domingo, 30 de novembro de 2014

Democracia? Isso aqui é uma plutocracia!

http://www.conversaafiada.com.br/politica/2014/11/30/democracia-isso-aqui-e-uma-plutocracia/


Ainda bem que o Supemo decidiu por 6 a 1 proibir grana das empresas em campanhas (quá, quá, quá !)​


Na Fel-lha:

GABRIELA TERENZI e RAYANNE AZEVEDO DE SÃO PAULO


A campanha eleitoral deste ano, a mais cara da história da democracia brasileira, teve um custo total de quase R$ 5 bilhões, dos quais 60% foram gastos por candidatos de apenas três partidos.


As candidaturas do PT, PSDB e PMDB totalizaram despesas de R$ 2,9 bilhões, que se concentraram sobretudo em serviços de publicidade e produção de materiais impressos e dos programas do horário eleitoral.


A conclusão é de levantamento da Folha com base nas prestações finais de contas fornecidas pelas campanhas eleitorais ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).


A análise considerou as despesas de todos os candidatos, diretórios e comitês, tanto vencedores como derrotados, que concorreram para todos os cargos que tiveram disputa neste ano.


Com o valor total gasto na campanha, de R$ 4,92 bilhões, seria possível construir cerca de 76 mil moradias populares do programa Minha Casa, Minha Vida e quase quatro estádios similares ao Itaquerão, na zona leste da capital paulista


Navalha
O PT e o PSDB gastaram R$ 1 bilhão, cada.
O PMDB, R$ 800 milhões.
Os maiores financiadores foram:
- JBS, da Friboi, R$ 400 milhões;
- Odebrecht, R$ 111 milhões;
- Bradesco, R$ 100 milhões;
- Andrade Gutierrez, R$ 86 milhões;
- – OAS, R$ 80 milhões;
- Vale, R$ 78 milhões;
- e Queiroz Galvão, R$ 75 milhões.
Democracia ?
Isso aqui é uma plutocracia, o regime dos ricos.
Onde, segundo o Piketty, eles não pagam imposto, e usam o dinheiro para “adoçar” os políticos (que não lhes cobram imposto) …
(O que faz de errado a Friboi para gastar tanto dinheiro em eleição, se o Junior não foi, sequer, candidato a governador de Goiás ?)
O Brasil vai acabar como os Estados Unidos – em que os ricos controlam a eleição, com voto distrital e facultativo.
É isso o que eles querem.
Por isso, a Supremo, apesar dos 6 a 1, não consegue impedir ao financiamento de empresas às campanhas .
O que a Friboi terá em Mato Grosso ?, amigo navegante ?
Será que ela manda no mercado de Mato Grosso ?
Ou ela estimula a livre concorrência ?

Paulo Henrique Amorim

As mega-obras da JK de saias. Que a Globo vai esconder

http://www.conversaafiada.com.br/economia/2014/11/30/as-mega-obras-da-jk-de-saias-que-a-globo-vai-esconder/


Curta, amigo navegante, o que voce nao verá naquela telinha em decadência !

PONTE RIO NEGRO, AMAZONAS



O Conversa Afiada reproduz do Plantão Brasil:


17 MEGAOBRAS DO GOVERNO DILMA QUE VOCÊ PROVAVELMENTE NUNCA OUVIU FALAR


Quais dessas obras você já conhecia?


1- PONTE RIO NEGRO, AMAZONAS



Ponte Rio Negro, no estado do Amazonas. Com 3,6 km de extensão, é a segunda maior ponte fluvial do mundo e a maior estaiada do Brasil. Conecta Manaus ao município de Iranduba e demorou três anos e 10 meses para ficar pronta. O concreto e o aço utilizados na obra seriam suficientes para construir três estádios do Maracanã.


2- FERROVIA NORTE-SUL, EM CINCO ESTADOS


O trecho de 682 km da Ferrovia Norte-Sul, situado entre as cidades de Ouro Verde (GO) e Estrela do Oeste (SP), está com 70% das obras concluídas. Em outro trajeto da obra, já finalizado entre Tocantins e Goiás, são 855 km de ferrovia já em operação.


3- FERROVIA TRANSNORDESTINA, CEARÁ, PERNAMBUCO E PIAUÍ


Integrada à Ferrovia Norte-Sul, liga o Porto de Pecém, no Ceará, ao Porto de Suape, em Pernambuco, além do cerrado do Piauí, no município de Eliseu Martins, num total de 1.728 km.


4- PONTE SOBRE O RIO MADEIRA



Obras na ponte sobre o rio Madeira, na divisa do Amazonas e Rondônia, na rodovia BR 319.


5- USINA EÓLICA ARIZONA, RIO GRANDE DO NORTE


Estado atinge 1.163,39 MW de potência instalada por meio de 42 parques eólicos em funcionamento e lidera o ranking eólico no Brasil.


6- BRT TRANSCARIOCA, RIO DE JANEIRO


A TransCarioca tem 39 km de extensão e 45 estações entre o Terminal Alvorada e o Aeroporto do Galeão. Atende 450 mil pessoas por dia.


7- METRÔ DE SALVADOR, BAHIA


Dilma inaugurou, em junho, o primeiro trecho da primeira linha do metrô de Salvador. Com 7,4 km de extensão e 5 estações. O projeto prevê 41 km e 22 estações terminadas até 2017.


8- AMPLIAÇÃO E REFORMA DE 13 AEROPORTOS


Em Salvador, São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Natal, Belo Horizonte, Porto Alegre, Manaus, Fortaleza, Maceió, Cuiabá e Curitiba os aeroportos foram reformados e ampliados. A capacidade dos aeroportos triplicou e todas as pistas foram reformadas, estacionamentos ampliados e terminais ampliados e modernizados.


9- MEGA PORTO DA BAHIA, O TERCEIRO MAIOR DO BRASIL


Começam as obras do terceiro maior porto do Brasil, em Ilhéus, Bahia. O investimento será e R$ 2,2 bilhões neste que será um dos portos mais modernos do mundo.


10- PONTE ANITA GARIBALDI, SANTA CATARINA


A ponte Anita Garibaldi em Laguna (SC) será a primeira ponte estaiada em curva do mundo e a terceira maior ponte do Brasil, com 2.830 metros de extensão. A obra faz parte do PAC-2 e impressiona pela sua magnitude.


11- UM MILHÃO DE CISTERNAS



Em todo o semiárido, foram entregues 545,7 mil cisternas e 54,7 mil tecnologias de apoio à produção agrícola. O governo tem a meta de distribuir, até o final de 2014, 750 mil unidades para consumo familiar e 76 mil de apoio à produção. Com as 350 mil entregues por Lula, são mais de um milhão de cisternas ajudando a combater a seca.


12- SUPERPORTO DO AÇU, RIO DE JANEIRO


O Superporto do Açu está localizado no município de São João da Barra, norte do Estado do Rio de Janeiro, mais especificamente no distrito de Açu. Sua localização é estratégica para a indústria do petróleo, por ser próximo às bacias de Campos e do Espírito Santo, podendo ser utilizado de base também a operação da Bacia de Santos.



13- PERÍMETRO IRRIGADO DE NILO COELHO, PERNAMBUCO


O perímetro irrigado de Nilo Coelho, localizado na cidade de Petrolina, no semiárido pernambucano, é o maior do Brasil em produção. Em 2013, o valor bruto de produção foi superior a R$ 700 milhões, com destaque para a fruticultura. Com área irrigável de 18.563 hectares, Nilo Coelho beneficia cerca de 2.200 famílias. O perímetro também prevê a geração de 20 mil empregos diretos e 30 mil indiretos.



14- 2,75 MILHÕES DE MORADIAS ENTREGUES PELO MINHA CASA MINHA VIDA


Lula entregou 1 milhão de moradias na primeira etapa do programa Minha Casa Minha Vida. Na segunda etapa, Dilma já entregou 2,75 milhões de casas e o projeto da terceira etapa prevê mais 3 milhões a partir de 2015. Na foto o Residencial Viver Melhor, em Manaus.



15- 23 UNIVERSIDADES E 152 CAMPI CRIADOS

Na foto, a Universidade Federal do ABC, criada por Lula e ampliada por Dilma, considerada a melhor do Brasil.



16- USINA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE, PARÁ

Terceira maior hidrelétrica do mundo, a Usina de Belo Monte terá capacidade energética para atender a 60 milhões de pessoas.



17- USINA HIDRELÉTRICA DE ESTREITO, MARANHÃO


Com capacidade de geração energética de 1.077 MW, a usina de Estreito foi inaugurada em maior por Dilma Roussef.


Além dessas obras mais 22 usinas eólicas e 3 hidrelétricas foram construídas. Ainda há em andamento as obras de dez hidrelétricas (que agregarão mais 18.340 MW ao sistema), 14 termelétricas (3.871 MW), 95 eólicas (2.472 MW) e seis pequenas centrais elétricas (118 MW).


sábado, 29 de novembro de 2014

A lógica das políticas econômicas neoliberais

http://jornalggn.com.br/noticia/a-logica-das-politicas-economicas-neoliberais
Digo há algum tempo e enfatizo: do ponto de vista programático, essas eleições são as mais significativas das últimas décadas. Pela primeira vez estão claramente explicitados dois modelos de governo: o neodesenvolvimentista e o neoliberal. Ambos têm suas virtudes e defeitos e propõem o pote de ouro da retomada do desenvolvimento no final do arco-íris. E essa divisão é quase tão antiga quanto o surgimento da economia.

O protagonismo na economia sempre foi disputado por dois setores: o financeiro e o da chamada economia real (comércio, indústria e serviços). A partir de determinado período, o trabalho também tornou-se protagonista, de certo modo aliando-se aos empresários da economia real.

As linhas econômicas, no fundo, representam esses interesses, o neoliberal representando a alta finança; o desenvolvimentista representando a indústria.

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Os neoliberais são fundamentalmente internacionalistas. Isto é, não estão ligados aos interesses nacionais. E, como tal, não enxergam problemas nacionais - como saúde, educação, inclusão social, industrialização - como prioridade.
Sua prioridade  é o interesse do grande capital. A utopia que vendem é que, quanto melhor tratar o capital, mas ele ingressará no país, e, automaticamente trará o desenvolvimento.

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Em alguns pontos o interesse do grande capital bate com o interesse do país.

Mas quando o mercado toma a política econômica nos dentes - como ocorreu no Brasil de FHC e de Lula (até a crise de 2008) - todos os conflitos entre o interesse do capital e do país são arbitrados em favor do capital. O interesse nacional e dos cidadãos ficam em segundo plano.

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Entendendo o que é o negócio do grande capital fica mais claro quais seus interesses na política econômica:
1. Emprestar a governos, através de compra de títulos públicos.

2. Arbitragem de ativos: comprar na baixa e vender na alta. Vale para imóveis, empresas, ações ou moedas de países, cotações de commodities.

3. Swaps de moedas: tomar empréstimos em determinada moeda e aplicar em outra, aproveitando o diferencial de juros.
4. Reestruturação de empresas, através de processos de fusão, incorporação, aquisição ou investimentos em novos setores.

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Em função dessa lógica, na política econômica, ao capital financeiro interessam apenas alguns aspectos seguidos à risca por seus representantes quando Ministros:

Mobilidade de capitais - é condição necessária para entrar rapidamente em mercados "baratos" e sair quando a bolha explode. Qualquer política prudencial recomendaria prazos mínimos de permanência desse capital gafanhoto. Na gestão neoliberal, é anátema, expondo o país à toda sorte de jogadas, como ocorreu em fins de 1998, 2002 e 2009. E, antes disso, no início da República até o país quebrar, em 1932.

Políticas de controle da inflação - toda a estratégia consiste em elevar os juros acima da inflação esperada (como é o caso da política de metas inflacionárias). Afeta o emprego, a produção, mas preserva-se o valor do capital.

Política cambial e de juros - interessa apenas a apreciação do real.Se um investidor trouxer US$ 100 milhões com o dólar a R$ 2,20 e o dólar for a R$ 1,80, só por conta da valorização do real ele sairá do país com US$ 122,2 milhões.  Se aplicar a uma Selic de 12%, sairá com US$ 140 milhões. Se, pelo contrário, na saída o dólar estiver a R$ 2,50, só pelo efeito câmbio seu capital será reduzido para US$ 88 milhões. Esse negócio extremamente rentável fica comprometido quando a relação dívida/PIB torna-se muito alta; ou quando as contas externas se deterioram. Logo, a  perpetuidade desse negócio depende de superávits fiscais robustos.

Superávit fiscal - Cada tostão aplicado em programas sociais tira espaço do capital financeiro para continuar ganhando com a dívida pública. É por aí que se dá a disputa. Daí porque programas como o Bolsa Família, Reuni, Prouni, crédito agrícola jamais serão prioritários em um governo neoliberal.

Bancos públicos - Um setor em crise de capitalização é barato. Basta o financista comprar a empresa ou parte dela, injetar capital para imediatamente haver um salto no seu valor. O mesmo vale para empresas que precisam se capitalizar para crescer. Ao prover capital para esses setores, o BNDES tira mercado e protagonismo dos fundos de investimento.

Política agrícola - o foco do mercado é a grande propriedade agrícola apta a receber financiamento em dólares ou investimento. O crédito agrícola é uma pedra no caminho por fortalecer a pequena e média propriedade, amenizando a concentração fundiária. Em todos os setores, o desenvolvimento se dá pelo fortalecimento das cadeias produtivas, as teias econômicas de pequenas e médias empresas em torno das maiores. Já a lógica do grande capital é o da concentração econômica, da criação de empresas globais.

Incorporação tecnológica - Ao país interessa agregar valor às commodities e às manufaturas, para gerar empregos mais qualificados e balança comercial mais robusta. Ao grande capital, não. Como seu horizonte é o mundo, tanto faz se o processamento das commodities é feito aqui ou na China, desde que seja em empresas controladas por ele.

Boulos pede coerência a Dilma e sugere Lobão na Cultura e Fábio Barbosa nas Comunicações

http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/11/boulos-pede-coerencia-dilma-e-sugere-lobao-na-cultura-e-fabio-barbosa-nas-comunicacoes/
Em artigo publicado nesta quinta-feira (27), membro do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) critica, em tom irônico, as recentes escolhas da presidenta Dilma Rousseff na formação de sua equipe ministerial
Por Redação
Nesta quinta-feira (27), Guilherme Boulos, professor e membro do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), publicou um artigo na Folha de S. Paulo em que critica, em tom irônico, as recentes escolhas da presidenta Dilma Rousseff na formação de sua equipe ministerial. “Joaquim Levy na Fazenda foi uma sacada de gênio, com grande sensibilidade social. Pena que o Trabuco não quis, mas confio que seu subordinado no Bradesco dará conta do recado”, afirmou.
As referências são feitas também a Kátia Abreu, cotada para ser a próxima ministra da Agricultura. “Kátia Abreu na Agricultura achei um pouco ousado demais. Cuidado pra não ser chamada de bolivariana! Os índios e os sem- ­terra estão em festa pelo país. Não temos dúvidas de que o ministério terá um compromisso profundo com a demarcação das terras indígenas, o combate ao latifúndio e com a Reforma Agrária”, escreveu no texto destinado à presidenta.
Boulos disse ainda que a opção por Armando Monteiro para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) deixaria os detratores de Dilma “sem argumentos”. “Dizem que a senhora não dialoga com a sociedade civil. Ora, como não? A Confederação Nacional da Agricultura em um ministério e a Confederação Nacional da Indústria em outro. Aí está a gema da sociedade civil, as entidades patronais”, ironizou.
No artigo, ele faz algumas indicações de pessoas que seguiriam a mesma linha dos ministros escolhidos até então. Boulos sugere nomes como o do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD) para o Ministério das Cidades, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP/RJ) para a Secretaria de Direitos Humanos, Fábio Barbosa, da revista Veja, para o Ministério das Comunicações, e o cantor Lobão assumiria como ministro da Cultura, após a demissão da petista Marta Suplicy.

Haddad já pode alçar voo

http://jornalggn.com.br/noticia/haddad-ja-pode-alcar-voo
Duas decisões recentes permitirão avançar a mais ousada experiência metropolitana das últimas décadas no país: a do prefeito Fernando Haddad em São Paulo.
A primeira delas foi a renegociação das dívidas de estados e municípios, aprovada esta semana pelo Congresso. Permite um desafogo não apenas no pagamento anual da dívida, mas na capacidade de endividamento dos entes federados – à medida em que reduz de imediato o valor presente do passivo.
A segunda, foi a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo de corrigir o abuso do ano passado, quando impediu que prefeitura de reajustar a planta do municípios e definir os novos valores do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano).
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No próximo biênio, Haddad terá recursos à sua disposição para avançar nos seus experimentos.
Nos primeiros dois anos, abriu espaço para colocar São Paulo em linha com o século 21 e com as políticas urbanas de centros mais modernos.
O ponto focal foi o enfoque humanizador, de colocar o homem como centro de todas as políticas.
Há muito a ideia de que políticas metropolitanas dependem apenas de concreto e aço foram superadas em países mais modernos. Grandes intervenções urbanas, de Nova York a Barcelona, fracassaram por não levar em conta que uma cidade é, acima de tudo, o ambiente de convivência entre seus cidadãos.
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Esse processo civilizatório avançou na saúde pública, a Operação Braços Abertos, na Cracolândia, inaugurou uma nova etapa, mais humana, da luta contra o crack.
Em outras gestões, alguns secretários de saúde ousaram entrar nessa linha. Mas foram demovidos pela ação repressiva da Polícia Militar e pela falta de coragem de sucessivos prefeitos em quebrar o padrão de repressão.
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O segundo avanço foi o de ter enfrentado finalmente o dogma da civilização do automóvel.
A implantação da faixa única de ônibus, o bilhete único, a criação de um ambiente mais saudável nos coletivos – inclusive com a implantação de wi-fi -, mais as ciclovias, colocaram na pauta os limites para o automóvel.
A discussão está na mesa sem os dogmas anteriores.
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As ciclovias e a humanização da avenida Paulista tiveram um amplo efeito no estado de espírito da cidade. Marcam uma nova etapa, em que o fator gente insere-se definitivamente nas políticas públicas metropolitanas.
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O Plano Diretor foi o marco maior, ao definir regiões de adensamento, novas maneiras dos prédios interagirem com o ambiente externo e retomar para a Prefeitura o controle da expansão urbana – que nas últimas décadas foi conduzida pela indústria imobiliária.
E Haddad mostrou habilidade política ao negociar com o Secovi (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado) e superar as resistências da Câmara Municipal.
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Toda política modernizante enfrenta um forte tiroteio inicial. O governante precisa correr o risco inicial, sem ter a garantia de que colherá os frutos mais adiante.
A diferença entre os meramente obreiros – como Paulo Maluf e José Serra (um Maluf sem a mesma capacidade de trabalho) - e os estadistas reside na capacidade de ousar, de entender o novo e apostar no futuro, correndo riscos.
Daqui até 2016 muita água vai rolar.
Mas, pelo sua obra até agora – no Ministério da Educação e na Prefeitura – Haddad se habilita como a melhor vocação pública que surgiu no país nas últimas décadas.

Preconceito democratizado

http://www.cartacapital.com.br/revista/827/preconceito-democratizado-2032.html
A hegemonia da doutrina neoliberal nas últimas quatro décadas deixou como saldo o recrudescimento da desigualdade social em escala global. Desregulamentação, abertura, privatização, redução do papel do Estado e supressão de direitos trabalhistas, sindicais e sociais são algumas facetas das reformas liberalizantes implantadas desde o fim dos anos 1970. Com a crise financeira de 2008, essa agenda foi reforçada nos países centrais, ampliando-se o padrão de desigualdade também nessas sociedades.
O oposto ocorreu na América Latina e no Brasil, que apresentaram no início do século XXI uma trajetória de crescimento econômico com inclusão social. No caso brasileiro, os impactos do crescimento na geração de empregos, recuperação do valor real do salário mínimo e nas transferências monetárias da seguridade social foram determinantes para a melhora das condições de vida dos cidadãos. Esses fatores, associados aos programas de combate à fome, contribuíram para milhões de pessoas saírem da pobreza extrema. Nesse caso, o balanço é “surpreendente e impactante na década”. Entre 2002 e 2013, a pobreza extrema caiu de 9,3% para 3,6% da população total.
Qual é a percepção da população brasileira sobre a redução da miséria e o declínio da desigualdade?  A resposta está no livro Percepções sobre Desigualdade e Pobreza. O que pensam os brasileiros da política social? Trata-se de um denso trabalho de investigação coordenado por Lena Lavinas, professora de Economia do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com Alinne Veiga, Barbara Cobo, Fabio Waltemberg e Yasmín Salazar Mendes, reconhecidos especialistas em políticas públicas.
Alguns achados da pesquisa patrocinada pela Financiadora de Estudos e Projetos eram de se esperar, mas há resultados surpreendentes. O brasileiro médio julga relevante o papel do Estado na redução das desigualdades sociais. Esse reconhecimento é aprovado especialmente pelos grupos de menor renda e nas regiões menos desenvolvidas.
Não obstante, os valores do individualismo e da meritocracia são amplamente compartilhados. A maioria acredita que o salário é função da qualidade do trabalho e do grau de responsabilidade na sua execução. Predomina a visão de que pobreza é falta de esforço individual e isso significa responsabilizar os próprios pobres por sua condição social.
O brasileiro médio não se mostra propenso a apoiar políticas universais. Quem pode paga e quem não pode que fique com um serviço público de segunda linha, defende a preocupante visão majoritária. A maioria desaprova elevar impostos para oferecer mais saúde e educação gratuitas e de qualidade. O cidadão apoia a progressividade dos impostos, mas esse esforço coletivo deve assegurar apenas uma intervenção residual  por parte do Estado.
Os segmentos com maior escolaridade são propensos a apoiar políticas universais. A maior parte defende uma política redistributiva em favor do bem-estar na velhice e reconhece no regime público da previdência social um instrumento de proteção real. Mais de dois terços dos entrevistados defendem a manutenção do Bolsa Família, mas a grande maioria julga pequena a contribuição do programa para reduzir a pobreza e quase metade dos entrevistados desaprova um aumento do benefício monetário do programa. Prevalece a crença de que as mulheres pobres querem ter mais filhos para aumentar o valor dos benefícios recebidos por criança.
Muito preconceito e desinformação refreiam a emergência de uma sociedade mais homogênea e solidária no Brasil, conclui-se da leitura do livro. O quadro, felizmente, não é imutável, apontam os pesquisadores, mas  enfrentá-lo requer travar também a batalha da revolução educacional e cultural.
Eduardo Fagnani é professor do Instituto de Economia da Unicamp e coordenador da rede Plataforma Política Social  (www.plataformapoliticasocial.com).

Democracia representativa apresenta claros sinais de falência

http://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2014/11/26/democracia-representativa-apresenta-claros-sinais-de-falencia.htm


Marcus Vinicius Furtado Coêlho

Em junho de 2013, milhares de pessoas foram às ruas manifestar insatisfação com o sistema político brasileiro, a qualidade dos serviços públicos e a ausência de canais de diálogo efetivos entre o poder político e a sociedade civil.
A cidadania brasileira voltou às ruas para reivindicar o aprofundamento da democracia outrora conquistada, por meio de uma reforma estrutural no sistema político, capaz de dar vazão aos anseios de participação da sociedade civil na tomada de decisões sobre os assuntos de relevo na política nacional.
O tema da reforma política, que há muito tempo vinha sendo discutido como pleito legítimo da sociedade civil, voltou, então, a ocupar lugar de destaque na agenda política nacional.
A discussão, agora, pressupõe a indagação sobrequal reforma política necessitamos. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), sensível às demandas da sociedade, propõe uma reforma democrática que tenha como escopo assegurar a igualdade de condições entre os candidatos, fortalecer e democratizar os partidos políticos, estimular o debate programático, reduzir os custos de campanhas eleitorais e ampliar a participação popular no processo político-decisório.
Pensando nisso, a OAB, ao lado de mais de uma centena de entidades, movimentos e organizações sociais, instituiu, no final do ano passado, a Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, com a finalidade de pautar a realização de uma reforma política que possa aprofundar os instrumentos da democracia brasileira por meio de um projeto de lei de iniciativa popular, o PL 6316/2013.
O projeto gira em torno de quatro pontos prioritários dessa reforma estruturante: a proibição do financiamento empresarial de campanha; a eleição proporcional em dois turnos; a representação paritária de gênero na política; e o fortalecimento dos mecanismos da democracia direta no país.
A mudança do atual sistema de financiamento das campanhas eleitorais, combatido pela OAB por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 4650, é peça-chave na reforma política e no combate à corrupção. As empresas possuem relevante papel na economia brasileira, mas não são dotadas de direitos políticos. Por isso, a doação eleitoral deve ser uma prerrogativa daquele que verdadeiramente detém o direito ao voto: o cidadão, a fim de que se respeite o fundamento republicano "um homem, um voto".
Outro ponto de crucial relevância para o aumento da representatividade do sistema político é a adoção do sistema proporcional em dois turnos, com lista pré-ordenada. 
No sistema atual, de lista aberta, não há uma ordem prévia dos candidatos que assumirão as cadeiras do Parlamento, o que provoca grandes distorções no pleito ao permitir que um candidato que tenha muitos votos assegure a eleição de outro que seja inexpressivo, fazendo com que a eleição gire em torno do candidato, e não das questões programáticas.
A doação eleitoral deve ser uma prerrogativa daquele que verdadeiramente detém o direito ao votoMarcus Vinicius Furtado Coêlho, presidente nacional da OAB, sobre a reforma política
A fim de enfrentar tais distorções, a proposta da OAB e da Coalizão Democrática é a adoção de um sistema proporcional com lista pré-ordenada em dois turnos. No primeiro turno, o voto seria dado ao partido, permitindo a discussão programática em torno das propostas e ideias de cada legenda. No segundo, o voto seria direcionado ao candidato, que seria eleito respeitando-se a ordem da lista.
Esse sistema garante o debate programático em torno das ideias e projetos dos candidatos e permite que o eleitor escolha, em última instância, os nomes que irão ocupar as cadeiras parlamentares.
Não se pode olvidar, ainda, a grave questão estrutural que consiste na sub-representação feminina nas instâncias políticas. Com o objetivo de fomentar a igualdade entre homens e mulheres também no espaço da representação política, a proposta da OAB segue no sentido de que a lista partidária seja composta com alternância de gênero. Assim, garante-se uma representação no Parlamento mais fidedigna com a composição da sociedade brasileira.
Finalmente, é imprescindível destacar a necessidade de ampliação dos mecanismos de participação direta da sociedade na vida política do Brasil. A democracia representativa apresenta claros sinais de falência.
É preciso resgatar a soberania popular e devolver aos verdadeiros titulares do poder político a faculdade de decisão a respeito das importantes questões nacionais, como concessões de serviços públicos, privatizações, construção de obras de grande impacto ambiental, entre outras. A OAB acredita e luta pela democracia. Essa é marca da nossa história e a missão inarredável de nossa Instituição.
Ontem, ao longo do regime militar, lutamos pela redemocratização. Hoje, mobilizamo-nos, ao lado da cidadania brasileira, para lutar pelo seu aprofundamento, pois acreditamos que a sociedade civil é a verdadeira e legítima protagonista da história.

MARCUS VINICIUS FURTADO COÊLHO

42 anos, é presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil