domingo, 28 de dezembro de 2008

Moeda mais instável do mundo, o real desorganiza a economia

Domingo, 28 de Dezembro de 2008
Do Estadão

Nos últimos três meses, a diferença entre a cotação mínima e máxima da moeda brasileira superou os 40%

Leandro Modé

Desde que a crise global se aprofundou, em meados de setembro, os preços dos ativos financeiros comportam-se como os carros de corrida na versão ultramoderna dos irmãos Wachowski para o clássico Speed Racer: movem-se para cima e para baixo em uma velocidade tão alucinante que mal podem ser vistos pelo espectador. O Brasil não foge à regra, especialmente no mercado de câmbio.

Levantamento feito para o Estado pela B&T Corretora de Câmbio revela que o real tem sido a moeda mais instável do mundo do fim de agosto para cá. Esse vaivém tem reflexos importantes sobre a economia real, especialmente no comércio exterior e nos investimentos.

"Atrapalha muito o dia-a-dia das empresas", diz o analista responsável pelo estudo, Tulio Ferreira dos Santos Júnior. "Se o empresário não tem uma noção clara sobre a evolução da taxa de câmbio, não consegue se planejar e, conseqüentemente, investir", completa o economista André Sacconato, da Tendências Consultoria Integrada.

No dia 12 de setembro, véspera da quebra do banco de investimentos americano Lehman Brothers, o dólar valia R$ 1,781. Na última sexta-feira, fechou em R$ 2,370. Se já não bastasse a expressiva desvalorização no período (24,9%), o real oscilou brutalmente. Nesse intervalo, o dólar chegou a valer R$ 2,519.

Comparando-se as cotações máxima e mínima do período, a oscilação supera os 40%. O won da Coréia, que ficou em segundo lugar no levantamento da B&T Associados, variou 36%. "É um grau de volatilidade inaceitável", disse o consultor Nathan Blanche, um dos maiores especialistas em câmbio do País.

Os analistas reconhecem que o forte vaivém é uma realidade global. A taxa de câmbio entre euro e dólar - as duas moedas mais fortes do mundo, hoje -, por exemplo, oscilou mais de 18% no período pós-quebra do Lehman. Ainda assim, criticam a atuação do Banco Central (BC) no mercado cambial nos últimos meses.

"Essa diretoria do BC nunca enfrentou uma crise e não está sabendo administrar a situação", afirmou um ex-diretor da instituição que pediu para não ser identificado. "O mercado ganha diariamente quedas-de-braço contra o BC", relatou outro especialista.

Para eles, o BC deveria ter como foco principal o combate à volatilidade. "Não se trata de definir o valor do dólar, que é o próprio mercado quem faz, mas de impedir um vaivém tão forte", observou o diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti da Fonseca.

Na avaliação dele, isso implica mudança de atitude da instituição. "O BC não pode dizer, de antemão, quanto vai vender no mercado a cada dia, como faz hoje. Deve intervir sem revelar sua munição, um número, aliás, que só deve ser conhecido pelo diretor da área e pelo próprio presidente (Henrique Meirelles)."

Polêmicas sobre intervenções no câmbio à parte, o fato é que esse cenário afeta duramente a economia real. "Tem sido muito perigoso para nós (empresários) conviver com a falta de referência para a taxa de câmbio", disse Giannetti. Segundo ele, um efeito prático da volatilidade é visto nas operações de fechamento de câmbio - momento em que exportadores e importadores efetivam a venda ou compra de moeda estrangeira junto aos bancos.

"Quando há pouca oscilação, as empresas fecham câmbio várias vezes na semana. Se há muita volatilidade, elas param", explicou Giannetti. Esse é um dos fatores que ajudam a explicar a redução da corrente de comércio (soma de exportações e importações) brasileira de setembro para cá.

Em agosto, a média diária da corrente de comércio foi de US$ 1,772 bilhão. De lá para cá, a queda foi constante. Em setembro, a corrente chegou a US$ 1,696 bilhão diariamente. Em outubro, a US$ 1,628 bilhão, em novembro, US$ 1,395 bilhão e, nos primeiros 10 dias de dezembro, a US$ 1,261 bilhão.

Evidentemente, no mundo em crise, não é só a volatilidade do real que justifica o recuo do comércio externo. "Os principais parceiros comerciais do Brasil estão em situação ruim" , disse Sacconato, da Tendências Consultoria.

Para ele, o principal efeito negativo se dá sobre o planejamento das empresas. "Não há dúvida de que os investimentos vão cair em 2009 por causa da dificuldade das empresas em planejar", afirmou. O economista dá um exemplo prático. "Imagine uma empresa de um setor pesado, como siderurgia ou petroquímica. Uma nova fábrica demora de três a quatro anos para ficar pronta. O que faz o empresário em um ambiente instável como este? Posterga o plano."

O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, observa que empresas com receita inteiramente em real e alguns custos em dólar estão entre as que mais perdem. "Muitas sofreram pra burro neste fim de ano por causa dessa volatilidade", disse. "Fizeram orçamento e, uma semana depois, tiveram de jogá-lo fora."

O consultor Fábio Silveira, diretor da RC Consultores, pondera que a oscilação do dólar melhorou levemente nas últimas semanas. "Ainda não é uma volatilidade confortável, mas há uma zona de equilíbrio mais estável do que no período entre agosto e outubro", disse.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081228/not_imp299712,0.php

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Governo Lula: erros e acertos

O governo do Lula tem muitos acertos, principalmente em assumir política sociais.

Mas tem uma grande falha que compromente o desenvolvimento do país: a política econômica que é ditada inteiramente pelo Banco Central. O BC comandado pelo Meirelles (nomeado por Lula) privilegia o setor financeiro e compromete o crescimento do país.

A inflação é usada como desculpa para manter os juros elevados e com isso transferir para a elite rentista os recursos que poderiam ser aplicados em política sociais e em melhorias na infraestrutura. Do governo, somente o Meirelles e o Palocci (serviçais do capital financeiro) eram preservados pela mídia. O Paloci caiu por que fez besteira, mas vira e mexe vejo no Globo, Estadão e Folha um ou outro colunista alinhado ao PIG dizendo que o Paloci que era bom. O Paloci era o homem forte (assim como o Meirelles) porque, segundo a mídia, tinha coragem de cortar gastos essenciais para sobrar mais dinheiro para pagar juros.

Temo que uma crise forte tire mais votos da esquerda em 2010. O BC torrando nossas reservas para garantir a saída de especuladores e mantendo juros elevados não colabora com o país.

Campanha de utilidade pública: Assinar Veja é comprar lixo

Fernando Meirelles entrega prêmio "Paulistanos do Ano 2008" dado ao Juiz de Sanctis

Do portal Terra
O cineasta Fernando Meirelles, diretor de Ensaio sobre a cegueira, realizou uma premiação particular e inabitual ao juiz da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, Fausto de Sanctis, que condenou o banqueiro Daniel Dantas a 10 anos de prisão por corrupção ativa.

Vencedor do prêmio "Paulistanos do Ano 2008", da Veja São Paulo, Meirelles repassou o troféu ao magistrado por achar que havia um paulistano que merecia a homenagem mais do que ele. A notícia foi antecipada pela coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo desta quinta, 18. Em cima da placa, Meirelles colou um papel: "Fausto De Sanctis/ O Homem!".

Em novembro, De Sanctis recusou a promoção à vaga de desembargador do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Permaneceu no caso Dantas e condenou o banqueiro por tentativa de suborno ao delegado Vitor Hugo Alves, da Polícia Federal.

O cineasta foi procurado por Terra Magazine, mas se encontra em Dubai, onde divulga Ensaio. Na carta a De Sanctis, ele diz se orgulhar da "capacidade de resistir às pressões" do presenteado.


http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3400904-EI6578,00-Meirelles+repassa+trofeu+a+juiz+De+Sanctis.html

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Devolvam o Meirelles pro Bank Boston

Os juros precisam cair e cair mesmo, não para 12% no final de 2009 como querem os analistas do sistema financeiro.

Uma queda dos juros de 0,75% nos países desenvolvidos é uma baita queda queda de 1,75% para 1% significa uma redução de 43% na taxa. Como o juro é o preço do aluguel do dinheiro, é como se você pagasse R$1000 de aluguel num mês e no período seguinte pagasse R$570.


Aqui no Brasil uma queda de 0,75% não significaria tanto (5,5%). O aluguel cairia para R$945. Assim como o nosso (???) banco central costuma subir os juros em pancadas, deveria descer também na mesma velocidade.

E agora é a oportunidade. Mas o papel do Meirelles é outro, é garantir fartos lucros para o capital financeiro. A máscara caiu, nenhum economista que se preze concorda com a decisão do COPOM (exceto aqueles que ganham muito dinheiro com essa política suicida).

O significado da taxa de juros igual a zero

Bernanke e o confronto com o tempo
Martin Wolf
Valor Econômico 17/12/2008


Os bancos centrais poderão em breve recorrer às suas mais poderosas armas contra a deflação: impressão de dinheiro e seu "lançamento de helicópteros". É uma situação para a qual Ben Bernanke, o presidente do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), está preparado há muito tempo. Será que esse armamento funcionará? Indubitavelmente, sim: utilizado impiedosamente, eliminará a deflação. Mas um retorno posterior à normalidade revelar-se-á bem mais elusivo.

Bernanke pronunciou um célebre discurso sobre o tema em novembro de 2002, quando ainda era diretor regional do Fed. O discurso aconteceu logo depois do estouro da bolha no mercado acionário americano, em 2000. As autoridades econômico-financeiras então temiam que os EUA poderiam em breve imitar o Japão, entrando num período de deflação persistente, com quedas no nível geral de preços.

Entretanto, Bernanke, à época, insistiu "que a chance de deflação significativa nos EUA num futuro previsível é extremamente pequena". Ele enfatizou "a vitalidade de nosso sistema financeiro: apesar dos choques adversos do ano passado, nosso sistema bancário permanece saudável e bem regulamentado, e os balanços patrimoniais de empresas e famílias estão, em sua maior parte, em boa forma". As palavras "orgulho" e "queda" vêm à mente. Seis anos e uma bolha de crédito habitacional depois, o presidente Bernanke deve estar mais mais triste e mais sábio.

A posição de Bernanke era também de que "a melhor maneira de solucionar um problema é, para início de conversa, não se deixar apanhar por ele". O temor de que a reversão das expectativas deflacionárias revele-se difícil explica porque o Fed reduziu sua taxa oficial de juros tão rapidamente desde a irrupção da crise, em agosto de 2007.

Será realista a probabilidade de deflação? Medidas do núcleo da inflação sugerem fortemente que não. Mas uma medida de inflação esperada - o diferencial entre rendimentos sobre os títulos do Tesouro americano convencionais e os corrigidos por índices sofreram um colapso, caindo para 14 pontos-base. Além disso, os rendimentos sobre bônus do Tesouro dos EUA com maturação em 10 anos já estão onde estavam os do Japão em 1996, seis anos após o início da crise nesse país.

Por que, então, deveriam os bancos centrais temer a deflação? Em primeiro lugar, a deflação torna impossível, para a política monetária convencional, implementar taxas de juro reais negativas. Quanto mais rápida a deflação, maiores serão os juros reais. Em segundo lugar, conforme explicado pelo grande economista americano Irving Fisher na década de 1930, a "deflação da dívida" - elevação real do valor do endividamento à medida que os preços caem - torna-se então uma ameaça letal. Nos EUA, cujo endividamento bruto do setor privado disparou de 118% do PIB em 1978 para 290% em 2008, a deflação do endividamento poderia deflagrar uma espiral descendente de falência em massa, queda da demanda e deflação adicional.

O Fed já adotou uma série de ações heterodoxas para impedir o naufrágio da economia. Em 10 de dezembro, o balanço patrimonial do Fed tinha chegado a US$ 2,245 trilhões, tendo dado um salto de US$ 124 bilhões no curso de uma semana e de US$ 1,378 trilhão ao longo de um ano. O Fed detinha uma ampla diversidade de papéis do governo e privados, compreendendo US$ 476 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA, US$ 448 bilhões em "term auction credit", US$ 312 bilhões em crédito de curto prazo e US$ 233 bilhões em "outros empréstimos", valor que inclui US$ 57 bilhões de crédito apenas para a AIG. Se a tendência prosseguir, o Fed poderá tornar-se o maior banco do mundo.

Estará o Fed sujeito a alguma restrição? Em verdade, não. Como demonstrou Robert Mugabe, qualquer pessoa pode mandar imprimir dinheiro. Depois que os juros chegam a zero, o Fed pode promover um alívio monetário bem maior. Com efeito, o Fed pode criar dinheiro sem limites. Imagine o que aconteceria se um alquimista conseguisse transformar chumbo em ouro, a custo zero. O ouro não valeria grande coisa. Os bancos centrais podem criar infinitas quantidades de dinheiro a custo zero. Por isso, podem reduzir seu valor a nada sem dificuldades. Curar deflação é moleza, quando se trata de "moeda fiduciária" - um sistema monetário artificial.

Então, o que poderiam os bancos centrais fazer? Poderiam baixar as taxas de juro de longo prazo adquirindo tantos bônus governamentais de longo prazo quanto quiserem, ou prometendo manter os juros de curto prazo baixos por um período prolongado. Poderiam conceder empréstimos diretamente ao setor privado. Na realidade, poderiam adquirir qualquer ativo privado por qualquer preço e em qualquer quantidade que decidissem. Poderiam também comprar ativos em moeda estrangeira. E poderiam financiar o governo em qualquer escala que julgassem necessário.

Alternativamente, as autoridades fiscais podem incorrer em déficits do tamanho que desejarem, e depois os financiarem com emissões de papéis de curto prazo que o banco central teria de adquirir para manter os juros baixos. Na fronteira do juro nulo, as políticas fiscal e monetária tornam-se una. O direito exclusivo do Banco Central de praticar política monetária evapora. Mas o reverso é também verdadeiro: o Banco Central pode dar dinheiro para cada cidadão. Isso seria o equivalente a "lançar dinheiro de helicópteros", medida proposta pelo falecido Milton Friedman e recentemente discutida por Eric Lonergan no fórum de economistas do FT.

Nesse ponto, seria o caso de indagar por que o Japão enfrentou dificuldades com a deflação durante tanto tempo. Quase não tenho idéia. Mas a explicação parece ser que o BC do Japão não quis tomar medidas tão drásticas e o Ministério das Finanças não ousou impor a idéia. Essa auto-contenção não deterá as autoridades americanas.

Assim, será que o Fed submergirá o mundo em dólares, em conseqüência do que teremos condições de despertar do pesadelo? Como demonstra Willem Buiter em recente blog, "Confessions of a Crass Keynesian", a resposta é "não".

Depois que a inflação retornar, o Banco Central necessitará vender ativos no mercado para enxugar o excesso de dinheiro por ele criado no combate à deflação. Analogamente, o governo precisa reduzir seu déficit a um tamanho que possa financiar no mercado. Do contrário, as expectativas deflacionárias poderão rapidamente transformar-se em expectativas de inflação acima da meta. Isso pode também acontecer se a dívida vendida durante os esforços para esterilizar o excedente monetário for considerada além da capacidade governamental de arcar com o serviço de tal dívida.

Países desprovidos de uma moeda confiável poderão atingir esse ponto mais cedo. Assim que um banco central aludir a um "alívio quantitativo", os agentes poderão fugir da moeda. Isso é particularmente provável quando países arcam com o ônus de um enorme excesso de endividamento doméstico e externo. Os credores sabem que um surto de inflação solucionaria muitos problemas nos EUA e no Reino Unido. Os EUA podem administrar o risco de ressurgentes expectativas inflacionárias. O Reino Unido provavelmente encontrará mais dificuldades para isso. Evitar deflação é fácil; obter estabilidade depois será bem mais difícil.

Ironicamente, estamos onde estamos, em parte, porque o Fed estava tão apavorado diante de possível deflação, seis anos atrás. Agora, uma bolha de crédito mais tarde, Bernanke tem de enfrentar o que então temia, em larga medida devido às heróicas tentativas preventivas do Fed. Riscos similares agora surgem diante das medidas drásticas que parecem cada vez mais prováveis. Desta vez, desconfio, o resultado, em última instância, não será deflação, mas inflação inesperadamente elevada, embora provavelmente daqui a muitos anos.

Reinaldo Azevedo, de Veja, manda recado pro Serra

No blog do Tio Rei, já mandaram um recado pro Serra:
"SERRA, PETISTA DE SIMPATIA E DE ESQUERDA POR DEVOÇÃO". Nas entrelinhas: depois que baixar a poeira, troquem o ombudsman da TV Cultura.

No blog só entram comentário favoráveis ao Tio Rei, na maioria anônimos criticanto os "petralhas" ou louvando a suprema sabedoria do blogueiro de Veja. Tenho uma impressão que é o próprio autor e contratados por ele que escrevem a maioria dos comentários.

É de doer. O nível é muito baixo.

Entrei lá e postei um comentário, como previsto, não foi publicado, mas um tal de Jairo Juruna entrou no meu humilde blog para me chamar de Mané.

Pluralidade do pensamento único

Segundo Reinaldo Azevedo da in(veja), a TV Cultura deveria defender a pluralidade, que segundo seu ponto de vista é o pensamento impresso nas páginas de Veja.

No seu blog ele faz ataques de forma chula e desrespeitosa ao Ernesto Rodrigues, ombudsman da TV cultura. Nas palavras do Tio Rei
Ocorre que está aparelhada. O Sr. Rodrigues, velho taifeiro do Partidão, o antigo Partido Comunista Brasileiro, está lá, entre outras coisas, para zelar pela pureza ideológica da emissora
.

Nos falsos comentaristas que aparecem lá (creio eu ser o próprio Tio Rei quem escreve), até José Serra virou petista, e para o Tio Rei, petista é o pior xingamento que se pode invocar.

Conta outra meu caro. Tua cortina já caiu, só acredita em seu papo furado aqueles que botaram o cérebro no ponto morto.

Mensagem de apoio ao Ernesto Rodrigues, ombudsman da TV cultura

Assim como mandei minha crítica à escolha da bancada para entrevistar o Gilmar Mendes, venho agora apoiar seu comentário após o programa, onde você reconheceu que alguns entrevistadores não deveriam ter sido escolhido.

A gang da Veja está atacando sua atuação crítica. Para eles pluralidade é pensar igual a eles.

Tamanho da economia de papel

A soma dos Produto Interno Bruto de todos os países do mundo é cerca de US$ 60 trilhões ,em cima desta base se ergueu uma estrutura financeira com US$ 130 bilhões de ativos financeiros primários e US$ 540 trilhões de derivativos.

Durante as últimas décadas se acreditou que o dinheiro poderia virar mais dinheiro sem passar pela produção. Agora que bateram a cara no muro, recorrem ao governo. Na hora dos ganhos, essa gente reclamava do governo, agora...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Será que só o Meirelles está certo?

A BC da União Européia (2,5% ao ano), o da Inglaterra (2%) haviam cortado os juros nos últimos dias. No Japão a taxa está em 0,3%. Agora o FED anuncia uma taxa de juros flutuante entre 0 e 0,25%. Isso significa que o FED acredita que o risco de deflação é muito forte. Em novembro houve deflação de 1,7%.

Com a taxa de juros indo a zero os EUA eliminaram qualquer limitação na emissão de moeda, assim eles vão fazer de tudo para não deixar a deflação avançar. Os bons economistas sabem que a deflação, queda generalizada nos preços, é muito pior que a inflação. Quandos os preços caem, o faturamento das empresas caem, há pressão para queda nos salários, a inadimplência aumenta (o faturamento cai), bancos emprestam menos, pessoas gastam menos, preços cai e aí segue numa espiral. Foi assim que ocorreu na crise de 1929. Naquele temp o FED não agiu, hoje se esforça para não deixar a economia afundar.

Aqui no Brasil temos um banco central dirigido por pessoas despreparadas, que não consegue nem ler o cenário da atual crise. O nosso BC diz só olha pro passado. Diz estar preocupado com uma inflação que só existe para justificar a transferência de recursos para o setor financeiro via taxa de juros e operações de derivativos.

Comentário de Ernesto Rodrigues, ombudsman da TV cultura

Enfim, o programa
16, 2008 | 15:20:32
Roda Viva

“O senhor se indispôs com delegados, Polícia Federal, Ministério da Justiça, Ministério Público, juízes e associações de juízes. Todos eles são contra o estado de direito? O que aconteceu?”

Esta pergunta simples e reveladora, feita pela jornalista Eliane Cantanhêde, resume a importância e o interesse despertado pelo Roda Viva com o presidente do STF, Gilmar Mendes, quaisquer que fossem, antes, ou sejam, depois, as opiniões dos telespectadores sobre o magistrado. A pergunta de Eliane também é emblemática de um programa que, nem sempre com a ajuda de parte dos entrevistadores, diga-se, abordou todas as polêmicas conhecidas e em pauta sobre as decisões e idéias do presidente da principal corte de justiça do país.

A âncora Lillian Witte Fibe, cumprindo de forma competente a função de garantir que todos esses assuntos fossem abordados, abriu com duas perguntas que muitos gostariam de fazer: onde está o áudio do suposto grampo da conversa de Gilmar Mendes com o senador Demóstenes Torres e qual a responsabilidade do STF pelo vazamento de um ofício reservado do tribunal à revista Veja? A pergunta provocou uma resposta pouco convincente e dois argumentos surpreendentes do entrevistado: o de que não cabia a ele “demonstrar se existe ou não” o áudio da suposta conversa grampeada e o de que a questão era “completamente irrelevante.”
Na abertura de segundo bloco, Lillian lembrou a defesa que o ministro fez da Lei da anistia e a declaração polêmica de Mendes de que o terrorismo também é crime imprescritível, perguntando: “O que são terroristas? Os que se defenderam ou atacaram a ditadura com armas na mão são terroristas ou são terroristas aqueles que atiram bombas a esmo?” Gilmar Mendes não quis avançar na interpretação que sua declaração enseja, preferindo ficar na defesa genérica do texto constitucional.

Lillian levantou ainda a questão do escândalo do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, pediu explicações sobre a defesa que Mendes faz do foro privilegiado para autoridades, a prática brasileira de se governar na base de medidas provisórias e alegada defesa que Mendes faz da redução do poder dos promotores. Nesses casos, especificamente, o entrevistado não foi evasivo, defendendo o foro privilegiado como garantia de governabilidade e justificando as restrições aos promotores com a crença de que “não é possível fazer investigação secreta”. A âncora do Roda Viva também provocou outra evasiva, esta reveladora, quando levou Mendes a não desmentir a informação corrente segundo a qual ele pretende se candidatar a cargo eletivo depois que deixar o STF.

Eliane Cantanhêde chegou a provocar incontida irritação e frases de censura no entrevistado (“Nessa área, ninguém vai me dar lição!”) ao colocar em debate, de forma enérgica, uma série de questões, entre elas a escandalosa discriminação que os pobres sofrem na Justiça, o fato de Gilmar Mendes ter considerado as fitas gravadas e as evidências contra Daniel Dantas como "alusões genéricas e argumentos especulativos" e a interpretação do entrevistado de que quem resistiu com armas à ditadura foi terrorista. Gilmar se defendeu dizendo que já concedeu hábeas corpus até para o PCC e que, no embate com delegado Protógenes, não está disputando “campeonato de popularidade”. O entrevistador Carlos Marchi, do Estadão, também fez perguntas sobre o caso Daniel Dantas, a polêmica causada pela posição de Mendes sobre terrorismo e o papel da imprensa. Mas sua atuação foi apática e contrastante com o empenho de Eliane.

Já Márcio Chaer, do site Consultor Jurídico, além de encarnar um velho problema do Roda Viva – o dos entrevistadores que desenvolvem teses, em vez de perguntar - deixou claro, com sua participação, de que queria mais usar a bancada do Roda Viva para mandar recados e insinuações relacionadas à guerra de blogs políticos em que está mergulhado do que para entrevistar o presidente do STF a respeito de questões que mobilizam a opinião pública. Chegou a sugerir ao ministro o enquadramento de colegas de profissão que não identificou por “formação de quadrilha".

Praticamente dispensando Mendes de responder, Chaer considerou casos revoltantes como o do policial absolvido recentemente no Rio depois de metralhar um carro ocupado por mãe e filho pequeno e o do promotor absolvido em São Paulo depois de descarregar uma arma contra um rapaz como “supostos crimes” que foram “exagerados” pela imprensa. E deu a palavra para que o Mendes questionasse a suposta "técnica do romance" usada pela imprensa na cobertura dos crimes no país. Márcio também reduziu a importância do voto popular à escolha do falecido Enéas Carneiro e praticamente propôs que o presidente do STF criticasse a qualidade dos juízes de primeira instância. Em alguns momentos, o próprio Gilmar Mendes chegou a afunilar o olhos, sem saber se era para dizer algo para corroborar as “teses” de Chaer.

Como Márcio Chaer, Reinaldo Azevedo, da revista Veja, passou todo o programa usando Gilmar Mendes – e às vezes também dispensando a participação do entrevistado – para expor suas “teses” e fazer ataques. Fez, é verdade, algumas perguntas que precisavam ser feitas – como a que levou Mendes a dizer que o juiz De Sanctis confrontou o STF e outra, sobre a declarada admiração de De Sanctis pelo pensamento do jurista pró-nazista Carl Schmidt. Mas a maior parte do tempo Azevedo usou para fazer da bancada do Roda Viva uma tribuna na qual dispensou Gilmar Mendes da obrigação de apresentar o áudio do grampo e para um constrangedor contorcionismo pelo qual transformou a ministra Dilma Rousseff e o ministro Paulo Vanhucci em pessoas que poderiam ser enquadradas atualmente como terroristas pelo fato de terem pertencido, durante a ditadura, ao grupo de esquerda liderado por Carlos Marighela. Sem pergunta específica, Reinaldo também atacou a decisão do STF sobre a Reserva Raposa Serra do Sol.

Reinaldo Azevedo e Márcio Chaer, na tentativa de instrumentalizar o programa diante de um tema tão delicado e de um personagem tão controvertido, conspiraram contra a qualidade e o equilíbrio jornalístico desta edição do Roda Viva, o que sugere uma cuidadosa reflexão da direção do programa sobre os critérios de seleção dos entrevistadores. No final das contas, no entanto, principalmente quando confrontados à qualidade das intervenções de Lillian Witte Fibe e de Eliane Cantanhêde, eles acabaram desmoralizando setores da sociedade que vêem com simpatia o ativismo e o atual protagonismo político e ideológico de Giilmar Mendes.

O Roda Viva, portanto, não perdeu o rumo. Foi um programa interessante, pertinente e, considerada a ressalva à escolha infeliz de parte da bancada, fiel à sua tradição de debater e discutir as questões relevantes para a o cidadão telespectador de São Paulo e do Brasil.

E acreditem: sem a participação do Luís Nassif

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Roda Viva com Gilmar Mendes

Belo time de entrevistadores escolhidos para o Roda Viva de hoje! O time foi escolhido a dedo prá levantar a bola do Gilmar Mendes: estarão presentes Márcio Chaer, editor do site Consultor Jurídico; Reinaldo Azevedo, articulista da revista Veja e do blog Reinaldo Azevedo; Eliane Cantanhêde, colunista do jornal Folha de S. Paulo; e Carlos Marchi, repórter e analista de política do jornal O Estado de S. Paulo.

Será que a Cultura acha que os telespectadores são tolos? Os entrevistadores estão naquele jogo do Gilmar/Veja de acusar sem provas, de levantar a tese do estado policial. Nenhum deles questionou o fato do Gilmar passar por cima da lei ou liberar o habeas corpus pro Daniel Dantas, nenhum deles questiona a forma que o DD age (ameaçando/subornando delegados, juízes).

Não convidaram alguém realmente crítico para compor a banca de entrevistadores?


Essa palhaçada não é a primeira vez que se repete, a cultura também está aderindo ao PIG?

Lembram-se quando no Roda Viva com o Meirelles, não foi nenhum entrevistador crítico de peso (como o Luís Nassif ou alguém das Universidades de Campinas ou UFRJ). Nesses casos, para mostrar diversidade, o crítico chamado é aquele meio tímido ou um que não tenha muita consistência na sua crítica, desse modo até ajuda a levantar a bola do entrevistado.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Habemus jure

Na noite de quarta feira 10 de dezembro, o COPOM em decisão unânime, manteve os juros em 13,75%.

Vejamos alguns fatos:

  • Juro alto é uma forma de conter a demanda retirando dinheiro do mercado fazendo com que o crédito ao consumo e ao investimento encareça. 
  • Índices de inflação mostram tendência de queda, mesmo com a subida do dólar (preços em dólar caindo). A prévia do IGP-M de dezembro confirma tendência declinante da inflação;
  • Indicadores recentes da atividade produtiva mostram desaceleração em vários setores, a produção industrial caiu 1,7% em outubro segundo IBGE;
  • O nível de emprego caiu 0,2% em outubro. Várias empresas anunciam demissões. Apesar da queda nos últimos meses a taxa de desemprego continua absurdamente alta. Segundo a pesquisa do DIEESE/SEADE 13,4% da população economicamente ativa está procurando emprego;
  • Crise no crédito: bancos elevam juros e reduzem prazo. Os bancos grandes estão sentados numa montanha de dinheiro, mas não emprestam ao setor produtivo.
  • Governo pedindo para os bancos emprestarem e exigindo que os bancos públicos baixem suas taxas.

Portanto, meus caros, é suspeita a decisão do Banco Central já que não há sinais de aceleração inflacionária. O que o cenário mostra é desaceleração na economia. Não há espaço para elevação de preços, nem a volta do dólar a patamares mais coerentes fez a inflação se acelerar. Mas a alta do dólar foi o álibi usado pelo BC para não baixar os juros.

Nos dias anteriores à reunião do COPOM, o dólar subiu, mesmo com saldo positivo no balanço de transacões correntes nesse início de mês, contrariando a lei da oferta e procura. O esforço por parte dos especuladores foi vitorioso, eles vão ganhar uns bilhões a mais com a manutenção dos juros. Esses "investidores" nem esperaram o anúcio da decisão que já sabiam de antemão para baixar as armas: o dólar fechou ontem em baixa de 1,61% (2,4310).

Enquanto no resto do mundo até os BCs mais "durões" como o da União Européia e da Inglaterra baixam os juros, aqui a taxa é mantida num nível vergonhoso. Nos países desenvolvidos a taxa de juros está entre 0,3% (a Japão) e 2,5% (BCE), nos subdesenvolvidos dificilmenta passa dos 6%.

Vejam a contradição: numa ponta o BC matém os juros e na outra ponta injeta dinheiro dos compulsórios nos bancos, do outro lado o ministério da fazenda anuncia medidas para estimular o consumo. No resto do mundo quando a economia está desaquecendo a primeira medida é remover o garrote dos juros.

Cada 1% na taxa SELIC são mais de R$10 bilhões de custo para a sociedade. Um alívio nos juros abriria espaço para o governo reduzir impostos ou investir mais em infraestrutura, na educação e na saúde pública, setores carentes de recursos. 

Por isso eu apelo ao presidente Lula:  NACIONALIZE O BANCO CENTRAL.

Apóie você também a nosso campanha cívica: O Banco Central tem que ser nosso.

O Banco Central tem que ser nosso

O Banco Central nesta quarta feira (10/12/08) manteve os juros elevados para alegria dos rentistas e desespero daqueles que temem por seus empregos. SELIC a 13,75% já é um absurdo, agora mantê-la nesse nível com a economia desacelerando mostra claramente a quem serve a direção do BC.

Hoje só o Banco Central vê pressões inflacionárias, nem o retorno do dólar a níveis coerentes com a atividade têm ameaçado a inflação por vários preços em dólar caíram. Temos visto que os indicadores de inflação indicam queda, que o mercado de trabalho está desaquecendo e várias empresas anunciando demissões.

O que o Lula está esperando, que aconteça uma recessão e sua popularidade caia?

Por isso convoco a esquerda para uma campanha cívica: o Banco Central tem que ser nosso.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Dez motivos para baixar já os juros

O Conversa Afiada reproduz o artigo de Antonio Corrêa de Lacerda, veiculado no Estadão desta quarta-feira (10).

Vale a pena ler:

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Corrupção no setor privado

Quando se fala em corrupção geralmente vem à cabeça das pessoas o Governo. Muitos se esquecem que quando há corrupção no setor público, há uma pessoa física ou uma empresa do outro lado também ganhando. 

Dentro das empresas privadas também há muita corrupção. São dirigentes tentando enganar os sócios, controladores tendo levar vantagens sobre os minoritários, fraudes em balanços, sonegação fiscal, etc. O número de casos são imensos.

Não vai pensando que por ser privado você não é prejudicado. Você como acionista, como participante de um fundo de pensão pode ser prejudicado. Você como consumidor pode ser prejudicado pagando mais caro pelo produto (corrupção é custo e é o consumidor quem paga).

Num estudo divulgado recentemente pela ong Transparência Internacional intitulado Bribe Payers Index (“Índice de Pagadores de Suborno”, em tradução livre), os empresários brasileiros aparecem nos primeiros lugares (mais corruptos).

O herói do Copom

Muito bom este texto do LN, onde analisa a situação do Meirelles que fez uma lambança no Banco Central ao jogar fora todas as oportunidades de baixar os juros criando armadilhas para o desenvolvimento da economia brasileira. Sua irresponsabilidade foi tamanha ao deixar o Real se valorizar demais prejudicando pequenos exportadores, criando um processo de substituição de insumos nacionais por importados e estimulando os grandes exportadores a apostarem no cassino financeiro. 

Mesmo com a crise chegando, produção industrial caindo, empresas demitindo, o sujeito ameaça subir ou manter os juros na extratosfera para combater uma inflação galopante que só ele e sua diretoria vê. Juro alto no Brasil tem dois efeitos: desestimula investimentos e onera as contas públicas. O Brasil paga R$160 bilhões de juros quando poderia pagar a metade e com o restante reduzir impostos ou investir em infraestrutura. 

Para aqueles que só se informam pelo PIG , informações extras: desde o Plano Real em média o Governo gasta menos que arrecada, essa diferença (superávit primário) se tornou enorme no governo Lula, chegando a mais de 4% do PIB. A dívida pública herdada do Collor era cerca de R$64 bilhões. FHC fez virar mais R$700 bilhões e Lula conseguiu dobrar. Tudo isso sem tomar um centavo emprestado para construir escolas ou hospitais. Isso foi obra dos tecnocratas do Banco Central aplaudidos pela mídia. 

Enquanto parte da classe média fica chocada quando ouve que algum deputado levou  um milhãozinho, o BC torra dezenas de bilhões para atender o mercado financeiro e é aplaudido. Onde já se viu injetar dinheiro nos bancos (liberação dos compulsórios) e ao mesmo tempo enxugar estes recursos (pagando juros altíssimos). Com os swaps reversos o BC perdeu mais de R$70 bi, nos swaps cambiais que faz agora possibilidade de perdas do mesmo tamanho. 0,5% de juros a mais ou a menos são mais uns R$10 bi (quase o orçamento do bolsa família). 

No mundo inteiro os juros da dívida pública em moeda local são oscilam entre 1 a 6%. Dificilmente ultrapassam esses valores porque não há risco em emprestar para o governo na moeda que ele emite. No Brasil fizeram a loucura de pagar até 42%! Ficando grande período acima dos 20% e hoje escandalosamente mantido a 13,75% em meio a uma ameaça de recessão mundial. 

É! O sr. Henrique Meirelles preparou uma bomba que vai estourar no colo do seu sucessor e quando ela estourar a nossa imprensa ainda vai dizer que competente era o Meirelles (como ontem li no Globo o Merval Pereira dizer que eficiente era o Palocci).

Clique abaixo para ler o texto sugerido:

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Copom é o prêmio da guerra cambial

Luiz Sérgio Guimarães
Valor Econômico 08/12/2008

 
O principal acontecimento econômico desta semana não está desvinculado da queda-de-braço travada pelo Banco Central e os especuladores no mercado de câmbio. A última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, nesta quarta-feira, pode ser até o alvo central das escaramuças em torno da taxa de câmbio. A cotação do dólar está servindo de munição destinada a convencer o BC de que não será prudente começar a baixar a Selic tão cedo. O território a ser conquistado pelas instituições não são os lucros gerados aos detentores de swaps cambiais por dólar acima de R$ 2,60, mas a manutenção da Selic em 13,75% por pelo menos mais seis meses. Com isso, os especuladores ganham nas duas pontas, tanto com o juro alto quanto com o dólar caro. E a economia como um todo perde pelos dois lados: o primeiro comprime ainda mais a atividade já ferida pela crise externa e o segundo injeta combustível às expectativas de inflação.

O tiroteio cambial foi devastador na sexta-feira. De manhã, tendo como pretexto a extinção recorde de empregos nos EUA, o movimento comprador empurrou o dólar para até R$ 2,6210. A variação do dólar compõe a base da remuneração dos swaps cambiais emitidos no início da crise e que começam a vencer. A finalidade da esticada era chamar o BC para a briga. E ele foi, duplamente. Primeiro, sob a forma de intervenções. Fez cinco leilões, três de venda direta de dólar no mercado à vista e dois de venda de contratos de swaps cambiais. No total, abasteceu o mercado com US$ 2,3 bilhões. Em segundo lugar por meio de declarações oficiais insinuando a intenção do BC de não reduzir a taxa Selic. Este segundo fator pode ter sido até mais decisivo para a queda verificada no dólar no período da tarde. Foi depois dele que a moeda derreteu 4,42%, batendo na mínima de R$ 2,4240. A moeda encerrou o dia cotada a R$ 2,4790, em baixa de 2,24%. Vitória do BC? Na semana, acumulou valorização de 7%.

O economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do IEDI, diz que a especulação cambial tem como objetivo primordial evitar que o BC diminua a taxa de juros básica. Essa é a meta mais valiosa. Depois vem o alvo secundário, que consiste na valorização dos swaps cambiais. No seu entender, o BC não pode ser operacionalmente autônomo unicamente em relação às ingerências de natureza política do governo. Sua independência deve ser mais abrangente. Ele deve desvincular-se sobretudo dos interesses do mercado. Atualmente, a política monetária é prisioneira desses interesses. Tanto é que não se pode confundir medidas de estímulo à ampliação da liquidez do sistema bancário com uma política de expansão do crédito. De acordo com Gomes de Almeida, nenhum centavo dos R$ 94 bilhões liberados do compulsório bancário chegou ao crédito. Esses recursos apenas aumentaram o empoçamento. "Se o BC não baixar logo o juro e o governo não fizer uma política fiscal mais ativa, o que atualmente mostra-se como uma desaceleração econômica pode se transformar em uma recessão", diz o professor de economia da Unicamp.

O BC parece estar numa sinuca de bico. Se larga o câmbio às forças do mercado, favorece às exportações ao melhorar a competitividade do câmbio num momento em que os países emergentes parecem dispostos a promover depreciações cambiais para facilitar a venda em mercados cada vez mais arredios. Esta pode ser a explicação para a atuação hesitante do BC no câmbio, na opinião do consultor Miguel Daoud, da Global Financial Advisor. Uma redução da Selic teria o poder de amplificar a desvalorização do real. Mas esta não pode sair do controle a ponto de estragar completamente o esforço desenvolvido desde 2002 de desinflação da economia brasileira. É por isso que o estrategista da Pentágono Asset, Marcelo Ribeiro, considera necessária a adoção de algum tipo de controle de capitais externos. "O governo deveria começar a cogitar a implementação de controles de capitais, nos moldes feitos pela Malásia em 1998, para impedir que a depreciação do real dificulte a queda da Selic na velocidade que tem de ser realizada para impedir que o Brasil entre em recessão", diz Ribeiro.

Para a economista-chefe do Banco Fibra, Maristella Ansanelli, diante do cenário de enfraquecimento mais rápido e mais agudo da atividade econômica, os índices de inflação têm ficado bem comportados, a despeito da forte depreciação do real nos últimos meses. Na sua visão, parece cedo para acreditar que os índices de inflação passarão incólumes ao movimento da moeda, mas certamente os impactos deste movimento sobre a inflação serão menores do que em episódios anteriores. "Neste contexto, estimo uma trajetória relativamente benigna para a inflação em 2009, com o IPCA convergindo para o patamar de 5%", diz a economista.

Luiz Sérgio Guimarães é repórter de Finanças

Paralisado diante da crise

LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA 
Folha de São Paulo 08/12/2008

A única coisa boa para a economia brasileira nesta crise financeira global foi a depreciação cambial


O GOVERNO brasileiro parece paralisado diante da crise econômica mundial. Já abandonou a tese da "blindagem", mas continua com a esperança de que ela nos atingirá docemente porque a crise começou nos Estados Unidos, e não aqui. É verdade que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), desde outubro, percebeu que teria que captar mais recursos e ampliar suas aplicações para compensar o natural retraimento dos bancos comerciais. E que o Ministério da Fazenda vem procurando proteger os dois setores privados mais atingidos pelo encolhimento do crédito: a indústria automobilística e a de construção. Mas essas medidas são tímidas e não contrabalançam a política monetária do Banco Central.
Não obstante a crise já estivesse clara desde o segundo semestre de 2007, até há dois meses o Banco Central continuava a aumentar a taxa de juros porque ainda acreditava que a demanda interna estivesse aquecida. Agora os jornais informam que sua disposição é a de mantê-la no nível atual, não obstante os indicadores de desaquecimento da demanda sejam claros. Na verdade, o Banco Central já deveria estar associado ao Ministério da Fazenda e ao BNDES na luta por evitar a recessão, que já é triste realidade nos Estados Unidos e na Europa. E, assim, já deveria ter iniciado a baixa da taxa de juros brasileira em pelo menos um ponto percentual a cada mês. A desculpa é sempre a mesma -a inflação-, mas agora o argumento é outro: a depreciação cambial.
A única coisa boa para a economia brasileira nesta crise financeira global foi essa depreciação. Nesse caso, o mercado corrigiu uma taxa de câmbio que se havia gravemente apreciado e fazia o país voltar à condição de déficit em conta corrente. A depreciação será origem de alguma inflação, mas não há razão para temer uma aceleração maior. O "pass-through" da variação da taxa de câmbio para a inflação é inferior a 10%. Por outro lado, o efeito inflacionário da depreciação está sendo compensado pela queda dos preços das commodities e pelo rápido desaquecimento da demanda em curso.
Diferentemente dos Estados Unidos e do Japão, cuja taxa de juros já é muito baixa, no caso do Brasil a alta taxa de juros oferece um amplo campo de manobra para a política monetária. Enquanto aqueles países já estão na clássica armadilha da liquidez, o Brasil está longe desse ponto. Ao não enfrentar de frente o problema da recessão em marcha, o governo brasileiro está mais uma vez perdendo a oportunidade de voltar a taxas de juros civilizadas. E -o que é mais grave- está ameaçando o país de mergulhar em uma recessão perfeitamente evitável.
Para não agir, o Banco Central argumenta que sua única responsabilidade é a de controlar a inflação. Assim o determina a sagrada política de metas de inflação. Enquanto o quadro internacional era muito favorável, o Banco Central podia "brincar de meta de inflação" sem conseqüências muito graves para a economia. A economia crescia de maneira insuficiente, ficávamos muito atrás dos outros Brics, mas não havia crise. O quadro atual, porém, é outro, e exige do governo políticas de sustentação da demanda fortes e determinadas. Políticas que não estão acontecendo. 
LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA , 74, professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado (primeiro governo FHC) e da Ciência e Tecnologia (segundo governo FHC), é autor de "Macroeconomia da Estagnação: Crítica da Ortodoxia Convencional no Brasil pós-1994". 

domingo, 7 de dezembro de 2008

O Gabinete do Secretário de Segurança Pública do ex-governador Geraldo Eficiente Alckmin gastou mais que a polícia

O Estado de São Paulo

Domingo, 07 de Dezembro de 2008 | Versão Impressa

Gabinete gasta mais do que a polícia

Despesa em dinheiro vivo com operações policiais reservadas, entre 2002 e 2008, supera recursos de Denarc e DHPP

Marcelo Godoy







O gabinete do secretário da Segurança Pública de São Paulo gastou em dinheiro vivo com operações policiais reservadas mais do que os Departamentos de Investigação sobre Narcóticos (Denarc), o de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e a Corregedoria da Polícia Civil. A situação se estendeu de 2002 até março deste ano. Em 2004, nenhum departamento nem mesmo o serviço secreto da Polícia Militar gastou mais do que o gabinete. E isso sem efetuar prisão, infiltração no crime organizado ou instaurar inquérito.

Professores de Direito Administrativo e de Direito Público ouvidos pelo Estado questionaram a forma, a quantidade e quem fez os gastos. "Ele (a chefia do gabinete da secretaria) é um órgão político e não de execução. Duvido muito que isso seja despesa dentro de suas atribuições", afirmou Maria Sylvia Zanella Di Pietro, professora de Direito Administrativo da Universidade de São Paulo (USP). A secretaria negou qualquer irregularidade e afirmou que os gastos são legais.

De fato, o uso de dinheiro vivo não é ilegal. Ele ocorre quando a verba é usada por meio de adiantamento de despesa. O gasto dessa forma é feito antes de sua comprovação. Como a verba é secreta, dispensa documentos, como nota fiscal, que o comprovem. O adiantamento não permite verificar o destino do dinheiro no Sistema de Gerenciamento da Execução Orçamentária (Sigeo). A gestão de Saulo Abreu gastou R$ 2,2 milhões e a de Ronaldo Marzagão, R$ 479 mil, com operações.

Em 2004, por exemplo, o gabinete do secretário (gestão Saulo) gastou em dinheiro R$ 610 mil com "operações sigilosas" ou 45% a mais do que o usado no ano até pelo serviço secreto da PM (R$ 420 mil) e pelo Deic (R$ 420 mil) e 309% mais do que o Denarc (R$ 149 mil). O Estado teve acesso a 119 cheques sacados em dinheiro que confirmam os gastos de 2004.

"O gabinete deve explicar por que gastou mais do que quem faz investigação. O gasto confidencial, embora necessário, deve ser a mais absoluta exceção. Não se pode usá-lo como guarda-chuva para outros gastos", disse o professor de Direito Público da Universidade de São Paulo (USP) Adilson Dallari. Professor de Direito Administrativo da PUC-SP, Floriano de Azevedo Marques afirmou que tudo parece "muito estranho".

Durante seis anos, a verba foi gasta sem deixar registro no Sigeo da devolução de sobras, após a emissão da ordem de pagamento. É como se toda compra tivesse valor redondo, como R$ 35 mil. Só a partir de abril deste ano começa a haver devolução de sobras - em 2006 e 2007, há o cancelamento de quatro notas de empenho, dinheiro que não foi sacado. "Não é razoável", disse Dallari.

O chefe de gabinete deve prestar contas das verba mensalmente aos seus chefes e, no fim do semestre, ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). No primeiro semestre de 2007, o gabinete gastou R$ 195 mil com operações. Em todo o ano, o Denarc gastou R$ 180 mil. A prestação de contas do segundo semestre de 2007, feita em 8 de janeiro deste ano, mostra gastos de R$ 240 mil por meio das ordens bancárias 2007OB8045, 2007OB93578, 2007OBA8492, 2007OBC2849, 2007OBD6992 e 2007OBF0794 - todas de R$ 35 mil e de R$ 50 mil. Não há referência a sobras. Só mais tarde, durante investigação da Corregedoria-Geral da Administração, a secretaria informou ao TCE a devolução de R$ 98 mil - foi a única vez em sete anos. "Isso não é controle, é descontrole", disse Dallari.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Acorda Lula, o Meirelles ainda vai te derrubar

Enquanto em documentos oficiais o BC tece cenários para justificar um novo aumento na taxa de juros, os indicadores mostram que a recessão está batendo na nossa porta. 

A produção industrial teve forte queda de 1,7% na comparação de outubro com setembro. Já está se formando um consenso que no último semestre de 2009 e no primeiro de 2009 o Brasil vai apresentar queda do PIB.  A Vale do Rio Doce anunciou 1300 demissões e férias coletivas para mais de 5.000 funcionários.

A crise está tão forte que a até a alta do dólar não está sendo repassada aos preços.

No BC os cabeções atuam em posições contraditórias com os interesses do país: aumenta liquidez em uma das pontas liberando compulsórios e na outra ponta mantem os juros exageramente altos e ainda ameaça aumentá-los.

No mundo inteiro diante da crise governos baixam juros, estimulam a demanda interna e aumentam o gasto público. Todas estas iniciativas vão no sentido de provocar aquecimento da economia.

Aqui no Brasil os cabeções que tem grande repercussão na mídia (PIG) repetem a mesma ladainha: aumente os juros, cortem gastos. Agora virou putaria as atitudes do Banco Central. Só não enxerga quem não quer.

Comecemos a campanha pela nacionalização do Banco Central: O Banco Central tem que Nosso.

Dolar bate 2,475, maior preço desde junho de 2005

Hoje o dólar fechou a 2,475,  maior preço desde junho de 2005. Mesmo ofertando US$530 milhões no mercado a vista o BC não conseguiu segurar.

Essa saída de divisas não tem a ver com o risco país, mais sim com a necessidade de caixa das multinacionais. Elas precisam de dinheiro lá fora e o crédito está restrito, aí o jeito é fazer caixa no Brasil onde os recursos são muito líquidos. 

Aqui o capital especulativo entra e sai a hora que quizer, entra quando não precisamos de dólares e sai quando precisamos deles. Ainda conta com belo seguro: nossas reservas.  Estas deviam ser usadas para necessidades da economia, financiar nossos exportadores,  financiar importações essenciais, mas o BC dos rentista vai torrar essas reservas ao sabor da vontade do mercado.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

''Não faz sentido um juro tão alto''

Segunda-Feira, 01 de Dezembro de 2008

Ex-economista-chefe da Febraban diz que Banco Central deveria punir os bancos por exagero nas taxas dos empréstimos

Leandro Modé







A economia brasileira está sendo prejudicada pelo abuso de alguns bancos no campo do crédito e o Banco Central (BC) não deveria tolerar esse comportamento. A crítica não é de nenhum sindicalista, economista de esquerda ou consumidor que tenha se sentido esfolado pelos recentes aumentos no custo dos empréstimos. Seu autor é Roberto Troster, que foi economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) por quase seis anos.

De acordo com pesquisas de várias entidades de acompanhamento econômico, nas últimas semanas o setor financeiro aumentou os juros dos empréstimos e reduziu o prazo de pagamento. Troster avalia que não há razões para que os bancos tenham subido tanto as taxas de juros e acha que eventuais abusos devem ser punidos pelo governo.

Por que alguns bancos não emprestam?

É uma visão imediatista. Não faz sentido emprestar com taxas tão altas e por prazos tão curtos. Estão visando ao lucro no curto prazo, em vez de lucros sustentáveis no médio e longo prazos.

Trata-se de não querer ou é resultado da piora da conjuntura?

A conjuntura piorou, mas também aproveita-se da falta de liquidez para emprestar a taxas desproporcionalmente mais altas. Não há justificativa para aumentarem as taxas na velocidade em que aumentaram.

Como combater os abusos?

Em alguns países, como a Inglaterra, o Banco Central faz isso; é chamado de persuasão moral, é a forma mais simples e deveria funcionar. O ponto é que não pode haver tolerância com abusos não justificados. Há banqueiros querendo emprestar, há dinheiro, mas registros de exageros no preço. Quem sofre é a economia. Já tem gente postergando investimentos, empresas adotando férias coletivas.

O governo deveria acompanhar as taxas na ponta, então, e, se não houver justificativa, intervir?

Sim, é isso.

A mudança no cenário não justifica uma cautela maior por parte dos bancos?

Antes do agravamento da crise, eu já havia escrito sobre o aperto que estava havendo aqui dentro. O sistema brasileiro é fechado. Temos um sistema de poupança importante. Boa parte do sistema financeiro da América Latina é dolarizado. A gente quase não tem isso. Portanto, não dependemos do resto do mundo. Há muitos bancos pequenos e médios que querem emprestar, mas não têm a matéria-prima, que é dinheiro. Por isso, têm sido obrigados a demitir funcionários.

Não ficou perigoso para os bancos emprestar?

Eles têm de ser mais cautelosos, claro, mas temos de ver a proporção. O crédito estava crescendo a 30% ao ano, com uma economia avançando 5%. Em setembro, o crédito para pessoas físicas até R$ 5 mil teve retração. Não faz sentido isso. Ou seja, estão pagando os juros e amortizando, já. É um senhor aperto do crédito. Ser mais precavido é uma coisa, aumentar as taxas desproporcionalmente é outra.


Qual o impacto na economia?

É recessão. Já há projeções para o crescimento do ano que vem na faixa de zero. Antes, estimavam 4%. O impacto é muito grande. Se você quebra o crédito, começa o efeito dominó. Temos que evitar isso a qualquer custo. O Banco Central tem atuado, mas ainda pode fazer mais. O crédito tem um papel importante neste momento da história, pode ser o herói ou o vilão da crise.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081201/not_imp286354,0.php

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Comentário: Enquanto alguns setores progressistas estão organizando a campanha "O Petróleo tem que ser nosso", eu aqui convoco os brasileiros para uma campanha mais importante: "O Banco Central tem que ser nosso". Esse aí claramente não trabalha prá nós. Não faz sentido a inércia do BC diante do abuso dos bancos e não faz sentido a manutenção da SELIC no nível atual. Outro dia ví no relatório dos economistas do banco UBS que se a SELIC estivesse a 6% já estaria remunerando muito bem.

Até a Moody`s anda dizendo que o banco central brasileiro exagera no aperto monetário. Não que eu leve a sério essas agências de risco, mas tem um pessoal que ainda escuta fielmente.

Esse BC do Meirelles é uma mãe, libera dinheiro para que os bancos apliquem na dívida pública de um país que faz um tremendo esforço fiscal e economiza quase 4% do PIB. Aí a classe média desinformada reclama da qualidade dos serviços públicos. Os serviços públicos são ruins e ineficientes porque não há dinheiro para gastar nessas áreas por dois motivos: a política econômica trava o crescimento (mais emprego, mais impostos) e ao mesmo tempo se consome uma enorme massa de recursos públicos pagando juros.

Por isso: "O Banco Central tem que ser nosso"
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Vladimir M Coutinho