quinta-feira, 29 de maio de 2014

Alckmin espera “solução divina” para crise de abastecimento de água

Do blog do Nassif

Jornal GGN – “O cenário é dramático. Parece que o governo (de Geraldo Alckmin, do PSDB) espera uma solução divina para a crise de abastecimento de água em São Paulo. Estão acreditando que vai cair uma chuva que nunca caiu em um período de estiagem, que é o que está por vir nos próximos meses. Durante anos, o Estado não pensou em criar estratégias para usar pequenos mananciais [e reduzir a dependência do Sistema Cantareira para abastecer a Região Metropolitana]. Tudo que tem pequena capacidade foi sendo relegada pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado) em nome das grandes obras – que também não vão solucionar a crise atual.”
A sentença assertiva, compartilhada por profissionais com conhecimento em gestão de recursos hídricos consultados pelo GGN, é de Ricardo de Souza Moretti, professor do curso de Engenharia Ambiental Urbana da pós-graduação em Planejamento de Gestão de Territórios da Universidade Federal do ABC (UFABC).
Crítico aos investimentos feitos pela Sabesp – que, segundo ele, não darão conta de salvar a Região Metropolitana de São Paulo de um rodízio na distribuição de água nos próximos meses –, Moretti considera que frente ao colapso do Sistema Cantareira, o governo do Estado só tem duas alternativas que parecem “pouco tangíveis”.
“As únicas possibilidades que temos de evitar uma crise feia no segundo semestre envolvem um período de chuva completamente fora do usual e não prevista para os próximos meses, ou Alckmin finalmente conseguir a reversão de águas do Rio Paraíba do Sul, de gestão federal, para Cantareira. Mas haverá uma dificuldade política gigantesca para isso”, pontua.
Leia mais:
Hoje, com uma obra emergencial de 80 milhões de reais, a Sabesp conseguiu aumentar o volume de água retirado do Cantareira. Mas, ainda assim, o sistema opera com apenas um quarto da capacidade total e, segundo especialistas, há riscos de seca nos reservatórios nos próximos meses.
“O grande risco de usar o volume morto do Cantareira é que não temos uma previsão de como e quando vamos repor essa água. Não sabemos se essa estiagem de agora pode ocorrer novamente em 2015, ou em outro ano. Se tivermos só saída de água, sem entrada com chuva, o sistema vai acabar”, disse João Sérgio Cordeiro, docente do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).
Uso do Paraíba do Sul para na Justiça
A dificuldade prevista pelo professor da UFABC Ricardo Moretti em relação ao uso das águas do Rio Paraíba do Sul é evidente e preocupante. Tanto que o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro entrou recentemente com uma ação para impedir a Agência Nacional de Águas (ANA), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e à União de autorizarem obras de transposição do rio enquanto não forem realizados estudos ambientais e consultas públicas sobre a possibilidade.
Em reunião com a presidente Dilma Rousseff (PT), Alckmin explicitou suas intenções de utilizar o sistema que nasce em Minas Gerais para suprir a demanda da Região Metropolitana de São Paulo, onde cerca de oito milhões de pessoas são atendidas, segundo a Sabesp. Porém, o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, argumentou que isso prejudicaria o abastecimento de 11 milhões de pessoas só na capital fluminense. 
“O governo de São Paulo foi completamente irresponsável na gestão das águas. Foi ganancioso e inconsequente. A Sabesp é o que se pode chamar de símbolo de insustentabilidade, se preocupando mais com os lucros de seus acionistas do que com sua função social. Apesar disso, não dá para deixar o contingente de milhões de pessoas sem água. Vamos rezar para que os governos se entendam e o Rio Paraíba seja a solução, embora eu ache muito difícil”, opinou Ricardo Moretti.
A disputa por mananciais, na avaliação de João Sérgio Cordeiro, não é um problema isolado de São Paulo ou mesmo de estados da região Sudeste. Mas, segundo ele, Alckmin poderia ter se empenhado mais para consolidar novos reservatórios de água, já que a Sabesp mantém estudos desde a década de 1990 apontando para essa necessidade.
São Paulo tem apenas 1,6% de recursos hídricos
“No Sul e no Sudeste temos pouquíssima quantidade de água se comparado ao volume existente no resto do Brasil. O estado de São Paulo tem apenas 1,6% do total de água que tem em todo o território nacional. Temos 40 milhões de pessoas no Estado, fora a indústria, agricultura e outros setores que demandam água. Mesmo com esses dados, o poder público nos mantém um século atrasados em termos de tratamento de esgoto. A pouca água que temos não é manejada adequadamente. Tanto o Sistema Guarapiranga quanto o braço Rio Grande da Billings [que, segundo a Sabesp, passaram a fornecer mais água para a Região Metropolitana diante da crise no Cantareira, assim como o Sistema Alto Tietê] têm despejo de esgoto, o que compromete o volume e a quantidade de água nas bacias”, pontuou.
A ação do MPF contra o governo de São Paulo prevê o pagamento de multa diária no valor de R$ 50 mil por eventual descumprimento da decisão. A Justiça do Rio pediu que as partes acionadas no requerimento se posicionassem no prazo de 72 horas.
Enquanto a discussão pelo Paraíba do Sul se intensifica, a Sabesp amplia o número de municípios beneficiados por desconto na conta de água caso haja redução no consumo. Mais 12 municípios do interior paulista entram na lista. A região é, até agora, uma das mais afetadas pela crise de água, além de bairros onde se concentra a parcela mais pobre da população, segundo estudo do Instituto Data Popular – questionada na Justiça pelo partido político de Alckmin.
"Distribuição de água com canequinha"
Nesta quarta (28), durante audiência na Câmara Municipal de São Paulo, Paulo Massato, diretor da Sabesp, disse que a companhia e o governo Alckmin já fizeram tudo o que poderiam fazer em relação à escassez de água em São Paulo. Segundo ele, se a situação se agravar nos próximos, restará à Sabesp a distribuição de “água com canequinha”.
Para Alexandre Moana, diretor técnico da Abesco (associação de empresas que atuam em projetos de eficiência energética), a Sabesp tem agredido o consumidor, principal vítima da falta de execução do planejamento focado em recursos hídricos e saneamento básico. Segundo ele, a companhia força a barra quando diz que está dando seu máximo. Ele lembra que apesar dos investimentos bilionários divulgados pela Sabesp, há regiões onde 30% da água produzida se perdem por causa das condições ruins do sistema de distribuição.
“Em 2013, quase metade dos serviços contratados pelas nossas empresas resultou em otimização do sistema de abastecimento. Nossas obras têm o objetivo de melhorar a eficiência energética, mas no final das contas o cliente acaba economizando mais em água. Isso acontece porque enquanto trabalhamos, nós vemos que os sistemas instalados para distribuição de água são antigos e registram muitas perdas. Posso falar tranquilamente que 30% é um número ultraconservador e reduzido para se falar em desperdício de água que acontece no caminho da estação de tratamento até as residências”, afirmou.

Salário médio teve aumento real de 35% entre 2008 e 2012

Sugerido por Assis Ribeiro
Do Jornal do Brasil
 
O salário médio mensal pago pelas empresas e outras organizações apresentou aumento real de 10,1% entre 2009 e 2012. O crescimento real se deu em todos os anos, tendo fechado 2012 com alta de 2,1% (para R$ 1.943,16), em relação a 2011, quando o salário médio real já havia subido 4,7%.
 
Os dados fazem parte da pesquisa Cadastro Central de Empresas (Cempre), que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está divulgando hoje (28), com informações cadastrais e econômicas de empresas e outras organização formalmente constituídas no país.
 
Os dados indicam também que a melhora na qualidade e no número de empregos fez com que o  total de salários e outras remunerações pagos por empresas e organizações, entre 2008 e 2012, acumulasse crescimento de 35,3% e se desse em todos os anos analisados pela pesquisa. Em 2012, esse aumento foi 7,1%.
 
Em entrevista à Agência Brasil, o gerente da pesquisa, Bruno Erbisti Garcia, disse que o crescimento real do total de salários pagos é consequência direta da melhoria da qualidade e do número de pessoas ocupadas. “Cresce o número de pessoas empregadas e cresce também a média salarial. É um crescimento que tem ocorrido nos últimos anos, aconteceu de forma bem expressiva de 2010 para 2011, em 2012 esse crescimento foi menor, porém o salário médio real ainda continua crescendo – tanto no emprego quanto na média salarial”.
 
Garcia ressaltou que nos últimos quatro anos tem havido crescimento real na massa de salário pago, na comparação anual. “Há também uma tendência de aumento na qualificação do emprego e uma equalização maior entre homens e mulheres no mercado de trabalho”, disse.   
 
O aumento de 10,1% na média mensal do salário, de 2008 a 2012, ocorreu nas 20 seções observadas na pesquisa do IBGE, com destaque para as atividades das indústrias extrativas (44,5%), a saúde humana e os serviços sociais (21,3%) e a construção (20,5%).

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Quando se cai na real, a conversa sobre a Copa é outra

 Do Blog do Nassif
 
Com anos de atraso, a Folha publica hoje um levantamento feito pelos repórteres Gustavo Patu, Dimmi Amora e Filipe Coutinho que, como e diz nas conversas informais, “baixa a bola” dos “gastos absurdos com a Copa do Mundo”.
 
É o que dá ter raros momentos de jornalismo correto na mídia brasileira, porque não é nenhum “furo”, mas apenas a compilação de dados que são e sempre foram públicos.
 
A começar pela abertura do texto escrito pelos três:
 
Mesmo mais altos hoje do que o previsto inicialmente, os investimentos para a Copa representam parcela diminuta dos orçamentos públicos.
 
Alvos frequentes das manifestações de rua, os gastos e os empréstimos do governo federal, dos Estados e das prefeituras com a Copa somam R$ 25,8 bilhões, segundo as previsões oficiais.
 
O valor equivale a, por exemplo, 9% das despesas públicas anuais em educação, de R$ 280 bilhões.
 
Em outras palavras, é o suficiente para custear aproximadamente um mês de gastos públicos com a área.
 
E eles próprios se encarregam de dizer que nem sequer é assim, porque estes gastos diluíram-se pelos últimos sete anos e, sobretudo, porque uma parte ( a maior parcela, 32%) é feita com financiamentos de bancos públicos (quase toda do BNDES) e vai retornar.
 
Adiante falarei dela.
 
Bem, do gráfico publicado, conclui-se que o Governo Federal gastou R$ 5,8 bi diretamente com a Copa: R$ 2,7 bi na modernização e ampliação dos aeroportos, R$ 1,9 em segurança pública – quase tudo equipando, a fundo perdido, as polícias estaduais -, R$ 600 mil em portos, R$ 400 mil em telecomunicações  e R$ 200 milhões em gastos diversos.
 
Aeroportos e portos, além de serem serviços públicos essenciais ao desenvolvimento econômico, geram receitas de tarifas e concessões.
 
Nenhum tostão, como você vê, em estádios.
 
Do dinheiro dos estádios, um total de R$ 8 bilhões, perto da metade veio de financiamentos federais, através do BNDES, de duas formas: debêntures e empréstimos.
 
Debêntures são “letras” financeiras e, no caso do estádio, seus tomadores pagam 6,2%% de juros mais a inflação do período.
 
 
Isso quer dizer que não houve empréstimo subsidiado pelo Governo Federal?
 
Sim, houve,  maiores. E continuam existindo, independente de Copa.
 
São os recursos para obras de mobilidade urbana que, só nos empreendimentos ligados à Copa, receberam  R$ 4,4 bilhões.
 
 
Convenhamos que  é uma forma muito mais adequada de o banco usar seus recursos em favor da população do que, como fez em 2002, aplicar R$ 281 milhões (R$ 1 bilhão, hoje, corrigidos pela taxa Selic) na Net, então propriedade dos Marinho (a família mais rica do Brasil), que estava enforcada de dívidas.
 
No caso dos Estados e Municípios, a grande maioria, boa parte dos gastos vem  das contrapartidas locais para obras de mobilidade (R$ 2,4 bi, ou 41%) e os restantes R$ 3,3 bilhões em gastos diretamente com obras dos estádios e com as do seu entorno (ruas, praças, pátios, passarelas).
 
Os números insuspeitos publicados pela Folha vêm na mesma linha daquilo que ontem se comentou aqui.
 
Tirando os gastos imprevistos de três governos estaduais (Sérgio Cabral , com o Maracanã, Agnelo Queiroz, com o Mané Garrinha e Aécio Neves-Anastasia como Mineirão, que começou as obras ainda na gestão do atual candidato do PSDB à Presidência), os outros dois estádios que custaram muito mais do que o inicialmente previsto, o Beira-Rio e o Itaquerão, foram  tocados pela iniciativa privada.
 
Há uma hidrofobia de direita implantada na mídia e em parte da classe média que eclipsa qualquer capacidade de exame racional dos fatos.
 
Se eu fosse um obtuso irracional, que não reconhecesse o direito de uma categoria profissional essencialíssima , como a dos professores, poderia dizer que se gastou muito mais que aquele “um mês”  de Educação que a Copa custou com as greves e paralisações (em geral, justas) do magistério.
 
E isso seria uma apelação, porque eu estaria colocando nos direitos dos professores a “culpa” das nossas históricas carências no setor.
 
Colocar na Copa a “culpa” pelos problemas da educação, da saúde, da assistência social, da habitação é, igualmente, uma estupidez.
 

Que só tem um fundamento, embora a maioria dos que fazem isso não o percebam: as eleições.

Os marqueteiros do governo Dilma são tucanos

Leia o texto abaixo do Nassif. No final acredito que você terá a mesma conclusão que eu.

http://jornalggn.com.br/noticia/a-brincadeira-da-midia-com-a-opiniao-publica

A brincadeira da mídia com a opinião pública


É inacreditável o nível de autossuficiência atingido pelos grupos de mídia, na fase mais crítica da sua história.
 
Meses e meses batendo nos gastos da Copa, ajudando a criar essa barafunda informacional, de misturar investimentos em estádios com gastos orçamentários, criticando os "elefantes brancos", anotando cada detalhe incompleto de obras que ainda não estavam prontas, ignorando o enorme investimento na imagem do país.
 
De repente, como num passe de mágica, fazem uma pausa e, em conjunto, passam a enxergar as virtudes da Copa - maior evento publicitário do ano para eles.
 
O Estadão solta enorme matéria sobre "a Copa das Copas", lembra o óbvio - vai ser o evento de maior visibilidade para o Brasil, em sua história. 14 mil jornalistas levando a imagem do país para todos os cantos, o maior público de televisão para um evento.
 
A Folha dá o óbvio incompleto: a informação de que os gastos com a Copa representam um naco dos gastos com educação. Não ousou explicar que são recursos dierentes, que financiamentos não podem ser confundidos com gastos orçamentários, que gastos com obras são permanentes. Mas vá lá!
 
O que é impressionante é supor que se pode brincar dessa maneira com a opinião de seus leitores, levá-las para onde quiser, ao sabor da manchete do momento, da estratégia de ocasião. Será que não há uma cabeça estratégica para explicar que essa desconsideração para com o leitor é veneno na veia da credibilidade?
 
Dia desses o Ministro Aldo Rabello ao que parece assimilou as críticas contra sua ausência dos debates da Copa e deu uma boa entrevista a TV Brasil, com números e argumentos sólidos.
 
A explicação para a anomia do governo com o tema foi chocante. O marqueteiro do Palácio desaconselhou qualquer campanha de esclarecimento porque, segundo ele, as pessoas não estavam associando Copa com governo e a campanha poderia estabelecer essa associação.

Movimentos sociais pedem que Barbosa "cumpra a lei" no caso do mensalão

http://jornalggn.com.br/noticia/movimentos-sociais-pedem-que-barbosa-cumpra-a-lei-no-caso-do-mensalao
Jornal GGN - A decisão de Joaquim Barbosa de atropelar uma jurisprudência de 1999 e revogar a autorização de trabalho externo de figuras condenadas no julgamento da Ação Penal 470, mais conhecida como mensalão, foi a gota d'água para movimentos sociais que assistem de longe aos passos do presidente do Supremo Tribunal Federal. Um protesto marcado para a próxima quinta-feira (29) pelo Movimento dos Sem Terra (MST), em Brasília, promete cobrar que o ministro "cumpra a lei" e devolva ou conceda o direito aos apenados. Entre eles, o ex-ministro-chefe da Casa Civil de Lula, José Dirceu (PT).
“Os movimentos sociais finalmente viraram reacionários. Vamos fazer uma manifestação para que se cumpra a lei”, ironizou João Pedro Stédile, uma das lideranças do MST, no início da semana, quando anunciou a manifestação. “Faremos uma manifestação para que o imperador Joaquim Barbosa respeite as leis da Constituição Brasileira", completou.
Nesta quinta (22), a Comissão Brasileira Justiça e Paz, organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), soltou nota sobre a execução da Ação Penal 470. Para a Comissão, decisões neste caso "têm suscitado críticas e preocupações na sociedade civil em geral e na comunidade jurídica em particular. A nota evidencia os problemas levantados pela Pastoral Carcerária, por decisões judiciais que levam a "condenações sem provas" e "negam a letra da lei" com "interpretações jurídicas absurdas", o que foi notado no julgamento do mensalão.
Dirceu teve o pedido de trabalho externo rejeitado por Barbosa no início do mês. O ministro alegou que para conseguir a autorização, Dirceu deve cumprir, no mínimo, um sexto de sua pena no presídio da Papuda. O petista foi condenado a 7 anos e 11 meses no regime semiaberto e está preso desde novembro de 2013.
A decisão de Barbosa desencadeou a revogação dos pedidos de trabalho externo concedidos a outros condenados no mensalão. E virou uma pauta polêmica nos corredores do Judiciário, já que o presidente do STF desconsiderou a jurisprudência criada pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal há 15 anos, apontando que apenas os condenados ao regime fechado precisam seguir o artigo 37 da Lei de Execução Penal (nº 7.210/84) e cumprir um sexto da pena antes de serem liberados para trabalhar fora.
A defesa de Dirceu recorre da decisão de Barbosa, assim como os advogados de Delúbio Soares. O ex-tesoureiro do PT estava trabalhando, desde janeiro deste ano, na sede da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Dirceu pediu autorização para trabalhar em um escritório de advocacia.
Leia mais: 
Joaquim Barbosa atropela jurisprudência no caso Dirceu
O histórico de perseguição a José Dirceu
Barbosa revogou também, nesta quinta, as medidas que permitiam o trabalho externo a mais quatro condenados: os ex-deputados Valdemar Costa Neto (PR-SP), Bispo Rodrigues (PR-RJ) e Pedro Corrêa (PP-PE), e do ex-assessor do PL (atual PR) Jacinto Lamas. Corrêa está preso em Pernambuco e os demais no Centro de Progressão Penitenciária (CPP), em Brasília. Diante da decisão do ministro, esses três que cumprem pena na Capital Federal terão de ser transferidos para o Complexo da Papuda.
Desde o começo do mês, Barbosa já havia revogado, além da autorização de Delúbio, o direito a trabalho externo do ex-deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) e do advogado Rogério Tolentino. Eles já recorreram da decisão, pedindo que o plenário do Supremo analise o caso.
Genoíno e o risco de um novo AVC na cadeia
Essa semana, a filha de Genoíno, Miruna, publicou uma nota alertando para o estado de saúde de seu pai. A defesa do ex-deputado entrou no início do mês com recurso no qual pede que o plenário do STF analise o pedido de prisão domiciliar. Genoíno retornou ao regime fechado por determinação de Barbosa, após laudo de médicos da Universidade de Brasília indicar que ele não possui doença cardíaca grave.
"Meu pai sofreu uma isquemia cerebral transitória (ou o conhecido AVC) em agosto, quando se recuperava da cirurgia do coração e desde então vem sendo tratado com alimentação rigidamente controlada e medicação. Meu pai precisa ter sempre o índice de coagulação entre 2 e 3. Quando foi levado para o presídio a primeira vez, saiu de lá com o índice de coagulação em 5,6. Quase com hemorragia", afirmou.
Genoíno retornou à prisão por ordem do STF, após o laudo médico apontar que ele não precisa de cuidados domésticos. Segundo Miruna, ele obteve essa semana um resultado "grave e preocupante": 1,06 de índice de coagulação. "Alto risco de um novo AVC."
A filha de Genoino relatou que sua mãe, ao fazer uma visita ao pai, teve cartas, livros e alimentos prescritos pelo médico e nutricionista ante a dieta controlada retidos pela segurança.

A defesa do ex-deputado entrou com recurso no qual pede que o plenário do STF analise o pedido de prisão domiciliar. Em documento de 31 páginas, os advogados sustentam que manter o ex-parlamentar na prisão será impor "pena de morte".

Da série classe média papagaio


quinta-feira, 22 de maio de 2014

O BRASIL piorou com o PT no governo?

O PSDB e o DEM esculacham o Brasil e a Petrobras, agora quando o PT dá o troco, a direita não aceita.
Censuraram a propaganda do PT.

Quero que alguém me diga onde o Brasil piorou após o governo do PT.



terça-feira, 20 de maio de 2014

O curioso jogo de Alckmin com as tarifas de pedágio

Do Blog do Nassif
http://jornalggn.com.br/noticia/o-curioso-jogo-de-alckmin-com-as-tarifas-de-pedagio

A manchete da Folha de hoje é indicativa de como se processam os jogos entre governos, empreiteiras de obras públicas e jornais.
Segundo ela, "Governo de São Paulo abre guerras de rodovias". Alckmin teria decidido ir à Justiça contra três concessionárias de rodovias, "para tentar recuperar cerca de R$ 2 bilhões" que as concessionárias teriam recebido indevidamente até 2012. "Com essa medida, o governador Geraldo deu início a uma batalha jurídica contra as concessionárias para reaver essa quantia". Segundo o jornal, "as ações serão movidas até julho".
"Procurada, a gestão Alckmin não se pronunciou", diz a matéria, isentando o governador de qualquer responsabilidade sobre a notícia.
Em operações que ocorrem na zona cinzenta do Estado, a garantia de apoio da mídia local é essencial. 
No dia 6 de janeiro de 2011, mal Alckmin assumiu o governo, seu homem de estrita confiança - o Secretário de Transportes Saulo de Castro Abreu - anunciou com alarde a revisão dos contratos com as concessionárias.
No dia 7 de janeiro escrevi a coluna "O jogo com os pedágios paulistas" alertando que a ameaça de Saulo poderia ser apenas um aviso para as concessionárias saberem com quem tratar dali por diante, após o fim da era José Serra
Saulo fornecia inclusive uma referência, um ponto de partida para as discussões: apenas para a Autoban, a revisão dos contratos e a mudança dos indexadores significaria uma redução de R$ 300 milhões em seu lucro.
"A primeira declaração do novo Secretário dos Transportes de São Paulo, Saulo de Castro Abreu, foi a de que iria rever a questão dos pedágios. Agora, jogam esse balão de ensaio, mostrando de quanto poderia (repito: poderia) ser a redução dos lucros das concessionárias.
É evidente que não vão rever. Estão apenas chamando as concessionárias para conversar e definindo o ponto de partida da conversa.
Em São Paulo 2014 começa agora, pelas concessões rodoviárias e setor elétrico.
É um jogo tão óbvio que causa até sono".
Em junho de 2011 Saulo anunciou os reajustes. Foram mantidos pelo mesmo IGP-M anterior, conforme pode-se conferir no post "O previsível jogo de Saulo com os pedágios".
Em 7 de janeiro de 2012, Saulo anunciou a troca do IGP-M pelo IPCA. Ocorre que no período anterior o IPCA subiu acima do IGP-M - 6,5% do IPCA contra 5,09% do IGP-M, conforme pode-se conferir no post "Fator Saulo atua nos pedágios". 
Agora, o álibi para as discussões são aditivos contratuais assinados na gestão Cláudio Lembo - que assumiu o governo do Estado quando Alckmin saiu candidato a presidente, mantendo toda a equipe do antecessor"- que teriam elevado a taxa interna de retorno das concessionárias de 18% para 25% ao ano.
A ameaça se dá em pleno processo de arrecadação de fundos para campanhas eleitorais. Espera-se que não haja nenhuma relação entre as medidas do governador e o financiamento de campanha.
Se os aditivos eram abusivos, porque razão a administração José Serra nada fez? Porque a Artesp (Agência de Transportes do Estado de São Paulo) não atuou. E porque Alckmin aguardou mais de três anos para agir?

domingo, 18 de maio de 2014

Até Ana Maria Braga sai em socorro de Alckmin na falta d'água



É curioso o tratamento diferenciado dado pela TV Globo para a crise de abastamento de água na grande São Paulo
Da Rede Brasil Atual
por Helena Sthephanovitz publicado 16/05/2014 12:11, última modificação 16/05/2014 13:02
ALEX FALCÃO/FOLHAPRESS
alckmin
Alckmin: socorro da Globo para esconder crise de abastecimento de água é providencial
É curioso o tratamento diferenciado dado pela TV Globo para a crise de abastamento de água na grande São Paulo, sob a esfera de competência de um estadual governo tucano, de Geraldo Alckmin. Totalmente diferente do alarmismo e da politização que faz em torno do sistema elétrico, sob competência do governo federal petista.
A falta d'água em São Paulo é crítica, sentida pela população e empresas. Já há até multa – sob contestação na justiça – para quem não racionar de fato. E é tratada pela TV Globo como se a culpa fosse de São Pedro e do cidadão por supostamente desperdiçar água. Na linha editorial da emissora, nada se fala sobre a falta de investimentos e de planejamento da empresa estadual de águas, a Sabesp.
Na terça-feira (13), até o programa de variedades de Ana Maria Braga saiu em socorro do desgaste do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) abrindo com uma reportagem de dez minutos, fazendo campanha sóbria pelo racionamento "voluntário" de água, sem usar nenhum colar de tomates secos, como ela usou quando o preço do legume estava alto para criticar a inflação.
"Você já se antenou para a necessidade de não desperdiçar água? Parece uma conversa de tia chata... Ai, não gasta água! Mas a situação está calamitosa em São Paulo, em muitas cidades do interior e no Brasil (sic). A falta de chuva deixou os níveis dos reservatórios baixíssimos. A gente está vendo aí recordes históricos, mas recordes negativos", disse a apresentadora.
Depois, veio uma reportagem feita de helicóptero sobre o sistema de represas da Cantareira e descrevendo a "gambiarra" de bombear a água do chamado volume morto, que garante o abastecimento por um tempo limitado. O repórter encerra a participação dizendo que assim, segundo o governo paulista, "não haverá racionamento".
A apresentadora prosseguiu: "O governador Geraldo Alckmin tomou uma medida para evitar o desperdício. Você será multada... Para controlar este gasto da água... A multa foi criada para o morador que gastar mais do que a média atual da casa. Então, quem gastar acima da média, paga a conta 30% mais cara. Já os consumidores que conseguirem economizar 20% da conta receberão um desconto de 30% (...) Então, eu acho que é uma boa informação para os moradores de São Paulo. (...) Nessa hora, a gente tem que parar e pensar o que fazer para ajudar. Essa situação aflige agora... para ajudar o Estado de São Paulo, o pessoal de lá... Mas que você tem que entender que água é uma das coisas mais preciosas para a vida humana, né?"
E continua: "Para a vida no planeta como um todo. Então, se você não conscientizar que isso pode se estender para outras regiões do país... Que se fala que a água pode faltar neste planeta há muitos e muitos anos, mas a gente parece que não presta atenção. Fechando a torneira e o chuveiro durante algumas atividades diárias, a gente pode evitar o desperdício. (...) Apesar desta situação, o ministro das Minas e Energia, Édson Lobão, afirmou ontem, durante uma entrevista, que não há risco de falta de energia no país. Energia! E ainda descartou a necessidade de racionamento do consumo de energia em decorrência da estiagem do Sudeste. Segundo Lobão, desde 2003, a capacidade instalada de energia no país aumentou 73%, ao passo que o consumo cresce 51%. Nós vamos entender que energia é diferente de consumo de água, né? (...) Eu sugiro que nós, cidadãos, pensemos no futuro dos nossos filhos e dos nossos netos porque o planeta não é só para hoje, né?"
Uma ginástica e tanto misturar um problema localizado com o planeta e ainda incluir energia elétrica, onde não há medidas extraordinárias em curso, tais como multas extras.
Se o padrão da emissora fosse o de fazer sempre um jornalismo de serviços em momentos de anormalidade, seria mais compreensível, mas não é isso que vemos. O que se observa é que quando o governo é tucano há condescendência, poupando-o de cobranças de responsabilidades que possam levar a desgastes políticos. Quando o governo é petista, há a clara intenção de politizar, impor desgastes e apostar no quanto pior, melhor. Foi o caso do tomate, foi o caso do chamado "caos aéreo", em que havia plantão de repórteres nos aeroportos e a toda hora entravam no ar. Para fazer um jornalismo que não tivesse dois pesos e duas medidas, teria que tratar todos os casos da mesma forma.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Sabesp distribui até 60% dos lucros aos acionistas durante governo Alckmin

Do blog do Nassif
http://jornalggn.com.br/noticia/sabesp-distribui-ate-60-dos-lucros-aos-acionistas-durante-governo-alckmin

Jornal GGN – Em 1994, com a justificativa de que assim conseguiria mais dinheiro para investir em abastecimento de água e tratamento de esgoto, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) decidiu se tornar uma empresa de capital misto. Duas décadas depois, 50,3% de seu controle acionário se encontram nas mãos do Estado, enquanto 47,7% das ações são de propriedade de investidores brasileiros (25,5%) e estrangeiros (24,2%).
Embora o estatuto social da Sabesp determine que os acionistas podem receber 25% do lucro líquido anual da empresa (relação que o mercado chama de payout), a concessionária chegou a bater recordes em distribuição de dividendos durante o governo Geraldo Alckmin (PSDB). Em 2003, por exemplo, ano seguinte à vitória do tucano nas urnas, 60,5% do lucro líquido da Sabesp foram parar no caixa de acionistas. Na verdade, desde a sua entrada na bolsa de valores, em 2002, a Sabesp nunca registrou payout inferior a 26,1%.
Estimativas feitas com base nos dados divulgados em março de 2014 pela Diretoria Econômico-Financeira e de Relações com os Investidores apontam que, entre 2003 e 2013, cerca de um terço do lucro líquido total da Sabesp foram repassados aos acionistas. O montante é da ordem de R$ 4,3 bilhões, o dobro do que a Sabesp investe anualmente em saneamento básico.
Negócio rentável
No meio financeiro, comprar ações da Sabesp virou um negócio rentável. Desde que se lançou no mercado de capital, a companhia colocou papéis à venda em duas ocasiões. A primeira em 2002, com prospecto inicial totalizando 3,364 bilhões de ações ordinárias na oferta brasileira, e 1,252 bilhão no exterior, na forma de ADSs (American Depositary Shares).
Naquele ano, cada lote de mil ações ordinárias saiu por R$ 110 aos investidores institucionais e, no caso de desconto da oferta de varejo, R$ 104,50. O preço das ADSs ficou em US$ 11,22 cada – equivalente, na época, a R$ 27,50. A venda dessas ações no mercado rendeu R$ 506,9 milhões. Segundo o prospecto da oferta inicial, os recursos foram encaminhados em sua totalidade aos cofres do governo do Estado.
Em 2004, a Sabesp retornou ao mercado com oferta de 5,273 bilhões de ações ordinárias, equivalente a 18,51% do capital social da empresa, por meio de uma distribuição pública secundária realizada simultaneamente no Brasil e no exterior. Dessa vez, 3,841 milhões de ADSs foram para o exterior. O lote de mil ações ordinárias saiu por R$ 113,47.
A arrecadação naquele ano atingiu R$ 598,2 milhões. O governo do Estado e a Companhia Paulista de Parcerias (CPP) – uma sociedade de capital fechado controlada majoritariamente pelo Estado que tem por objetivo “viabilizar a implementação do Programa de Parcerias Público-Privadas (PPP)” – ficaram com os recursos.
No total, pelo menos R$ 1,11 bilhão foi parar no caixa do governo estadual a partir da venda de ações da Sabesp em 2002 e 2004. A reportagem do GGN questionou a Secretaria de Fazenda do Estado quanto aos investimentos que foram feitos com esses recursos. A pasta remeteu as perguntas à Sabesp que, até o fechamento dessa matéria, não se manifestou.
O gráfico abaixo mostra o desempenho das ações da Sabesp no mercado desde a entrada na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Os picos registrados aconteceram em anos em que o lucro líquido da companhia de saneamento foi bilionário: R$ 1,055 bilhão em 2007, seguido de R$ 1,911 bilhão (2012) e R$ 1,923 bilhão (2013). O crescimento do lucro líquido puxa o aumento dos dividendos, o que torna as ações da Sabesp mais atrativas. Mesmo em 2008, quando a empresa teve lucro líquido de R$ 862,9 milhões, o payout foi de 34,3%.
A evolução das ações da Sabesp:
Dividendos x investimentos
Se comparado ao total de investimentos feitos pela Sabesp nos últimos 10 anos em saneamento básico (aproximadamente R$ 17,3 bilhões), os lucros e dividendos da companhia de capital misto não parecem tão exagerados, segundo avalia Alexandre Montes, analista de investimentos ligado à Sabesp. De acordo com ele, “em 2012, o negócio da Sabesp gerou um caixa de R$ 4,3 bilhões apenas com a venda de serviços de água e tratamento de esgoto. Desse montante, ela investiu na aquisição de intangíveis cerca de R$ 2,8 bilhões”, afirmou.
“Já em 2013, dos R$ 4,5 bilhões gerados, R$ 2,3 bilhões foram investidos. Do ponto de vista analítico-financeiro, a distribuição de rentabilidade para os acionistas está dentro dos padrões. Foram R$ 499 milhões em 2013 e R$ 579 milhões em 2012”, apontou o associado da Lopes Filho Consultores de Investimentos.
Atualmente, cerca de 28 milhões de pessoas no Estado são abrangidas pelos serviços de abastecimento de água da Sabesp. Aproximadamente 73% dos clientes são moradores da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), cinturão abastecido pelo Cantareira, sistema protagonista de uma crise iminente de fornecimento de água, já que opera, desde o início de maio, com menos de 11% de sua capacidade.
O governador e a Sabesp sustentam que o problema de abastecimento na RMSP acontece principalmente por falta de chuva. Na tentativa de evitar uma crise no segundo semestre, Alckmin anunciou algumas medidas emergenciais. Entre elas, a aplicação de multa em quem aumentar o consumo de água (ainda em análise pelos órgãos competentes), o uso das águas das bacias do Guarapiranga, Alto Tietê e, agora, Billings, para suprir a demanda paulista, além de uma obra de R$ 80 milhões para captar o volume morto do Cantareira.
A conta que não fecha
Ao longo de 10 anos da abertura de mercado e negociação de papéis na bolsa de valores americana, a Sabesp valorizou 601%. Na BM&FBovespa, a valorização foi de 427% no mesmo período, 2002 a 2012. Ou seja: em uma década no chamado "mercado futuro", o valor da companhia saltou de R$ 6 bilhões para R$ 17,1 bilhões.
Os investimentos em saneamento básico, por sua vez, subiram de R$ 594 milhões em 2003 para R$ 2,7 bilhões em 2013. Nos últimos cinco anos, a companhia hoje presidida por Dilma Pena investiu R$ 11,9 bilhões em distribuição de água e tratamento de esgoto, e pretende investir mais R$ 12,8 bilhões entre 2014 e 2018.
Para especialistas em gestão de recursos hídricos e saneamento básico ouvidos pelo GGN, a questão que não quer calar é a seguinte: como uma empresa como a Sabesp, com tanta rentabilidade no mercado e com investimentos bilionários em saneamento básico, não reduziu, nos últimos anos, a dependência do Sistema Cantareira? 
O presidente do Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo), Rene Vicente dos Santos, avaliou que a Sabesp tem investido maciçamente no crescimento do número de clientes, com o objetivo de ampliar o lucro com serviços de distribuição de água e tratamento de esgoto, deixando de lado novas tecnologias.
Ele apontou, por exemplo, que a Sabesp mantém tubulações que datam de 30 anos, e que ainda perde 25% da água que produz. Ou seja: a empresa ainda assiste à perda de 25% de receita, apesar dos investimentos feitos para melhorar essa situação. 
“A Sabesp tem investido nos últimos anos na ampliação da rede, mas a primeira coisa que faz com o lucro é garantir a rentabilidade dos acionistas. Ela aplica em melhorias, mas prefere direcionar os investimentos para onde consiga mais arrecadação ao final do processo – ampliação e rede, captação e tratamento de esgoto”, ponderou.
Poucas opções para driblar a falta d'água
Já na avaliação de Ricardo de Sousa Moretti, professor da pós-graduação em Planejamento de Gestão de Territórios da Universidade Federal do ABC, “o lucro da Sabesp indica que ela poderia ter feito um investimento muito maior em saneamento básico”, não só em volume de recursos, mas em aproveitamento de estudos e metas elaborados há pelo menos uma década, que apontam ser emergencial a busca por novas fontes de água para São Paulo.
Segundo Moretti, a Sabesp desenvolveu uma política voltada para lucros obtidos com a construção de grandes obras, como estações de tratamento – hoje, são mais de 214 espalhadas pelo Estado –“mas esqueceu que para funcionar, é preciso ter um sistema capilar eficiente, que leve água [da estação de tratamento] até em casa do cliente a partir do sistema arterial, que são as redes coletoras. Essa parte arterial não foi feita. Temos estações prontas, mas o esgoto não chega nelas. Ou seja, a Sabesp criou uma política insana, de grandes obras de engenharias, e não de gestão de águas”, criticou.
A “política insana” da Sabesp, ainda de acordo com Moretti, também implica na condução de águas sujas a mananciais que servem de reservatório para a Grande São Paulo. Caso da Bacia da Billings, que recebe água que lava a região do rio Pinheiros quando há enchentes. O professor destacou que embora a Sabesp retire mais águas do braço Rio Grande para suprir a demanda do Cantareira, a represa situada na região do Grande ABC já trabalha perto de sua capacidade máxima. “O certo seria ter construído mais estações de tratamento no local, mas isso não foi feito”, lembrou.
"Uso da Billings é improviso ao sabor da crise"
O coordenador do Grupo de Trabalho de Meio Ambiente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, João Ricardo Guimarães, classificou o anúncio de Alckmin sobre o uso da Billings como “improviso de soluções”. “Se isso era possível [usar a Billings para diminuir a dependência do Cantareira], por que não foi planejado e preparado há alguns anos? Por que o reservatório da Billings não abastece um número maior de pessoas há mais tempo? Por que fazer isso agora, ao sabor da crise?”, indagou.
Para os especialistas, o governo Alckmin só tem duas alternativas para evitar uma crise no fornecimento de água após a Copa do Mundo. A primeira é rezar para que chova acima do patamar comum aos próximos meses, de modo que os reservatórios do Cantareira ganhem fôlego. A segunda é transferir águas da bacia do Rio Paraíba do Sul, de gestão federal, para contemplar a demanda paulista. Uma tarefa difícil, já que o governo do Rio sinalizou que a iniciativa pode comprometer o abastecimento de 10 milhões de pessoas só na Capital.