sábado, 29 de setembro de 2018

A venda das Sociedades de Propósito Específico da Eletrobras, por Eduardo Mota Silveira

https://jornalggn.com.br/blog/ronaldo-bicalho/a-venda-das-sociedades-de-proposito-especifico-da-eletrobras-por-eduardo-mota-silveira


A venda das Sociedades de Propósito Específico da Eletrobras
por Eduardo Mota Silveira
Na data de hoje, 27/09/2018, ocorreu o leilão concebido pela Eletrobras, para vender suas participações em Sociedades de Propósito Específico – SPEs, empresas com foco em parques eólicos e linhas de transmissão.
De início, é importante notar que estamos a dez dias das eleições presidenciais, o que significa que um novo gestor da nação pode discordar in totum da ação hoje empreendida pelo MME/Eletrobrás. A boa prática recomendaria cautela no processo, deixando-o para data futura mais adequada, evitando-se assim, inclusive, a reclamação de interessados que se queixaram do pouco tempo que tiveram para avaliar os projetos. Daí, a ocorrência de vários lotes vazios, sem nenhum lance. O açodamento dos gestores do Setor Elétrico propiciou essa condição.
Do leilão, como um todo, faço a seguir um rápido comparativo sobre o emblemático caso das eólicas que eram partilhadas pela Chesf, subsidiária da Eletrobras, com o grupo Brennand. 
Foram vendidos no leilão de hoje 49% do controle das SPEs referentes a um conjunto de eólicas pertencentes aos sócios Brennand e Chesf, perfazendo este parque uma potência total de 250 MW.
Em outras palavras o setor estatal ELB/Chesf abriu mão da posse de 122,5 MW de potência eólica instalada na região Nordeste, mais precisamente nas proximidades do rio São Francisco, e o valor da venda foi o próprio preço mínimo fixado para o Leilão, qual seja, R$ 232 milhões. Nenhum centavo a mais
Daí compõe-se um preço unitário de R$ 1.893.877,60 por MW para a potência descartada pela ELB/Chesf. Atenção, não descurar que se trata de um conjunto de parques eólicos EM OPERAÇÃO, de construção recente. 
Saindo do Leilão de hoje, conforme dados que podem ser consultados na página da ANEEL, no 28º Leilão de Energia Nova A-6 ocorrido recentemente, no dia 31/08/2018, os projetos eólicos totalizaram uma potência vendida de 1.250,7 MW. O investimento total estimado correspondente é igual a R$ 5.834.750.180,00. Ou seja, constatou-se  nesse leilão um valor médio unitário estimado de R$ 4.665.187,64/MW, para construção, montagem e colocação em operação de cada um dos novos projetos,
Daí, caberia ao investidor o seguinte questionamento: por que vou correr o risco de começar um projeto do zero, se vem o gestor máximo da Eletrobrás e coloca no tabuleiro do jogo um projeto pronto, em perfeitas condições operacionais, para ser vendido a risco zero, por menos da metade do preço de um novo? (...) continua no site do Instituto Ilumina.

O governo Temer está entregando o petróleo a preço de banana

https://jornalggn.com.br/noticia/uniao-vende-4-blocos-do-pre-sal-na-5%C2%AA-rodada-de-licitacoes

União vende 4 blocos do pré-sal na 5ª rodada de licitações

Grupos formados por Shell, Chevron, ExxonMobil, QPI, BP Energia, CNOOC e Ecopetrol arrematam 3 blocos da bacia de Santos; Petrobras fica com Sudoeste Tartaruga, em Campos 
 
Foto: Felipe Dantas/Agência Petrobras
 
Jornal GGN - Terminou na manhã desta sexta-feira (28) a 5ª rodada de Licitações de Partilha de Produção em áreas do pré-sal, com três dos quatro blocos, que foram disponibilizados nesta sessão, arrematados por grupos formados pelas empresas Shell, Chevron, ExxonMobil, QPI, BP Energia, CNOOC e Ecopetrol. Segundo informações da Agência Brasil, as vendas resultaram em uma arrecadação de R$ 6,82 bilhões com a venda dos blocos localizados em áreas do pré-sal. 
 
A Petrobras foi a única a apresentar proposta para o bloco de Sudoeste de Tartaruga Verde, na Bacia de Campos, entregando à União o percentual mínimo de 10,01% sobre a produção de óleo e o pagamento de um bônus de assinatura de R$ 70 milhões.
 
Segundo informações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), 12 empresas se inscreveram para fazer os lances. O bloco de Saturno, da bacia de Santos, foi ganho pelas estrangeiras Shell e Chevron que ofereceram o percentual mínimo de 70,2% sobre a produção de óleo, um ágio de 300,23% sobre os 17,54% exigidos pela ANP.
 
O consórcio formado pela QPI e ExxonMobil, conquistou o bloco Titão, também da bacia de Santos, oferecendo à União participação de 23,49% sobre a produção, enquanto o lance mínimo era de 9,53%. O bônus de assinatura firmado ficou em R$ 3,125 bilhões. 
 
Por fim, o grupo formado por BP Energy, CNOOC e Ecopetrol arremataram o bloco Pau-Brasil (Santos), oferecendo para o Estado a participação de 63,79% sobre a produção de óleo, e bônus de assinatura de R$ 500 milhões. Veja o potencial em áras das bacias, conforme tabela divulgada pela ANP: 
 
 
O Decreto 9.041/201 que instituiu as novas regras de licitação para o regime de partilha de produção, foi assinado pelo governo Temer em maio de 2017. No texto original (Lei 12.351/2010), a Petrobras era a operadora única das áreas sob regime de partilha da produção. 
 
A alteração excluiu a obrigatoriedade da companhia brasileira atuar como operadora única em áreas do pré-sal ou com evidente potencial de produção de petróleo e gás. A nova medida prevê, ainda, que em caso de participação em consórcios a Petrobras terá garantida a participação mínima de 30%. 

Fux mostra que o golpismo está no STF, não nas Forças Armadas, por Luis Nassif

https://jornalggn.com.br/noticia/fux-mostra-que-o-golpismo-esta-no-stf-nao-nas-forcas-armadas-por-luis-nassif


Deve-se ao Ministro Luiz Fux a melhor contribuição até agora ao jogo democrático, ao explicitar de maneira inédita onde se trama o golpe. Agora, rasgaram-se as fantasias e Luis Roberto Barroso não poderá prosseguir mais no seu jogo de negaças, de tomar as decisões de forma partidária e tentar escondê-las em espertezas processuais que já não iludem ninguém.
Agora é Bolsonaro, ame-o ou deixe-o!
Ao derrubar a liminar concedida pelo Ministro Ricardo Lewandowski à Folha e à TV Minas, para poder  entrevistar Lula, Fux cometeu as seguintes irregularidades?
  1. Não existe hierarquia jurisdicional entre os Ministro do STF. Não cabe suspensão de liminar contra decisão de Ministro do STF.
  2. Fux tomou a decisão na qualidade de presidente interino do STF. Ocorre que o presidente do STF, Dias Toffoli, está no Brasil. Jamais poderia ter sido substituído pelo vice.
  3. Logo, Fux fraudou um instrumento processual para modificar uma decisão do STF. Tornou-se passível de impeachment.
  4. Instaurou a censura prévia no país, condenada pelo plenário na ADPf 130. A própria Procuradora Geral da República Raquel Dodge soltou uma nota dizendo que não iria recorrer em nome da liberdade de imprensa.
  5. Aceitou um pedido do partido Novo, que não tem legitimidade para propor. Suspensão de Liminar só pode ser proposta por entidade de direito público. Há uma exceção para entidade privada que estiver realizando serviço público – uma concessionária, por exemplo. O Novo não tem representaçào no Congresso Nacional. Não pode sequer ajuizar ação direta de inconstitucionalidade.
Isso ocorreu no mesmo momento em que o Departamento Jurídico do Exército informa a AGU (Advocacia Geral da União) da tentativa de um juiz seguidor de Bolsonaro de comprometer a próxima eleição.
Com isso, é exorcizado o fantasma que vem sendo permanentemente invocado pelas Cassandras para intimidar os defensores da democracia: as Forças Armadas são legalistas. Há Ministros do STF golpistas. E o álibi tácito de que se valem – o temor da reação das FFAAs – é falso.
Agora chegou a hora da verdade.
Fux já manifestara seu pendor de coronel político quando, na posição de presidente do Tribunal Superior Eleitoral, convocou Polícia Federal, MPF, ABIN para um combate às fakenews. E declarou que haveria busca e apreensão nos locais suspeitos, evitando a publicação – em uma declaração típica de censura prévia.
Clareadas as posições, resta saber como se comportarão Rosa Weber, Alexandre de Moraes, Edson Fachin, que nos últimos tempos formaram essa frente política com Fux e Barroso. E como fica Dias Toffoli, o novo presidente do STF que, pela primeira vez na vida, é alvo de esperanças de que tenha grandeza, que não se apequene.
Como Fux só mata no peito se houver um becão dando cobertura, quem seria o becão?
Será curioso acompanhar até onde irá a Globo, nesse momento raro da vida nacional, em que todas as hipocrisias são varridas: apoiará Fux e a censura prévia? Ou ficará do lado dos que defendem o sagrado direito da informação e da liberdade de imprensa?
Palpite meu: se a Globo montou a jogada, vai recuar; se não montou, nem ela vai avalizar essa  trapalhada autenticamente fuxiana. Seria endossar a censura prévia e comprometer seu maior trunfo constitucional: a liberdade de informação.
Como diria Millor Fernandes, só dói quando a gente ri.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Reportagem desvenda engodo do chamado Ranking dos Políticos

https://jornalggn.com.br/noticia/reportagem-desvenda-engodo-do-chamado-ranking-dos-politicos

Considerada a melhor segundo o ranking, Ana Amélia defende, por exemplo, que os ruralistas andem armados (ARQUIVO/AGÊNCIA SENADO)
Ana Amélia vice de Alckmin
da Rede Brasil Atual
Na hora de pesquisar desempenho dos parlamentares na internet, tome cuidado com sites como estes, que de independentes, apartidários e isentos não têm nada
por Redação RBA
São Paulo – Ela votou a favor da PEC dos Gastos Públicos, que pode deixar o Brasil sem bolsas de pós-graduação a partir de agosto de 2019 e da reforma trabalhista. Defensora dos ruralistas, foi agraciada com o prêmio Líder do Agronegócio Brasileiro 2018. A vontade com bandeiras do lobby armamentista, é aliada do Armas pela Vida, que defende a posse de armas no meio rural para solucionar questões agrárias em favor dos latifundiários.
Figura de destaque entre os que odeiam o PT, acusou Gleisi Hoffmann de violar Lei de Segurança Nacional ao "pedir que o Exército Islâmico" viesse atuar no país quando a presidenta do partido concedeu uma entrevista ao canal árabe Al Jazeera. Sem contar o apoio àqueles gaúchos extremistas, que puseram tratores nas ruas para intimidar a caravana de Lula no Rio Grande do Sul.
Esta é a senadora Ana Amélia (PSDB), candidata a vice-presidenta na chapa do também tucano Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, famoso por botar a polícia para bater e perseguir estudantes e matar jovens pobres e negros da periferia.
Ana Amélia é a lider do chamado ranking dos políticos, com 600 pontos. Um ranking, aliás, que tem, basicamente, parlamentar do PSDB, MDB e PP. Apesar de dar a impressão de credibilidade e independência na defesa das bandeiras contrárias à corrupção, aos privilégios e em prol do voto consciente, é capitaneado por Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central de FHC, que saiu recentemente do PSDB para se filiar ao partido Novo e presidir a Fundação Novo, ligada ao partido.
Entre outros estrategistas do ranking estão empresários e cientistas políticos, entre eles que já trabalharam para a Atlas Network, uma organização financiada pelos irmãos Koch, que apoiou o MBL.
Em um mergulho na estrutura do ranking, o jornalista João Filho, do The Intercept, desvenda quem é quem em mais este instrumento criado para vender a imagem de políticos sem compromisso com os interesses sociais, maquiados por dados convenientemente distorcidos.
Confira a integra da reportagem clicando aqui.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Economista de Bolsonaro quer reduzir IR dos ricos e aumentar o dos pobres

https://www.redebrasilatual.com.br/economia/2018/09/economista-de-bolsonaro-quer-reduzir-ir-dos-ricos-e-aumentar-o-dos-pobres

Paulo Guedes propõe aumentar para 20% a alíquota de quem ganha até R$ 3.938 e reduzir a dos mais ricos para o mesmo percentual
por Redação RBA publicado 19/09/2018 11h30, última modificação 19/09/2018 20h44
EDUARDO ANIZELLI/FOLHAPRESS
bolsomaro.jpeg
Candidato do PSL não cita o tema em seu programa de governo, mas o economista de sua campanha falou a empresários
São Paulo – O economista Paulo Guedes, provável ministro da Fazenda em caso de vitória do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL), anunciou ontem (18) proposta para aumentar a alíquota do Imposto de Renda (IR) para os mais pobres e reduzir a alíquota dos que ganham mais, criando uma taxa única de 20% para todas as pessoas físicas ou jurídicas. Além disso, seria eliminada a contribuição patronal para a Previdência Social, aplicada sobre a folha de salarial, e que atualmente tem a mesma alíquota de 20%.
Na prática, considerando o sistema atual, seriam extintas as alíquotas de 7,5%, para quem ganha de R$ 1.903,99 até R$ 2.826,65, e de 15% para quem ganha entre R$ 2.826,66 e R$ 3.751,05. Todos passariam a ter 20% de seus salários brutos descontados mensalmente. Da mesma forma, quem ganha salários maiores – e que tem descontado 27,5% a título de imposto de renda – teria a alíquota do imposto reduzida para 20%, inclusive as empresas. Guedes também falou em criar um novo imposto sobre movimentações financeiras, nos moldes da extinta CPMF. Ele apresentou a proposta em encontro de empresários organizado pela GPS Investimentos, especialista em gestão de grandes fortunas. As informações são da coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.
Para o diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Cândido Grzybowski, a proposta vai prejudicar a população de baixa renda em benefício dos mais ricos. “É totalmente injusto. Ela devia ser maior para quem ganha mais. A sociedade não tem o mesmo padrão de renda e está longe de estar próximo. Cobrar a mesma alíquota é penalizar os mais pobres. Como já ocorre com o ICMS, que o ricaço paga o mesmo imposto, na compra de um feijão, por exemplo, que o cara que ganha Bolsa Família”, afirmou.
A proposta não consta do Programa de Governo de Bolsonaro. No documento constam apenas a redução massiva de impostos e, de certa forma, o fim do atual regime de previdência pública, com migração para um sistema de capitalização. Também está presente, de forma superficial, a simplificação dos impostos, aliada a programas não especificados de “desburocratização e privatização”.
O programa de governo do candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, vai à direção oposta. Propõe um reajuste na tabela do Imposto de Renda, com isenção para aqueles que ganham até cinco salários mínimos (R$ 4.770,00), com consequente aumento para os chamados super ricos, que pouco ou nada pagam hoje. A proposta fala sobre a retomada da cobrança de impostos sobre lucros e dividendos, extinta durante o governo FHC, e também prevê a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA).
Ciro Gomes, candidato pelo PDT, propõe a simplificação dos impostos , com a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que unifica outros tributos. O texto prevê ainda a redução do Imposto de Renda das empresas, com consequente diminuição dos impostos relacionados ao consumo, como PIS/Cofins e ICMS. Por fim, o retorno da taxação de lucros e dividendos e o aumento da cobrança de tributos sobre heranças e doações.
O candidato tucano Geraldo Alckmin é um dos que menos fala sobre reforma tributária. Nada diz sobre a necessidade de uma maior justiça fiscal, apenas aponta para a simplificação da arrecadação. “Simplificar o sistema tributário pela substituição de cinco impostos e contribuições por um único tributo: o Imposto sobre Valor Agregado (IVA)”, afirma o texto.

Nem patriota, nem honesto, nem cristão: desmitificando Jair Bolsonaro

http://justificando.cartacapital.com.br/2018/04/14/nem-patriota-nem-honesto-nem-cristao-desmitificando-jair-bolsonaro/

O mito nada mais é que uma concepção imaginária, fabulosa, que criamos ao longo da história para sustentarmos nossa vida. Jair Messias Bolsonaro é por muitas e muitos considerado um “mito” por que se enxergam nele, o colocam num patamar de divindade pois acreditam fortemente que ele é tudo aquilo que no fundo sonham ser . Ocorre, no entanto, que esse “mito” tem perna curta.

Em um vídeo recente, no meio de sua mudança para o PEN — Partido Ecológico Nacional [que terá sua sigla alterada para PATRIOTAS], Jair Bolsonaro afirmou que pretende ser um presidente honesto, cristão e patriotaE não, este discurso não é novidade. Suas quase 3 décadas dentro da política como deputado federal têm sido sustentadas por estes pilares. Ou indo mais longe, a própria ditadura militar de 1964 usou destes “bordões” como base.
No fim das contas, Bolsonaro e a ditadura militar são lados da mesma moeda. Representantes da ignorância, do fascismo e da violência, que tentam se mascarar usando esses apelos populares como a corrupção, a religião e o amor ao país. E, pra variar, nos dois casos vemos que essas mascaras não encaixam dentro da realidade.


Há mais de século que o petróleo ganhou importância estratégica para as nações — a exploração do mesmo é um instrumento de interesse nacional que garante não só o desenvolvimento econômico do país mas também o social, principalmente pelos royalties vindos de sua exploração (aplicados atualmente no Brasil [no caso do pré-sal] em saúde e educação). Bolsonaro foi a favor de entregar esta nossa riqueza para o estrangeiro.
Não se trata apenas do petróleo, o deputado também é a favor que empresas de fora explorem a floresta Amazônica. Numa visita recente a Manaus, o presidenciável criticou o uso da Amazônia pelos indígenas, povos originários da região, ao mesmo tempo que afirmava ser preciso buscar “parcerias” com países como os EUA para exploração das riquezas minerais da floresta. Onde está o patriotismo de Bolsonaro?
E quando vamos ver o “manto de honestidade” que usa para se esconder, é notável que tal manto não serve nele. Bolsonaro já foi do PTB, do PP, agora é do PSC e tá de namorico com o PR, todos partidos cobertos até a cabeça por casos de corrupção e que repassaram dinheiro do financiamento eleitoral de grandes empresas para ele durante as campanhas; por exemplo, os 200 mil reais da JBS S/A, investigada na operação “Carne Fraca”, em 2014 : em entrevista na Jovem Pan ele explica que devolveu o dinheiro para o partido (que o mandou a mesma quantia logo depois).
Igualmente, até hoje, Jair Bolsonaro, acusado de receber 50 mil reais em propinas no esquema de caixa-dois em Furnas, não conseguiu explicar seu nome envolvido nessa maracutaia. Apesar de negar seu envolvimento, a “Lista de Furnas” teve autenticidade comprovada pela Polícia Federal, que concluiu “que a lista não foi montada e que é autêntica a assinatura que aparece no documento, de Dimas Toledo, ex-diretor de engenharia de Furnas”.
Bem como, recentemente, o renomado fotógrafo Lula Marques conseguiu registrar uma misteriosa conversa do deputado com seu filho, também parlamentar, Eduardo Bolsonaro, no Whatsapp, onde, na prosa, Jair diz para o filho comprar ”merdas por ai”, mas que não iria o “visitar na Papuda” [prisão do Distrito Federal], e depois fala que se a imprensa descobrir o que ele estava fazendo iriam “comer o fígado” dos dois. Depois deste escândalo, Bolsonaro tentou se justificar dizendo que o filho estava comprando armas na Austrália - historinha muito mal contada e até engraçada por sinal: repentinamente o maior defensor do armamentismo na Câmara dos Deputados iria dizer “compre merdas por ai” por conta de seu filho, que é policial, estar comprando armas? E por que a imprensa “comeria o fígado” de um ex-militar e um policial (agora parlamentares) por qualquer ligação com porte de armas? [Insira aqui aquele meme da Mônica no computador e no monitor escrito: ATA.]
Falando em armas, Jair Bolsonaro é autor de um decreto legislativo para proibir o uso de armas por fiscais ambientais - afinal, bandido bom é bandido morto, menos seus amigos latifundiários (muitos da bancada do boi) que exploram madeira e criam gado em áreas de proteção ambiental ou são caçadores, exportadores ilegais de animais silvestres ou multinacionais farmacêuticas praticantes de biopirataria. Criminoso mesmo é quem quer proteger o meio ambiente. Lembrando que o deputado já foi pego praticando pesca ilegal em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro, e inclusive enfrentou processo no STF por conta disso (mas infelizmente não deu em nada pelo fato de ser um parlamentar).
Também, mais recentemente, descobriu-se que ele e seus filhos empregaram diversos familiares em cargos de gabinete na Câmara dos Deputados — o que pode ser lido pela justiça como nepotismo. Inclusive, a defesa da família é um dos jargões de Bolsonaro quando se trata de sua suposta moral cristã. Mas como pode uma pessoa seguir os ensinamentos de Jesus Cristo e agir como o deputado age?
E realmente, Jesus Cristo de Nazaré sempre pregou a palavra do amor, do perdão e da empatia. Qualquer pessoa que siga seu evangelho sabe muito bem disso. O famoso evangelho de João 8 que nos conta o caso da adúltera que estava sendo apedrejada é uma amostra explícita sobre como posições que Bolsonaro e tantos outros conservadores defendem vão totalmente contra as pregações de Jesus.
Mas nada disso importa. Está tudo bem dizer que se visse dois homens se beijando na rua ela iria agredirque as minorias têm que se curvar às maiorias ou então [devem] desaparecerem, que o erro da ditadura militar foi ter matado pouco, ou falar pra uma colega parlamentar duas vezes que  não a estupraria pois ela não merece - é só se esconder atrás de uma falsa moral cristã, um discurso de patriotismo e parecer cumprir nada mais nada menos que a obrigação de não ser corrupto.
Já deu para ver o antro de contradições que circunda Bolsonaro, mas, infelizmente, sabemos que a maioria de seus apoios vem de muito mais fundo dentro dessa cova e o combate contra a corrupção e a religião são usados apenas de pretextos. Mas enquanto tivermos voz seguiremos denunciando: o mito será desmitificado.
Otávio Pereira é graduando em Pedagogia pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Texto publicado originalmente no Medium.
Leia mais:
17 vezes em que Bolsonaro foi Bolsonaro
É exagero afirmar que a estratégia eleitoral da extrema-direita é fascista?
Por que grupos minoritários votam em candidatos de extrema direita?
Bolsonaro poderá ser réu por racismo contra quilombolas, indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs 
Porque voto em Bolsonaro
Gentili e Bolsonaros espalham fake news que tenta associar LGBTs à pedofilia
400 mil seguidores de Bolsonaro no Twitter são robôs, aponta estudo
Quem é Antônio Mourão, general que pode comandar o País em um possível impeachment de Bolsonaro?
Quem lhe criou, general?


Justificando não cobra, cobrou, ou pretende cobrar dos seus leitores pelo acesso aos seus conteúdos, mas temos uma equipe e estrutura que precisa de recursos para se manter. Como uma forma de incentivar a produção de conteúdo crítico progressista e agradar o nosso público, nós criamos a Pandora, com cursos mensais por um preço super acessível (R$ 19,90/mês).
Assinando o plano +MaisJustificando, você tem acesso integral aos cursos Pandora e ainda incentiva a nossa redação a continuar fazendo a diferença na cobertura jornalística nacional.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Fim de uma era: o Reino Unido volta a nacionalizar estatais privatizadas

https://jornalggn.com.br/noticia/fim-de-uma-era-o-reino-unido-volta-a-nacionalizar-estatais-privatizadas-por-luis-nassif

Pioneira nas privatizações do serviço público, o Reino Unido promoveu, nos últimos dias, o controle estatal de uma prisão e uma ferrovia. Os dois episódios serviram de gancho para um balanço das privatizações inglesas pelo jornal francês Le Monde.
Chefe da Pesquisa da Unidade de Estratégia de Serviços Europeus, Dexter Whitfiel entende que se está chegando ao fim da era Thatcher. A reversão da tendência poderá ter repercussões profundas em outros países europeus.
O presídio foi nacionalizado depois de uma inspeção de Peter Clarke, diretor da Inspetoria Prisional Britânica, na penitenciária de Birmingham. Encontrou nos chuveiros roupas manchadas de sangue cercadas por excrementos de ratos; vestígios de vômito e sangue; um preso em estado de choque, sentado nas molas de uma cama que teve o colchão roubado por outros presos. Durante a inspeção, nove carros foram queimados em um estacionamento normalmente reservado para os funcionários.
No dia 16 de agosto, Clarke ordenou ao estado que assumisse a direção da prisão, que era administrada desde 2011 pela empresa privada G4S.
O caso foi explorado pela oposição. Sem admitir o fracasso das privatizações, o governo britânico nacionalizou diversas companhias privatizadas, como a companhia ferroviária East Coast Main Line, que operava trens em uma linha que ligava Londres a Edimburgo.
Tão influente que era tratada pela oposição como “a empresa que administra o Reino Unido”, a Carillion faliu. Ela operava centenas de cantinas escolares, limpava hospitais, fazia a manutenção de quartéis.
Pioneira nas privatizações, a Inglaterra está repensando radicalmente o modelo, diz a reportagem.
Liderados por Jeremy Corbyn, a oposição trabalhista está pedindo a nacionalização das principais empresas de água, eletricidade, gás e ferrovias. As pesquisas indicam que mais de três quartos dos ingleses são a favor.
O mesmo destino aguarda as PPPs (Parcerias Público-Privadas). Nos últimos dez anos, houve cerca de 50 PPPs por ano. Em 2017, apenas uma PPP havia sido concluída.
De acordo com o National Audit Office, as PPP se tornaram extremamente onerosas: os 700 contratos em andamento vão exigir reembolsos de 199 bilhões de libras (221 bilhões de euros) até a década de 2040.
Paradoxalmente, há enorme semelhanças com os excessos que ocorreram no antigo bloco soviético.
A privatização britânica foi radical. Privatizaram-se a água, a eletricidade, o gás e as ferrovias, e uma infinidade de serviços públicos do dia-a-dia, como call centers de prefeituras, estacionamentos e coleta de lixo, assistência social a pessoas com deficiência, reintegração de presos libertados sob fiança.
Entrevistada, Abby Innes, da London School of Economics, explicou que “ao tentar criar um mercado em áreas que não comportam mercado, o estado britânico teve que embarcar em um tipo de planejamento socialista".
Todas as PPPs são reguladas por contratos. Em projetos simples, como limpar hospitais ou cuidar de jardins, os contratos dão conta. Mas em áreas de difícil quantificação – como ajudar a reintegrar presos -, os abusos se tornaram comuns. E fica impossível quantificar, planejar e definir metas.
O mesmo ocorreu com os serviços públicos de água, gás e eletricidade.
Tanto Clement Attlee, que comandou as nacionalizações no pós-guerra, como Margareth Thatcher, que implementou as privatizações, diziam que importa a regulação. Mas, segundo Dieter Helm, professor da Universidade de Oxford, desde 1989 dezoito empresas mantêm monopólios regionais de água por prazos ilimitados. De 2007 a 2016, elas distribuíram 95% de seus lucros para acionistas. Portanto, reinvestiram apenas 5% no seu negócio. Em vez de ser reinvestido em benefício dos consumidores, o dinheiro fugiu do setor. Tudo graças à regulação implementada.
Não que a situação fosse melhor antes. Quando eram públicas, as empresas também foram subcapitalizadas pelo receio dos políticos em aumentar as tarifas.
Também nas ferrovias privatizadas não houve aumento de oferta de assentos e os preços aumentaram. Mas a solução não é meramente a nacionalização dos serviços, diz Helm.
Os trens, por exemplo, convivem com pistas não eletrificadas e com apenas uma linha de alta velocidade. Houve problemas de responsabilidade compartilhada na linha principal da costa leste, renacionalizada em maio. Para ganhar seu contrato, Virgin e Stagecoach prometeram pagar ao Estado 3,3 bilhões de libras (3,7 bilhões de euros) entre 2015 e 2023. Contavam com um aumento acentuado no número de passageiros, que deveria vir, em especial, de pistas melhoradas no norte da Inglaterra. Mas a Network Rail, a empresa nacionalizada que controla a rede ferroviária, não investiu.
Da mesma forma, a crise da prisão de Birmingham pode ter vindo da má gestão da G4S, mas não exclusivamente. Todas as penitenciárias estão em crise, porque a população carcerária dobrou desde a década de 1990 e o número de carcereiros caiu um terço desde 2010, com as políticas de austeridade implementadas.
O que impõe uma conclusão, segundo o Le Monde: sejam serviços subcontratados ou não, privados ou não, o Estado não pode fugir de sua responsabilidade como investidor e regulador.