sexta-feira, 24 de março de 2017

Maioria das cervejas mais consumidas é feita com milho transgênico

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Enviado por Antonio Ateu

Da Rede Brasil Atual

Maioria das cervejas mais consumidas no país é feita com milho transgênico

Indústria se aproveita da legislação falha, que não exige rotulagem especial, nem especificação dos "cereais não maltados", omitindo do consumidor o símbolo relacionado a medo, doenças e incertezas
por Cida de Oliveira
A lei determina que alimentos ou bebidas com mais de 1% de ingredientes transgênicos devem ser rotulados; o T indicativo da presenças de plantas geneticamente modificadas não aparece em nenhuma cerveja
São Paulo – Bebida alcoólica mais consumida pelos brasileiros, a cerveja pode conter em sua formulação muito mais do que água, cevada e lúpulo. As letras miúdas no rótulo das garrafas ou impressas na própria lata, em cores metálicas, que dificultam a leitura, dão algumas pistas: "cereais não maltados" ou "malteados". O consumidor comum fica sem saber que ingredientes exatamente são afinal. Especialistas em nutrição, entretanto, não têm dúvidas. Em geral é o milho, o mais barato dos grãos, o escolhido pelos fabricantes para compor, com os demais ingredientes, uma bebida que pode ser vendida mais em conta para que não tenham de abrir mão da elevada margem de lucro.
"Como a legislação não exige a especificação de cada ingrediente que constitui a cerveja, as empresas utilizam o termo genérico 'cereais não maltados'. Ao não colocar a denominação específica, deixam dúvidas quanto à composição. Portanto, é possível partir do princípio de que o milho está sendo utilizado sem que haja indicação da sua presença", diz a nutricionista Rayza Dal Molin Cortese, pós-graduanda em Nutrição pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Um estudo do Laboratório de Ecologia Isotópica do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da Universidade de São Paulo, divulgado em 2013, respalda a suposição de Rayza. Ao analisar 77 marcas, das quais 49 produzidas no Brasil e 28 importadas de países da Europa, América do Sul e do Norte e da China, os pesquisadores do Cena/USP concluíram que apenas 21 delas podem exibir o selo "puro malte" por utilizar somente grãos de cevada.

Puro malte?

Entre as nacionais, foi detectado milho na composição de 16 marcas, em quantidades equivalentes a 50% do mix de cereais adicionados à cevada. Essa proporção, aliás, contraria a legislação brasileira, que limita a quantidade de milho, arroz, trigo, centeio, aveia e sorgo a 45% do total da cevada utilizada. E justificaria a troca de nome dessas bebidas prevista em lei: cerveja de milho, cerveja de arroz etc., acrescentando-se o nome do cereal com maior presença na formulação.
Mas seria essa opção adotada por um mercado gigante como o cervejeiro brasileiro, que movimenta todo ano algo em torno de R$ 74 bilhões, cerca de 1,6% do PIB, conforme pesquisa divulgada em março de 2016 pela Fundação Getúlio Vargas?
Dar nome aos cereais – especialmente se for milho – pode não ser considerado "bom negócio" para o milionário grupo de produtores da bebida alcoólica mais vendida no Brasil – cerca de 14 bilhões de litros por ano. Mas faz toda a diferença para os brasileiros que consomem, per capita, todo ano, o correspondente a 62 litros de cerveja.
Primeiro porque mais de 80% do milho cultivado no Brasil, segundo especialistas ouvidos pela reportagem, está em lavouras transgênicas, semeadas com grãos modificados geneticamente. Com o argumento de aumentar a produtividade, a indústria das sementes alterou o DNA de plantas como o milho para supostamente aumentar a produtividade.
Na realidade, essa biotecnologia as transformou para duas coisas: resistir a quantidades cada vez maiores de agrotóxicos utilizados para matar plantas e indesejáveis à monocultura, que poderiam vir a comprometer essa propalada produtividade; ou para que passem a ter dentro delas proteínas inseticidas, capazes de exalar venenos contra um ataque de insetos.

Incertezas

O problema é que, como essas plantas úteis para o equilíbrio ambiental e indesejáveis para a produção de larga escala vão adquirindo resistência contra alguns princípios ativos de agrotóxicos pulverizados, passam a ser aplicados outros venenos, mais potentes e em quantidades maiores.
As consequências à saúde humana, animal e ambiental devido a tamanha alteração genética em grãos que serão usados direta ou indiretamente na produção de alimentos ainda não foram dimensionadas o suficiente pela ciência. Dos poucos estudos, os resultados são preocupantes, para não dizer alarmantes.
O biólogo, pesquisador aposentado da Embrapa e ex-membro da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) José Maria Gusman Ferraz, destaca uma pesquisa divulgada em 2012 por pesquisadores franceses que abalou a opinião pública e o mercado de transgênicos em todo o mundo. Chefiados por Gilles-Eric Séralini, da Universidade de Caen Normadie, na França, os cientistas constataram danos ao fígado e rins e distúrbios hormonais em ratos alimentados com o milho transgênico NK603, da Monsanto. Além desses efeitos graves, foi detectado o desenvolvimento de inúmeros tipos de tumores.
O impacto da grande repercussão fez a pesquisa ser questionada e retirada da revista que a publicou originalmente (Food and Chemical Toxicology). Não só: a publicação teve seu corpo editorial reformulado, com a entrada de um nome forte indicado pela Monsanto. Os mesmos resultados, porém, foram publicados em detalhes depois na Environmental Sciences Europe, mostrando todos os danos causados.
Na época, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e outras entidades ambientalistas, de saúde e em defesa da agricultura orgânica, entre outras, pediram a suspensão da liberação comercial dessa variedade do milho.
"Mesmo com este estudo indicando claramente o risco, a CTNBio aprovou sua liberação comercial no país, em um claro desrespeito ao princípio da precaução, que preconiza que se existir possibilidade de risco, a empresa proponente tem de provar que o risco não existe", afirma Gusman. "Um grupo minoritário dentro da comissão solicitou que, se existiam dúvidas, o estudo deveria ser refeito antes da sua liberação para comercialização. Mas como sempre, foi voto vencido pela maioria – ligada ao agronegócio –, que desprezou esta e outras evidências de que havia sim risco à saúde na liberação comercial."
Além de professor convidado da Unicamp, onde conduz pesquisas em agroecologia, Gusman se dedica à campanha contra o mosquito transgênico, desenvolvido em laboratório para combater o Aedes aegypti, já solto no interior de São Paulo – outro caso envolto em irregularidades no processo de liberação, com problemas e dúvidas nas pesquisas, o que torna as populações lcoais cobaias de interesses de transnacionais.  
Outro estudo, segundo ele, também acende o alerta contra os transgênicos. Conduzido na Faculdade de Medicina de Tanta, no Egito, constatou que outra variedade de milho da Monsanto, o MON810, alterou profundamente as estruturas que compõem o intestino das cobaias. Surgiram lesões proliferativas e hemorrágicas nas mucosas intestinais, responsáveis pela absorção de nutrientes necessários para o funcionamento do organismo. O milho correspondia a apenas 30% da dieta dos ratos. 

Mais venenos

Como lavouras transgênicas são sinônimo do uso de altas doses de agrotóxicos, os especialistas alertam para os perigos dos agroquímicos à saúde e à vida dos agricultores e de quem vive perto das áreas pulverizadas, para aqueles que trabalham nas indústrias de venenos, e para quem ingere alimentos e água carregados de resíduos desses agroquímicos.
Por isso essas substâncias são problema de saúde pública, embora as autoridades de saúde pouco ou nada façam para reduzir, ainda que gradativamente, o uso de produtos tão nocivos. Esses venenos já foram relacionados a diversas doenças, entre elas câncer de vários tipos; alterações endocrinológicas e reprodutivas, como quadros de menstruação, menopausa e andropausa precoce, além de alterações no sistema reprodutor; e até neurológicas, facilitando o desenvolvimento do Mal de Parkinson, por exemplo, conforme pesquisas recentes.
Também podem provocar alterações na gestação que levam ao nascimento de bebês com malformações; distúrbios emocionais incapacitantes, como a depressão; quadros de intoxicação agudas, que conforme o veneno pode matar por asfixia, ou mesmo crônicas, devido a exposições frequentes ou ao acúmulo de resíduos no organismo. Tudo isso num quadro em que algumas dessas doenças podem conviver sem que suas causas sejam associadas aos venenos agroquímicos. O Ministério da Saúde estima que para cada caso notificado, com nexo-causal, há 50 outros totalmente ignorados.

Consumidor desinformado

Para especialistas e ativistas contra os transgênicos e seus perigos, todos os alimentos – bebidas inclusive – com quaisquer vestígios de transgênicos, deveriam receber o selo com a letra T em preto dentro de um triângulo amarelo, símbolo internacional da presença de organismos geneticamente modificados.
Mas a legislação, que no Brasil é criada por setores alinhados com o agronegócio que controlam o Congresso Nacional e setores do governo federal, não vai nessa direção. A nutricionista Rayza Cortese, que pesquisa organismos geneticamente modificados e a rotulagem de alimentos comercializados no Brasil, afirma que a legislação para o tema, estabelecida pelo decreto 4.680/2003, estabelece que "todos os alimentos (e as bebidas alcoólicas são consideradas alimentos) e ingredientes alimentares que contenham ou sejam produzidos a partir de OGMs, com presença acima de 1% do produto, devem ser rotulados". No entanto, o símbolo não aparece em nenhuma embalagem de cervejas que contenham milho.
E isso apesar de o Idec ter obtido, no Supremo Tribunal Federal (STF), a garantia de rotulagem com o triângulo amarelo em alimentos com ingredientes geneticamente modificados, independentemente da quantidade. Em maio do ano passado, o STF voltou a garantir a indicação no rótulo de alimentos que utilizam ingredientes geneticamente modificados, independentemente da quantidade presente.
A exigência estava suspensa desde 2012, por uma decisão provisória do ministro Ricardo Lewandovski, que atendeu ao pedido da União e da Associação Brasileira de Indústria de Alimentos (Abia).
"A decisão é importante porque enfraquece o projeto de lei que tramita no Congresso para derrubar a obrigatoriedade da informação no rótulo. Sem essa rotulagem, o consumidor tem negado seu direito à informação para decidir na hora da compra, conforme prevê o Código de Defesa do Consumidor", diz a pesquisadora em alimentos do Idec, Ana Paula Bortoletto.

Palavra da indústria

A Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), que representa a Ambev, a Brasil Kirin, o Grupo Petrópolis e a Heineken – os quatro maiores fabricantes – afirma, em nota à reportagem da RBA, reproduzida em sua íntegra a seguir que "a indústria brasileira da cerveja é reconhecida pela alta qualidade de seus produtos e receitas que conquistaram o gosto do consumidor brasileiro – o que faz o país ser um dos maiores mercados de cerveja do mundo. O respeito ao consumidor é um dos principais valores do setor cervejeiro. É por isso, que aprimoramos sempre os processos, usamos os melhores ingredientes, adotamos as técnicas mais avançadas e inovamos sempre.
"As receitas, obviamente, variam de acordo com a marca e o tipo da cerveja. Os detalhes dessas formulações não são abertos ao consumidor, já que são informações confidenciais e que precisam ser protegidas para preservar o ambiente concorrencial do setor. Cada ingrediente é usado para trazer características ao produto. A utilização de cereais não-malteados na fabricação de cervejas não é uma exclusividade do Brasil. Isso acontece em diversos países. Um dos principais objetivos é conferir características como leveza e refrescância. 
"Vale lembrar que as legislações brasileira e do Mercosul permitem que sejam usados cereais não-malteados na produção de cervejas, como milho, aveia, sorgo, arroz etc. Contudo, esse uso não é indiscriminado. A legislação estabelece a participação máxima de 45% destes insumos no chamado extrato primitivo (a parte sólida da cerveja). O setor cervejeiro no Brasil cumpre rigorosamente essa norma. Os padrões de qualidade e segurança da cerveja brasileira são regulados e fiscalizados pelo Ministério da Agricultura, Anvisa, entre outros órgãos.
"As discussões em torno dos organismos geneticamente modificados fazem parte deste grande esforço. Por isso, as cervejarias acompanham de perto a questão e seguem todas as normais legais sobre o uso e rotulagem desses insumos. As cervejarias associadas à Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil)- da qual participam Ambev, Brasil Kirin, Grupo Petrópolis e Heineken - realizaram testes de detecção de DNA transgênico que comprovam a ausência de organismos geneticamente modificados em seus produtos. Além disso, nossos produtos atendem às recomendações nacionais e internacionais mais rígidas de segurança, do início ao fim dos processos produtivos, não representando, portanto, qualquer risco à saúde do consumidor."

quinta-feira, 23 de março de 2017

Lava Jato chega em Paulo Preto e Serra, se Janot deixar


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A Lava Jato enfim chegou a Paulo Preto, o principal operador do tucanato paulista com as empreiteiras.do Estadão (https://goo.gl/2IaqmR),preso desde agosto do ano passado, Adir Assad decidiu abrir o jogo e admitiu ter entregue R$ 100 milhões a Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ex-diretor da Desenvolvimento Rodoviário S/A (DERSA) no governo Serra, e visto como principal arrecadador do tucano.
Ele deixou as sombras na campanha de Serra, em 2012, quando vazou a informação de que supostamente teria se apropriado de recursos de campanha. Confrontado com o tema, Serra bateu em retirada e voltou imediatamente quando Paulo Preto proferiu a frase célebre: “não se deixa um amigo ferido no campo de batalha”.
Segundo informa o jornal, Assad admitiu ter se valido de empresas de fachada para lavar recursos de empreiteiras em obras viárias como a Nova Marginal do Tietê, o Rodoanel e o Complexo Jacu-Pêssego.
Segundo ele, os pagamentos eram em espécie para o caixa 2 das construtoras. Elas subcontratavam suas empresas, que recebiam os pagamentos, emitiam notas frias, e devolviam o dinheiro em espécie para as empreiteiras. No período 2007 a 2012 esse esquema movimentou R$ 1,3 bilhão.
Aparentemente, a delação de Assad vem com imensa riqueza de detalhes. Ele promete detalhar o funcionamento do sistema financeiro paralelo, o banco das propinas, das construtoras. Inclusive indicando o imóvel onde o dinheiro, em espécie, era armazenado.
O que chama a atenção:
1)  Desde junho de 2015 a Procuradoria Geral da República tem um amplo relatório sobre as atividades de Assad. Não se sabe de nenhum inquérito que tenha batido no padrinho de Paulo Preto, José Serra. Aliás, nenhum tesoureiro tucano, embora sem prerrogativa de foro, foi incomodado até hoje.
2)  Ao contrário de outras delações, Assad não apontou o nome de nenhum político beneficiário das propinas, alegando não ter provas contra eles. É evidente que não! O dinheiro é sempre entregue a intermediários, no caso Paulo Preto. Mas, em outras oportunidades, o Ministério Público Federal acatou as indicações de nomes de políticos, a partir das conversas dos delatores com os intermediários. Aparentemente, a não citação de Serra ou Alckmin foi mais um ato de benevolência do Procurador Geral da República Rodrigo Janot.
3)  Segundo informa a reportagem, há resistência do Ministério Público Federal em aceitar a delação de Assad, alegando que já detém as informações que ele promete apresentar. No ano passado, Janot inviabilizou o depoimento de Léo Pinheiro, da OAS, que prometia detalhar o esquema de propinas do governo de São Paulo.
4) Desde março de 2015 Janot tinha um relatório oficial descrevendo a atuação de Adir Assad junto às empreiteiras que atuavam em Sâo Paulo. Dois anos e nenhum inquérito foi aberto contra governantes paulistas.

sábado, 18 de março de 2017

Xadrez da Lista de Janot

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Não se iluda com a abrangência da lista de Janot. Espere para analisar melhor o teor das denúncias,para saber se, afinal, o pau que dá em Chico dá também em Chico.
O mais provável é que, como o Ministério Público Federal (MPF) tornou-se irreversivelmente uma corporação política e partidária, provavelmente a inclusão de alguns caciques aliados na lista visa apenas cumprir o formalismo, da mesma maneira que o STF (Supremo Tribunal Federal) quando endossou os procedimentos do impeachment.
Em alguns momentos, há a necessidade de respingos de formalidade para legitimar os esbirros adotados em todo o processo.

Peça 1 – a distinção entre caixa 2 e propina

Hoje já se divulgou que, nas denúncias, o PGR (Procurador Geral da República) Rodrigo Janot distingue o financiamento de campanha, mesmo através do caixa 2,  da propina.
É uma distinção discutível, mas se aceita. O parlamentar apoiado por um financiador privado, mesmo que não entregue nada em contrapartida, sempre verá com bons olhos projetos de interesse do padrinho. Mas esse é um problema do modelo de financiamento privado de campanha, do qual o Ministro Gilmar Mendes se tornou o grande patrocinador.
Mesmo assim, essa distinção dá um enorme poder arbitrário aos procuradores: basta pressionar os delatores a identificar qualquer ação de governo que tenha beneficiado diretamente ou indiretamente o financiador, e estabelecer arbitrariamente uma correlação com a contribuição de campanha. Na outra ponta, dos aliados, cuidar de não estabelecer nenhuma correlação, para que o caso fique na zona cinzenta do caixa 2, sem propina.

Peça 2 – os financiamentos ao PT

É evidente que as empreiteiras foram substancialmente beneficiadas no período Lula-Dilma. Tornaram-se peças chaves em um modelo de desenvolvimento e em uma estratégia diplomática, em um momento em que o país assumiu um protagonismo inédito nas relações internacionais.
Havia toda uma estratégia em torno dessa parceria, comum a qualquer país que começa a se projetar globalmente – como financiamento às exportações, trabalho diplomático.
Todos os partidos do mundo democrático se apoiam em financiadores de campanha que se consideram beneficiados pela linhas política e econômica do partido. É só analisar o papel das empreiteiras americanas no Oriente Médio, ou das petrolíferas na África, ou o imbricamento entre a Boeing e o governo norte-americano, a Dassault e o governo francês, a SAAB e o governo sueco.
Em todos os inquéritos abertos, até agora,, procuradores trataram de pressionar delatores e a torturar os fatos para impor correlações a marteladas, amarrando doações a uma operação específica – de maneira a tentar estabelecer o vínculo da propina.
No caso de Lula, tenta-se amarrar doações ao Instituto Lula com decisões de políticas públicas de muitos anos antes, projetos de lei, financiamentos às exportações e até esse ridículo atroz de supor que, em troca de um patrocínio de R$ 2,5 milhões, Lula teria influenciado uma licitação de R$ 15 bilhões, dos caças da Aeronáutica, em processo que envolveu Ministérios econômicos de Dilma, Forças Armadas e a própria presidente.
O MPF chegou a vazar para a imprensa, em tom de escândalo, e tratando como indício de crime, e-mail da Odebrecht, capturado por órgãos norte-americanos, no qual um executivo pede a Alexandrino que converse com Lula para, no seu encontro com o presidente do México, defendesse teses de interesse da Odebrecht. O único escândalo seria se a Odebrecht fosse estrangeira, como a Total.
Não significa que não houve esbórnia no período. É evidente que o PT se lambuzou, sim. No início do governo Lula, até o episódio Valdomiro Diniz, o próprio Delúbio fazia questão de participar ostensivamente da inaugurações de estaleiros e de frequentar o Palácio com a desfaçatez dos amadores.
Mas, com três anos de Lava Jato, mesmo sem dispor de prerrogativa de foro, não se investigou sequer um operador do PSDB – tesoureiro, marqueteiro, intermediário.

Peça 3 – os financiamentos ao PSDB

Além das operações da Petrobras, os indícios mais fortes de pagamento de propinas – isto é, de um percentual das obras destinada ao governante – ocorreram com os governos José Serra e Geraldo Alckmin em São Paulo, e com Aécio Neves em Minas Gerais.
No caso deles, as poucas informações vazadas até agora mostram que não havia defasagem de tempo nem tentativa de legalizar a propina pelo Caixa 1: era propina na veia. No caso de Alckmin, cobrança de 5% sobre cada obra do estado; com Serra, a mesma coisa, todas intermediadas por Paulo Preto – e, no caso de Serra, o pagamento sendo efetuado na Suíça, nas contas de Ronaldo César Coelho.
No caso de Aécio, a mesma regra valeu na construção da Cidade Administrativa de Minas, com um agravante: informações de que a licitação foi fraudada para beneficiar as empreiteiras vencedoras.
Têm-se, então, dois casos paradoxais.
No caso de Lula e Dilma, a permissividade com os aliados, na qual o proprio PT se lambuzou, em nome do presidencialismo de coalizão, No caso de Aécio, Alckmin e Serra, não: os indícios são de que operaram diretamente, através de um propinoduto manejado pelo governo do Estado.
Mais ainda, não há nenhum indício de que a mesada paga a Aécio por Dimas Toledo, de Furnas, tenha sido para financiamento eleitoral. Qual a prova? Há algum comprovante no PSDB, mesmo em contabilidade paralela? Se não, aumentam assuspeitas de que tenha sido para enriquecimento pessoal. Uma investigação imparcial sobre Serra também comprovará sinais exteriores de riqueza incompatíveis com sua renda de político.

Peça 4 – a estratégia de despiste

Meses atrás, antecipamos o que poderia ser a estratégia de Janot visando poupar seus aliados, cancelou as negociações para a delação do presidente da OAS Léo Pinheiro em cima de uma nítida armação.
A revista Veja publicou uma denúncia xoxa contra Dias Tofolli, atribuiu-a à proposta de delação dePinheiro. Poderia ter partido de qualquer procurador ou delegado. Antes de qualquer investigação, Janot ordenou o cancelamento da delação acatando de pronto a versão de que o vazamento partira de Pinheiros.
Ora, sabia-se que Pinheiros daria todos os elementos para comprovar o pagamento de propinas nas obras de São Paulo, percentuais do governo Alckmin, os primeiros problemas com o governo Serra e a posterior renegociação, tocada por Paulo Preto. Era o ponto fora da curva, no pré-roteiro definido das delações.
Antes disso, o MPF já havia demonstrado total parcialidade no caso Alstom. Investimentos de bilhões, feitos em São Paulo, no qual, segundo a versão do MPF e do Ministério Público Estadual,  todas as operações foram conduzidas por técnicos do segundo e terceiro escalão, sem nenhum conhecimento ou  interferência do governador ou de prepostos dele. Logo o MPF, que defende as 10 Medidas sob o argumento de que os chefes sempre saem ilesos devidos a manobras jurídicas. O mesmo MPF que endossou a versão brasileira da “teoria do domínio do fato” para apanhar líderes petistas.
Basta seguir esse roteiro nos inquéritos. Aos inimigos, todas as correlações reais ou imaginárias; aos aliados, a presunção das doações fruto de convicções políticas dos doadores.
A consolidação dessa estratégia é relativamente simples. Basta colocar em inquéritos chaves procuradores da estrita confiança de Janot que não temam incorre em ridículo tipo envolver o rei da Suécia nas supostas propinas da Licitação FX. Não haverá a necessidade de muito esforço porque, majoritariamente, a corporação assimilou seu papel partidário e de execução do direito penal do inimigo.

Peça 5 – de onde nada se espera

Diz o ditado que, de onde nada se espera, nada vem efetivamente?
Se o PGR Janot, em algum momento desse jogo, der a menor prova de grandeza, terei o imenso prazer de admitir que estava errado em minhas avaliações.

A Carne Fraca e o reino dos imbecis

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A Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, traz uma comprovação básica: o nível de emburrecimento nacional é invencível. O senso comum definitivamente se impôs nas discussões públicas. E não se trata apenas da atoarda que vem do Twitter e das redes sociais. O assustador é que órgãos centrais da República – como o Ministério Público, a Polícia Federal, o Judiciário – tornaram-se reféns do primarismo analítico.
Como é possível que concursos disputadíssimos tenham resultado em corporações tão obtusamente desinformadas, a ponto de não ter a menor sensibilidade para o chamado interesse nacional. Não estou julgando individualmente delegados ou procuradores. Conheço alguns de alto nível. Me refiro ao comportamento dessas forças enquanto corporação.
Tome-se o caso da Operação Carne Fraca.

A denúncia chegou há dois anos na ABIN (Agência Brasileira de Inteligência). O delator informou que a Secretaria de Vigilância Sanitária no Paraná tinha sido loteada para o PMDB. Levantaram-se provas de ilícitos em alguns frigoríficos.
Por outro lado, há uma guerra fitossanitária em nível global, em torno das exportações de alimentos. Se os delegados da Carne Seca não fossem tão obtusos, avaliariam as consequências desse bate-bumbo e tratariam de atuar reservadamente, desmantelando a quadrilha, prendendo os culpados.
Mas, não. O bate-bumbo criou uma enorme vulnerabilidade para toda a carne exportada pelo país. Os anos de esforços gerais para livrar o país da aftosa, conquistar novos mercados, abrir espaço para as exportações ficaram comprometidos pelo exibicionismo irresponsável desse pessoal.
Ou seja, havia duas formas de se atingir os mesmos resultados:
1.     Uma investigação rápida, discreta e sigilosa.
2.     O bate-bumbo de criar a maior operação da história, afim de satisfazer os jogos de poder interno da PF.
As duas levariam ao mesmo resultado e a primeira impediria o país de ter prejuízos gigantescos, que pudessem afetar a vida de milhares de fornecedores, o emprego de milhares de trabalhadores, a receita fiscal dos impostos que deixarão de ser pagos pela redução das vendas – e que garantem o salário do Brasil improdutivo, de procuradores e delegados.
Qual das duas estratégias seria mais benéfica para o país? A primeira, evidentemente.
No entanto, o pensamento monofásico que acomete o país, não apenas entre palpiteiros de rede social, mas entre delegados de polícia, procuradores da República, jornalistas imbecilizados é resumido na frase-padrão de Twitter: se você está criticando a Carne Fraca, então você é a favor de vender carne podre.
Podre se tornou a inteligência nacional quando perdeu o controle de duas corporações de Estado – MPF e PF – permitindo que fossem subjugadas pelo senso comum mais comezinho. E criou uma geração pusilânime de donos de veículos de mídia, incapazes de trazer um mínimo de racionalidade a essa barafunda, permitindo o desmonte do país pela incapacidade de afrontar o senso comum de seus leitores.
Veja bem, não se está falando de capacidade analítica de entender os jogos internacionais de poder, a geopolítica, o interesse nacional, as sutilezas dos sistemas de apoio às empresas nacionais. A questão em jogo é muito mais simples: é saber discernir entre uma operação discreta e outra que afeta a imagem do Brasil no comércio mundial.
No entanto, essa imbecilidade, de que a destruição das empresas brasileiras contaminadas pela corrupção, permitirá que viceje uma economia mais saudável, é recorrente nesse reino dos imbecis. E se descobre que a estultice da massa é compartilhada até por altos funcionários públicos, regiamente remunerados, que se vangloriam de cursos e mais cursos aqui e no exterior. O sujeito diz asneiras desse naipe com ar de sábio, reflexivo. E é saudado por um zurrar unânime da mídia.
Discuti muito com uma antiga amiga, quando mostrava os impactos dessas ações nos chamados interesses nacionais e via mão externa, e ela rebatia com conhecimento de causa: não são conspiradores, são primários.
Imbecil é o país que se desarma completamente, Judiciário, mídia, organizações que se jactam de ter Escolas de Magistratura, de Ministério Público, de Polícia Federal e o escambau, permitindo mergulhar na mais completa ignorância institucional.

Ação da PF contra setor de carnes ocorre após Brasil conquistar mercado nos EUA

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A Polícia Federal admitiu que investiga o pagamento de propina por empresas brasileiras que produzem carne há cerca de dois anos, mas só deflagrou a "maior operação" de sua história no momento em que o Brasil vinha abrindo mercado no plano internacional. Em julho do ano passado, por exemplo, o País acertou com os Estados Unidos a venda de carne bovina in natura, encerrando uma negociação que se arrastava há 18 anos.
Reportagem de O Globo, publicada na tarde desta sexta (17), aponta que a operação Carne Fraca, contudo, pode derrubar as exportações brasileiras, pois as denúncias já são vistas por especialistas como uma ameaça a mais esta área da economia nacional. A Lava Jato, que hoje completa três anos, teve impactos negativos sobre a indústria de construção, ao implicar as maiores empreiteiras do País, inclusive no exterior.
Em 2016, 7,2% de tudo o que o Brasil exportou vieram especificamente do setor alvo da PF, rendendo 11,6 bilhões de dólares, se somadas as vendas de carne bovina e de frango (Brasil ocupa 1º lugar no ranking de exportadores, seguido pelos EUA) e de suínos (4º lugar).
Segundo o Globo, "as irregularidades na produção de carnes de gigantes do setor encontradas pela Polícia Federal afetam a imagem do Brasil no exterior e podem levar à criação de barreiras fitossanitárias."
A operação Carne Fraca alega que fiscais do Ministério da Agricultura receberam propina para reduzir a fiscalização sobre o comércio de carnes deterioradas. Marcas gerenciadas pela JBS e BRF, como Sadia, Perdigão e Seara, estão envolvidas.
Embora a PF alegue que as irregularidades são pontuais, "o dano à imagem do país já foi feito, o que pode levar tanto ao endurecimento das exigências para a importação de carne como suspensão temporária da compra do produto brasileiro".
"Não será surpresa se algum país suspender as importações de carne brasileira. As empresas terão de adotar uma política de esclarecimento e serem bastante agressivas comercialmente", disse José Augusto de Castro, presidente da Associação do Comércio Exterior do Brasil.

Xadrez da Previdência e a quadrilha que assumiu o poder

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Peça 1 – os cabeças de planilha de Temer

Uma característica de todo economista neófito de governo são as propostas radicais, voluntariosas, a radicalização das medidas propostas, como se não houvesse limites sociais e políticos, e como se todas as soluções da economia dependessem apenas da força de vontade e quanto mais radicais, mais virtuosas.
São ignorantes na análise do tempo político ou mesmo nos efeitos de medidas radicais sobre o ambiente econômico e social. Todos acreditam na fada das expectativas positivas – basta mostrarem firmeza que os agentes econômicos acreditarão e da fé nascerão os investimentos.
No governo Dilma, o exemplo acabado foi Joaquim Levy e seu pacote radical que permitiria a superação da crise em três meses.
No governo Temer, poupados pela mídia, o desmonte passou a ser comandado por meia dúzia de cabeças de planilha que cercam Henrique Meirelles, pessoas como a Secretária do Tesouro Nacional Ana Paula Vitali Janes Vescovi, cujo radicalismo enterrou o governo do Espírito Santo, o Secretário Executivo da Fazenda Eduardo Guardia, o presidente do Banco Central Ilan Goldjan, verdadeiro inventor da planilha no qual passaram a se espelhar os cabeções, e, principalmente, Mansueto de Almeida, uma espécie de contador alçado à condição de formulador de política econômica.
São todos seguidores de livros textos, de fórmulas genéricas, sem a menor sensibilidade para os efeitos colaterais de suas decisões, sem nenhuma noção de proporção, sobre os limites políticos, sobre as implicações macroeconômicas.
Só isso para explicar a maluquice da proposta de reforma da Previdência. Apelou-se para um radicalismo obsceno, burro, desnecessário.
Todo golpe de Estado – militar ou parlamentar – deixa a opinião pública atordoada por algum tempo. Por alguns meses, os cabeções julgaram-se os donos da cocada preta. Qualquer medida seria endossada pela mídia, corroborada pelos parlamentares e aceita pela opinião pública. Porque sempre se tinha a retórica da tragédia acompanhando: se as medidas não forem aprovadas, o Brasil jamais sairá da crise.
Esse tipo de retórica, própria para iludir incautos, não resistiu quando rapidamente a opinião pública foi se dando conta da verdadeira natureza da reforma da Previdência. Passaram os seis meses em que tudo é permitido. As ondas do choque amainaram e a opinião pública passou a entender a verdadeira extensão da reforma.
Nem se diga de seu ângulo mais perigoso, o desmonte de toda a rede de assistência social, dos BPC (Benefícios de Prestação Continuada), a hecatombe que provocaria nos idosos economicamente vulneráveis. A reação veio com a constatação do que a reforma faria com os direitos dos atuais contribuintes.
Não se considere que o despreparo desses planilheiros se restrinja a aspectos sociais e políticos. Há um risco brutal na reforma. Desestimulando a entrada de novos contribuintes (a troco de que irão contribuir para uma Previdência que provavelmente não lhes assegurará benefícios futuros) promoverão o desequilíbrio fatal do modelo, aquele em que o sistema de repartição entra em colapso.
O resultado desse exagero foi que caiu a ficha de parte relevante da classe média, incluindo aí procuradores, magistrados, policiais.
É possível que a proposta passe porque parte dos deputados está mais preocupada em pavimentar seu presente, tratando de saquear o que podem, antes que a Lava Jato caia sobre eles.

Cena 2 – o loteamento da CEITEC

O preço da base do governo tem sido o desmonte total de políticas públicas e projetos estratégicos.
Não há setor do governo, por mais sensível e estratégico que seja, que não esteja à mercê da sanha da quadrilha que se apossou do governo.
Tome-se o caso do Ceitec (Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada). Trata-se de um projeto estratégico, acalentado por décadas pelo país, uma fábrica de alta tecnologia para a produção de semicondutores.
Até agora, o governo federal investiu mais de R$ 1 bilhão na empresa. E a empresa já conseguiu alguns feitos, como o desenvolvimento de um chip para o passaporte brasileiro, certificado por uma das mais renomadas certificadoras da Europa. Há o desafio, agora, de fazer a Casa da Moeda do Brasil usar um componente, que encomendou do CIETEC sob contrato, desistindo da história de usar componentes importados para o passaporte – outra história mal contada na profusão de negócios obscuros que tomou conta do governo.
A empresa está no organograma do Ministério de Ciências e Tecnologia, loteado para o PSD de Gilberto Kassab de porteira fechada.
Kassab entregou a CIETEC ao deputado e ex-goleiro do Grêmio Danrlei de Deus Hinterholz. Sua primeira decisão foi a substituição do presidente da CIETEC, Marcelo Soares Lubaszewski, considerado uma das cinco maiores autoridades da área de semicondutores do país, para colocar em seu lugar Paulo de Tarso Luna, um obscuro técnico cearense radicado em Florianópolis.
Em seguida passou a exigir a troca de técnicos lotados em cargos comissionados por seus “parças” – como trata seus colegas de futebol. No toma-lá-dá-cá de Kassab, o senador Lazier Martins filiou-se ao PSD e passou a exigir sua fatia no bolo. Para não deixar espaço, Darnlei decidiu correr e ocupar todos os espaços possíveis, para não permitir ao novo sócio emplacar suas indicações. Entre seus feitos, consta a nomeação de uma modelo, namorada de seu chefe de gabinete, para a Diretoria de Recursos Humanos
Dias atrás, o último nomeado foi Luiz Fernando Záchia, ex-deputado estadual e secretário de meio ambiente de Porto Alegre, que assumiu o cargo de diretor administrativo (https://goo.gl/jO4ypV). Záchia fez carreira política a partir de um cargo na direção do Internacional de Porto Alegre.
Ostenta enorme capivara. Tem uma condenação no caso do Detran, na gestão Yeda Crusius (PSDB). Em abril de 2013 passou cinco dias detido no Presídio Central de Porto Alegre, no âmbito da Operação Concutare, da Polícia Federal. No ano passado foi condenado por improbidade administrativa em um esquema levantado pela Operação Rodin  (https://goo.gl/QSGxNo)
Não é só a CEITEC, mas também a Nuclep (Nuclebrás Equipamentos Pesados), outra empresa estratégica. Recentemente foi aprovada uma lei exigindo currículo e experiência compatível para diretorias de S/As estatais. Quem define é a Casa Civil. De Eliseu Padilha ou Moreira Franco.
Toda essa esbórnia de Temer é endossada pela mídia e por setores de mercado que julgam que a ampliação da corrupção é um preço a se pagar para se conquistar as reformas draconianas.

Peça 3 – o vácuo político

A exposição gradativa de todos os vícios da junta que assumiu o poder está fazendo com que o governo Temer se desmanche no ar. É impactante a miopia dos grupos que assumiram o poder.
Não se nega a necessidade de ajustes graduais na Previdência. Mas nenhum analista minimamente preparado aceitará como definitivo um pacote enfiado goela abaixo dos sindicatos e dos contribuintes, ao preço da ampliação da corrupção política. Qual a garantia de manutenção desse exagero? Qual o impacto dessa loucura nas eleições de 2018?
O mínimo que se espera dos poderes que colocaram essa quadrilha no governo – Procuradoria Geral da República e Supremo Tribunal Federal – é a montagem de uma estratégia de medidas judiciais que contenha o saque. O que teria a dizer desse assalto à luz do dia o Ministro Luís Roberto Barroso, que avalizou o estado de exceção para crimes políticos? Não venha o Supremo dizer que esse problema não é dele. É dele sim. É responsabilidade direta de Barroso, Celso de Mello, Marco Aurélio, Lewandowski, Facchin, Gilmar e Toffoli, Fux , Rosa e Carmen Lúcia
O resultado desse jogo é que esses grupos de elite chegarão a 2018 sem um projeto de país, sem o álibi de terem contido a corrupção e sem nenhuma chance para as eleições. E a reconstrução do país levará décadas.