sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Governo Federal investe R$3,5 milhões milhões no Projeto BH Digital

Até a metade de 2008, toda a cidade de Belo Horizonte estará conectada à internet banda larga sem fio. O Ministério das Comunicações investiu R$ 3,5 milhões e a prefeitura de Belo Horizonte, cerca de R$ 800 mil. A previsão inicial é conectar 250 pontos, entre escolas públicas, postos de saúde, hospitais, comunidades carentes, prédios públicos, parques e praças. Com a conclusão do projeto, Belo Horizonte será a primeira metrópole brasileira completamente coberta pela internet.

Fonte: Ministério das Comunicações
http://www.mc.gov.br/003/00301099.asp?ttCD_CHAVE=19238

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Por que não leio Veja

Do blog do Mino Carta

"a Veja, que se apresenta como uma das maiores do mundo por causa de sua tiragem, de fato alentada, é uma da provas da indigência mental da chamada classe média nativa. Sem falar dos abastados. Estão aí os leitores de cabresto, incapazes de perceber o péssimo jornalismo praticado pela revista da Abril, de um reacionarismo ignóbil, facciosa além da conta e extraordinariamente mal escrita. Somos uma nação desimportante, a despeito das incríveis potencialidades da terra, exatamente por causa desta pretensa elite, que repete o besteirol da Veja, da Globo e dos jornalões. Não perco as esperanças, por que ainda confio na cultura dos desvalidos."



Concordo!

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Vício em trabalho pode ser falta de sexo

Dedicação extra está relacionada à insatisfação na vida sexual, diz pesquisa. Sem sexo, pessoas preferem trabalhar mais e fazer mais horas extras.

Da Reuters

Os viciados em trabalho, os chamados "workaholics", da Alemanha podem estar sofrendo de falta de sexo, segundo um estudo divulgado nesta sexta-feira (3).


Uma pesquisa com 32 mil homens e mulheres realizada por cientistas da Universidade de Goettingen indicou que mais de 35% daqueles que relataram insatisfação com sua vida sexual tendiam a usar o trabalho como distração.

Cerca de 36% dos homens e 35% das mulheres pesquisados disseram que tinham inclinação em trabalhar horas extras e de se voluntariar para tarefas a mais.

A ética de trabalho duro daqueles que declararam não manter relações sexuais era ainda mais pronunciada, de acordo com a pesquisa. "Essas descobertas são preocupantes", afirmou um dos cientistas.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

O Real valorizado e o futuro do país

A valorização do real vem pelo mercado financeiro e causa um tremendo estrago no setor produtivo.


A valorização do Real está associada a movimentos financeiros devido ao diferencial de juros, fazendo entrar dólares quando não precisamos (temos saldo em transações correntes). Recursos estes que não trazem benefícios à nossa economia e saem no dia que passamos a depender deles.
Olhando o balanço de pagamentos brasileiro (http://www.bcb.gov.br/?SERIEBALPAG) e vemos que neste ano mais 96% da entrada de dólares no país é oriunda da conta financeira e a maior parte desses recursos são operações líquidas, ou seja, o aplicador pode sair a qualquer hora. Só em investimentos em carteira (títulos do tesouro, ações) de janeiro a setembro de 2007 já entraram US$35,5 bi , muito mais que o saldo em transações correntes que foi de apenas US$5,6bi.

Enquanto a China mantém sua moeda desvalorizada, o setor de serviços de TI da Índia reclama da valorização da Rúpia, a União Européia está preocupada com o efeito da valorização do Euro frente ao Dólar, a incompetente tecnocracia instalada no Banco Central fica apática.

No história do desenvolvimento das principais nações e o que se via (e ainda se vê) era a busca por um câmbio competitivo (exceto quando o objetivo era impor a moeda nacional para o resto do mundo como foi o caso da Libra e após a Segunda Guerra o Dólar) .

Até o FMI se mostra preocupado com a valorização excessiva do Real que reduz a competitividade das nossas exportações e favoresse a subtituição de insumos e produtos nacionais por importados deixando de gerar milhares de empregos. Strauss-Kahn, diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), comparou o caso da moeda brasileira ao dólar canadense e ao euro, afirmando que 'alguns países têm sobre seus ombros um peso do ajuste muito maior do que deveriam'.

Roberto Gianetti, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, apresentou recentemente propostas para segurar o câmbio. A primeira medida mais urgente é o fim da isenção de IR para estrangeiros investirem em títulos públicos brasileiros. “Tenho vergonha de falar disso quando vou ao exterior”. (Folha Online 17/10/07) Esta idéia sem cabimento foi do sr. Henrique Meirelles no início de 2006 e foi aplaudida pelos tecnocratas do tesouro.

Assim é a república dos banqueiros...

Troca de comando do IPEIA causa subida do dólar

Não dá para acreditar que publicaram isso. Quem dera o Márcio Pochman e o IPEA tivesse tamanho poder de fogo!!!


Dólar comercial sobe mais de 2% a R$ 1,862

27/11 - 10:47 - Agência Estado

O dólar comercial registrava alta de 2,08% e era negociado a R$ 1,862 no mercado interbancário de câmbio, às 10h25. No pregão viva-voz da Bolsa de Mercadorias & Futuros, a moeda norte-americana estava cotada a R$ 1,863, alta de 2,11%.

É a taxa máxima registrada hoje desde o início das negociações.

Segundo operadores de câmbio, há uma conjunção de "pequenos fatores" que estão causando a alta firme do dólar. Há uma semana, a taxa de câmbio estava na casa de R$ 1,76. A alta acumulada em novembro, com o dólar a R$ 1,86 hoje, supera 7%.

Na lista de razões que pressionam o dólar estão movimentos políticos relacionados a mudanças no Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (Ipea), a criação do fundo soberano e os constantes aumentos nos gastos públicos. Há ainda um fator sazonal: a demanda maior por dólares, habitual no final do ano. Assim, o movimento principal que sustenta a alta da cotação do moeda norte-americana nos últimos dias e que se repete esta manhã, segundo operadores, é o desmonte de posição vendida no mercado futuro. Ou seja, o desmonte de arbitragem entre dólares e reais, que demonstra que a aposta única em queda constante do dólar está sendo revista. E ainda há a saída de estrangeiros da Bolsa paulista.


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Destacaram motivos que não tem relação nenhuma com o aumento do dólar e minimizaram os problemas relacionados a fatores externos (crise no EUA, desmonte de operações de arbritagem com o Real e realização de lucros). No meio colocaram uma inverdade: crescimento dos gastos públicos.

A favor da democracia?

"Eu não posso jamais aplaudir ninguém que é capaz de dar um voto em Hugo Chávez".

Antonio Carlos Magalhãos Neto (DEMOCRATAS-BA)


Entendi... um país só é democrático se eleger políticos alinhados com a elite financeira local e internacional.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Juros e corrupção

E como tratar o caso dos tecnocratas colocados na direção do Banco Central pelos rentistas? Por trás de uma decisão "técnica" do COPOM escondem-se os interesses daqueles que ganham muito dinheiro com o resultado da reunião.

A decisão de manter os juros num patamar 3% ou 4% acima do necessário trazem um duplo prejuízo ao país:

1) recursos públicos que poderiam ser investidos em infraestrutura ou em gastos sociais vão para o bolso dos já endinheirados.

2) inibe várias decisões de investimento do setor privado, além de causa excessiva valorização cambial.

Esses prejuízos causados pela completa falta de bom senso na gestão da política monetária causa muito mais prejuízo do que as relações promíscuas entre o poder público e empreiteiros que tinhámos antes das reformas neoliberais da década de 1990.

Na república dos empreiteiros tinhámos planejamento e execução de importantes obras de infra-estrutura de transportes e de energia. Tínhamos crescimento acelerado.

Depois que o Estado saiu de cena enfraquecido pela crise da dívida tudo desandou no nosso país e os banqueiros se apoderaram de vez da política monetária direcionando todo esforço do Estado para pagar uma conta de juros sufocante.

Bom senso estratégico

Carlos Lessa
Valor - 21/11/2007

Um fantasma acompanha a macroeconomia brasileira: uma sucessão de "apagões", alguns muito visíveis, outros anônimos. Quando a imprensa noticia que cirurgiões utilizam antiquadas brocas mecânicas para operações cranianas porque falta material cirúrgico de qualidade; quando a rede de saúde do Nordeste beira a inanição; quando jovens brasileiros concluintes do ensino fundamental, em uma análise comparativa com outros jovens de trinta países, ocupam o 31º lugar em aproveitamento didático; quando nas universidades são freqüentes misérias como goteiras, progressão de cupins e atrasos em pagamentos de energia elétrica; quando um mal desempenho se sucede a outro é possível afirmar um "apagão" das políticas sociais públicas. A brutal mortandade em acidentes de trânsito e a elevação dos fretes devido à degradação das rodovias evidenciam um "apagão" nas políticas de transporte. O aumento progressivo do tempo de deslocamento residência-trabalho-residência nas grandes cidades brasileiras é a expressão de um "apagão" nos investimentos de infra-estrutura urbana.

São muitos estes "apagões" derivados da prioridade absoluta à conta dos juros de Dívida Pública e ao alto nível da taxa determinada pelo Banco Central e multiplicada pelo sistema bancário existente no país. Ocioso recordar que, em uma economia com medíocre desempenho e inclinada para a estagnação, dinâmico é o lucro crescente dos bancos e de seu mercado de "capitais-satélites". Um cenário de múltiplos "apagões" vai obrigando o povo brasileiro a enfrentar novas carências. Em determinados capítulos, o "apagão" ganha espetaculosidade. A crise no sistema aeroviário é um "apagão" marcado por traços dramáticos e documentado abundantemente pela mídia. É espetacular ver a ante-sala dos suntuosos prédios de aeroportos improvisada em dormitórios.

O governo de FHC reinaugurou, de forma turbulenta, o "apagão" de energia elétrica. Preocupado com a privatização, desarticulando os sistemas de planejamento e financiamento do setor elétrico, FHC reeditou a década de 50, quando o sambista carioca dizia: "Rio, cidade que me seduz: de dia falta água e de noite falta luz". De forma improvisada e submisso às orientações do FMI e do Consenso de Washington, transferiu para o governo Lula o trauma do "apagão" energético e da solução improvisada da termo-eletricidade, consumindo gás e petróleo. No acordo com a Bolívia, o Brasil se comprometeu a comprar diariamente um volume de gás. Não havendo consumo termo-elétrico, foi estimulada a utilização industrial, o uso veicular etc a um preço sedutor para absorver a sobra de gás boliviano. Há alguns anos ficou claro que iria faltar gás. Na ocasião, foi afirmado que o campo de petróleo da Bacia de Santos reforçaria o gás. A economia brasileira cresceu alguma coisa nestes últimos dois anos. Surgiu o que era previsível: a ameaça de um "apagão" energético e a falta visível de gás.

É altamente inquietante definir a Petrobras como "uma das petroleiras mundiais", em vez de uma empresa estratégica para o futuro brasileiro

Há poucos dias, foi anunciado que o Brasil "irá integrar a Opep e se converterá em um grande produtor de petróleo", a partir das reservas estudadas pela Petrobras na Bacia de Santos. O preço do petróleo vem disparando - apesar da Petrobras e do governo terem, em 2003, garantido que o preço do barril ficaria estabilizado entre US$ 40, e US$ 50. Acima de US$ 100, serão utilizadas areias betuminosas, petróleos ultra-pesados e campos submarinos ultra-profundos. Certamente a Petrobras e as universidades brasileiras desenvolverão a tecnologia para extrair o óleo a mais de 5 quilômetros da superfície e enfrentando grandes depósitos de sal fóssil. O custo do barril, nessas condições, será extremamente elevado. Entretanto, o óleo a ser extraído de Santos em um futuro não programável não resolverá o "apagão" energético do governo Lula, porém faz uma cortina de entusiasmo a abafar o mal-estar de um "apagão" que reflete o baixo investimento público, procrastinado pela prioridade dos juros - a despesa favorita dos governos FHC e Lula.

Acompanhou o festival ligado à nova condição de "um Brasil potência petroleira" o anúncio de uma mudança nas regras de concessão, a companhias privadas, de lotes potencialmente produtivos. Espero que haja uma recuperação de bom senso estratégico no Brasil.

É altamente inquietante definir a Petrobras como "uma das petroleiras mundiais", em vez de uma empresa estratégica para o futuro brasileiro. Uma derivada dessa banalização foi a venda, para o exterior, de uma grande fração do capital da companhia e seu estímulo a reproduzir os procedimentos de suas congêneres, praticando a geopolítica assustadora da indústria de petróleo. No governo FHC tentou-se, inclusive, apagar o nome da Petrobras, se não me engano, por um ridículo "Petrobrax".

É uma péssima política energética o Brasil exportar petróleo. Seria admissível, no máximo, a troca de algum óleo pesado brasileiro por petróleo leve do exterior. Entretanto, nos lotes privatizados, o Brasil garante a comercialização do óleo produzido, ou seja, admite sua exportação. A Indonésia fez o mesmo e, como membro da Opep, vendeu seu petróleo a US$ 3 o barril, e hoje, com seus campos esgotados, importa petróleo a quase US$100 o barril. É fácil projetar que, com a estagnação dos últimos 25 anos, o Brasil terá algum petróleo para exportar. Entretanto, em nível mundial, a tendência de alta do óleo é firme. Campos de petróleo reconhecidos e desenvolvidos para atender ao consumo nacional são estratégicos para o Brasil de amanhã. A China não explora todo o petróleo que vem localizando. Afinal, este é um tesouro em continuada valorização financeira. Espero que a Petrobras fique com todo o campo da Bacia de Santos, que faça um novo esforço tecnológico para disponibilizar este óleo. No futuro, talvez venha a ser uma ótima combinação óleo pesado com petróleo leve para construir um barril mais barato para o desenvolvimento da vida brasileira.

Carlos Lessa é professor-titular de economia brasileira da UFRJ. Escreve mensalmente às quartas-feiras.

domingo, 25 de novembro de 2007

Juros sobre juros

Na média dos anos 1993 a 2005, os juros representaram 29% da renda interna disponível.

Fonte: Instituto Desemprego Zero

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Internet para todos

O governo pretente investir até R$ 2 bilhões na Telebrás para levar acesso à internet banda larga a todos os municípios do Brasil. Em muitos municípios Brasil a dentro ninguém tem interesse em prover serviços de internet, as poucas opções ou são muito precárias (linha discada para provedor em outro município) ou muito caras (acesso via satélite).

Meu irmão que é pastor e trabalha no interior do Estado do Amazonas diz que é muito difícil encontrar até telefone em algumas cidades, muito mais difícil é conseguir ler um e-mail.

A proposta é muito bem vinda, já que no Brasil os serviços de internet são caros e de baixa qualidade. Quem não gostou foram os provedores, eles esão dizendo que os serviços do governo são caros e de baixa qualidade. Se é assim ele não deveriam estar tão preocupados como mostraram na carta divivulgada pela associação dos provedores que criticava pesadamente o Ministro das Comunicações.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

País do dr. Pangloss

LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA

O bom momento das vendas internas está acabando; pagaremos caro por acreditar nos Panglosses locais

Folha de São Paulo, 19/11/2007
ENQUANTO a crise financeira nos Estados Unidos se aprofunda, os juros interbancários sobem, as pessoas endividadas com hipotecas perdem suas casas e os consumidores americanos começam a perder sua confiança na economia, avolumando-se as perspectivas de recessão no país, os brasileiros comemoram um crescimento de cerca de 5% do PIB (Produto Interno Bruto) estimado para este ano, e a minha impressão é a de que vivo no país do dr. Pangloss - no melhor dos mundos possíveis.


Essa euforia local é ainda mais surpreendente porque, se os 5% são uma boa taxa em comparação com os anos anteriores, é uma taxa modesta em relação aos grandes países em desenvolvimento que estão crescendo em média quase o dobro desse número.


Dentro desse quadro, o jornal "Valor" publicou recentemente duas reportagens, em uma mesma edição, que pareciam contraditórias. Uma delas reportava, com precisão, as crescentes dificuldades para exportar que a taxa de câmbio, cada vez mais sobrevalorizada, está causando às empresas industriais: um grande número delas já parou de fazê-lo, enquanto outras estão diminuindo o componente nacional dos bens que produzem. A outra reportagem, entretanto, falava nas boas vendas e nos lucros elevados que as empresas industriais estão apresentando.
Digo que essas duas notícias são apenas aparentemente contraditórias porque fazem parte de um todo coerente que não é difícil compreender. A apreciação crescente da taxa de câmbio é o resultado da combinação perversa da "doença holandesa" - que leva a taxa de câmbio para o nível compatível com a lucratividade das commodities beneficiadas com amplos recursos naturais - com as entradas de capitais especulativos e de investimentos diretos que causam diretamente essa apreciação. À medida que isso acontece, as exportações industriais diminuem, enquanto aumentam as importações. Entretanto, ao mesmo tempo em que a apreciação, no médio prazo, vai causando o lento processo de desindustrialização prematura pelo qual o país vem passando desde 1990, essa mesma baixa da taxa de câmbio aumenta os salários reais - aumenta o poder aquisitivo de trabalhadores recebendo os mesmos salários nominais - e, com isso, aumenta a demanda de bens industriais para o mercado interno.
É esse fato que explica a prosperidade da indústria brasileira neste segundo semestre de 2007. É uma prosperidade real, já que as vendas para o mercado interno são boas, mas é uma prosperidade precária, que resulta do aumento dos salários reais devido à apreciação do câmbio e do fato de que os importadores de bens de consumo não-convencionais (ou seja, de bens que não são importados regularmente) ainda não lograram aumentar decisivamente suas importações.
Os aumentos das importações decorrentes de apreciação começam em geral por commodities (que importamos pouco), depois por bens de capital (que já estamos importando muito), depois por bens de consumo convencionais (vinhos, por exemplo), e só em uma última etapa atingem os bens convencionais. Como essa etapa ainda não se realizou, as empresas industriais brasileiras estão aproveitando o aumento artificial dos salários para vender no mercado interno. Está claro, porém, que esse tempo está acabando, e, de outro lado, a desaceleração da economia americana já está em curso.
Pagaremos caro por acreditar nos Panglosses locais.


LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA , 73, professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda, da Reforma do Estado e da Ciência e Tecnologia, é autor de "Macroeconomia da Estagnação: Crítica da Ortodoxia Convencional no Brasil pós-1994".
Internet: www.bresserpereira.org.br

terça-feira, 13 de novembro de 2007

CCJ aprova a renovação da CPMF

pós mais de seis horas de discussão, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, na noite de hoje (13), a renovação da CPMF, tributo que rende cerca de R$ 40 bilhões por ano ao governo. O relatório da senadora Kátia Abreu (DEM-TO, aquela que defendeu o trabalho escravo na Pangrisa, usina de álcool do Pará), que era contrário à prorrogação da CPMF, foi derrubado por 12 votos a 9. Pelo mesmo placar, os governistas conseguiram emplacar o voto em separado de Romero Jucá (PMDB-RR).

domingo, 11 de novembro de 2007

Em busca dos valores republicanos originais

O neoliberalismo nos fez recuar na história mais de um século, reafirmando os velhos valores liberais, e eu proponho que recuemos ainda mais, não menos que dois séculos, em busca da afirmação dos valores republicanos originais. Isto é, liberdade, igualdade, fraternidade na versão européia; o princípio de cidadania ampla, na versão americana; e o conceito de direito ao trabalho, que estava implícito nos estatutos agrários da Revolução Francesa e da Revolução Americana.

Como economistas republicanos brasileiros não queremos muito. Queremos simplesmente que se resgate o princípio do respeito ao direito e ao interesse público, e da promoção do bem comum. Isso começa por uma economia que garanta trabalho remunerado para todo mundo que quer e que está apto a trabalhar.

J. Carlos de Assis
http://www.desempregozero.org.br/editoriais/em_busca_dos_valores_republicanos_originais.php

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

China limita investimentos estrangeiros

Enquanto no Brasil o governo dá incentivo fiscal para especulador que faz arbritagem com taxa de juros, a China anuncia novos limites aos investimentos estrageiros. Nas novas diretrizes há limites rígidos para investimentos financeiros, no setor imobiliário e em setores onde os chineses já detenham tecnologia. Eles sabem que para construir uma rodovia, uma ferrovia ou uma siderúrgica não são necessários dólares.

Por outro lado, o Ministério do Comércio chinês estimula os investimentos em setores de alta tecnologia principalmente na área de proteção ambiental, de energias renováveis e de controle da poluição.

No âmbito do FMI também há uma pressão por parte dos países ricos para limitar investimentos dos fundos soberanos constituídos pelas países em desenvolvimento. Aos ricos não interessam que Chineses, Russos ou Brasileiros passem a comprar o controle de suas companhias.

Enquanto isso aqui no Brasil o dólar segue ladeira abaixo prejudicando o desenvolvimento do setor produtivo nacional. Mesmo assim não a discussão sobre o uso de controles de capitais para conter a enxurrada de dólares não avança. Quem é contra diz que não acha bom, quem defede a imposição de limitação à entra de capitais estrangeiros não tem espaço na mídia. Se não fosse bom este instrumento por que então as economias que mais crescem (China e Índia) fazem uso dele? Chile, Malásia, Argentina fizem uso deste instrumento quando necessário, assim como boa parte dos países hoje ricos.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Câmbio derruba grande exportador

As maiores exportadoras de bens manufaturados do país estão reduzindo seus embarques. Como operam com contratos de longo prazo, que duram dois a três anos, e têm maior acesso a instrumentos financeiros, como o hedge, as grandes empresas são as últimas a sentir o efeito negativo do câmbio. Mas a valorização do real já se prolongou tempo suficiente para prejudicar a receita obtida por essas companhias no exterior.


Com base no ranking das 40 maiores empresas exportadoras do Ministério do Desenvolvimento, o Valor identificou 12 fabricantes de manufaturados, como automóveis, autopeças, celulares e máquinas. Metade dessas companhias diminuiu as exportações este ano e uma se esforça para manter as vendas. As cinco restantes ainda conseguem aumentar as vendas externas por motivos específicos (ver matéria abaixo). Estão fora dessa lista as empresas que vendem commodities, caso do aço e da celulose.

"A maioria dessas transações é entre matriz e filial. As multinacionais não perdem, já que atendem os mercados através de outras fábricas ao redor do mundo. É o Brasil que perde", avalia José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Ele explica que as filiais brasileiras não estão conseguindo renovar os contratos e o custo do hedge se tornou muito alto com o atual patamar do dólar.

As grandes empresas apontam a valorização do real como o principal motivo para a queda das exportações. Desde o fim de 2002, quando o dólar estava a R$ 3,5, a moeda brasileira acumula alta de 102,6%. Ontem, o dólar fechou a R$ 1,75. Outro fator que também reduz as vendas ao exterior é a atratividade do mercado brasileiro, que é amplo e está aquecido. Por conta disso, as multinacionais vendem seus produtos internamente e utilizam menos o país como plataforma de exportação.


O "boom" de exportação de celulares "made in Brasil" também pode estar no fim. De janeiro a setembro de 2005 em relação a igual período de 2004, a Nokia aumentou as exportações em 360%. Em 2006, a companhia decidiu abastecer o mercado dos Estados Unidos via México ao invés do Brasil. As exportações da filial brasileira caíram 48% naquele ano. Em 2007, a Nokia não figura entre as 40 maiores exportadoras do país, segundo a lista do Mdic.

Petróleo chega a US$ 97 em NY

O barril do petróleo chegou a US$ 97 em Nova York e se confirmarem queda nas reservas estratégicas americanas, chegará em US$ 100. Logo logo veremos o efeito desse choque de preços na economia mundial.

Aqui em Pindorama, se a Petrobrás repassar os aumentos do preço do petróleo para os combustíveis o BC terá uma desculpa até para elevar os juros.
Como estatal, a Petrobrás tem uma papel importantíssimo na política econômica, tanto na estabilização dos preços dos combústiveis como sendo intrumento de política industrial (estímulo aos estaleiros nacionais com as encomendas de plataformas).

Uma questão que poucos discutem, o papel que as estatais tinham na política econômica. Os custos de se subsidiar uma estatal para ela segurar uma tarifa muitas vezes era menor do que o custo dos juros causados pela política monetária. No seu conjunto elas tinham um papel na geração de empregos, na estabilização de preços, na geração de demanda para a indústria nacional e na produção de tecnologia nacional.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Forte expansão da demanda não gera pressão inflacionária

Valor 05/11/2007


A visão predominante hoje - expressa, inclusive, na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) - é a de que o alto nível de utilização da capacidade em alguns setores poderá pressionar a inflação. A equipe de macroeconomia do Credit Suisse (CS) decidiu estudar o assunto a fundo e acaba de chegar à conclusão de que não: o atual ritmo de expansão da demanda não é inflacionário.

Em sua análise, a equipe do banco dividiu o IPCA em três grupos: alimentos e bebidas, serviços e preços livres (produtos industrializados excluindo a indústria de alimentos). Juntos, esses três grupos representam 69% do IPCA. Ficaram de fora da análise os preços administrados.

Na área de alimentos e bebidas, cuja inflação acumulada em 12 meses subiu de 1,2% em dezembro de 2006 para 9,7% em setembro de 2007, a expectativa é que o resultado de outubro indique o primeiro recuo desde junho do ano passado. Em dezembro, a expectativa é que a inflação anual desse grupo caia a 8,5% em dezembro.

No segundo grupo, dos serviços, após uma breve interrupção do movimento de queda em agosto, o indicador já começou a recuar em setembro e o Credit Suisse prevê um novo patamar baixo em outubro, de 0,28%. Para 2008, a expectativa da inflação de serviços é de 4%.

Entre economistas, a grande dúvida está no terceiro grupo, o dos preços industrializados, que representam um quarto do IPCA. Segundo Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse, há outros fatores que influenciam esses preços, como taxa de câmbio, aumento da participação das importações no consumo e crescimento dos investimentos. "Além disso, consideramos a expectativa de os empresários subirem ou não os preços nos próximos três meses, medida pela sondagem da Fundação Getúlio Vargas", explica Teixeira. Números recentes mostram que o nível de utilização da capacidade está descasado com a intenção dos empresários de aumentar preços.

Um dos fatores que devem barrar a inflação é a apreciação cambial. O Credit Suisse recentemente revisou sua expectativa para a taxa de câmbio de R$ 1,80 para R$ 1,70 por dólar no fim deste ano. Com a atividade mais forte, a transferência dessa apreciação cambial para os preços demora mais para acontecer (em um primeiro momento, o empresário a apropria como margem), mas acontece, segundo Teixeira. Além disso, diz, o câmbio incentiva as importações, elevando a participação dos produtos importados no mercado doméstico. Mesmo com um alto nível de utilização da capacidade, portanto, o consumo em alta é atendido pelo crescimento das importações. E o preço em reais dos produtos importados - inclusive insumos industriais - contribui para a manutenção da inflação baixa. O aumento das compras no exterior tem ainda outro efeito: aumenta a competição com os produtores nacionais, inibindo o aumento de preços dos produtos domésticos.

Teixeira afirma que outro fator analisado foram os investimentos, que, após quatro trimestres, transformam-se em capacidade produtiva. "Hoje, a economia está mais previsível, há crédito e investimentos. O empresário, em vez de aumentar preços, quer aumentar os investimentos para produzir mais. O país, hoje, consegue conviver com uma maior utilização da capacidade sem gerar pressão inflacionária", conclui.