terça-feira, 26 de agosto de 2008

O jornalismo de encomenda não poupa esforços quando o alvo é o governo federal.

Encomenda, a segunda natureza do jornalismo?

A manchete do jornal O Globo, de 24 de agosto, "denunciando" que "cada medalha custou R$ 53 milhões à União", é um primor em matéria de distorção e ocultamento da verdade. A reportagem mostra que o jornalismo de encomenda não poupa esforços quando o alvo é o governo federal.

Gilson Caroni Filho - Carta Maior

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segunda-feira, 25 de agosto de 2008

FIM DO 13º FOI APROVADO NA CÂMARA

Eu recebi um e-mail de um colega alarmado com medo do fim do 13o salário.

Como sempre meu costumeiro aviso: cuidado com estas listas que rolam na internet, elas geralmente são maliciosas. Misturam algumas verdades com mentiras para denegrir a imagem de algumas pessoas públicas. Procure ir às fontes.

Outro dia recebi um e-mail de um colega indignado com o ex-deputado Luiz Eduardo GREENHALGH que tinha se apropriado de R$900 milhões das ações de indenizações de vítimas da ditadura. Sem pé nem cabeça, por a verba prevista para estas idenizações para os próximos 10 anos não chega a R$100 mi e são milhares de ações. Impossível o cara ser advogado de todas as vítimas e cobrar 900% de honorários.

Voltando o assunto inicial:

Dentro do seu programa de "flexibilização" das relações trabalhistas, Fernando Henrique Cardoso, enviou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei 5.483/2001 que altera o Artigo 618 da CLT. O Projeto de Lei foi enviado ao Congresso pelo governo FHC, mas ele não trata explicitamente dos temas, mas deixa caminho aberto para retirada de direitos dos trabalhadores.

O projeto foi aprovado em 04/12/2001 na Câmara Federal por 264 votos a favor e 213 contra. Você pode consultar a votação no site da Câmara ( http://www.camara.gov.br/internet/votacao/mostraVotacao.asp?ideVotacao=1572&numLegislatura=51&codCasa=1&numSessaoLegislativa=3&indTipoSessaoLegislativa=O&numSessao=254&indTipoSessao=O&tipo=uf ). O projeto segue para o Senado Federal. Em 8/5/2003 o projeto é arquivado a pedido do Presidente Lula.
Consulte a tramitação do projeto aqui:
http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=33868

A Farsa Sindical foi favorável ao projeto (como também foi favorável a venda a preço de banana do patrimônio público). A Cut se posicionou contra.

O Engraçado que na lista de votação que consta no email tem nome de pessoas que nem eram deputado na época da votação como o José Vicente de Paula (Vicentinho) e mesmo se fosse, eu tenho certeza que nunca votaria contra o trabalhador.

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Segue o e-mail recebido:


SERÁ VERDADE?

---------- Forwarded message ----------
From: ....
Date: 2008/8/23
Subject: FIM DO 13º FOI APROVADO NA CÂMARA
To:



Se é verdade ainda não sei... mas é bom pesquisar!!

Um grande beijo!!

Grazi

> SÓ NO BRASIL MESMO!!!!
>
>
>
> AÍ ESTÃO AS TRAMAS!!!
>

>
>
> REPASSO E ASSINO EM BAIXO!
> Fim do 13º já foi aprovado a câmara Enquanto nós nos
> distráimos com CPIs e com os vários assuntos da mídia
> (CASO ISABELA, PADRE VOADOR, TERREMOTO, GOL DE GOLEIRO ..
> ETC.. ETC. .. ETC...):
>
>
>
>
>
>
> _o Congresso continua votando outros assuntos de nosso
> interesse e nós nem percebemos...
> Vejam essa: Fim do 13º já foi aprovado na Câmara (PT,
> PSTU) Para conhecimento:O fim do 13º salário já foi
> aprovado na Câmara para alteração do art. 618 da CLT.Já
> foi aprovado na Câmara e encaminhado para o Senado.
> Provavelmente será votado após as eleições, é claro! A
> maioria dos deputados federais que estão neste momento
> tentando aprovar no Senado o fim do 13º
> salário, e também de alteraçõas a respeito de Licença
> Maternidade e Férias (pagas em 10 vezes) são do
> PT, PPB, PFL e PSDB. As próprias mordomias e as vergonhosas
> ajudas de custo de todo tipo que recebem, eles
> não cortam.Conheçam os safados que votaram a favor deste
> Projeto em todo o Brasil e, por favor, repassem
> para o maior número de pessoas possíveis, afinal eles são
> candidatos fortes nas próximas eleições: 01-
> INOCÊNCIO OLIVEIRA-PFL
> 02- JOÃO PAULO - PT
>
> 03- JOSÉ VICENTE DE PAULA (VICENTINHO) -PT
>
>
>
> 04- OSVALDO COELHO - PFL
>
>
> 05- ARMANDO MONTEIRO-PMDB
>
>
> 06- SALATIEL CARVALHO-PMDB
>
>
> 07- PEDRO CORRÊA - PPB
>
>
> 08- JOSE GENOINO - PT
>
> 09 -SEVERINO CAVALCANTE -PPB
>
> 10- CLEMENTINO COELHO - PPS
>
> 11- ANTONIO PALOCCI - PT
>
> 13- JOSÉ MÚCIO MONTEIRO-PSDBDIVULGUEM!!!Agora, enquanto
> isso, eles nos distraem com referendos ridículos!!!!!E nas
> votações, o que realmente importa, não nos cabe
> participar??? Cadê os caras pintadas??? O povo que derruba
> presidente??????Gente, é hora de acordar antes que seja
> tarde demais!!!!!!!!!!
>
> NINGUÉM É TÃO FORTE QUANTO TODOS NÓS
> JUNTOS!!!!!!!!Divulguem!!! E não fique só reclamando do
> nosso país!!!!
>

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Evo se fortalece no projeto de construção de uma no Bolívia

Evo Morales foi respaldado no referendo de 9 de agosto por uma impressionante maioria de 68%, bem mais que os 54% da sua eleição de 2005.

O povo já sente as melhorias.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Biomassa reforça sistema elétrico em 2009

Usineiros negociam 548 MW médios em energia gerada a partir da cana-de-açúcar, o maior volume já comercializado

Leilão de estréia apura valor médio por megawatt/hora de R$ 58,84, deságio de 3,54% em relação ao preço inicial, fixado em R$ 61

AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

As usinas de açúcar e álcool da região centro-sul fecharam ontem a venda de 548 MW médios de energia a serem oferecidos no mercado brasileiro em 2009 e 2010.
Esse é o maior volume de energia de bagaço de cana já negociado no país. Cada usina vendeu energia por 15 anos.
O primeiro leilão de reservas para as térmicas que usam biomassa como combustível (principalmente bagaço de cana) teve a participação de 44 usinas, mas apenas 31 unidades ofertaram a produção de energia. Segundo a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), o valor médio por megawatt/hora foi de R$ 58,84, um deságio de 3,54% em relação ao preço inicial de R$ 61.
Esse é o valor da energia que será pago pelo consumidor na conta de luz, como encargo. O usineiro receberá, além desse valor, um adicional que será obtido a partir da venda da energia no mercado à vista. A novidade desse modelo é que será a câmara a vendedora da energia produzida, e não o usineiro, que recebe por ofertar a energia ao sistema elétrico. Dessa forma, a estimativa da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e da CCEE é a de que o valor final recebido pelos usineiros pode variar de R$ 148,69 (considerado o preço mais baixo negociado no leilão) a R$ 156,76 (valor mais alto que um usineiro receberá no primeiro leilão).
Para o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann -que acompanhou o resultado do leilão na sede da CCEE, em São Paulo-, a modalidade desenhada para atrair as usinas de açúcar e álcool para o setor elétrico cumpre o objetivo de obter a modicidade tarifária e beneficia o consumidor.
"O preço médio do ponto de vista do consumidor no leilão de reserva foi de R$ 58,84. Só para ter uma comparação, a energia vendida pelo consórcio da usina de Jirau foi de R$ 71,40", disse Zimmermann.
O governo também considerou positivo o fato de o leilão ter agregado ao sistema elétrico da região centro-sul uma capacidade instalada de 2.379 MW, embora a energia assegurada (o que foi vendido e será injetado no sistema) tenha ficado apenas em 548 MW médios.
A estimativa do governo é que metade da energia firme que poderia ser vendida no leilão ficou de fora. Maurício Tolmasquim, presidente da EPE, disse que a relação não foi baixa. Já que agora a outra metade poderá ser negociada pelos usineiros no mercado livre, as empresas que podem fazer contratos diretos com os geradores, afirma Tolmasquim.
Embora o consumidor tenha que pagar um encargo na conta de luz, o resultado final pode ser positivo, isso porque o uso da bioeletricidade das usinas de açúcar e álcool deverá substituir a geração das térmicas a óleo combustível ou gás natural, ambas mais caras.
Neste ano a estratégia do governo de preservar os níveis dos reservatórios do Sudeste fez ampliar a geração térmica com gás e óleo. A perspectiva é que esse custo deva entrar na conta de luz em 2009. Além disso, a geração nas usinas de açúcar ocorre entre maio e novembro, exatamente no período de estiagem, quando o nível dos reservatórios baixam.
Para Mateus Andrade, diretor da comercializadora de energia Delta, o resultado do leilão ampliará a segurança do sistema elétrico nacional, além de deflagrar um novo movimento de investimentos no setor sucroalcooleiro.
Sobre o preço, Andrade avalia que o deságio foi modesto, o que demonstrou que o preço definido pelo governo não foi alto. "O preço do leilão viabiliza alguns projetos, mas a elevação desse valor pode atrair ainda mais usinas para a venda de energia nos leilões futuros", afirmou. O governo não tem previsão de novos leilões de reserva para biomassa.

Leilões
A Brenco, comandada pelo ex-presidente da Petrobras Henri Philippe Reichstul, foi o grupo que mais vendeu energia no primeiro leilão. Dos 548 MW médios negociados, 108 MW médios foram ofertados pela companhia.
A empresa também foi a responsável pela oferta de energia com maior deságio: R$ 52,69 por MWh, 13,62% abaixo do preço inicial. A Brenco vendeu energia de quatro usinas.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1508200847.htm

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Conceitos

Por Antônio Delfim Netto
Valor Econômico 12/08/2008


Uma grande economista iconoclasta - Joan Violet Robinson (1903-1983) - deu muita dor de cabeça aos colegas. Enfrentou altos debates com sua intuição e raciocínio claro, armado apenas da lógica aristotélica, com outros dotados de poderosos arsenais matemáticos (e venceu!). Ela disse uma vez que o "objetivo de estudar economia não é o de adquirir um conjunto de respostas prontas para os problemas econômicos, mas o de aprender como não se deixar iludir pelos economistas".


Essa proposição nunca foi mais oportuna do que agora, quando se discutem as razões e as conseqüências da nossa política monetária. Os seus defensores não demonstram a menor dúvida sobre os conhecimentos que supõem ter de como funciona o sistema econômico e sobre os efeitos dos instrumentos que controlam para influir no seu funcionamento. Tentam blindar-se contra todas as dúvidas atribuindo aos céticos idéias que eles nunca tiveram. Inventam, permanentemente, novos conceitos, esquecendo-se do que disse Wittgenstein: "Os conceitos levam-nos à investigação, mas são expressão dos nossos interesses e as dirigem para eles".


Por exemplo, é ridícula a sugestão explícita ou implícita de que os críticos acreditam que "um pouco mais de inflação produz um pouco mais de crescimento". Nunca um economista sério defendeu tal idéia. A história econômica do Brasil mostra o contrário: os períodos de rápido crescimento foram de inflação moderada e relativamente estável ou de inflação declinante.


A maioria dos que têm pedido maior moderação no aumento dos juros defende a política econômica canônica que o Brasil (junto com mais de cem países) utiliza: 1) equilíbrio fiscal com a relação dívida pública/PIB sob controle; 2) sistema cambial flexível; e 3) política de meta de inflação (explícita ou implícita) executada por um banco central autônomo. A crítica, portanto, nada tem a ver com a natureza da política econômica, mas com a deficiência da nossa política monetária que há uma dezena de anos, mesmo depois de bem-sucedida estabilização monetária, ainda insiste na necessidade de manter a maior taxa de juro real do mundo.


Ela dirige-se à precipitação com que se iniciou uma agressiva política de aumento de juros em resposta a uma inflação planetária que, por sua própria natureza, deve exigir um mecanismo de cooperação internacional entre os bancos centrais. Não se trata, portanto, de duvidar da potência da política monetária (no Brasil, diminuída pela qualidade do financiamento da dívida pública). Pelo contrário, o que se teme são seus efeitos devastadores sobre o equilíbrio fiscal e sobre a "supervalorização" do real, que arma sérios problemas para o futuro.

Quais são os argumentos para tal política tão "tempestivamente" agressiva? Basicamente dois: 1) que ela previne a disseminação de um "pessimismo inflacionário" (mais um conceito "ad hoc"); e 2) que ela previne a única causa de um processo inflacionário verdadeiro (quando o Banco Central o financia), que é a competição entre salários e preços, da qual ninguém sai vencedor. Pois bem, há argumentos tão bons quanto esses para afirmar sem base empírica (o mesmo que ocorre com os do Copom) que a ação "dramático-tempestiva" pode reforçar tais efeitos em lugar de eliminá-los: o Copom, por seu comportamento e comunicação, ameaça a sociedade com a iminência de uma "hiperinflação" e sua resposta provoca uma rápida disseminação do "pessimismo inflacionário" e uma dura resposta dos acordos salariais promovidos pelos sindicatos!


Como é evidente, tudo resulta da pretensão do Comitê de Política Monetária (Copom) de pensar que "sabe" manipular as "expectativas inflacionárias", mas que pode tê-las desestabilizado. A capacidade dos bancos centrais de controlar as expectativas está longe da realidade, como mostrou humildemente Ben Bernanke, o chairman do Fed, em sua conferência de 9 de junho último. O seu sabor pode ser apreciado por uma única frase: "Seria muito útil para os executores da política monetária conhecer melhor como a expectativa inflacionária é influenciada por sua ação, pela sua comunicação e por outros fatos econômicos, como o choque dos preços do petróleo".


A singela tabela abaixo mostra a precipitação criticada, comparando o Brasil com outros países.


O aumento da taxa de inflação brasileira não se distingue dos demais. Nosso aumento dos juros só foi inferior ao do virtuoso Chile (agora em estagflação), onde a taxa de inflação triplicou (de 3,2% para 9%) e a taxa de juros real permanece negativa! O nosso "pecado original" está revelado na maior taxa de juro real da tabela (6,5%) acrescido do aumento mais agressivo (150 pontos-base).


Uma coisa é certa: se a inflação voltar à meta de 4,5% no início de 2009 não será devido à "tempestiva precipitação", mas a fatos externos, a não ser que seja o aumento de juros no Brasil que está derrubando o preço dos "commodities" em Chicago...

Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento. Escreve às terças-feiras