domingo, 28 de novembro de 2010

O clube dos amigos da inflação

Por Luis Nassif

Defendida pelos economistas de mercado, o sistema de "metas inflacionarias" precisa ser revisto no país.

Em tese o sistema funciona assim:

Define-se uma meta inflacionária a ser alcançada em determinado período.O Banco Central passa a monitorar um conjunto de variáveis para estimar o desempenho da meta. Mas, principalmente, as expectativas dos agentes do mercado financeiro.Se as expectativas excedem a meta, aumenta os juros. Se estão abaixo da meta, diminui os juros.

O instrumento atua especificamente sobre a demanda. Aumentando os juros, espera desestimular a demanda trazendo os preços de volta ao patamar planejado.

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Os problemas são inúmeros.

O primeiro, é que o sistema emperrada de transmissão das taxas de juros no país. Cartelização no sistema bancário, distorções na tributação, spreads elevadíssimos, faz com que a demanda tenha pouca sensibilidade a movimentos pequenos na taxa Selic. Nos EUA, mudança na casa decimal já interfere nas expectativas dos agentes econômicos. Por aqui, os movimentos precisam ser violentos, para surtirem efeito.

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O segundo ponto é que os agentes econômicos consultados – economistas e operadores de mercado – são beneficiários diretos de elevação de taxas de juros. Por isso mesmo tem uma visão viciada sobre as expectativas dos preços. Sempre tendem a supervalorizar altas pontuais e a minimizar quedas de atividade – como ficou claríssimo na crise econômica de 2008.

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O terceiro ponto é que o sistema de consultas do BC é viciado. Os economistas consultados não estão interessados em fornecer informações objetivas sobre o cenário futuro da inflação, mas em acertar o que o BC pensa. Assim, basta o BC sinalizar que irá aumentar os juros para todo o mercado passar a apostar em uma inflação maior – mesmo que, em suas análises, eles prevejam inflação menor.

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O quarto ponto é que as planilhas do BC não são operadas por economistas capazes de perceber grandes inflexões na economia. Quando ocorrem mudanças expressivas, os indicadores levam de dois a quatro meses para registrar. Em dezembro de 2008 a economia estava se desmanchando mas o BC, baseado em séries históricas que retratavam os meses passados, falava em "atividade econômica robusta".

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O quinto ponto é que os modelitos do BC jamais estabeleceram correlações corretas entre ajuste fiscal e taxas de juros. Seguidamente justifica-se a alta dos juros com o argumento de que a Fazenda não está fazendo sua parte no ajuste fiscal. A imprensa reproduz acriticamente tais afirmações, com a convicção dos crentes, como se tais afirmações fossem dogmas divinos, sem necessidade de comprovação científica.

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Com isso, o combate à inflação passa a ter ganhadores óbvios: os rentistas detentores de títulos públicos. Esses ganhos fazem com que mantenham sempre em alta as expectativas inflacionárias.

O BC poderia combater eventuais excessos de demanda com ferramentas tradicionais – redução de prazo de financiamento, aumento de depósito compulsório, aumento de tributação sobre operações de crédito. Com isso acabaria com o clube dos amigos da inflação.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-clube-dos-amigos-da-inflacao

sábado, 20 de novembro de 2010

Em vez de dois, nenhum professor por sala

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
RAPHAEL MARCHIORI
DO "AGORA"

Governo não consegue contratar profissionais para cobrir licenças temporárias

A prova do Saresp (que avalia o aprendizado anual de alunos da rede paulista) teve um gostinho amargo para Lia, 13, nesta semana.

Apesar de boa aluna, ela não soube responder a parte das questões de português.

E não foi por falta de estudo. "Foi por falta de professor", diz Cléo, 33, mãe dela.

A professora de português de Lia na Joaquim Leme do Prado, zona norte da capital, está de licença há três meses e nenhum outro docente a substituiu. Os alunos ficam na sala ou no pátio "sem fazer nada", diz a menina. Mesmo sem aulas, ou avaliação, ela teve nota 8 no bimestre.

Lia é uma das vítimas de um problema que aconteceu em muitas escolas estaduais de SP ao longo do ano.

A Folha escutou relato semelhante em outras 11 escolas, de todas as regiões da cidade e da Grande SP. Em algumas, os estudantes chegaram a ficar até seis meses sem uma determinada disciplina.

Em Araraquara, interior do Estado, alunos do 3º ano fizeram um boicote ao Saresp, pois afirmam que não tiveram aulas regulares de química, história e física desde o começo do ano.

A falta de professores é consequência de uma lei estadual, de 2009, que determina que funcionários contratados sem concurso podem trabalhar por no máximo um ano. Depois, eles devem ficar afastados por 200 dias para evitar vínculo empregatício.

Por isso, poucos professores não estáveis (cerca de 10% da categoria) aceitam cobrir licenças temporárias. Preferem esperar por vagas com mais tempo de trabalho ou até desistem da profissão.

A situação deve piorar no próximo ano, pois os professores que deram aula neste ano terão que se afastar até o início do segundo semestre.

A Secretaria Estadual da Educação reconhece o problema e diz que tentará modificar a legislação neste ano.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Principal desafio: redução da Selic

Autor(es): Amir Khair

O Estado de S. Paulo - 17/11/2010

Há um compromisso explícito do novo governo de reduzir até o final de 2014 a dívida líquida do setor público (DLSP) dos atuais 40% do Produto Interno Bruto (PIB) para 30%. Para isso existem várias opções de política fiscal e monetária. Vamos admitir para cada ano, de 2011 a 2014, o PIB crescendo 4,5% e a inflação em 4,5%, e considerar dois caminhos para atingir esse objetivo: um, pelo resultado primário (receita menos despesas exclusive juros), e outro, pela taxa básica de juros, a Selic.

Primeiro caminho: ajuste pelo resultado primário. Foi o que vigorou nos governos FHC e Lula. O Banco Central fica livre para determinar a Selic conforme seus objetivos. O mercado financeiro prevê que a Selic seja de 11,75% em 2011. Vamos admitir que permaneça nesse patamar até o final de 2014. Nessas condições, para atingir o objetivo da DLSP de 30% ao final de 2014, o resultado primário necessário nos próximos quatro anos deveria ser de 3,1% do PIB.

Segundo caminho: ajuste pela Selic. Seria uma nova política em que se procuraria aproximar a cada ano a Selic do nível internacional dos países emergentes, de 6%. Neste ano a Selic média será de 10%. Ela cairia um ponto a cada ano: 9%, em 2011; 8%, em 2012; 7%, em 2013; e 6%, em 2014. Nessas condições, para atingir o objetivo da DLSP de 30% ao final de 2014, o resultado primário necessário nos próximos quatro anos deveria ser de 1,7% do PIB.

Esse segundo caminho permite, em relação ao primeiro, uma economia anual de 1,4% do PIB (3,1 menos 1,7). Em ambos os casos, em 2014 acabaria o déficit fiscal.

Atualmente, as despesas com juros atingem 5,4% do PIB. Em 2014 seriam de 3,7% do PIB, pelo caminho de não reduzir a Selic, ou de 1,9% do PIB, reduzindo-a em quatro anos para o nível internacional dos países emergentes. A vantagem fiscal é clara quando a política econômica passa a trabalhar com juros civilizados.

Mas pode-se argumentar que os juros só vão cair quando as despesas de custeio caírem. Será? Não creio. O que importa sob o aspecto macroeconômico é reduzir despesas. E juro é uma despesa que nos últimos 12 meses atingiu R$ 184 bilhões! Caso o País tivesse adotado uma política de taxas de juros civilizadas, essa despesa não existiria. O que diferencia o País em relação ao resto do mundo não são as despesas de custeio, mas as taxas de juros.

As despesas de custeio se destinam fundamentalmente para a área social e as despesas com juros só servem para reduzir os investimentos.

É aí que deverá o futuro governo centrar fogo. Pode, se quiser, seguir uma regra de não elevar as despesas de custeio acima do crescimento do PIB, usando o que sobrar para aumentar investimento. Mas o aumento de investimento é despesa do mesmo jeito e cria novas despesas de custeio para poder funcionar esse novo investimento. Exemplo: gasta-se em um ano com custeio o valor do investimento para construir e equipar um hospital.

Num país com má distribuição de renda, que levou a um elevado déficit social, e com gastos desnecessários com juros, que limitaram os investimentos em infraestrutura, parece natural que o próximo governo saberá tirar vantagem dessa lacuna fiscal herdada da péssima qualidade da política monetária que submeteu o País às maiores taxas de juros do mundo por mais de 15 anos. Além disso, apreciou o real mais do que as outras moedas e com isso está contribuindo para criar o rombo nas contas externas e desindustrializar o País.

Para sair dessa posição incômoda, é necessário que a futura presidente traga para sua responsabilidade a articulação das políticas monetária e fiscal. Baixando a Selic, caem rapidamente a despesa pública e o custo de carregamento das reservas e a apreciação do real deixa de ser tão agravada como foi até agora pela atração dos capitais externos especulativos. Está na hora de fechar as portas do cassino financeiro e concentrar recursos para o desenvolvimento econômico e social.

sábado, 30 de outubro de 2010

JN é Serra!

O Jornal Nacional craprichou hoje: mostrou uma Dilma cansada, com pé machuca e cara manchada, sem maquiagem. Já o Serra bem disposto, animado. Ativo até altas horas e ovacionado pelo povo.


E tem gente que acredita que a mídia é imparcial...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Caixa das universidades federais soma R$ 20 bi

Valor, 29/10/2010

As 57 universidades federais brasileiras terminam 2010 com um caixa de R$ 19,7 bilhões - já descontado o pagamento de aposentadorias e pensões. O valor é o mais elevado em duas décadas e representa um salto de quase 120% na comparação com o orçamento verificado em 2005, de acordo com números compilados pelo professor Nelson Cardoso Amaral, da Universidade Federal de Goiás (UFG), e pelo Ministério da Educação (MEC).

Os últimos cinco anos ficaram marcados pela execução das duas fases do programa federal de interiorização das instituições de ensino superior e de expansão da oferta de vagas e cursos, da contratação de professores e funcionários e dos investimentos para ampliação da infraestrutura da rede, com novos prédios de salas de aula, laboratórios e equipamentos. O aumento do orçamento das universidades sucede um longo período de estabilidade orçamentária, que durou 11 anos, entre 1995 e 2005.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Brasil vive desindustrialização

LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA

Mesmo com economistas negando, fatia da indústria no PIB nacional é bem menor do que há 25 anos

NO FINAL DOS anos 1940, a indústria representava 20% do PIB brasileiro, em 1985 chegou a 36%, em 2008 havia baixado para 16%! Não obstante, ainda existem economistas que negam que o país venha sofrendo desindustrialização.

Argumentam que a desindustrialização não seria apenas brasileira, mas de todos os países. Com o desenvolvimento econômico, a participação dos serviços sofisticados aumenta, e, em consequência, a participação da indústria de transformação cai.

Em 1970, a participação da indústria no PIB mundial era de 25%, em 2007 havia caído para 17%. Mas isto acontece aos países ricos que, a partir de certo ponto, passam a deslocar sua mão de obra da indústria para setores de serviços com valor adicionado per capita maior. Não é o caso do Brasil. Nossa desindustrialização é para produzir mais commodities.

O Brasil está se desindustrializando desde 1992. Foi em dezembro do ano anterior, no quadro de acordo com o FMI, que o Brasil fez a abertura financeira e, assim, perdeu a possibilidade de neutralizar a tendência estrutural à sobreapreciação cíclica da taxa de câmbio.

Em consequência, a moeda nacional se apreciou, as oportunidades de investimentos lucrativos voltados para a exportação diminuíram, a poupança caiu, o mercado interno foi inundado por bens importados, e, assim, muitas empresas nacionais eficientes deixaram de crescer ou mesmo quebraram.

Estava desencadeada a desindustrialização prematura da economia brasileira.

Se a desindustrialização é evidente, por que economistas brasileiros insistem em procurar argumentos para negá-la?

Porque são ortodoxos, porque pensam de acordo com o Consenso de Washington, e, por isso, apoiam a política macroeconômica instaurada desde 1992.

Não obstante critiquem o deficit público (como também eu critico), propõem juros altos (para combater a inflação e atrair capitais), deficit altos em conta-corrente (para "crescer com poupança externa"), deficit público compatível com o deficit em conta-corrente, e câmbio apreciado.

Em outras palavras, em nome da ortodoxia, defendem irresponsabilidade cambial, e, não obstante a retórica, a irresponsabilidade fiscal (considerada a hipótese dos deficits gêmeos). E condenam o país a taxas de poupança e investimento baixas.

Quando a ortodoxia percebe que a taxa resultante do mercado é sobreapreciada, defende-se afirmando que administrar a taxa de câmbio é "impossível".

Não é o que mostra a história. Para administrá-la é necessário (1) impor imposto na exportação de bens que dão origem à doença holandesa; (2) usar os recursos fiscais decorrentes para zerar o deficit público; (3) baixar a taxa de juros real para o nível internacional; e (4) estabelecer barreiras às entradas de capitais não desejados.

Neste quadro, a renda dos exportadores de bens primários será mantida porque o imposto poderá e deverá ser compensado centavo por centavo pela desvalorização.

O Brasil já praticou essa política no passado. Outros países a estão aplicando no presente.

Se a adotarmos, o Brasil poderá voltar a ter taxas de crescimento pelo menos duas vezes maiores do que aquelas que prevaleceram desde 1992.

domingo, 29 de agosto de 2010

Extrato parlamentar - Descubra o deputado que combina com você!

Extrato parlamentar - Descubra o deputado da última legislatura que tem ideias parecidas com as suas. O programa olha o voto do parlamentar nos temas mais importantes votados na câmara entre 2007 e 2010.

Este sistema tem por objetivo calcular a afinidade política de suas ideias com os deputados do Congresso Nacional.
O cálculo de afinidade é baseado em modelos matemáticos, sendo isento de qualquer vínculo político ou partidário.
Utilize estas informações como um recurso adicional na escolha dos seus candidatos nas próximas eleições.

http://www.votoaberto.com.br/extratoparlamentar/index.php

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Não entendo os eleitores de SP

Vocês viram as últimas pesquisas? Indicam que a Dilma vai ganhar no 1° turno. Os demotucanos estão desesperados. Vão partir para baixaria e perder mais votos.

O Índio bom de briga da Veja disse que a Dilma, se ganhar, vai implantar uma ditadura sindicalista no Brasil. Não dá para acreditar que alguém com mais de um neurônio vai acreditar nisso.

Agora não dá para entender os paulistas. Na última pesquisa feita entre 9 e 12 de agosto pelo DataFalha, Geraldo Chuchu aparece com 54%. Vai ser conservador assim lá... A grande maioria da população depende de escolas públicas e do sistema público de saúde. Será que não sabem que nos últimos 16 anos o PSDB conseguiu piorar tudo aqui em SP.

Entre os jovens (16 a 24 anos) o Alquimista tem 65% de intenção de votos. Eita mulecada desinformada.

Esses tucanos venderam quase todo estado e conseguiram aumentar o endividamento e dizem que sanearam as contas do estado. Se fosse uma empresas já estariam na rua. Aqui o eleitor é enganado seguidamente.

Para o Senado, Marta está na frente (menos mau) com 32%, seguida pelo Quércia (25%). Depois vem por Romeu Tuma (PTB) com 23%, Netinho (PC do B) com 17% e Ciro (PTC) com 15%. Com esses dois, um conhecido corrupto e o outro torturador, Netinho já está me parecendo uma boa opção. Esse ano são duas vagas para o senado. As pesquisas para o senado não costumam ser muito precisas, além disso, deve ter muito eleitor achando que o Ciro do PTC é o Ciro Gomes.


Eu de coração prefiro do Plínio do PSOL, mas voto na Dilma (13), no Mercadante (13) para o Governo de SP, na Marta (133) e no Dirceu Travasso (161) para o senado, Ivan Valente (5050) para deputado federal e para deputado estadual por enquanto vou votar na legenda PSOL-50.

domingo, 8 de agosto de 2010

Produção industrial em queda, mas os juros em alta

Na última reunião, o COPOM decidiu elevar os juros brasileiros para 10,75. O setor financeiro achou pouco. Os números do setor produtivo mostram que o Banco Central errou se o objetivo da elevação dos juros era controlar inflação.

Pelo terceiro mês consecutivo a produção física industrial recuou. Descontado os efeitos sazonais, de maio a junho a queda foi de 1,0%. Essa queda foi generalizada, atingindo vinte dos vinte e sete ramos pesquisados,


Essa retração tem como causa a importação de bens concorrente devido ao câmbio muito valorizado. Os analistas não ligados ao mercado financeiro já comentavam que o crescimento mais elevado do primeiro trimestre tinha como explicações a retomada após o ano de 2009 de crescimento muito baixo e a antecipação de compras devido ao fim de isenções do IPI. Além disso, no início da recuperação após um ano fraco, os empresários estavam recompondo os estoques.

É impossível que o Banco Central não tenha enxergado nada disso. O aumento dos juros somente serviu para ajudar na valorização do Real e para o aumento do custo da dívida pública.

Acredito que o objetivo principal do BC não é o controle da inflação. A sua ação tem sido no sentido de transferir recursos públicos para os rentistas.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Para o Serra os pedágios são baratos

O jornalista Herótodo Barbeiro foi demitido da cultura após perguntar ao ilustre candidado sobre os pedágios paulistas.

Para Serra os pedágios são baratos e no seu governo baixaram ainda mais. Ao dividir uma praça de pedágio em duas, cada uma cobrando UM POUCO MAIS que a metade da tarifa inicial ele alega que baixou o preço.

Ele diz que o pedágio da Airton Sena/Carvalho Pinto baixou (liga a Capital a Taubaté). Baixou porque é opcional para o usuário pegar a rodovia Dutra, do Governo Federal que tinha uma pedágio de quase a metade do preço da estrada paulista.

Desde o início da privatização das rodovias estaduais, em 1998, foram criados 112 pontos de cobrança nas estradas, o equivalente a cerca de uma nova praça a cada 40 dias.

Hoje, o Estado de São Paulo concentra mais da metade dos pedágios do Brasil. São, ao todo, 160 pontos de cobrança em vias estaduais e federais, ante 113 no resto do país, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR).

Em 2010 foram 21 novas praças e são as concessionárias que escolhem o local!

Na última rodada de privatizações o Serra disse que a grana arrecadada era para manter as estradas vicinais. A Folha de SP, que é aliada do Serra, mostrou em reportagem que as vicinais (enfim as rodovias não pedagiadas) estão em situação lamentável. Falta de gestão. Teve um programa de manutenção e o estado não fiscalizou as empreiteiras (porque não quis), foi só maquiagem que não durou dois meses. Eu costumo rodar em Minas, lá não tem pedágio estadual e as rodovias estão em situação muito melhor do que as não pedagiadas de SP.

O mais escroto nisso é a localização das praças cercando as grandes cidades. O usuário não paga por quilômetro rodado, mas sim por entrar na estrada. Aqui em Paulínia, tem um pedágio no retorno após a REPLAN (era R$7,30), muitos usuários não andam 5 km no trecho. É ridículo. Só para arrecada. Já arrecadaram em pedágios em SP desde o início do anos mais de R$3 bilhões.

E os paulistas continuam votando nos tucanos. Será que estão enfeitiçados?


Serra e os pedágios
http://www.youtube.com/watch?v=ZK4s6KaUdzc&feature=player_embedded
Pedagiómetro
http://pedagiometro.com.br/

O Diploma do Serra

Sempre eu vejo os apoiadores do Lula dizerem que o Serra não tem diploma superior.

Diploma ele tem sim. Não é pelo diploma que não voto no Serra. É pelo estrago que ele fez na prefeitura de SP e no governo do Estado de SP. Só fez pedágios (caros!) e vendeu o que sobrou. Privatizou até por dentro (terceirizando serviços públicos).

Ele tem curso de engenharia incompleto na Poli-USP. Era lider estudantil no regime militar e fugiu do país para não ser preso. No exílio ele fez graduação e pós em economia. Conviveu com os economistas hetodoxos na Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Com a anistia, os professores da economia da Unicamp fizeram um grande esforço para trazer o Serra. Aos 36 anos, José Serra assumiu aulas na graduação e na pós-graduação, ensinando Economia Política, Política e Programação, Análise Macroeconômica, Economia Brasileira e Teoria Econômica. Não dá para dizer que o cara não tem estudo.

Seu artigo "Além da Estagnação", escrito em colaboração com Maria da Conceição Tavares e publicado em 1970, se tornaria um clássico do pensamento desenvolvimentista latino-americano. Leitura obrigatória nos cursos de economia que prestam. Neste artigo o Serra fala até de enquadrar os banqueiros, que no Brasil não financiam o investimento. Mas no governo o Serra não fez nada do que pregada até meados dos anos 80. Não tem compromisso com o país, muito menos com a população menos favorecida.

Mas se apenas o estudo garantisse um bom governo, o FHC teria sido o melhor presidente do Brasil, no entanto, quase acabou com o país.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Meirelles está levando o Brasil para uma crise cambial

Contas externas perto do limite

Do Estadão.com

Déficit nas contas externas é de US$ 24 bi

Rombo no primeiro semestre já é praticamente igual ao do ano todo de 2009; Banco Central espera compensá-lo com entrada de investimentos

Fernando Nakagawa, Fabio Graner BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

A crescente remessa de lucros feita por multinacionais e a compra de produtos e serviços internacionais aceleraram a saída de dólares do Brasil em junho por meio da conta corrente do País, que registra todas as operações de comércio exterior, serviços e rendas do Brasil com o exterior.

O saldo negativo do primeiro semestre, de US$ 23,76 bilhões, é comparável ao déficit de todo o ano de 2009, que somou US$ 24,302 bilhões, e equivale a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB). No mês passado, pelos dados divulgados ontem pelo Banco Central, o saldo da entrada e saída de recursos nessa conta ficou negativo em US$ 5,18 bilhões, o pior junho da série iniciada em 1947.

Tentando não mostrar preocupação com a deterioração, o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, sustenta que o rombo será financiado com dólares que entram no País para investimento produtivo e no mercado financeiro. No semestre, de fato, a conta fechou. Em junho, porém, a soma do Investimento Estrangeiro Direto (IED) - voltado à produção - e das aplicações financeiras (ações e renda fixa) cobriu apenas 71% do déficit. Por isso, Altamir fez uma inflexão no discurso e admitiu o uso de uma terceira fonte para fechar a conta: o aumento da dívida externa.

A incerteza econômica nos países desenvolvidos foi decisiva na nova piora das contas externas. No mês passado, empresas estrangeiras instaladas no Brasil remeteram US$ 4,15 bilhões às sedes como lucros e dividendos, o maior valor para junho da história. O resultado do mês equivale a um terço das transferências do semestre, que somaram US$ 14,96 bilhões e foram concentrados em três setores: automotivo, químico e eletricidade e gás.

"As filiais mandam dólares para cobrir prejuízos das sedes ou até para se precaver de uma situação que ainda pode piorar", disse a professora de economia da Unicamp Daniela Prates.

Em outra frente, os dólares têm saído em ritmo cada vez mais rápido para pagar serviços relacionados ao nível de atividade econômica acelerado. A despesa total com a contratação de aluguel de equipamentos, informática e transportes cresceu 42% em junho ante igual mês de 2009 e saltou 71% no semestre. Em seis meses, o Brasil usou US$ 13,86 bilhões para pagar essas contas. Em tendência semelhante, a importação de mercadorias cresceu 45,1% no semestre.

Para o professor de economia da PUC-SP Antônio Corrêa de Lacerda, o câmbio valorizado é importante para explicar a piora da conta corrente, mais até do que o nível de atividade elevado. "Hoje, há um processo de substituição da produção nacional por importados."

A fragilidade das contas externas em junho foi acentuada porque a principal fonte de ingresso de dólares, o IED, secou. No mês passado entraram por essa conta US$ 708 milhões, metade do que entrou em junho de 2009.

domingo, 18 de julho de 2010

O menino tolo

Luiz Carlos Bresser-Pereira

FOLHA S. PAULO

Só um bobo dá a estrangeiros serviços públicos como as telefonias fixa e móvel

João é dono de um jogo de armar. Dois meninos mais velhos e mais espertos, Gonçalo e Manuel, persuadem João a trocar o seu belo jogo por um pirulito.

Feita a troca, e comido o pirulito, João fica olhando Gonçalo e Manoel, primeiro, se divertirem com o jogo de armar, e, depois, montarem uma briga para ver quem fica o único dono. Alguma semelhança entre essa estoriazinha e a realidade?

Não é preciso muita imaginação para descobrir. João é o Brasil que abriu a telefonia fixa e a celular para estrangeiros. Gonçalo é a Espanha e sua Telefônica, Manuel é Portugal e a Portugal Telecom; os dois se engalfinham diante da oferta "irrecusável" da Telefônica para assumir o controle da Vivo, hoje partilhado por ela com os portugueses.

Mas por que eu estou chamando o Brasil de menino bobo? Porque só um tolo entrega a empresas estrangeiras serviços públicos, como são a telefonia fixa e a móvel, que garantem a seus proprietários uma renda permanente e segura.

No caso da telefonia fixa, a privatização é inaceitável porque se trata de monopólio natural. No caso da telefonia móvel, há alguma competição, de forma que a privatização é bem-vinda, mas nunca para estrangeiros.

Estou, portanto, pensando em termos do "condenável" nacionalismo econômico cuja melhor justificação está no interesse que foi demonstrado pelos governos da Espanha e de Portugal.

O governo espanhol, nos anos 90, aproveitou a hegemonia neoliberal da época para subsidiar de várias maneiras suas empresas a comprarem os serviços públicos que estavam então sendo privatizados. Foram bem-sucedidos nessa tarefa.

Neste caso, foram os espanhóis os nacionalistas, enquanto os latino-americanos, inclusive os brasileiros, foram os colonialistas, ou os tolos.

Agora, quando a espanhola Telefônica faz uma oferta pelas ações da Vivo de propriedade da Portugal Telecom, o governo português entra no jogo e proíbe a transação.

A União Europeia já considerou ilegal essa atitude, mas o que importa aqui é que, neste caso, os nacionalistas são os portugueses que sabem como um serviço público é uma pepineira, e não querem que seu país a perca.

O menino tolo é o Brasil, que vê o nacionalismo econômico dos portugueses e dos espanhóis e, neste caso, nada tem a fazer senão honrar os contratos que assinou.

Vamos um dia ficar espertos novamente? Creio que sim. Nestes últimos anos, o governo brasileiro começou a reaprender, e está tratando de dar apoio a suas empresas.

Para horror dos liberais locais, está ajudando a criar campeões nacionais. Ou seja, está fazendo exatamente a mesma coisa que fazem os países ricos, que, apesar de seu propalado liberalismo, também não têm dúvida em defender suas empresas nacionais.

Se o setor econômico da empresa é altamente competitivo, não há razão para uma política dessa natureza. Quando, porém, o mercado é controlado por poucas empresas, ou, no caso dos serviços públicos, quando é monopolista ou quase monopolista, não faz sentido para um país pagar ao outro uma renda permanente ao fazer concessões públicas a empresas estrangeiras.

A briga entre espanhóis e portugueses pela Vivo é uma confirmação do que estou afirmando.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Economia desacelerou no 2º trimestre, será que o BC vai baixar os juros?

Economia dá sinais de desaceleração no 2º trimestre Cálculo do PIB mensal do Itaú Unibanco e indicador Serasa Experian apontam crescimento de apenas 0,1% em abril, em relação a março.
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100629/not_imp573479,0.php

O crescimento do primeiro trimestre era atípico, refletia recomposição de estoques e vendas antes do fim da isenção de IPI. Além disso, após um ano com crescimento negativo, é de se esperar uma recuperação. O Departamento Econômico do BC não sabia? É claro que sim! Mas aliados à velha mídia, jogou lenha na fogueira para espalhar o terrorismo para justificar o aumento da taxa Selic.

É a mesma marmelada de sempre! Selic não é para controlar inflação, é para transferir renda para o setor rentista.

E nós pagamos a conta. As pessoas são levadas a acreditar que o dinheiro público some nos bolsos dos políticos. Mas saiba que do orçamento Federal, a banca consome quase a metade (basta entrar no Portal da Transparência e ver a execução orçamentária).

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O círculo vicioso do Copom

Por Luís Nassif

Coluna Econômica - 18/03/2010

Faz parte dos clássicos da economia política a maneira como o mercado financeiro cria ideologias e como elas amarram países por anos, mesmo quando a lógica original foi desmentida pelos fatos.

É o caso da taxa de juros no combate à inflação e a decisão do COPOM (Comitê de Política Monetária) de manter os juros para combater uma suposta inflação futura, em cima de sinais vagos supervalorizados pelo mercado.

***

Desde a implantação do sistema de metas inflacionárias, o jogo tem sido feito assim:

1. A lógica do modelo consiste em antever sinais de aquecimento da economia, que poderiam levar a aumento de preços. Aí o Banco Central aumenta as taxas básicas de juros, já um efeito encadeado sobre outras taxas, reduzindo as compras dos consumidores e os estoques das empresas. Reduzida a pressão de demanda, caem as expectativas inflacionárias.

2. Quando existe caminho aberto para os fluxos de capital externo, esse aumento de juros atrai investimentos especulativos. Ganha-se meramente tomando empréstimos em moedas fortes (e juros baixos) e aplicando-se no real. Aumentando o fluxo externo, o real se valoriza, ampliando ainda mais os ganhos de quem trouxe recursos de fora.

3. A apreciação do real ajuda a conter a inflação, por tornar mais baratos os produtos importados e os exportados. Ou seja, a queda de preços não se dá via redução da demanda mas via apreciação cambial.

4. Só que, quando o câmbio se aprecia, enfraquece a competitividade de todas as empresas brasileiras que concorrem com produtos externos. Caem as exportações, aumentam as importações e vai-se criando gradativamente um rombo nas contas externas. Sem contar o efeito mais pernicioso, que é de empresas nacionais reduzirem a produção para se tornarem meras revendedoras de produtos estrangeiros.

5. Esse movimento não é sustentável. Chega uma hora que o rombo nas contas externas torna-se tão acentuado que os especuladores passam a retirar seus recursos daqui, acelerando a desvalorização cambial.

6. Quando ocorre a desvalorização – como em 1999, 2002 e 2003, 2008 – todo o esforço anterior é desperdiçado. Há um aumento no custo de vida, dos produtos importados e exportados. A alta obriga o BC a aumentar ainda mais os juros. Depois, no ano seguinte, mesmo com os preços livres sob controle, a inflação sofrerá o impacto do reajuste de contratos indexados pelo IGP – índice muito sensível a variações cambiais.

7. Com a desvalorização, as contas externas voltam gradativamente a se equilibrar. Os especuladores vendo se afastar o perigo de novas desvalorização, e olhando o aumento de juros, voltam para o país. Inicia-se, assim, novo ciclo de apreciação cambial que, mais à frente, vai resultar em nova desvalorização cambial.

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Uma das missões essenciais de um BC é evitar a volatilidade do câmbio. Moeda estável é essencial para planejamento dos negócios e para se conseguir preços estáveis.

A existência de reservas apenas tornará mais longo esses ciclos de apreciação – e mais danosos os efeitos da apreciação sobre a economia.

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2010/03/18/o-circulo-vicioso-do-copom/