhões. Está se transferindo recurso público de um lado, dos mais pobres, para outro, dos mais ricos.
Ao fim desse processo que pode durar anos, nada garante que o País vai crescer. O Plano não garante isso.
O crescimento só pode dar-se pelo INVESTIMENTO PÚBLICO, mas se está se cortando vai haver mais queda do PIB e não crescimento. Essa política é IRRACIONAL, não leva a ganho algum, MAS COM CERTEZA LEVA A GRAVES PROBLEMAS SOCIAIS E POLÍTICOS que a sociedade brasileira, no nível de tensão em que está, não suportará.
O Plano Levy é um projeto de escassa viabilidade social e política e sua lógica econômica não se sustenta.
Há um caminho mais racional: Fazer o ajuste fiscal e tolerar mais inflação, esticando o tempo para controlá-la.
A elevação dos juros básicos aprecia o Real prejudicando a indústria e a exportação. Se o Real se depreciar, por exemplo, para R$ 4 por dólar, aumenta um pouco a inflação, mas estimula a exportação e desestimula a importação, barateia os ativos de produção no Brasil o que atrairá mais investimentos úteis e não apenas especulativos.
Para depreciar o Real basta diminuir os juros, com a diminuição dos juros ficará mais interessante investir em produção.
trade-off mais crescimento e maior tolerância à inflação segura o emprego e ameniza ou elimina a recessão.
Ajuste fiscal e arrocho monetário AO MESMO TEMPO é purgante demais e depois de certo ponto pode matar o doente.
Cortar INVESTIMENTO PÚBLICO é absurdo, o Brasil precisa de muita infraestrutura. Nem tudo pode ser objeto de concessão e programas de concessão levam tempo para organizar. O Brasil não tem muito tempo para segurar o emprego, as demissões tomam um Ímpeto próprio e a coisa pode ficar incontrolável.
Mais da metade da população brasileira está em NOVE REGIÕES METROPOLITANAS, grande parte nas periferias. As cidades PODEM EXPLODIR se o desemprego passar de certo ponto, a violência e o crime podem disparar, definitivamente RECESSÃO NÃO É SOLUÇÃO PARA O BRASIL.
A HISTÓRIA ECONÔMICA demonstra com abundancia de exemplos antigos e modernos que é MUITO MAIS FÁCIL ACABAR COM INFLAÇÃO DO QUE COM RECESSÃO. Com alguma inflação, mas COM EMPREGO o trabalhador sobrevive, MAS com baixa inflação e sem emprego o trabalhador NÃO SOBREVIVE.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

O engenheiro economista e o economista político

http://jornalggn.com.br/noticia/o-engenheiro-economista-e-o-economista-politico


Por André Araújo
Os engenheiros-economistas tornaram-se um fenômeno tão brasileiro como a feijoada.  São pessoas com formação em engenharia, normalmente de produção, mecânica, naval, elétrica e depois de graduados fazem um curso em nível de mestrado em economia. É algo bastante raro nos EUA e Europa. Lá o economista é uma formação específica e não um apêndice de outra profissão. Nos EUA a graduação em economics prepara o graduado para área de pesquisa econômica e não para negócios,  para a qual existe outra formação, o Business Administration. Aqui existia um adesivo da Ordem dos Economistas que se colavam nos carros tipo " Antes de de Fazer um Negócio consulte um Economista", o que seria incompreensível nos EUA, lá economista não é para isso, geralmente vão para o campo acadêmico ou governo, não para a atividade comercial.
Os engenheiros-economistas, caso de Joaquim Levy (engenheiro naval), Pedro Malan (engenheiro eletrecista) Mario Henrique Simonsen (me parece que civil) não tem a base humanística e política dos economistas de graduação pura, hoje esses engenheiros-economistas são os preferidos do sistema financeiro, especialmente do Itaú Unibanco, cujo fundador Olavo Setúbal era engenheiro, o modelo Itauú migrou para a maioria dos bancos coalhados de engenheiros.
O economista puro, se tiver boa escolaridade na área, geralmente tem uma visão com boa dose de ciências humanas e políticas, porque a economia é do grupo das ciências humanas e não das ciências exatas, mas o engenheiro-economista tem uma cabeça de engenheiro e não de economista, já escolheu engenharia por ser bom matematico, normalmente tem o viés de ciências exatas, são grandes calculistas e trabalham a economia como se estivessem fazendo um cálculo de concreto. Parece algo irrelevante mas é uma clivagem crucial. O engenheiro-economista é sempre um especialista em cálculos, por isso os bancos tem tanta preferência por esse tipo de profissional.
A visão política de um Roberto Campos, formado em teologia e direito e só depois fez mestrado em economia e Delfim, grande economista puro, de um Celso Furtado, formado em direito e só depois com mestrado em economia são visões muito mais sofisticadas do ponto de vista social do que a dos áridos engenheiros-economistas bons de cálculo.
A percepção é clara no discurso de Joaquim Levy. Não há na sua narrativa NENHUM fiapo de preocupação social.
Na sua formação, especialmente da segunda fase na Universidade de Chicago, não há espaço para indagações políticas e sociais, se o desemprego é 7% ou 20%, são apenas números de cálculo, não vidas, almas, sofrimento, resistência, atrás desses números, são apenas números, tais como arrecadação e superávit, não há nada.
O tempero dessa visão fria tem que ser dado por outro poder, porque se não temperar o engenheiro-economista leva o barco ao fundo com o mais perfeito dos cálculos, fazendo o que Levy está executando, o que pode resumir-se, preparar o Brasil para os tucanos assumirem com a casa arrumada em 2018, não precisa explicitar porque esse é o resultado politico do ajuste fiscal somado ao arrocho monetário, algo que não aparece na planilha do Ministro.
No caminho do ajuste fiscal com aperto monetario está a liquidação do capital politico do PT, até um cego vê.

Depreciação interna à vista?, por Bresser-Pereira

http://jornalggn.com.br/noticia/depreciacao-interna-a-vista-por-bresser-pereira


 
Da Folha
 
 
Além de não ter tido sucesso em fazer as empresas voltarem a investir, o governo perdeu a confiança devido à política fiscal
 
Em 2008, os economistas liberais perderam a batalha ideológica ao levarem a economia mundial a uma grande depressão. Agora são os economistas desenvolvimentistas brasileiros que a perderam devido aos erros cometidos pelo governo do PT. O custo a ser pago pode ser alto.
 
Foram dois os erros fundamentais: nos oito anos do governo Lula, a taxa de câmbio se apreciou de forma brutal. A preços de hoje, caiu de R$ 5,20 para R$ 2 por dólar, quando a taxa de câmbio "de equilíbrio industrial", que torna competitivas as empresas competentes do país, deve estar em torno de R$ 3,30 por dólar.
 
Essa apreciação, ao mesmo tempo que os salários cresciam um pouco acima da produtividade, atingiu a indústria de maneira violenta.
 
A presidente Dilma assumiu o governo enfrentando uma tarefa impossível: depreciar em mais de 50% a moeda! Naturalmente não o logrou (o real depreciou-se só 20%) e, em consequência, a indústria não reagiu. Diante disso, o governo decidiu compensar a indústria com uma política industrial agressiva, baseada em desonerações fiscais, que levou o país ao deficit primário.
 
Mais uma vez, o governo não teve sucesso. Indústrias e empresas de serviços sofisticados não se tornaram competitivas devido à depreciação cambial. Política industrial é algo que todos os países precisam adotar, mas jamais para compensar uma taxa de câmbio apreciada.
 
Além de não ter sido bem-sucedido em fazer as empresas voltarem a investir, o governo perdeu confiança. Não devido à política cambial, mas devido à política fiscal. No Brasil, as pessoas não admitem mais irresponsabilidade fiscal.
 
Diante desse quadro de perda de confiança, a presidente Dilma decidiu, corajosamente, adotar um ajuste fiscal rígido para recuperá-la. Mas, aproveitando-se da fraqueza do governo, o Banco Central adotou uma política absurda de elevação de juros, e a Câmara aprovou a lei da terceirização, cujo objetivo é a precarização do trabalho.
 
Está acontecendo no Brasil algo que ocorreu na zona do euro --isso porque lá a depreciação dos euros nacionais é impossível de ocorrer e porque aqui não houve apoio político para fazê-la. Em vez de fazermos a depreciação normal, fazemos a depreciação interna, cujos custos são infinitamente maiores.
 
A depreciação normal implica custos para todas as classes: para os que recebem salários, pensões, juros, aluguéis e dividendos. Todos passam a receber um pouco menos em termos reais. Já a depreciação interna é, por definição, a baixa dos salários obtida por meio da recessão e do desemprego. Tem alto custo para os assalariados e nenhum para os pensionistas e rentistas.
 
Dado que a depreciação é inevitável, temos, assim, uma troca absurda --de depreciação normal por depreciação interna, esta baseada numa política fiscal inevitável, numa política de taxa de juros irracional (porque desnecessária e contraditória com o ajuste fiscal) e numa política de precarização salarial.
 
As elites rentistas sempre foram a favor dessa troca, mas agora também as elites industriais começam a apoiá-la, ainda que saibam que é irracional. Para elas uma taxa de câmbio flutuando em torno de R$ 3,30 lhes devolve a perspectiva de lucro e as leva a investir. Como parece impossível uma política cambial responsável, começam a se contentar com a depreciação interna.
 
Evidentemente é possível para o Brasil voltar a ter uma taxa de câmbio competitiva. Para que isso ocorra é preciso que, 1) suas elites se convençam da sua necessidade; 2) o governo tire a política cambial do Banco Central e crie um Conselho Cambial Nacional; e 3) seja neutralizada a doença holandesa por meio de um imposto variável sobre as exportações de commodities.
 
Mas não bastaria agora o Banco Central deixasse de rolar os "swaps" e voltasse a vender dólares para tornar a taxa de câmbio competitiva? Isso é a coisa imediata a fazer, mas não basta. É preciso que o governo neutralize a tendência à sobreapreciação cíclica e crônica (de longo prazo) da taxa de câmbio, que já se reapreciou depois da crise e que deverá se apreciar ainda mais.
 
LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA, 80, é professor emérito de economia, teoria política e teoria social da FGV. Foi ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado e da Ciência e Tecnologia (governo FHC)

Ninguém cuida da política econômica, por André Araújo

http://jornalggn.com.br/noticia/ninguem-cuida-da-politica-economica-por-andre-araujo
Por André Araújo
A tradição brasileira é de colocar sob o guarda chuva do Ministério da Fazenda a política econômica do País. A sua liderança se subordina ao Banco Central, o Banco do Brasil e todos os bancos públicos. A política monetária, cambial e de comércio exterior estão sob essa guarda chuva.
Mas não é o que acontece agora. Não há um gestor de política econômica, não há uma liderança que comande as ações coerentes entre as várias peças da política econômica. Descobre-se que o Ministro Levy é um administrador apenas da política fiscal, impostos e pagamentos. Não se vê por parte dele nenhuma narrativa sobre política econômica como um todo, emprego, crescimento, desenvolvimento. O Ministro é apenas um caixa.
O Banco Central se apresenta como ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE e o Ministro Levy parece que gosta assim.
Os demais Ministros da área econômica não têm política ou pelo menos não demonstram ter.
Assim fica a política econômica que dá o RUMO ao País órfã de pai e mãe, ninguém sabe qual é e para onde o País caminha. Ter como meta tantos bilhões de economia não é uma política econômica, mesmo porque essa economia e comida pelo aumento do gasto de juros provocado pelo Banco Central, que ao que tudo indica tem seu mundo próprio inteiramente desligado do que poderia ser uma política econômica de Pais, com começo, meio e fim.
A PRIMEIRA condição de uma política econômica é ser EXPLICITADA, conhecida por todos, clara, é um mapa do caminho, com preocupação social e política, com uma visão de mundo e do País nesse mundo, cuida da economia pública e privada, do macro e do micro.  Delfim e Roberto Campos davam COMPLETA DIREÇÃO à política econômica, todos sabiam para onde ia, para onde a economia caminhava. Hoje é uma COMPLETA INCOGNITA, não há direção alguma, não sabemos qual a porta de saída para o crescimento e para as reformas estruturais necessárias.
É preciso cortar despesas de 80 bilhões e os juros vão continuar a subir porque é preciso chegar ao centro da meta de 4,5% em 2016. Isso não é uma política econômica nem aqui e nem em um lugar nenhum. O Governo procurava um Ministro da Economia e achou um mero tesoureiro.
Quando se inicia um programa de  ajuste fiscal, antes de começar, o Ministro precisa dizer aonde quer chegar em termos de desenvolvimento, emprego e construção de Pais. Uma política econômica não é feita em cima de cortes de despesas para manter o grau de investimento, isso é meio, não é fim.  É tudo muito pouco, falta vibração e liderança.

Sérgio Moro é o “incentivo fiscal” para empreiteiras estrangeiras tomarem obras no Brasil

http://tijolaco.com.br/blog/?p=27012
Do Tijolaço

Por Fernando Brito
O sempre atento Nilson Lage nos avisa pelo Facebook: as empreiteiras estrangeiras já estão tomando o mercado das empresas brasileiras.
Ontem à noite, o insuspeito Lauro Jardim, da Veja, publica uma nota informando que a Duro Felguera, mineradora e empreiteira de obras espanhola, abocanhou um “contratinho” de de 6,5 bilhões de reais para a construção de duas usinas termelétricas – – uma no Rio Grande do Sul e outra em Pernambuco.
O preço é salgadíssimo, embora os empreendimentos sejam de grande porte, com capacidade de 1,2 MW de potência máxima, já que usinas termelétricas  são plantas industriais relativamente simples e rápidas de construir  – pouco mais que um ano, seis, sete e até oito vezes mais rápido que uma hidrelétrica – exigem pouca movimentação de terra, muito menos obras civis e materiais.
Basicamente, uma usina termelétrica a gás é uma turbina como a dos aviões, acompanhada de estruturas de reaproveitamento do calor (ciclo combinado) para mais geração e dutos para circulação e resfriamento de vapor e água. Neste caso, haverá terminais para manejo de gás importado, liquefeito, por navios e regaseificado. Certamente está aí a diferença de custos para as que usam gás trazido via dutos.
Mas o mais interessante – ou trágico – é que a razão de ter sido escolhida uma empreiteira é, segundo Jardim, o fato de que a contratação da Felguera “é o efeito da Lava-Jato: as empresas estão fugindo de construtoras que são alvo de investigação da Polícia Federal.”.
Parabéns, Dr. Sérgio  Moro.
O senhor é mesmo merecedor do Prêmio Faz Diferença.
Para as empreiteiras estrangeiras, já está fazendo.