quarta-feira, 23 de abril de 2014

Idec e PROTESTE condenam multa por consumo excedente de água em SP

Jornal GGN - Duas instituições de defesa do consumidor, o IDEC e a PROTESTE, se manifestaram contra a multa de 30% a 35% àqueles que aumentarem o consumo de água acima da média no estado de São Paulo. A medida foi anunciada pelo governador Geraldo Alckmin nesta segunda-feira (21) numa tentativa de conter a escassez do recurso e o baixo nível dos reservatórios na Grande SP.
Para o IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), a medida é abusiva e contraria o Código de Defesa do Consumidor com base no art. 39: “É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (...) inciso X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços”. No anuncio da cobrança da multa, não está caracterizada a justa causa, já que ao que tudo indica, as medidas de prevenção não foram tomadas pelo governo paulista.
O Instituto também alega que o governador Geraldo Alckmin tem conhecimento dos níveis preocupantes dos reservatórios desde 2002, no entanto só veio adotar medidas emergenciais agora que o problema estourou. Recentemente foram registradas perdas físicas de água (perto de 25% da água tratada é pedida na rede de distribuição).
Além disso, o governo alega que podem, com base no art. 21 do Decreto Federal nº 7.217, de 21 de junho de 2010 ‘adotar mecanismos tarifários de contingência’. Mas, este mesmo artigo estabelece que essa medida deve ser feita após a decretação de racionamento, o que não ocorreu até agora. Isto é, o governo terá de arcar com este anúncio oficialmente. Ademais, este decreto não fala em multa”, disse o gerente técnico do IDEC, Carlos Thadeu de Oliveira
Já a PROTESTE Associação de Consumidores enviou hoje um ofício ao Palácio dos Bandeirantes, questionando Geraldo Alckmin se houve autorização das agências reguladoras do setor para multar os moradores da Grande SP em caso de consumo acima da média.
Para a associação, mecanismos tarifários de contingência só podem ser adotados em casos de situação crítica de escassez quando a autoridade gestora dos recursos hídricos declarar a necessidade de racionamento, fato que até agora não foi admitido pelo governo de SP e pela Sabesp.
Dessa forma, nessa situação de escassez de água, o consumidor é duplamente
penalizado. Vai pagar o custo adicional da geração de energia elétrica pelas termelétricas (imposto pelo Governo Federal) e multa no consumo de água que superar
a média em 20%.
Com informação do IDEC e PROTESTE

domingo, 20 de abril de 2014

Presente de grego doo governo de Minas aos professores


Presente de grego do governo de Minas para os professores. E o Aécio vem dizer que educação é prioridade. Quer enganar a quem?

http://dissolvendo-no-ar.blogspot.com.br/2014/04/carta-aberta-aos-companheiros.html

Carta aberta aos companheiros Professores de Minas Gerais


Greve dos 112 dias dos professores da rede estadual em 2011


Como professor de Sociologia da rede estadual de Minas Gerais, não posso me calar diante dos métodos pouco pedagógicos e nada democráticos como a Educação tem sido tratada em meu estado nos últimos doze anos e cujos nefastos reflexos todos nós, educadores e educandos, temos sentido na pele.

Em 26 de março último, por unanimidade os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) declararam inconstitucional a Lei Complementar (LC) 100, que efetivou, em 2007, cerca de 98 mil servidores do estado de Minas Gerais. A corte analisou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), proposta pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que questionou a forma de ingresso na administração pública. A PGR pediu a derrubada da legislação que igualou os antigos designados, contratados com vínculos precários e lotados, em sua maioria, na área da educação, aos efetivos. No entendimento do Supremo, devem deixar o cargo, a partir da publicação do acórdão, todos aqueles que não prestaram concurso público para a função que ocupam.

Não obstante o STF só tenha julgado a LC-100 há poucas semanas, a decisão era prevista e aguardada por grande parte dos profissionais em educação, atingidos diretamente ou não pela decisão, e o Sind-UTE (Sindicato Únicos dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) já havia apontado para tanto, sem jamais deixar de se solidarizar com os profissionais que em 2007 receberam esse verdadeiro “presente de grego” que desde o início claramente feria a Constituição Federal.


Ademais, a postura do Sind-UTE sempre foi a de entender que os “efetivados” – termo que traz em si uma conotação pejorativa e que passou a ser empregada pelo próprio governo mineiro – jamais poderiam ser culpabilizados por um arrobo de ataque a Constituição, antes, a total responsabilidade deveria, e ainda há tempo para isto, recair sobre quem de fato agiu de maneira inconstitucional, demagógica, imoral e patrimonialista, ou seja, o governo de Minas Gerais na figura do seu então governador, o senhor Aécio Neves.


Mas a lambança não acaba por aí. Enquanto perdurou a inconstitucional LC-100 muitos professores aprovados em concurso, tal como rege a Constituição de 1988, tiveram cerceado o direito à nomeação, pois inúmeras vagas encontravam-se preenchidas de maneira ilegítima.


Segundos dados da própria Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais, hoje mais de 1/3 dos professores da rede estão na condição de beneficiados pela LC-100, todavia até o presente momento o governo tem se esquivado de responder as duvidas desses professores e a secretária Ana Lúcia Gazzola sequer procurou dar uma resposta – ou mea culpa – aos milhares de profissionais atingidos “não” pela decisão do STF, mas “sim” pela irresponsabilidade do governo mineiro que insistiu numa tentativa torpe de burlar a Carta Magna.


Pode-se afirmar, sem medo de engano, que nos últimos doze anos a educação em Minas Gerais tem sido tratada de forma irresponsável e portanto nada condizente com a importância que representa para a construção de uma sociedade mais justa e livre ou para a autonomia do indivíduo. A derrubada da LC-100 é, desafortunadamente, somente mais um capítulo do modo Aécio de tratar a Educação.


Para citar apenas mais alguns capítulos, podemos rememorar a divisão das turmas de Ensino Médio em áreas de Humanas, Exatas e Biológicas.Um projeto polêmico, esdrúxulo e criticado por estudantes, professores e pais, que fadado ao fracasso não vingou por mais de quatro anos. Ou então quando em 2010 quando o governo do estadual já com o ano letivo em andamento, promoveu ao Ensino Fundamental II, sem qualquer planejamento, estudantes que no ano anterior haviam sido retidos nas séries iniciais. Ou ainda, o Reinventando o Ensino Médio, projeto embutido de vários pontos positivos, que, no entanto, está em fase de implantação sem o mínimo de estrutura, não trazendo as ferramentas necessárias para cativar os estudantes e que denota uma incrível falta de planejamento pedagógico.


Poderia citar diversos outros exemplos como o congelamento do plano de carreira, a transformação do salário dos profissionais da Educação em subsídio, a retirada de benefícios conquistados ao longo das décadas tais como quinquênio, pagamento em espécie de férias prêmio ou a da gratificação do pó de giz.


Por fim, os professores mineiros estão angustiados, perplexos e decepcionados com os rumos que a Educação em Minas tem tomado.

Finalizo com as palavras do mestre Paulo Freire:

Seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que permitissem às classes dominadas perceberem as injustiças sociais de forma crítica



Hudson Luiz Vilas Boas, cidadão, educador, professor de Sociologia das redes estaduais de Minas Gerais e São Paulo, professor de Cultura e Cidadania e coordenador do Pré-Vestibular Comunitário Educafro.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

A canalhice politiqueira da Cemig tucana

Do Tijolaço

16 de abril de 2014 | 05:54 Autor: Fernando Brito
armacaodacemig

O caso envolvendo a propaganda da Companhia de Energia Elétrica de Minas Gerais, a Cemig, atribuindo a “culpa” pelo reajuste das tarifas de energia elétrica “a um órgão do Governo Federal, a Aneel, que fica lá em Brasília” é uma das maiores canalhices já feitas na política brasileira.
A Aneel, de fato, autorizou um reajuste de 14,24% nas contas de energia elétrica da empresa.
O valor, porém é menos da metade do que foi pedido pela empresa, que solicitou um reajuste de 29,74%.
Isso é formammente documentado, e foi dito pela própria Cemig em nota oficial, no final de março:
“Considerando os números preliminares apresentados, a Cemig solicitapara a análise da Aneel, um reajuste médio das tarifas de 29,74%. A definição do reajuste, no entanto, depende da decisão da Aneel, que deverá definir a nova tarifa a ser cobrada a partir de 8 de abril.”
Agora, veja o vídeo que está sendo veiculado pela empresa nas TVs mineiras:
Não é possível que o Governo Federal assista este tipo de manipulação canalha sem reação.
A primeira providência a ser tomada é suspender o reajuste, já que a empresa mineira parece não o desejar.
Se é só a Aneel quem decide, e se não se considera a solicitação da Cemig, para que reajustar?
Imediatamente, produzir um comercial exibindo o que a Cemig está dizendo e exibindo o pedido da empresa por um reajuste de 29,74, explicando que a Aneel cortou á metade a pretensão de aumento dos dirigentes da empresa.
Isso, independente das ações judiciais cabíveis, cíveis e eleitorais.
Além de exigir do CONAR e da Justiça a suspensão do comercial e o direito de responder, pago pela Cemig.
Se alguém duvida dos métodos do PSDB, da sua completa falta de escrúpulos e do quanto os tucanos são capazes de mentir para amealhar o voto dos ingênuos, aí está a prova cabal de que não há limites para manipular a opinião pública.
E do entorpecimento da imprensa e das instituições judiciais, que tratam estas coisas com uma preguiça burocrática, enquanto qualquer suposição contra o governo federal vira manchete garrafal.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Renovação da frota colocou o Brasil entre as quatro maiores indústrias navais

http://jornalggn.com.br/noticia/renovacao-da-frota-colocou-o-brasil-entre-as-quatro-maiores-industrias-navais

Jornal GGN - Mais um navio construído no Brasil foi lançado às águas nos últimos dias. Trata-se do Dragão do Mar, um suezmax (para o transporte de óleo cru) de 274 metros de comprimento, 51 de altura, 48 de largura e uma capacidade de transporte de 157 mil toneladas de porte bruto. Apesar da magnitude, a embarcação é extremamente ágil, atendendo, inclusive, as limitações do estreito Canal de Suez.
O navio foi o mais recente a ser lançado ao mar pelo Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), criado em 2004 pelo Governo Federal. Há cerca de um mês atrás, foi a vez dopanamax Irmã Dulce, que tem a mesma função dos suezmax, com dimensões menores.
O reconhecimento da Petrobrás de que a exploração de petróleo demandava mais navios de apoio veio de encontro com o fato de que a frota de petroleiros para transporte de petróleo e derivados na costa brasileira era composta de navios com mais de 20 anos e precisavam ser renovados”, disse o presidente do SINAVAL, Ariovaldo Rocha.
Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef)
Outros seis navios, construídos a partir do Promef, estão em operação. São eles: Navio Celso Furtado, Rômulo de Almeida, Sergio Buarque de Holanda e José Alencar (estes navios para transporte de produtos claros e derivados de petróleo), João Cândido e Zumbi dos Palmares (tiposuezmax). Outros dois estão em construção: Navio Anita Garibaldi (navio de produtos claros e escuros) e Oscar Niemeyer (para o transporte de gás liquefeito de petróleo pressurizado). Já o Dragão do Mar seguirá para alguns ajustes finais e depois para a fase de testes operacionais, para aí então operar oficialmente.
Além das embarcações já citadas, o Promef tem como meta construir até 2020 mais 17 navios só na primeira fase do programa e outros 23 na segunda fase. Todos voltados para cabotagem (Navegação ao longo da costa, geralmente ligando portos de um mesmo país). A demanda do programa é feita pela Transpetro, que desde sua criação, em 1998, contribui para o avanço tecnológico e modernização do setor.
Os quase 20 anos de depressão da construção naval no país mostraram o quão importante é a participação efetiva do estado como indutor desse tipo de indústria. Segundo o presidente do SINAVAL, o Brasil apresenta resultados mais surpreendentes que os três principais produtores navais. Os principais competidores da indústria naval internacional – Japão, Coreia do Sul e China – levaram mais de 30 anos para atingir níveis de competitividade. A construção naval brasileira já apresenta resultados em 14 anos de operação, afirmou. Hoje o Brasil é o 4º maior produtor naval do mundo.
Programa de renovação da Frota de Apoio Marítimo (Prorefam)
Assim como o Promef, outro programa do governo, o Prorefam é um dos grandes responsáveis pela recuperação do setor e da geração de mais de 70 mil empregos em 14 anos. Só em 2013 foram entregues 21 embarcações de apoio offshore que seguem a pauta da inovação tecnológica do setor. “Os navios de apoio marítimo, em construção ou recentemente entregues, incluem projetos da mais  avançada tecnologia hoje existente, como os dos tipos AHTS (Anchor Handling Tug Supply) e PLSV (Pipe Laying Support Vessel), atestando a crescente especialização e a qualificação dos estaleiros e da engenharia nacional”, ressaltou Ariovaldo Rocha.  
Ainda em 2013 foram entregues 10 embarcações de apoio portuário (que atuam nas operações de atracação e desatracação de embarcações nos portos brasileiros), 44 de navegação interior, as chamadas barcaças graneleiras (embarcações utilizadas no transporte de cargas pelos rios do país). Quatro projetos de novos estaleiros também foram lançados: Vard Pomar (PE), Wilson Sons (SP) e Aliança (RJ), assim como a ampliação do Estaleiro São Miguel (RJ).
Ariovaldo Rocha avalia as conquistas como uma das políticas públicas mais bem sucedidas da história do país, já que em parceria com o governo estão 17 grandes grupos, sendo 14 de capital internacional, listados entre os mil maiores do país. “Os estaleiros brasileiros têm como acionistas alguns dos maiores grupos empresariais locais e internacionais, são parceiros e atuam em projetos conjuntamente com grandes empresas internacionais. Esses investidores acreditam na continuidade da política do governo brasileiro quanto ao conteúdo local dos projetos”, finalizou o presidente do SINAVAL.

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domingo, 13 de abril de 2014

Transmissão dos juros para a inflação


Por Yoshiaki Nakano
 
Estudos dos canais de transmissão da política monetária nos países desenvolvidos, tendo como instrumento de política a taxa de juros, identificam pelo menos três canais de transmissão para os preços: o da taxa de juros e de crédito, dos preços dos ativos e o canal da taxa de câmbio.
 
A taxa de juros, controlada pelo banco central, afetaria a taxa de juros de curto prazo do mercado e esta afetaria, por meio dos canais mencionados, a demanda agregada e os preços, presumindo-se que haja uma relação entre estas duas variáveis, mediadas pela taxa de desemprego e variação de salários (curva de Phillips).
 
No primeiro canal, a elevação da taxa de juros de curto prazo do mercado estaria correlacionada positivamente com a taxa de juros de longo prazo e, negativamente com oferta de empréstimos bancários, ambos afetando o investimento e o consumo de bens duráveis. Da mesma forma, pelo segundo canal, reduziria o valor dos ativos financeiros, reduzindo o valor da riqueza dos consumidores, das garantias e o patrimônio líquido das empresas, afetando negativamente tanto o consumo como os investimentos. Pelo canal da taxa de câmbio, a elevação da taxa de juros afetaria os fluxos de capitais, levando a uma apreciação da taxa de câmbio, barateando, em moeda nacional, as importações em detrimento das exportações, com óbvio efeito anti-inflacionário. Nos países desenvolvidos há um grande número de estudos empíricos detectando estes canais e mensurando-os. Há um relativo consenso sobre estes mecanismos, pelo menos entre os banqueiros centrais nestes países.
E nos países em desenvolvimento como o Brasil? Uma resenha dos estudos existentes não permite lançar muita luz sobre a questão. Um estudo de Mishra e Montiel (IMF working paper WP/12/143, June 2012), por exemplo, afirma que não é possível concluir que existem evidências sobre a robustez das transmissões monetárias nos países de baixa renda, como existem nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos. Depende muito da estrutura financeira, da legislação e instituições específicas de cada país, da existência de bancos públicos com taxa de juros administradas pelo governo, das próprias regras operacionais dos bancos centrais, que podem conter particularidades históricas, etc… Os canais de transmissão apresentam diferença significativa entre países e tendem a possuir um grande componente de especificidade. Tomemos o caso brasileiro, para exemplificar algumas obstruções aos canais de transmissão.
No Brasil, a taxa de juros é, por herança do período de alta inflação, a taxa Selic, que é também a taxa de juros de um título de longo prazo (LFT). A estrutura de juros no Brasil é, portanto, totalmente atípica: a ponta curta da Selic monopolizando a captação de recursos e praticamente acabando com a diferenciação entre taxa do "overnight" com a de longo prazo. A elevação da Selic move toda estrutura de juros para cima. Assim, o mecanismo tradicional de arbitragem, ao longo da curva de maturidade, que acaba determinando a taxa de longo prazo, tem toda uma especificidade brasileira que precisa ainda ser desvendada. Além disso, ao operar com Selic, taxa de juros pós fixada, o Banco Central opera com um ativo atrelado à taxa de juros diária, neutralizando o canal de preços de ativos.
Estes, em todo o sistema bancário de mercado de capitais têm, obrigatoriamente que ser também pós-fixados à Selic ou ao DI. Desta forma, o efeito de elevação da taxa de juros, via preços de ativos, acaba sendo obstruído em grande parte.
O magnífico "spread" entre a taxa de captação e de empréstimo bancário é um enigma e se for reflexo de um sistema não competitivo e um ambiente de assimetria de informação, torna tênue a relação entre a elevação dos juros pelo banco central e a oferta de empréstimos bancários.
O canal da taxa de câmbio também merece observação, pois se de um lado não há dúvidas deste ser um dos canais mais eficazes no curto prazo da ação de juros altos sobre a inflação, no médio e longo prazos, os efeitos podem ser perversos. Nos últimos anos, a taxa de inflação no setor de não comercializáveis tem sido, em média, praticamente o dobro (em torno de 8 a 9% ao ano) comparado ao setor de comercializáveis (em torno de 4,5%). É compreensível, pois no curto prazo, juros altos e câmbio apreciado reduzem a inflação, por meio da queda nos comercializáveis, no médio e longo prazos, a taxa de câmbio apreciada, ao mudar os preços relativos, provoca mudança na alocação de recursos na economia, deslocando, particularmente, para o setor de serviços pessoais em detrimento da indústria. Isto acontece porque, numa economia em pleno emprego, enquanto serviços podem repassar os aumentos salariais aos preços, a indústria tem maior dificuldade. Assim, se não desindustrializarmos totalmente o país, chega um momento, no médio ou longo prazos, em que os preços relativos, a taxa de câmbio real, precisa ser recomposta, daí mais inflação.
Para concluir é preciso lembrar que os países desenvolvidos têm hoje canais de transmissão de política monetária porque, ao longo dos anos, fizeram reformas e aperfeiçoaram as instituições e as regras de operação do Banco Central. É o que o Brasil precisa fazer. A tarefa não é difícil, pois neste caso basta arcar com as nossas especificidades e harmonizar as instituições monetárias com a dos países desenvolvidos.
Yoshiaki Nakano, com mestrado e doutorado na Cornell University, é professor e diretor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/EESP).

PT X PSDB: 1 PIMENTA DA VEIGA = 6 JOÃO PAULO CUNHA

Da Istoé
Tratamento desigual para ex-ministro tucano e ex-deputado petista é mais escandaloso do que se imagina

Onze anos depois de receber R$ 300 000 de Marcos Valério, o tucano Pimenta da Veiga, candidato ao governo de Minas Gerais, foi chamado pela Polícia Federal para explicar-se.

Ex-ministro das Comunicações no governo de Fernando Henrique Cardoso, Pimenta recebeu uma quanta seis vezes maior do que os R$ 50 000 que a mulher do deputado João Paulo Cunha foi buscar no Banco Rural.

A quantia recebida por João Paulo foi considerada uma prova de que ele  havia sido corrompido pelo esquema,  elemento  essencial para demonstrar sua culpa num caso em que foi condenado, incialmente, a 9 anos e quatro meses de prisão.

Mas o ex-deputado recorreu de uma das condenações, aquela tese absurda de que a própria mulher fora usada para lavar dinheiro – a denuncia da AP 470 foi bastante criativa, nós sabemos – e conseguiu  diminuir sua pena.

Hoje, em regime semiaberto, João Paulo trabalha num escritório de advocacia de Brasília.

A condenação de João Paulo só foi possível porque o STF desconsiderou as provas que apresentou em sua defesa.
Ele disse que havia recebido os R$ 50 000 como ajuda para a campanha eleitoral de 2004 na região de Osasco e municípios vizinhos, onde,  antigo operário  metalúrgico, construiu a liderança política. João Paulo apresentou notas fiscais que confirmavam gastos realizados com pesquisas eleitorais. Mostrou planilhas e números. Levou testemunhas que deram depoimentos para provar o que dissera.

Você pode achar que era tudo a encenação de um conto da carochinha. Mas  daí eu pergunto: como explicar o que aconteceu com Pimenta da Veiga?

Ele não tinha notas fiscais nem depoimentos para justificar os R$ 300 000. Disse na época que havia prestado serviços de advocacia para a DNA e a SMP&B, agências de Valério. A Polícia Federal registrou que queria alguma prova de que havia feito algum trabalho de verdade, como um parecer escrito ou coisa assim. Não havia. Pediu que Pimenta da Veiga apontasse empresas ou pessoas envolvidas nos casos em que havia atuado em tribunais. Nada. Alegou-se que eram casos internos.

Em 2002, não custa recordar, as agencias de Valério tomavam parte na campanha de Aécio em Minas Gerais. Cristiano Paz, um dos maiores publicitários do Estado, chegava a despertar inveja entre os concorrentes  pela facilidade de transitar entre o PSDB mineiro. Seu sócio Ramon Hollerbach tinha cadeira cativa no comitê de campanha do PSDB.

Hoje, condenados a mais de 20 anos, os dois vivem confinados na Papuda, cumprindo os rigores do regime fechado.

Com base no que dizia ter acontecido e no que não poderia ser demonstrado,  Pimenta da Veiga foi liberado inteiramente de qualquer acusação. Não foi sequer acusado pelo Ministério Público. Não foi denunciado. Sua investigaçao permaneceu no laudo 2828, aquele que foi mantido em segredo dos próprios ministros do Supremo até que eles julgassem a denuncia contra os 40 réus do PT.

Hoje, Pimenta da Veiga é candidato ao governo de Minas Gerais na sucessão de Antônio Anastasia. SE sua candidatura for confirmada, estará no palanque de Aécio Neves.

Enquanto isso, graças a uma remessa equivalente a apenas 16% daquela que Pimenta da Veiga recebeu, João Paulo Cunha dorme num estabelecimento penal. Não pode candidatar-se a deputado e foi levado a interromper uma carreira onde era realista cogitar uma candidatura ao governo de São Paulo.

O Globo de hoje noticia que em 2013 Pimenta da Veiga foi indiciado no mensalão mineiro. OIto anos de atraso. Ou dez anos, se você quiser contar com o momento em que a denúncia chegou ao gabinete de Carlos Ayres Britto, no STF.

Preste bem atenção: ele recebeu o dinheiro em 2003; a Polícia Federal descobriu o pagdamento  em 2005; e apenas oito anos depois, quando João Paulo Cunha e os demais condenados da AP 470 batalhavam para conseguir os embargos infringentes e obter um fiapo de recurso, ,Pimenta foi indiciado.

Nascido em 1947, só precisa esperar três anos para atingir os 70 anos que garantem  a prescrição de suas penas caso venha ser condenado.

Tudo se torna ainda mais escandaloso quando se recorda que a multa cobrada de João Paulo a título de reparação – R$ 370 000 – é 25% superior aos honorários recebidos recebido por Pimenta da Veiga junto as empresas de Valério.

Nobel de Economia diz que "sonho americano" é um mito

Do Terra
Progresso dos cidadãos nos EUA depende dos estudos custeados por seus pais, diz Stiglitz
O economista americano Joseph Stiglitz, ganhador do Prêmio Nobel em 2001, afirmou ontem, terça-feira, durante uma palestra no 7º Fórum Mundial de Cidades, que os Estados devem desempenhar o papel que lhes corresponde no planejamento das cidades ao considerar que o sonho americano, modelo que deixa as urbes nas mãos dos mercados, é um mito.
"O Estado tem que desempenhar um papel importante. O que me preocupa é que nos últimos 20 anos perdemos esse equilíbrio entre o papel do Estado e o do mercado", disse Stiglitz durante a palestra no fórum que acontece na cidade de Medellín, na Colômbia.
Para o economista, as cidades americanas de Detroit e Gary - lugar onde nasceu - são urbes "que fracassaram porque os governos não fizeram o que tinham que fazer" e as consequências da desindustrialização, de automóveis e aço respectivamente, as condenaram. "Os mercados não tratam bem a reestruturação urbanística", disse.
Além disso, questionou o sonho americano, que chamou de "mito", já que o progresso dos cidadãos nos Estados Unidos depende dos estudos custeados por seus pais, enquanto na Europa, com modelos considerados "mais rígidos", a educação é universal.
Stiglitz contrapôs o modelo dessas cidades americanas com a asiática Cingapura, "onde o Estado teve um papel fundamental em seu desenvolvimento"; a inglesa Manchester, reconvertida em polo musical, cultural e estudantil após sua desindustrialização; e a própria Medellín.
"Em muitos países querem copiar o modelo americano e eu quero chamar a atenção sobre isso: tenham cuidado com o que desejam, os EUA alcançaram o maior nível de desigualdade de todos os países desenvolvidos", disse Stiglitz, que atribuiu esse fenômeno a decisões políticas e não só a "forças econômicas".
Durante a manhã de ontem, em entrevista coletiva, Stiglitz alertou sobre as consequências para a Colômbia da assinatura de um Tratado de Livre-Comércio (TLC) com seu país: estes acordos "são elaborados para o interesse dos Estados Unidos e a favor de outros países avançados", disse o economista.
"Se seguimos as regras do jogo dos EUA terminamos com seus resultados negativos", acrescentou o economista. Além disso, Stiglitz pediu que o setor público pensasse nos pobres na hora de planejar a remodelação das cidades ou de construir novas urbes porque "o Produto Interno Bruto (PIB) não é uma boa medida do bem-estar".
"São os pobres que sofrem com uma cidade mal planejada: os pobres sofrem com os transportes ruins, com a falta de parques públicos e de habitação", disse. O Prêmio Nobel foi um dos convidados principais do 7º Fórum Mundial de Cidades de Medellín, que tem como objetivo buscar soluções para diminuir a crescente desigualdade nas cidades dos cinco continentes e reverter essa tendência para a promoção de um desenvolvimento mais igualitário.

 EFE

"No Brasil o governo focou na educação, na alimentação, na pobreza e é muito surpreendente como essas políticas provaram ser adequadas", disse Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia
http://noticias.terra.com.br/mundo/nobel-de-economia-diz-que-sonho-americano-e-um-mito,6719c66f55445410VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html

sexta-feira, 11 de abril de 2014

A mentira do Estadão sobre a entrevista de Lula

Postado em 10 abr 2014
Ninguém pediu que não fossem feitas perguntas incômodas
Ninguém pediu que não fossem feitas perguntas incômodas
Você avalia o compromisso com a verdade de algum veículo quando conhece o assunto.
Leio que o Estadão, em editorial, afirmou que os blogueiros convidados por Lula para uma entrevista tiveram que garantir que não fariam perguntas incômodas e nem contestariam respostas.
O DCM foi convidado, na pessoa de Kiko, e participou da entrevista, e podemos dizer: o Estadão mentiu.
Nenhuma instrução foi dada. O convite chegou a Kiko, e depois foram dadas breves explicações sobre como seria a entrevista. Foi só isso. Não houve um único pedido ou uma só recomendação.
Repito: o Estadão mentiu.
Que Lula tenha escolhido falar com representantes da internet, e não da mídia tradicional, é fácil de entender.
Primeiro, ele queria reconhecer formalmente a importância da internet no debate jornalístico brasileiro, e como contraponto ao conteúdo viciado das grandes empresas de jornalismo.
Depois, ele sabia que suas palavras não seriam deturpadas, e também que não lhe seriam preparadas armadilhas por quem tem recorrido a um abjeto valetudo para sabotar qualquer iniciativa destinada a retirar velhos privilégios que levaram o Brasil a ser um campeão mundial da desigualdade.
Lembro que Dilma concedeu, em seus primeiros tempos de presidência, uma entrevista à Veja. Não apenas ela foi editada ao gosto da revista como, na introdução, Dilma levou cacetadas absolutamente gratuitas.
Cada participante, isso foi avisado, poderia fazer uma pergunta. Num ambiente de neutralidade, que perguntas eram mais importantes do que as que giraram em torno da Petrobras, da Copa e da especulação em torno da candidatura de Lula em 2014?
Contraponha a isso à atitude de Augusto Nunes, que num Roda Viva com Lobão perguntou a ele: “O que você acha da Dilma?” Nunes sabia que Lobão diria as barbaridades de sempre.
Nunes deveria ser convidado? Ou Jabor? Ou Azevedo? Ou tantos outros que, para agradar a seus patrões, se esmeram em atacar o PT?
Entendamos. Existem muitas razões para criticar o PT, e o DCM tem feito isso com frequência. A lentidão do PT em fazer mudanças profundas que reduzam substancialmente a desigualdade é exasperante.
Mas os ataques da mídia vêm, sempre, pelas razões erradas – pela manutenção dos privilégios dela e de seus iguais.
Lula fez o que qualquer pessoa de bom senso faria. Cercou-se de uma bancada que não estava lá para destruí-lo.
Vi, pela internet, a entrevista, e disse a Kiko tão logo ela terminou que a achara “extraordinária”. Sobretudo por conta do entrevistado. Os que conhecem Lula sabem quanto ele é carismático e convincente. Conta histórias como poucos, e torna divertida qualquer conversa.
A entrevista só funcionou porque as pessoas reunidas ali não queriam matar Lula, e isto é um fato da vida.
Leio também que o Zero Hora escreveu que não houve “neutralidade” porque os blogueiros eram “assumidamente governistas”.
Um momento: será que eles conhecem o DCM? Nosso apartidarismo é uma cláusula pétrea em nossa missão.
Conectamos pessoas interessadas no projeto de um Brasil socialmente justo, um Brasil “escandinavo”, como tantas vezes escrevi.
Nosso partido é este, e apenas este: um Brasil melhor do que o que temos.
O Zero Hora, pelo visto, não nos conhece – e então não deveria escrever a tolice que escreveu.
Também este tipo de atitude – afirmações levianas baseadas na arrogância e na falta de informação – ajuda a entender a falta de representantes da mídia tradicional na entrevista de Lula.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Na edição de ontem, o Jornal Nacional manipulou informações, sonegou dados recebidos e produziu uma denúncia factualmente falha contra a Petrobras. A denuncia seguiu o padrão atual de criação de factoides abrindo mão do rigor jornalístico. Tratava de um contrato com entidades e pessoas que entraram na linha de fogo da mídia: Petrobras, Alstom, senador Delcídio do Amaral e o ex-vice presidente internacional Nestor Cerveró. A partir daí, produziu-se mais uma salada que envergonha o jornalismo. A matéria “Documentos mostram que Petrobras desprezou opinião de advogados para fechar contrato com a Asltom” (http://tinyurl.com/lrcmbbk) referia-se a compras e manutenção de turbinas em termelétricas adquiridas nos governos Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff. A matéria começa dando destaque aos gastos de viagem (R$ 44 mil) de um executivo que foi à Suíça negociar a compra das turbinas. Depois informa que o Departamento Jurídico levantou 22 problemas que poderiam causar prejuízo. Não explicou que em toda compra dessa natureza, cabe ao Jurídico levantar dúvidas, que são respondidas ou não pela área técnica. Se as respostas forem satisfatórias, mantem-se as cláusulas; não sendo, aprimoram-se. Se há respostas, não há desprezo pelas observações do Juridico. O que a reportagem fez foi colocar apenas as dúvidas e sonegar do leitor as explicações que foram aceitas pelo Jurídico. Segundo a matéria, “o contrato previa que "o único remédio possível" (em caso de quebra do equipamento) seria receber até 15% do valor, e não o valor integral da peça". Prossegue: "Na mesma cláusula, deixava-se ao critério do vendedor, a Alstom, a alteração de garantias de desempenho. O jurídico sugeriu a supressão dessa possibilidade, e completou: é de se notar que, caso haja atraso por culpa do vendedor, não existe nenhum tipo de penalidade, mesmo considerando-se os prejuízos que poderão advir”. A nota da área técnica – que foi entregue à reportagem do JN (segundo nota divulgada há pouco pelo senador Delcídio Amaral) - explicava que o reembolso de 15% referia-se apenas no caso das usinas não apresentarem a performance prevista. “A possibilidade de quebra é tratada em outra cláusula do contrato (cláusula de garantia) que obriga o vendedor a repor as peças quebradas durante o período da garantia”. A segunda denúncia do JN foi a de que o contrato permitiria à Alstom uma revisão unilateral das condições estabelecidas. Máquinas térmicas têm seu desempenho alterado pelas condições ambientais do local de instalação e pela composição do combustível. A cláusula em questão obrigava o vendedor a corrigir os valores de performance padrão para as condições ambientais reais. Ou seja, a Petrobras adquiriu a performance. Se não fosse atendida pelos equipamentos entregues, o vendedor teria a obrigação de mudar as especificações para atender ao contratado.

Na edição de ontem, o Jornal Nacional manipulou informações, sonegou dados recebidos e produziu uma denúncia factualmente falha contra a Petrobras.
A denuncia seguiu o padrão atual de criação de factoides abrindo mão do rigor jornalístico. Tratava de um contrato com entidades e pessoas que entraram na linha de fogo da mídia: Petrobras, Alstom, senador Delcídio do Amaral e o ex-vice presidente internacional Nestor Cerveró.
A partir daí, produziu-se mais uma salada que envergonha o jornalismo.
A matéria “Documentos mostram que Petrobras  desprezou opinião de advogados para fechar contrato com a Asltom” (http://tinyurl.com/lrcmbbk) referia-se a compras e manutenção de turbinas em termelétricas adquiridas nos governos Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff.
A matéria começa dando destaque aos gastos de viagem (R$ 44 mil) de um executivo que foi à Suíça negociar a compra das turbinas. Depois informa que o Departamento Jurídico levantou 22 problemas que poderiam causar prejuízo.
Não explicou que em toda compra dessa natureza, cabe ao Jurídico levantar dúvidas, que são respondidas ou não pela área técnica. Se as respostas forem satisfatórias, mantem-se as cláusulas; não sendo, aprimoram-se. Se há respostas, não há desprezo pelas observações do Juridico.
O que a reportagem fez foi colocar apenas as dúvidas e sonegar do leitor as explicações que foram aceitas pelo Jurídico.
Segundo a matéria, “o contrato previa que "o único remédio possível" (em caso de quebra do equipamento) seria receber até 15% do valor, e não o valor integral da peça". Prossegue: "Na mesma cláusula, deixava-se ao critério do vendedor, a Alstom, a alteração de garantias de desempenho. O jurídico sugeriu a supressão dessa possibilidade, e completou: é de se notar que, caso haja atraso por culpa do vendedor, não existe nenhum tipo de penalidade, mesmo considerando-se os prejuízos que poderão advir”.
A nota da área técnica – que foi entregue à reportagem do JN (segundo nota divulgada há pouco pelo senador Delcídio Amaral) - explicava que o reembolso de 15% referia-se apenas no caso das usinas não apresentarem a performance prevista. “A possibilidade de quebra é tratada em outra cláusula do contrato (cláusula de garantia) que obriga o vendedor a repor as peças quebradas durante o período da garantia”.
A segunda denúncia do JN foi a de que o contrato permitiria à Alstom uma revisão unilateral das condições estabelecidas.
Máquinas térmicas têm seu desempenho alterado pelas condições ambientais do local de instalação e pela composição do combustível. A cláusula em questão obrigava o vendedor a corrigir os valores de performance padrão para as condições ambientais reais. Ou seja, a Petrobras adquiriu a performance. Se não fosse atendida pelos equipamentos entregues, o vendedor teria a obrigação de mudar as especificações para atender ao contratado.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Os limites da indignação da imprensa

Do Observatório da Imprensa
por Luciano Martins Costa
 
A crise suscitada no interior do governo federal pelas denúncias envolvendo o deputado André Vargas (PT-PR) tem como epicentro o doleiro chamado Alberto Youssef. Trata-se de personagem esquivo dos bastidores do poder, atuante em variadas instâncias, com aparições fantasmagóricas aqui e ali, sempre em papel de coadjuvante, mas definidor da trama. Por alguma razão, as investigações sobre suas atividades nunca chegaram a um ponto conclusivo.
 
No presente episódio, Youssef aparece novamente como suspeito de ser o nó central de transações obscuras envolvendo políticos. Mas pode-se apostar que, seja qual for o desfecho do caso que envolve o deputado Vargas, o doleiro seguirá agindo nas sombras do sistema, com mais um processo nas costas e disposto a inventar novas maneiras de continuar prestando seus serviços.
 
Nem a imprensa, nem os partidos políticos parecem ter interesse em aprofundar as investigações que agora apontam para o deputado André Vargas, porque mexer com Youssef é revirar um lixo que ninguém quer ver exposto.
 
Um inquérito destinado a documentar a movimentação financeira de Alberto Youssef desde os anos 1990 poderia trazer a público evidências de que a lavagem de dinheiro é prática que extrapola os quadrantes de Brasília, alcançando não apenas o mundo político, mas também empresários, executivos, jogadores de futebol, artistas, chefes de igrejas e até mesmo organizações jornalísticas e celebridades da televisão. Antes dele, o mesmo esquema foi tocado por outros protagonistas, hoje inativos ou mortos, e a pista vai se diluir na obscuridade dos tempos.
 
O noticiário indica que a renúncia do deputado André Vargas parece ser a melhor solução para todos, inclusive a imprensa. Entre acusados e acusadores que frequentam as páginas dos jornais, há um limite claro para o escândalo: a participação do doleiro no chamado caso Banestado.
 
No entanto, o leitor ou a leitora atenta dificilmente vai ter o privilégio de ler uma reportagem que apanhe essa ponta e destrinche o novelo. Simplesmente porque, em algum momento, o acusador poderá se ver sentado no banco dos réus. Por isso, até mesmo a indignação manifestada por uns e outros na imprensa é relativa.
 
As confrarias do poder
 
Um repórter suficientemente obstinado, com tempo e recursos, poderia limpar essa trilha, destrinchando os empreendimentos tocados por Youssef em variados setores, por onde, segundo tem sido divulgado nos últimos anos, trafegaram muitos milhões de reais, transacionados no sistema de financiamento de campanhas eleitorais ou simplesmente levados para abrigos seguros em contas no exterior.
 
Youssef tem todas as características de ser um homem profundamente honesto no campo restrito das ações delinquenciais que lhe são atribuídas: sempre absorveu os golpes, sem nunca apontar o dedo para seus sócios. Por isso, caro leitor, cara leitora, leia com espírito aberto tudo que sai nos jornais por estes dias sobre o escândalo da hora.
 
O deputado André Vargas vai fazer um enorme favor ao governo federal, ao Partido dos Trabalhadores, à oposição e à própria imprensa se aceitar a oferta de renunciar ao mandato. O noticiário das edições de quarta-feira (9/4) indica que nem mesmo a acirrada disputa pelo poder central é capaz de quebrar aquilo que define a teleologia da política, ou seja, a finalidade, o propósito, da política, que é manter a própria política.
 
Há, evidentemente, o risco de a Polícia Federal insistir em levar às últimas consequências essa investigação, quebrando o pacto silencioso que une acusadores e acusados e determina o ponto até onde os atores da contenda sabem que podem conduzir um escândalo sem matar a galinha dos ovos de ouro. Mas essa hipótese só tem valor se a imprensa estiver disponível para manter o assunto nas primeiras páginas, ou se estiver disposta a dedicar a ele o horário nobre dos telejornais.
 
Portanto, estamos assistindo a um episódio emblemático na história de um país que conseguiu superar a ditadura mas não foi capaz de construir sobre ela um sistema que fosse ao mesmo tempo democrático, eficiente e provido de defesas contra a corrupção.
 
A imprensa poderia contribuir para romper esse círculo de confrarias, se não fosse parte delas.

Globo e PSDB, tudo a ver

Há um pequena probabilidade de racionamento de energia (5%) e a Globo e o resto da mídia faz um fuzuê tentando colar um selo de incompetência nas costas da Dilma.
Na grande São Paulo desde o final de 2013 havia uma grande chance de racionamento de água (>90%). Hoje é quase certeza. Mas a Globo não faz alarde. As represas do cantareira estão quase secas e ontem na TV o Alckimin anunciou rodízio no fornecimento de água em Sampa. A Globo comprou a idéia. Isso não é racionamento?

 Hoje o Jornal Nacional fez uma matéria bastante positiva para o "rodízio" de água na grande São Paulo.