segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Brasil vive desindustrialização

LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA

Mesmo com economistas negando, fatia da indústria no PIB nacional é bem menor do que há 25 anos

NO FINAL DOS anos 1940, a indústria representava 20% do PIB brasileiro, em 1985 chegou a 36%, em 2008 havia baixado para 16%! Não obstante, ainda existem economistas que negam que o país venha sofrendo desindustrialização.

Argumentam que a desindustrialização não seria apenas brasileira, mas de todos os países. Com o desenvolvimento econômico, a participação dos serviços sofisticados aumenta, e, em consequência, a participação da indústria de transformação cai.

Em 1970, a participação da indústria no PIB mundial era de 25%, em 2007 havia caído para 17%. Mas isto acontece aos países ricos que, a partir de certo ponto, passam a deslocar sua mão de obra da indústria para setores de serviços com valor adicionado per capita maior. Não é o caso do Brasil. Nossa desindustrialização é para produzir mais commodities.

O Brasil está se desindustrializando desde 1992. Foi em dezembro do ano anterior, no quadro de acordo com o FMI, que o Brasil fez a abertura financeira e, assim, perdeu a possibilidade de neutralizar a tendência estrutural à sobreapreciação cíclica da taxa de câmbio.

Em consequência, a moeda nacional se apreciou, as oportunidades de investimentos lucrativos voltados para a exportação diminuíram, a poupança caiu, o mercado interno foi inundado por bens importados, e, assim, muitas empresas nacionais eficientes deixaram de crescer ou mesmo quebraram.

Estava desencadeada a desindustrialização prematura da economia brasileira.

Se a desindustrialização é evidente, por que economistas brasileiros insistem em procurar argumentos para negá-la?

Porque são ortodoxos, porque pensam de acordo com o Consenso de Washington, e, por isso, apoiam a política macroeconômica instaurada desde 1992.

Não obstante critiquem o deficit público (como também eu critico), propõem juros altos (para combater a inflação e atrair capitais), deficit altos em conta-corrente (para "crescer com poupança externa"), deficit público compatível com o deficit em conta-corrente, e câmbio apreciado.

Em outras palavras, em nome da ortodoxia, defendem irresponsabilidade cambial, e, não obstante a retórica, a irresponsabilidade fiscal (considerada a hipótese dos deficits gêmeos). E condenam o país a taxas de poupança e investimento baixas.

Quando a ortodoxia percebe que a taxa resultante do mercado é sobreapreciada, defende-se afirmando que administrar a taxa de câmbio é "impossível".

Não é o que mostra a história. Para administrá-la é necessário (1) impor imposto na exportação de bens que dão origem à doença holandesa; (2) usar os recursos fiscais decorrentes para zerar o deficit público; (3) baixar a taxa de juros real para o nível internacional; e (4) estabelecer barreiras às entradas de capitais não desejados.

Neste quadro, a renda dos exportadores de bens primários será mantida porque o imposto poderá e deverá ser compensado centavo por centavo pela desvalorização.

O Brasil já praticou essa política no passado. Outros países a estão aplicando no presente.

Se a adotarmos, o Brasil poderá voltar a ter taxas de crescimento pelo menos duas vezes maiores do que aquelas que prevaleceram desde 1992.

domingo, 29 de agosto de 2010

Extrato parlamentar - Descubra o deputado que combina com você!

Extrato parlamentar - Descubra o deputado da última legislatura que tem ideias parecidas com as suas. O programa olha o voto do parlamentar nos temas mais importantes votados na câmara entre 2007 e 2010.

Este sistema tem por objetivo calcular a afinidade política de suas ideias com os deputados do Congresso Nacional.
O cálculo de afinidade é baseado em modelos matemáticos, sendo isento de qualquer vínculo político ou partidário.
Utilize estas informações como um recurso adicional na escolha dos seus candidatos nas próximas eleições.

http://www.votoaberto.com.br/extratoparlamentar/index.php

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Não entendo os eleitores de SP

Vocês viram as últimas pesquisas? Indicam que a Dilma vai ganhar no 1° turno. Os demotucanos estão desesperados. Vão partir para baixaria e perder mais votos.

O Índio bom de briga da Veja disse que a Dilma, se ganhar, vai implantar uma ditadura sindicalista no Brasil. Não dá para acreditar que alguém com mais de um neurônio vai acreditar nisso.

Agora não dá para entender os paulistas. Na última pesquisa feita entre 9 e 12 de agosto pelo DataFalha, Geraldo Chuchu aparece com 54%. Vai ser conservador assim lá... A grande maioria da população depende de escolas públicas e do sistema público de saúde. Será que não sabem que nos últimos 16 anos o PSDB conseguiu piorar tudo aqui em SP.

Entre os jovens (16 a 24 anos) o Alquimista tem 65% de intenção de votos. Eita mulecada desinformada.

Esses tucanos venderam quase todo estado e conseguiram aumentar o endividamento e dizem que sanearam as contas do estado. Se fosse uma empresas já estariam na rua. Aqui o eleitor é enganado seguidamente.

Para o Senado, Marta está na frente (menos mau) com 32%, seguida pelo Quércia (25%). Depois vem por Romeu Tuma (PTB) com 23%, Netinho (PC do B) com 17% e Ciro (PTC) com 15%. Com esses dois, um conhecido corrupto e o outro torturador, Netinho já está me parecendo uma boa opção. Esse ano são duas vagas para o senado. As pesquisas para o senado não costumam ser muito precisas, além disso, deve ter muito eleitor achando que o Ciro do PTC é o Ciro Gomes.


Eu de coração prefiro do Plínio do PSOL, mas voto na Dilma (13), no Mercadante (13) para o Governo de SP, na Marta (133) e no Dirceu Travasso (161) para o senado, Ivan Valente (5050) para deputado federal e para deputado estadual por enquanto vou votar na legenda PSOL-50.

domingo, 8 de agosto de 2010

Produção industrial em queda, mas os juros em alta

Na última reunião, o COPOM decidiu elevar os juros brasileiros para 10,75. O setor financeiro achou pouco. Os números do setor produtivo mostram que o Banco Central errou se o objetivo da elevação dos juros era controlar inflação.

Pelo terceiro mês consecutivo a produção física industrial recuou. Descontado os efeitos sazonais, de maio a junho a queda foi de 1,0%. Essa queda foi generalizada, atingindo vinte dos vinte e sete ramos pesquisados,


Essa retração tem como causa a importação de bens concorrente devido ao câmbio muito valorizado. Os analistas não ligados ao mercado financeiro já comentavam que o crescimento mais elevado do primeiro trimestre tinha como explicações a retomada após o ano de 2009 de crescimento muito baixo e a antecipação de compras devido ao fim de isenções do IPI. Além disso, no início da recuperação após um ano fraco, os empresários estavam recompondo os estoques.

É impossível que o Banco Central não tenha enxergado nada disso. O aumento dos juros somente serviu para ajudar na valorização do Real e para o aumento do custo da dívida pública.

Acredito que o objetivo principal do BC não é o controle da inflação. A sua ação tem sido no sentido de transferir recursos públicos para os rentistas.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Para o Serra os pedágios são baratos

O jornalista Herótodo Barbeiro foi demitido da cultura após perguntar ao ilustre candidado sobre os pedágios paulistas.

Para Serra os pedágios são baratos e no seu governo baixaram ainda mais. Ao dividir uma praça de pedágio em duas, cada uma cobrando UM POUCO MAIS que a metade da tarifa inicial ele alega que baixou o preço.

Ele diz que o pedágio da Airton Sena/Carvalho Pinto baixou (liga a Capital a Taubaté). Baixou porque é opcional para o usuário pegar a rodovia Dutra, do Governo Federal que tinha uma pedágio de quase a metade do preço da estrada paulista.

Desde o início da privatização das rodovias estaduais, em 1998, foram criados 112 pontos de cobrança nas estradas, o equivalente a cerca de uma nova praça a cada 40 dias.

Hoje, o Estado de São Paulo concentra mais da metade dos pedágios do Brasil. São, ao todo, 160 pontos de cobrança em vias estaduais e federais, ante 113 no resto do país, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR).

Em 2010 foram 21 novas praças e são as concessionárias que escolhem o local!

Na última rodada de privatizações o Serra disse que a grana arrecadada era para manter as estradas vicinais. A Folha de SP, que é aliada do Serra, mostrou em reportagem que as vicinais (enfim as rodovias não pedagiadas) estão em situação lamentável. Falta de gestão. Teve um programa de manutenção e o estado não fiscalizou as empreiteiras (porque não quis), foi só maquiagem que não durou dois meses. Eu costumo rodar em Minas, lá não tem pedágio estadual e as rodovias estão em situação muito melhor do que as não pedagiadas de SP.

O mais escroto nisso é a localização das praças cercando as grandes cidades. O usuário não paga por quilômetro rodado, mas sim por entrar na estrada. Aqui em Paulínia, tem um pedágio no retorno após a REPLAN (era R$7,30), muitos usuários não andam 5 km no trecho. É ridículo. Só para arrecada. Já arrecadaram em pedágios em SP desde o início do anos mais de R$3 bilhões.

E os paulistas continuam votando nos tucanos. Será que estão enfeitiçados?


Serra e os pedágios
http://www.youtube.com/watch?v=ZK4s6KaUdzc&feature=player_embedded
Pedagiómetro
http://pedagiometro.com.br/

O Diploma do Serra

Sempre eu vejo os apoiadores do Lula dizerem que o Serra não tem diploma superior.

Diploma ele tem sim. Não é pelo diploma que não voto no Serra. É pelo estrago que ele fez na prefeitura de SP e no governo do Estado de SP. Só fez pedágios (caros!) e vendeu o que sobrou. Privatizou até por dentro (terceirizando serviços públicos).

Ele tem curso de engenharia incompleto na Poli-USP. Era lider estudantil no regime militar e fugiu do país para não ser preso. No exílio ele fez graduação e pós em economia. Conviveu com os economistas hetodoxos na Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Com a anistia, os professores da economia da Unicamp fizeram um grande esforço para trazer o Serra. Aos 36 anos, José Serra assumiu aulas na graduação e na pós-graduação, ensinando Economia Política, Política e Programação, Análise Macroeconômica, Economia Brasileira e Teoria Econômica. Não dá para dizer que o cara não tem estudo.

Seu artigo "Além da Estagnação", escrito em colaboração com Maria da Conceição Tavares e publicado em 1970, se tornaria um clássico do pensamento desenvolvimentista latino-americano. Leitura obrigatória nos cursos de economia que prestam. Neste artigo o Serra fala até de enquadrar os banqueiros, que no Brasil não financiam o investimento. Mas no governo o Serra não fez nada do que pregada até meados dos anos 80. Não tem compromisso com o país, muito menos com a população menos favorecida.

Mas se apenas o estudo garantisse um bom governo, o FHC teria sido o melhor presidente do Brasil, no entanto, quase acabou com o país.