sexta-feira, 31 de julho de 2015

O complexo de vira-latas é uma arma na mão dos entreguistas

http://www.conversaafiada.com.br/economia/2015/07/30/brito-complexo-de-vira-latas-e-uma-arma-na-mao-dos-entreguistas/
Publicado em 30/07/2015


Brito: Dá para imaginar como, se demitisse seis mil pessoas, a Petrobras estaria sendo tratada na mídia e na boca do tucanato?

Segundo os vira-latas, a Shell toma medidas por competência gerencial, nós porque estamos 'quebrados'


Conversa Afiada republica analise de Fernando Brito, do Tijolaço:

E SE A PETROBRAS FOSSE A SHELL?




Uma notícia hoje  demonstra claramente como é primário – ou mal-intencionado, entre os que sabem tudo do setor de Petróleo – culpar a ladroagens de Paulo Roberto Costa e sua turma pelas dificuldades enfrentadas pela Petrobras.

A gigante Shell, informa o Financial Times (aqui a versão publicada pela Folha), está demitindo 6,5 mil de seus 94 mil trabalhadores, por conta da baixa do preço do petróleo.

Seria o equivalente a uma demissão em massa de 6 mil dos 86 mil empregados diretos da Petrobras.

Dá para imaginar como, se demitisse seis mil pessoas, a Petrobras estaria sendo tratada na mídia e na boca do tucanato?

A empresa anglo-holandesa, além disso, está abandonando projetos – inclusive na área nobre do Mar do Norte – e cortando os investimentos de US$ 30 bilhões para US$ 23 bilhões, quase 24% a menos.

Providência semelhante à tomada aqui, com um redução de 37% no plano de investimentos em cinco anos.

Alem disso, a Shell planeja desinvestir (vendendo ativos) cerca de US$ 50 bilhões.

Ninguém acusa -porque não é louco – a Shell de estar arruinada.

Mas fazem isso o tempo todo com a Petrobras.

O complexo de vira-latas incutido ao brasileiro é uma arma possante na mão dos que querem abocanhar nossas riquezas.

A Shell toma medidas por competência gerencial, nós porque estamos “quebrados”, embora elas sejam semelhantes ou, como no caso das demissões, muito mais prudentes aqui.



Leia também:

REQUIÃO: QUEREM FAZER NA PETROBRAS O QUE FIZERAM NA SABESP!

PF confessa: não tem prova contra Othon!

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2015/07/31/pf-confessa-nao-tem-prova-contra-othon/
Procuradores fanfarrões acham que tem

No G1:

PF ABRE MÃO, MAS MPF QUER MANTER PRISÕES DA 16ª FASE DA LAVA JATO

Polícia diz que não foi possível comprovar fraude; procuradores contestam.
Prisão temporária de Othon Luiz e Flávio Barra termina no sábado (1º).




A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) entraram em divergência nesta sexta-feira (31), sobre as prisões de dois investigados da 16ª fase da Operação Lava Jato. Para os policiais, não há indícios que comprovem a fraude. O MPF, no entanto, contesta a avaliação e quer que as prisões temporárias sejam convertidas em preventivas.

A PF enviou documento à Justiça Federal nesta sexta-feira em que abre mão de pedir a manutenção das pedir a prorrogação das prisões temporárias de Othon Luiz Pinheiro da Silva e Flávio David Barra. No fim da tarde, os procuradores do MPF requisitaram que ambos fiquem detidos em caráter preventivo, ou seja, sem prazo para serem liberados.

Os dois documentos devem ser analisados pelo juiz Sérgio Moro até sábado (1º) – quando acaba o prazo das prisões temporárias. Caberá ao magistrado definir se os investigados devem ou não deixar a cadeia.

Navalha
Moro acredita mais nos fanfarrões do que nos aecistas.
Na verdade, Moro parece pretender é que o Almirante Othon seja constrangido a abrir os segredos nucleares do Brasil aos tucanos – que os encaminharão aos amigos doNew York Times.
Com prova ou sem prova!
Moro tem uma agenda própria !
Paulo Henrique Amorim


1ª leniência. PiG e Moro não fecham a Camargo!

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2015/07/31/1%C2%AA-leniencia-pig-e-moro-nao-fecham-a-camargo


FHC vai ficar feliz! A Camargo vai continuar a financiar o iFHC!
Como previsto pelos ministros Simão e Adams começam a frutificar os acordos de leniencia que preservarao as empresas – e punirao os executivos comprovadamente corruptores.

Os acordos de leniência obrigam as empresas a pagar o que devem e a colaborar com a investigação.

Mas, a vida segue e as empresas nao perdem a idoneidade indispensável para continuar a fornecer ao Estado.

E poderao voltar a levantar dinheiro emprestado nos bancos – inclusive os estatais.

(Dificuldade vai ter a Globo, agora que foi humilhantemente rebaixada pela S&P’s)

Essa é a essencia de um acordo de leniência.

Acordo de leniência não significa, como querem o Globo e o PiG, a punição da pessoa juridica.

Uma extensão da delação premiada do Moro, essa que o decano do STJ considera uma roubada.

O Moro e o PiG tinham criado uma figura nova no Direito Universal: a empresa criminosa !

A empresa que abandona o seu CNPJ de madrugada, pega um punhal e assassina a velhinha tucana pelas costas, na saída de uma padaria, numa esquina de Hygyenopolys.

Isso começa a ser corrigido.

Quem comete crime é pessoa fisica.

Assim como o Serjão, que comprou a reeleicao do Fernando Henrique em dinheiro vivo, e partiu dessa para melhor, com o login do PSDB !

O Moro nao quebrou a Petrobras, nao vai fechar a Eletronuclear – nem o parque de engenharia pesada do Brasil.

O Moro nao vai acabar com um estrondo, mas com um … 

Not with a bang, diria o bardo …

Veja como o Globo tenta trocar a noticia, como fez uma “repórter” de Brasilia da CBN:

INVESTIGADA NA LAVA JATO, CAMARGO CORRÊA FECHA ACORDO DE LENIÊNCIA



Acordo foi assinado com o Cade e o MPF nesta sexta-feira (31).
Objetivo é comprovar cartel na licitação para a construção de Angra 3.



A empreiteira Camargo Corrêa fechou nesta sexta-feira (31) um acordo de leniência com Ministério Público Federal (MPF) e a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A empresa é investigada pela Operação Lava Jato, que apura um esquema de corrupção na Petrobras e outras empresas públicas.

O acordo de leniência é semelhante à delação premiada, mas é firmado com pessoas jurídicas que desejam cooperar com a Justiça. Para que o acordo seja firmado, é preciso que a empresa colaboradora confesse a participação nos ilícitos, pague ressarcimento pelos prejuízos causados, e revele informações para as investigações.

(…)


Paulo Henrique Amorim

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Três anos de problemas estaduais em mobilidade viram culpa da União

Comentário: A mídia não cansa de botar culpa no governo federal pelos problemas de responsabilidade dos governos locais.  Haja óleo de peroba e falta de bom senso dos leitores.

http://jornalggn.com.br/noticia/tres-anos-de-problemas-estaduais-em-mobilidade-viram-culpa-da-uniao


Reportagem do Valor responsabiliza falta de repasse do governo federal pela paralisação de obras de metrôs. Os exemplos, contudo, são de erros em governos estaduais e prefeituras
 
 
Jornal GGN - O último livro de Umberto Eco ensina como contar uma inverdade sem mentir. Na edição de hoje, o jornal Valor Econômico deu uma boa demonstração de como se valer desses recursos.
 
A principal manchete de hoje é sobre as obras travadas do PAC mobilidade.
 
A reportagem tem duas versões: uma para a capa (com muito maior visibilidade) e outra para as páginas internas.
 
Na capa, todas as informações remetem a responsabilidade para o governo federal. O texto de capa informa que quase 100 quilômetros de linhas de metrô ou de veículos leves sobre trilhos, planejados há três anos, ficaram apenas no papel.
 
O jornal informa que em abril de 2012, a presidente Dilma Rousseff prometeu recursos para "espalhar linhas de metrô pelas maiores capitais do país", com um pacote de R$ 32 bilhões. No evento de anúncio do repasse de recursos, o Valor publicou que a presidente "atacou quem demonstrava complexo de viralata", referindo-se ao passado, quando "diziam" que o Brasil "não tinha condições de investir em metrô".
 
"Entre a promessa e a realidade, o retrato é frustrante", continua a matéria de capa. "Até o fim do primeiro trimestre, apenas R$ 824 milhões de tudo o que Dilma havia prometido tinham sido efetivamente pagos", aponta, como se o Orçamento da União fosse o único requisito para "tirar do papel" as construções de mobilidade. 
 
São Tomás de Aquino dizia que uma das formas de mentir consiste em não contar toda a verdade. Na capa se resumiu tudo, menos o essencial: das sete capitais analisadas, em seis delas os atrasos são de responsabilildade dos respectivos governos estaduais: problemas de projetos, mudanças societárias no consórcio vencedor da licitação e outras razões pontuais.
 
Mas o jornal optou por colocar a parte mais relevante da reportagem apenas nas páginas internas.
 
 
Em Brasília, o projeto básico de engenharia (que deve ser apresentado pelo governo) atrasou. Em Goiânia, "faltam 90% das desapropriações" - por ser uma obra PPP entre a Odebrecht e o governo estadual, a desapropriação é de responsabilidade do estado. Em Belo Horizonte, erros também no projeto básico de engenharia. Em Curitiba, a licitação para as obras realizada pela prefeitura foi suspensa pelo Tribunal de Contas do Estado e, depois de liberada, a prefeitura pede reajuste dos valores. Em Porto Alegre, "o governo estadual que entraria com a maior parte dos recursos complementares vive crise financeira". 
 
No Rio de Janeiro, o impasse teve início porque o governo estadual espera o dinheiro ser liberado pela Caixa e do fundo perdido do Ministério das Cidades. Mas para liberar os recursos, a obra precisa ser licitada. E a licitação não ocorre, porque o Estado quer garantia de que os recursos vão ser repassados.
 
De todas as sete capitais listadas pelo Valor, Fortaleza é a única que "deu sinais concretos de avanço". E nela, "mais de 70% dos investimentos previstos têm origem no Orçamento Geral da União (OGU)". A obra, contudo, está abandonada. "Especula-se que houve falta de repasses, mas ninguém confirma", disse o coordenador do sindicato dos trabalhadores da construção no Ceará. Parte interessada na denúncia, se houvesse, a própria Secretaria Estadual de Infraestrutura "nega problemas orçamentários e atribui a paralisia a mudanças societárias no consórcio vencedor da licitação".

Procuradores transformam gravuras em obras de arte de grande valor

http://jornalggn.com.br/noticia/procuradores-transformam-gravuras-em-obras-de-arte-de-grande-valor


Procuradores da Lava Jato passaram a alimentar a imprensa com dados colhidos nos 4 terabytes recolhidos nos computadores da Odebrecht. Há suspeitas de que estejam manipulando dados para influenciar a opinião pública.
Segundo relato do Estadão:
Pelas anotações, pode-se concluir que os ‘brindes’ são, de fato, pinturas de diversos artistas renomados, como Alfredo Volpi, Gildo Meirelles, Romanelli e, até mesmo, Oscar Niemeyer”, destacam os procuradores.
A listagem é formada tão somente por funcionários do alto escalão da Petrobrás. como seu presidente à época, José Sérgio Gabrielli de Azevedo, os diretores Maria das Graças Foster (na época diretora de Óleo e Gás), Paulo Roberto Costa (Abastecimento), Renato Duque (Serviços), Jorge Luiz Zelada (Internacional) e Nestor Cerveró (Internacional), além do então gerente executivo de Engenharia Pedro Barusco”, assinala a Procuradoria da República.
A força-tarefa da Lava Jato destaca que anotações manuais, também apreendidas, “trazem o alto valor dos quadros encomendados, demonstrando que não se tratavam de meros ’brindes’”.
A reportagem não diz qual o "alto valor" registrado. Segundo a Odebrecht, as tais obras de arte de alto valor são gravuras dos autores citados.
Há uma diferença essencial entre o quadro e as gravuras. Gravuras são imagens reproduzidas a partir de uma matriz.  Seu valor depende da importância da gravura em si e do número de reproduções.
No site Mercado Livre há várias gravuras de Volpi à venda, com preços que variam de R$ 480,,00 a R$ 2 mil. Apenas aquelas com dedicatória tem preço elevado. Mas como Volpi morreu há anos, é improvável que tenha assinado as gravuras post morten.

Nova fase da Operação Lava Jato atinge Eletronuclear

http://jornalggn.com.br/noticia/nova-fase-da-operacao-lava-jato-atinge-eletronuclear


Publicado às 10h20 e atualizado às 14h00
 
O presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva foi responsável pelo programa nuclear da Marinha
 
 
Jornal GGN - A Polícia Federal deflagrou nesta manhã a 16ª fase da Operação Lava Jato. Denominada de Radioatividade, o foco das investigações desta etapa são os contratos firmados com a Eletronuclear, para as obras da usina nuclear Angra 3 e pagamentos de propina a funcionários da Petrobras.
 
Cerca de 180 policiais federais cumprem 30 mandados, sendo 23 de busca e apreensão, 2 de prisão temporária e 5 de condução coercitiva. As equipes estão em cinco cidades:  Brasília, Rio de Janeiro, Niterói, São Paulo e Barueri.
 
Além da investigação dos crimes de lavagem de dinheiro e prévio ajustamento de licitações, estão sendo analisados a formação de cartel e o pagamento indevido de vantagens financeiras a empregados da estatal.
 
Um dos presos na manhã desta terça-feira (28) é Othon Luiz Pinheiro da Silva, considerado o "pai" da energia nuclear no Brasil. Foi presidente da Eletronuclear, Eletrobrás Termonuclear, empresa sediada no Rio, responsável pela construção e pelo gerenciamento das usinas nucleares brasileiras. 
 
Segundo informações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, há indícios de que Othon teria recebido R$ 4,5 milhões de propina do consórcio formado pela empresas Camargo Corrêa, UTC, Andrade Gutierrez, Odebrecht, EBE e Queiroz Galvão.
 
De acordo com o procurador Athayde Ribeiro Costa, que integra a força tarefa da Lava Jato, o repasse ao então diretor-presidente da Eletronuclear ocorreu por intermédio de outras empresas, até dezembro de 2014, nove meses depois de deflagrada a Operação e após a prisão de vários empreiteiros.
 
Quem é Othon Luiz Pinheiro da Silva?
 
Vice-Almirante, Othon foi responsável pelo programa nuclear da Marinha, iniciando o projeto de separação isotópica do Urânio em 1979, que resultou na produção de 24 toneladas de hexafluoreto de Urânio através do financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Por meio de seus esforços, foi desenvolvida a tecnologia de ultracentrifugação de urânio, um marco de sucesso na história tecnológica do Brasil. 
 
Diretor de Pesquisas de Reatores do IPEN de 1982 a 1984, fundador do Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Combustível Nuclear e da Propulsão Nuclear para Submarinos entre 1979 e 1994, exerceu o cargo de Diretor da Coordenadoria de Projetos Especiais da Marinha (COPESP), de 1986 a 1994. Seu currículo é um resumo da história da energia nuclear no Brasil.
 
Othon ocupava a presidência da Eletronuclear desde outubro de 2005, mas pediu o afastamento em abril, depois de notícias de que ele teria recebido propina nas obras da usina nuclear de Angra 3. As informações partiram da delação premiada de Dalton Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa.
 
Também foram alvos dos mandados de busca e apreensão Ricardo Ourique Marques, Renato Ribeiro Abreu, Petronio Braz Junior, Maria Celia Barbosa da Silva, Flavio David Barra, Fabio Andreani Gandolfo, Luiza Barbosa da Silva Bolognani, Ana Cristina da Silvia Toniolo e as empresas Eletronuclear, Aratec Engenharia Consultoria e Representações.

Lava Jato pode atrasar entrega da usina nuclear de Angra 3

http://jornalggn.com.br/noticia/lava-jato-pode-atrasar-entrega-da-usina-nuclear-de-angra-3


 
Jornal GGN - Depois de a presidente Dilma Rousseff confirmar que as investigações da Operação Lava Jato causariam efeito negativo na economia brasileira, com a derrubada de um ponto percentual no PIB de 2015, a nova etapa deflagrada nesta terça-feira (28) também pode atrasar, ainda mais, a conclusão das obras da usina nuclear de Angra 3. 
 
Na reunião com os ministros, nesta segunda-feira, para discutir nova estratégia de articulação da presidente dentro do Congresso, a equipe econômica admitiu um recuo de 1,5% do PIB registrado neste ano. Dilma mostrou preocupação com a paralisação de obras das empreiteiras réus do processo e a isso justificou parte da queda na economia. 
 
 
Com o foco das ações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal voltado para a Eletronuclear, empresa sediada no Rio responsável pela construção e pelo gerenciamento das usinas nucleares brasileiras, nova preocupação no atraso do ritmo das obras de Angra 3. 
 
Iniciadas em 1984, as obras civis da terceira planta nuclear brasileria ficaram paradas por 25 anos e foram retomadas somente em 2009. Na época, a previsão era um custo de R$ 7 bilhões, mas teve três anos de atraso em relação ao cronograma anterior (agora, a entrega prevista é para 2018) e mais que o dobro do custeio: R$ 15 bilhões. Os desdobramentos da Lava Jato podem ocasionar uma nova revisão do cronograma.
 
Á Folha de S. Paulo, o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção Civil de Angra dos Reis e Paraty, Carlos Silva, afirmou que não acredita na entrega para daqui três anos da Usina de Angra 3. "Trabalhei por 32 anos na central nuclear e não acredito que essa obra fique pronta em 2018", disse, lembrando que há 2,3 mil pessoas trabalhando nas obras, sendo que a previsão inicial era de 5 mil.
 
Na fase da Lava Jato deflagrada nesta terça-feira, denominada de Radioatividade, o presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, foi preso. Considerado o "pai" da energia nuclear brasileira, o almirante reformado foi responsável pelo programa nuclear da Marinha e pelo desenvolvimento da tecnologia de ultracentrifugação de urânio, um marco de sucesso na história tecnológica do Brasil. 
 
Leia também: 
 

Queixas de falta de água em SP aumentam 62% no primeiro semestre

http://jornalggn.com.br/noticia/queixas-de-falta-de-agua-em-sp-aumentam-62-no-primeiro-semestre


 
Jornal GGN - A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) recebeu 140.752 reclamações sobre falta de água no primeiro semestre de 2015, um aumento de 62,5% em comparação com o mesmo período em 2014. A empresa adotou a redução de pressão da rede de abastecimento em razão da crise hídrica. Santana, na zona norte de São Paulo, foi a região com o maior número de queixas, cerca de 16 mil. 
 
Da Folha
 
 
O número de reclamações recebidas pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) de clientes da capital que sofrem com a falta de água cresceu de 86.586 para 140.752 na comparação entre o primeiro semestre de 2014 e o mesmo período deste ano, uma alta de 62,5%. Os dados foram obtidos pelo site "Fiquem Sabendo" por meio da Lei de Acesso à Informação.
 
Por causa da crise da água, a Sabesp adotou no ano passado a redução de pressão da rede de abastecimento, causando falta de água nas casas. A empresa diz que o objetivo é evitar perdas na rede e garantir mais economia.
 
Os dados mostram ainda que das 15 regiões em que a cidade é dividida pela Sabesp, 13 tiveram aumento no número de reclamações por falta de água entre os primeiros seis meses deste ano e o mesmo período de 2014. A região de Santana (zona norte) foi a campeã de queixas, no total, com 16.034. Nos seis primeiros meses de 2014, foram 9.798.
 
As duas únicas regiões onde houve redução foram Santo Amaro, de 15.232 queixas para 14.672 este ano, e Interlagos (de 7.886 para 7.513 reclamações). Apesar da queda, as duas estão entre as dez regiões com maior número absoluto de queixas.
 
A dona de casa Maria Aparecida de Deus, 42, que mora na Brasilândia (zona norte) com o marido e seis filhos, sofre com a falta de água há cerca de seis meses. Segundo Maria, a água para de chegar diariamente às 20h e ela tem que se virar com o que restou da caixa-d'água da casa.
 
"Tem dia que a água nem vem. Quando vem, a gente tem que lavar louça, roupa, a casa e tomar banho, tudo pela manhã", disse. A dona de casa conta que o abastecimento volta somente por volta das 7h do dia seguinte.
 
Maria disse que os moradores da região já fizeram reclamações na Sabesp, mas a empresa não resolve o problema. "A companhia alega que tem que reduzir a pressão pela falta de água. Como aqui é um local alto, a água não chega", afirmou.
 
AGÊNCIA
 
Dados da Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) também apontam alta nas reclamações. Eles se referem a 118 cidades atendidas pela Sabesp. No primeiro semestre deste ano, houve 1.207 queixas contra 605 no mesmo período do ano passado.
 
Os casos que chegam à agência são aqueles que passaram pela Sabesp sem que tenha havido uma solução do problema ou uma resposta satisfatória.
 
A Sabesp afirmou, por meio de nota, que o número de reclamações recebidas por falta de água entre o primeiro semestre de 2014 e o primeiro semestre de 2015 "corresponde a aproximadamente 2% dos clientes atendidos pela companhia". "Foram 140.651 registros no período em um universo de 6 milhões de ligações de água na região metropolitana de São Paulo", afirma a companhia.
 
Questionada sobre qual solução seria adotada para atender às reclamações dos consumidores, a Sabesp não respondeu à reportagem. 
 

A prisão do pai do programa nuclear brasileiro

http://jornalggn.com.br/noticia/a-prisao-do-pai-do-programa-nuclear-brasileiro


Na operação Eletrobrás, a Lava Jato prendeu o Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva. Seu nome apareceu na delação premiada de Danton Avancini, diretor da Camargo Correia, que lhe teria feito três pagamentos.
Ainda há que se esperar o processo final. Hoje em dia tem-se um grupo de procuradores e delegados avalizados por um juiz e, por um conjunto de circunstâncias históricas, donos do poder absoluto de levantar provas, julgar e condenar sem a possibilidade do contraditório, valendo-se de forma indiscriminada da parceria com grupos jornalísticos.
Em outros momentos, o uso indiscriminado de denúncias por jornais produziu grandes enganos e manipulações.
É possível que Othon seja culpado, é possível que não seja, pouco importa: desde hoje está na cadeia o pai do programa nuclear brasileiro.
O Brasil deve a Othon o maior feito de inovação da sua história moderna: o processo de enriquecimento de urânio através de ultra centrífugas. Foi um trabalho portentoso, que sobreviveu às crises do governo Sarney, ao desmonte da era Collor, aos problemas históricos de escassez de recursos, enfrentando boicotes externos, valendo-se de gambiarras eletrônicas para contornar a falta de acesso a componentes básicos, cuja exportação era vetada por países que já dominavam a tecnologia.
Aqui, um perfil de Othon trazido pelo nosso blogueiro Athos:

Quem é Othon Luiz Pinheiro da Silva? 
 
No dia 14 de Setembro desse ano(artigo de 2011), o Dr. Othon Luiz Pinheiro da Silva recebeu o título de Pesquisador Emérito do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) durante a comemoração dos 55 anos do instituto (veja o evento nesse link). Chamado até de "lenda viva" na cerimônia, há quem diga que conhecer a carreira de Othon é conhecer a História da energia nuclear no País.

E você leitor, sabe quem é "esse cara"?


CURRICULUM VITAE

Nascido em 1939 em Sumidouro (RJ), Othon formou-se pela Escola Naval em 1960, iniciando sua carreira na Marinha no quadro de Oficiais do Corpo da Armada. Formou-se em Engenharia Naval pela Escola Politécnica de São Paulo em 1966, atuando como engenheiro naval do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) entre 1967 e 1974. Em 1978, Othon obteve sua especialização em engenharia nuclear no Massachussetts Institute of Technology (MIT).

Foi Diretor de Pesquisas de Reatores do IPEN entre 1982 e 1984 e foi fundador e responsável pelo Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Combustível Nuclear e da Propulsão Nuclear para Submarinos entre 1979 e 1994. Exerceu o cargo de Diretor da Coordenadoria de Projetos Especiais da Marinha (COPESP), atual Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), de 1986 a 1994.

É o autor do projeto de concepção de ultracentrífugas para enriquecimento de urânio e da instalação de propulsão nuclear para submarinos.

Atingiu, na Marinha do Brasil, o mais alto posto para os Engenheiros Navais: o de Vice-Almirante.

Desde outubro de 2005, exerce a presidência da Eletronuclear – Eletrobrás Termonuclear, empresa sediada no Rio de Janeiro, responsável pela construção e pelo gerenciamento das usinas nucleares brasileiras.

Já recebeu diversos prêmios, entre os quais a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico por serviços prestados à ciência e à tecnologia, prêmio este oferecido em 1994 pelo então presidente da República Itamar Franco.


OTHON E O PROGRAMA NUCLEAR DA MARINHA

"Othon começou o projeto de separação isotópica do Urânio com muita criatividade, liderança e engenharia reversa", disse o Dr. Spero Penha Morato, ex-superintendente do Ipen, em seu discurso em homenagem ao Dr. Othon, na cerimônia de entrega do título de pesquisador emérito.

O projeto, que começou em 1979, produziu os primeiros resultados em laboratório já em 1982: a conversão do yellowcake (U3O8) em hexafluoreto de urânio (UF6), etapa que antecede o enriquecimento isotópico. O passo seguinte foi a produção de 24 toneladas de hexafluoreto de Urânio através do financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Para o enriquecimento isotópico, Othon desenvolvia, paralelamente à conversão e de forma secreta, centrífugas de última geração, com mancais magnéticos que minimizam o atrito. A única forma de entender rapidamente o funcionamento destes mancais naquela época era serrando uma bomba de vácuo com o mesmo tipo de mancais que havia no IPEN. E Othon fez isso, irritando, claro, muitas pessoas no projeto. Mas, foi com lances ousados como este - acrescentou o Dr. Spero Morato - que Othon pôs o seu projeto para frente.

O jornalista Lourival Sant'anna publicou, em 2004, uma reportagem no jornal O Estado de São Paulo revelando alguns fatos interessantes que marcaram o projeto. Reproduzo, abaixo, boa parte dessa matéria.

Em 1974, Othon Luiz Pinheiro da Silva, então um capitão-de-corveta de 35 anos, foi escalado para acompanhar a construção de submarinos brasileiros da classe Tonelero num estaleiro da Inglaterra. O jovem oficial estava indo a contragosto. Um mês antes de sua sombria partida, no entanto, um almirante sugeriu ao então ministro da Marinha, Geraldo Azevedo Henning, que o enviasse para o Massachusetts Institute of Technology, nos EUA, para uma pós-graduação em engenharia nuclear.

O ministro Henning, que havia feito uma viagem da Bahia para o Rio em um submarino nuclear americano e ficara entusiasmado, acatou a sugestão. Até então, o contato mais estreito de Othon com energia nuclear tinha sido uma visita ao reator do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em 1967, quando terminava o curso de engenharia naval na Politécnica da USP.

O Brasil já havia comprado em 1972 o reator de Angra 1, da americana Westinghouse, com a promessa de fornecimento de combustível – processado nos EUA – por 30 anos. Mas, em 1974, começou-se a levantar dúvidas sobre as garantias desse fornecimento. No ano seguinte, o general Ernesto Geisel firmava o acordo nuclear com a Alemanha, que incluía não só as centrais, mas também o ciclo de enriquecimento de urânio.

Até a década de 70, o minério era enriquecido por “difusão gasosa”. Um novo método, mais eficiente e econômico, o da ultracentrífuga, vinha sendo desenvolvido, e o primeiro a dominá-lo em escala comercial foi o consórcio Urenco, formado por Inglaterra, Holanda e Alemanha. O Brasil queria essa tecnologia.

Na última hora, no entanto, os alemães informaram que não poderiam incluí-la no pacote, porque a Holanda, por pressão americana, tinha vetado sua venda ao Brasil. Em seu lugar, os alemães ofereceram aos brasileiros o jet nozzle, um método “muito promissor”, segundo eles, de separação do urânio 238 do 235. Enriquecer urânio é aumentar o teor de 235. Na natureza, o urânio 235 representa apenas 0,7% do minério e o 238, os outros 99,3%. “Quem tivesse feito um curso razoável de física no ensino médio já não compraria esse método”, ironiza Othon. O professor Manson Benedict, um papa do MIT em energia nuclear, deu na época uma aula sobre o jet nozzle, concluindo: “Os brasileiros acreditaram e compraram isso”.

Em 1979, quando Othon voltou ao Brasil, a Marinha não sabia o que fazer com ele. Depois de quatro ou cinco dias de hesitações, levaram o recém-promovido capitão-de-fragata até o diretor-geral de Material da Marinha, o almirante Maximiano da Fonseca. “Você, que cursou esse negócio, quais as nossas chances de ter uma produção nuclear aqui no Brasil?”, perguntou-lhe, de chofre, o almirante. Othon pediu três meses para redigir um relatório. O oficial ficou subordinado à Diretoria de Engenharia. Ao se apresentar, ouviu de seu novo chefe: “Evidentemente não pode ficar um oficial por conta só dessas coisas nucleares”. Othon passou a dividir sua carga horária com o cargo de gerente de um projeto de navio de apoio fluvial. Assim começava o programa de pesquisa nuclear brasileiro: com um oficial em meio expediente.

Othon propôs que o Brasil desenvolvesse sua própria tecnologia. Em outubro de 1978, o então contra-almirante Mário César Flores, do Estado-Maior da Marinha, convocou Othon para dar explicações, depois de ouvir especialistas. A caminho de Brasília, Othon se encontrou no aeroporto com o comandante João Maria Didier Barbosa Viana, que também tinha feito engenharia nuclear no MIT. “Segui o seu caminho”, contou-lhe Othon. “Então você deve estar indo a Brasília pelo mesmo motivo que eu”, especulou Didier. “Tem um louco dizendo que é possível desenvolver o ciclo do combustível nuclear no Brasil.”

Othon passou o dia inteiro respondendo às perguntas que um capitão-de-mar-e-guerra pós-graduado em Monterey (Califórnia) formulava, enquanto Flores fingia ler um jornal. O oficial saiu com a sensação de que tinha ido a Brasília à toa. Pouco mais de um mês depois, foi chamado de novo. “Vai ser outra chatice”, pensou. “Este oficial foi escalado para uma das missões mais importantes que um oficial da Marinha já teve no Brasil”, anunciou solenemente o vice-chefe do Estado-Maior da Marinha, Arthur Ricart da Costa, apresentando Othon ao seu chefe, o almirante Carlos Auto de Andrade. “Deus o ilumine.”

Othon veio para São Paulo e começou a “costurar alianças” com instituições como o Ipen, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o Centro Técnico Aerospacial (CTA), em São José dos Campos, que estava desenvolvendo um método de enriquecimento de urânio com raio laser. Depois de consultar especialistas, Othon constatou que a opção do laser não seria viável nos próximos 20 anos, e se fixou na ultracentrífuga.

O objetivo último da Marinha era desenvolver reatores e todos os demais equipamentos da propulsão para submarinos movidos a energia nuclear. Se um submarino movido a diesel – como os que o Brasil usa – partir da Baía de Guanabara, em sua velocidade máxima, antes de chegar a Cabo Frio terá de se aproximar da superfície para o snorkel tomar ar, para pôr em funcionamento seu motor e assim recarregar as baterias. Navegando próximo à superfície, pode ser captado com facilidade por sensores infravermelhos. Para ficar no máximo dez dias no fundo, um submarino a diesel tem de se manter praticamente parado. O submarino nuclear projetado pela Marinha trocaria de combustível em dez anos. O limite de permanência no fundo seria de 45 dias.

Entretanto, a Marinha concluiu que em primeiro lugar era preciso viabilizar o ciclo do combustível e adquirir capacidade de enriquecer urânio. “Autonomia é muito importante”, diz Othon, que aos 65 anos tem hoje uma empresa de consultoria na área de energia. “Inspirei-me na solução que eu imaginei que os americanos estavam desenvolvendo na época em que eu era aluno do MIT, mas com a qual nunca tive contato”, conta o almirante. “É óbvio que a centrífuga americana é muito mais espetacular que a nossa.” Mas, segundo ele, a brasileira sai muito mais barato e os materiais importados necessários para sua fabricação não entram no rol dos itens nucleares sensíveis, sujeitos a embargos internacionais.

O programa capacitou indústrias brasileiras a fabricar as válvulas, sensores e medidores das centrífugas. Othon recrutou cientistas e técnicos do Brasil todo. “Onde tivesse alguém que pudesse ajudar, a gente ia conversar.” O sigilo era resguardado por um termo de compromisso. “Foram 14 anos da minha vida, cada dia um desafio”, lembra o hoje almirante da reserva, que dirigiu o programa entre 1979 e 94. Inicialmente, o projeto era secreto e ficou abrigado num departamento fictício, criado para isso, chamado de Coordenação para Projetos Especiais (Copesp), dentro da Comissão Naval de São Paulo.

A primeira dificuldade de Othon foi formar equipe. Quando assumiu, em 1979, o general João Baptista Figueiredo baixou portaria proibindo contratações no setor público. Othon recorreu ao Estado de São Paulo – e a uma artimanha. Fez um memorando à Secretaria de Ciência e Tecnologia, solicitando a contratação de 20 engenheiros e 40 técnicos para trabalhar no Ipen, num “projeto de interesse das Forças Armadas”. Se assinasse sozinho, no entanto, ficaria fácil para a secretaria pedir a análise do Estado-Maior da Marinha, onde o memorando provavelmente pararia. Então Othon pediu a um tenente-coronel da FAB que também assinasse. “Assim, não vão saber para que Força perguntar.” Deu certo.

De posse dessa contratação, Othon, na época capitão-de-fragata, atreveu-se a saltar a hierarquia e procurar o então ministro da Marinha, Maximiano da Fonseca: “Almirante, estou numa situação complicada. O Estado de São Paulo colocou 20 cientistas no projeto, liderado pela Marinha, e ela não colocou nenhum”. No fim, conseguiu convencer o ministro a contratar o dobro de cientistas e técnicos. “Fiquei com um exército de 60 engenheiros e 120 técnicos”, exulta Othon. No seu auge, no início dos anos 90, o programa chegaria a ter 680 engenheiros trabalhando internamente e outros 300 do Departamento de Pesquisa de Reatores do Ipen, do qual Othon era chefe.

Mas nem tudo era ciência: habilidade e jeitinho também contaram. Othon lembra que uma centrífuga antiga, importada na década de 50, utilizada para treinar equipes e dissimular o esforço principal do projeto, havia parado porque tinha um eixo flexível que quebrava com freqüência e tinha de ser trazido da Alemanha. “Eu tinha um técnico, Zequinha, muito habilidoso, que fazia um eixinho novo em três dias. Levei para ele o projeto e fizemos o primeiro juntos”, conta Othon. “No Arsenal de Marinha, não precisava importar. Era só ligar para o Zequinha.”

Em 1987, num gesto de distensão, o então presidente José Sarney decidiu trazer seu colega argentino, Raúl Alfonsín, para a entrada em operação de um conjunto de 48 centrífugas em Aramar. A inauguração estava marcada para 15 de março. Algumas semanas antes, o indiano naturalizado brasileiro Kesavan Nair, doutor em física de reatores mas também astrólogo, procurou Othon, com uma expressão preocupada: “Quinze de março ‘não bom’”, disse, mostrando uma listagem de computador, na qual uma nuvem negra cobria a data.

Othon ligou para o então ministro da Marinha, almirante Henrique Saboia. “Você acredita nisso?”, perguntou o ministro. “Não”, respondeu Othon. “Eu também não, mas, por via das dúvidas, pergunte quando está bom para inaugurar.” A partir de 28 de março, informou o indiano. Saboia foi falar com Sarney. Mais tarde, ligou para Othon: “Não se preocupe. O presidente é mais supersticioso que nós dois juntos.” A cerimônia ficou para 8 de abril.

Othon guarda até hoje uma planilha de todos os custos do projeto, ano a ano. No total, foram gastos US$ 663 milhões. Aí estão incluídos: o desenvolvimento do ciclo de combustível (projeto Ciclone), da propulsão do submarino (projeto Remo), do submarino propriamente dito, e a infra-estrutura.

“Desafio a me mostrarem no mundo todo um desenvolvimento do ciclo do combustível e da propulsão nuclear com esse custo”, diz ele. Quando deixou o programa, havia quase 700 centrífugas na “colônia”, em Aramar, pelas quais o urânio vai passando e enriquecendo-se gradualmente. A centrífuga americana enriquece bem mais do que a brasileira. A diferença está no custo, que Othon ilustra assim: digamos que sejam necessárias 20 centrífugas brasileiras para produzir o que uma americana produz. Acontece que o custo de 20 brasileiras é menor que o de uma americana.

Em 1994, o Vice-Almirante Dr. Othon Pinheiro da Silva, com 55 anos, teve de deixar o projeto ao completar seu tempo de serviço militar ativo. Os detalhes desse projeto ainda são mantidos a sete chaves, sob pena de prisão pelo vazamento de segredos científicos.

O fato é que o desenvolvimento da tecnologia de ultracentrifugação de urânio é um marco de sucesso na história tecnológica do Brasil e o Dr. Othon teve um papel fundamental nisso guiado pelo lema do CTMSP: “Tecnologia Própria é Independência”.

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