terça-feira, 30 de junho de 2015

Delator da Lava Jato diz que doou a Paulinho da Força para evitar greves

http://jornalggn.com.br/noticia/delator-da-lava-jato-diz-que-doou-a-paulinho-da-forca-para-evitar-greves


Jornal GGN - A delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, no âmbito da Operação Lava Jato, expõe o funcionamento do lobby político na prática: doações eleitorais para garantir créditos com os congressistas, que podem retornar em forma de benefícios mais tarde. Segundo informações da Folha desta terça (30), Pessoa admitiu que doou R$ 500 mil ao expoente da Força Sindical, Paulinho da Força (Solidariedade), para evitar que o sindicato continuasse incentivando uma greve que prejudicava seus negócios. Em 2010, Paulinho concorria à Prefeitura de São Paulo pelo PDT.
No mesmo sentido, Pessoa apontou doações eleitorais para o deputado federal Luiz Sérgio (PT), atual relator da CPI da Petrobras. A Folha escreveu que o objetivo dos repasses, segundo o réu delator, "era garantir acesso aos congressistas, que são ligados aos movimentos sindicais."
No depoimento, Pessoa contou que, em 2011, "houve uma grande paralisação na construção da hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, (...) o que deixou as empreiteiras preocupadas. Na época, a greve provocou uma mobilização de trabalhadores também em outras obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), num efeito dominó", relatou o jornal.
A doação a Paulinho foi motivada pelas obras da usina de São Manoel, na divisa entre Pará e Mato Grosso. A licitação da hidrelétrica foi vencida pela construtora Constran, que pertence ao grupo UTC. Os sindicatos da região são ligados à Força Sindical, controlada pelo deputado. À Folha, Paulinho da Força admitiu que conheceu Ricardo Pessoa nas greves de 2011, mas afirmou que ambos jamais conversaram sobre doações eleitorais.
Já a doação oficial de R$ 200 mil, em 2014, para a campanha de Luiz Sérgio, "teve como objetivo evitar paralisações em um dos principais contratos executados pela companhia, a montagem de equipamentos da usina nuclear de Angra 3, no município de Angra dos Reis", apontou a Folha.
Ex-prefeito de Angra, Luiz Sergio também tem ligações com o Sindicato dos Metalúrgicos e com a CUT (Central Única dos Trabalhadores). Ao periódico, o petista disse que as contribuições da UTC foram registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral, e que não há nada de ilícito ou imoral nisso. "É uma doação legal, de um empresário forte que me reconhece como tendo uma boa interlocução com um movimento social."

Parlamentarismo? Mas com estes parlamentares?

http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/2015/06/29/parlamentarismo-mas-com-estes-parlamentares/


Sempre que o país entra numa crise, surgem logo as duas soluções mágicas: reforma política e parlamentarismo. Um arremedo de reforma política já está em curso, sob o comando do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e suas bancadas amestradas, que, sem ouvir a sociedade, até agora praticamente só aprovaram medidas de interesse dos próprios parlamentares.
Agora, o mesmo Cunha vem com a proposta de colocar logo em votação a volta do parlamentarismo, uma experiência que já não deu certo no Brasil, durante o governo de João Goulart,  e foi rejeitada por ampla maioria, em 1993, num plebiscito que manteve o presidencialismo.
"A grande evolução que se deve ter é que temos que discutir o parlamentarismo no Brasil, e rápido. Um debate para valer e votar", defendeu o todo-poderoso presidente da Câmara, em entrevista à Folha, nesta segunda-feira.
Sem entrar no mérito da questão, a primeira pergunta que me vem à cabeça é esta que está no título do post: mas com estes parlamentares? Se a situação já está ruim para todo mundo, pode-se imaginar o que aconteceria se o poder fosse transferido para este Congresso Nacional que temos hoje, o pior, em todos os sentidos, e o mais retrógado da nossa história recente.
Para evitar que se fale em "golpe branco", Cunha ressalvou que qualquer mudança de regime só valeria a partir das próximas eleições, mas anunciou que já está em campo para buscar apoios: "O tema tem ganhado força. Tenho conversado com quase todos os agentes políticos, PSDB, DEM, PPS, PMDB, PP, PR, com todos os partidos. Com José Serra, Aécio Neves, Tasso Jereissati" _ por coincidência, claro, todos senadores da oposição. E garantiu: "Com certeza, vamos tentar votar na minha presidência".
E vamos que vamos.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Petrobras reduz plano de investimentos em 37%

http://jornalggn.com.br/noticia/petrobras-reduz-plano-de-investimentos-em-37


Jornal GGN - A Petrobras anunciou uma redução de 37% em seus investimentos totais para o período de 2015 a 2019: o plano para o período 2015-2019 e comunicado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) corresponde a um total de US$ 130,3 bilhões, o que representa US$ 90,3 bilhões a menos em relação ao previsto no plano de 2014 a 2018.
Ao mesmo tempo, o montante de desinvestimentos em 2015/2016 foi revisado para US$ 15,1 bilhões (sendo 30% na exploração e produção, 30% no abastecimento e 40% no gás e energia), além de esforços em reestruturação de negócios, desmobilização de ativos e desinvestimentos adicionais, totalizando US$ 42,6 bilhões em 2017/2018.
"A carteira de investimentos do plano prioriza projetos de exploração e produção (E&P) de petróleo no Brasil, com ênfase no pré-sal. Nas demais áreas de negócios, os investimentos destinam-se, basicamente, à manutenção das operações e a projetos relacionados ao escoamento da produção de petróleo e gás natural", pontua a estatal, em comunicado ao mercado.
Dos investimentos da área de E&P, 86% serão alocados para desenvolvimento da produção, 11% para exploração e 3% para suporte operacional. Serão destinados US$ 64,4 bilhões a novos sistemas de produção no Brasil, dos quais 91% no pré-sal. Na atividade de exploração no país, a Petrobras afirma que "os investimentos estão concentrados no programa exploratório mínimo de cada bloco.
No Abastecimento, serão investidos US$ 12,8 bilhões, sendo 69% em manutenção e infraestrutura, 11% na conclusão das obras da Refinaria Abreu e Lima, e 10% na distribuição. Os demais 10% incluem investimentos no Comperj para recepção e tratamento de gás, manutenção de equipamentos, dentre outros. A área de Gás e Energia tem alocados US$ 6,3 bilhões, com destaque para os gasodutos de escoamento do gás do pré-sal e suas respectivas unidades de processamento (UPGNs).
A companhia espera alcançar uma produção total de óleo e gás (Brasil e internacional) de 3,7 milhões de barris por dia (boed) em 2020, ano no qual estima que o pré-sal representará mais de 50% da produção total de óleo.
"O plano prevê a adoção de medidas de otimização e ganhos de produtividade para reduzir os gastos operacionais gerenciáveis (custos e despesas totais, excluindo-se a aquisição de matérias-primas). Ações já identificadas demonstram que esse resultado pode ser alcançado por meio de maior eficiência na gestão de serviços contratados, racionalização das estruturas e reorganização dos negócios, otimização dos custos de pessoal e redução nos dispêndios de suprimento de insumos", ressalta a Petrobras.

Aécio: doações para Aloysio são legítimas; para PT, "assalto à Petrobras"

Comentário do Vlad: haja óleo de peroba. As doações da UTC a Aloysio Nunes nem foram registradas.
http://jornalggn.com.br/noticia/aecio-doacoes-para-aloysio-sao-legitimas-para-pt-assalto-a-petrobras


Jornal GGN - O senador e presidente nacional do PSDB Aécio Neves, candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais, disse em entrevista ao Estadão, publicada nesta segunda-feira (29), que as doações feitas pela UTC ou outras empresas envolvidas na Lava Jato foram "legítimas" e devidamente declaradas à Justiça Eleitoral. Já as doações ao PT, feitas pelas mesmas empresas investigadas por formação de cartel e pagamento de propina na Petrobras, foram fruto de "assalto" aos cofres da estatal. Ricardo Pessoa, presidente da UTC, teria declarado às autoridades da Lava Jato que fez repasses para Aloysio e para a campanha do PT à Presidência e governos estaduais.
Do Estadão
Isadora Peron
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirma que ainda é preciso cautela ao se falar num eventual pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mas diz, porém, que com a delação premiada do dono da UTC, Ricardo Pessoa, e a possível rejeição das contas do governo pelo Tribunal de Contas da União (TCU), esse desfecho se torna cada vez mais próximo. Aécio voltou a defender o ex-candidato a vice em sua chapa, Aloysio Nunes (PSDB-SP, também citado por Pessoa. 
Após as revelações de Ricardo Pessoa, o pedido de impeachment de Dilma volta à agenda do PSDB?
Continuo tendo a cautela de sempre nessa questão, mas é perceptível que o conjunto da obra leva a uma indignação da sociedade brasileira e essa indignação é um dos insumos necessários para que se chegue a esse desfecho. No entanto, vou continuar esperando que as coisas caminhem. Um momento extremamente importante para todo esse processo, até para a nossa definição, será o julgamento do Tribunal de Contas. É inaceitável que a presidente queira continuar transferindo responsabilidades sobre os atos do governo.
Outros líderes da oposição afirmam que já há elementos para pedir o afastamento da presidente da República.
Nós vamos conversar no início da semana, com todas as lideranças, para definir, de forma clara, os próximos passos que nós vamos dar. Mas o cerco é cada vez maior. E, como diz aquela expressão erga omnes usada numa operação pela Polícia Federal, mais do que nunca, a lei é para todos. Quem cometeu os delitos, vai ter que responder por eles.
O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que foi seu vice na chapa presidencial, também foi citado pelo dono da UTC.
Não se pode misturar um apoio legítimo, que um candidato recebeu, declarado na Justiça Eleitoral, com o assalto comandado pelo PT que foi feito na Petrobrás. Essas coisas não se misturam. O Aloysio é um homem de bem e é um dos nomes mais críticos a tudo o que está acontecendo com o País.
O que achou das últimas declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com críticas à Dilma e ao PT?
Lula tenta agora se descolar do governo, como se pudesse haver uma criatura sem um criador. O nosso papel agora será mostrar que não haveria Dilma sem Lula e não haveria esse governo, se não houvesse Lula e não houvesse Dilma. Eles são uma coisa só. Foram para o bem e serão agora também no momento difícil.
No próximo domingo, durante a convenção do PSDB, o sr. vai ser reconduzido à presidência nacional do partido. Há consenso em torno do seu nome?
Sim, é uma chapa única. Particularmente, acho que o PSDB está no melhor momento da sua história. Desde a última eleição houve um reencontro, uma reconciliação, do PSDB com setores da sociedade do qual o partido estava distanciado, e isso é algo que não pode ser desperdiçado.
Sempre há muita disputa interna no PSDB para decidir quem será o candidato à Presidência. Isso vai acontecer em 2018?
Nós sabemos que a viabilidade do nosso projeto passa pela nossa unidade. Ou estaremos todos unidos ou vamos perder mais uma chance histórica.
O sr. é a favor de prévias?
Sou, sempre fui.

Pedágios vão subir e a popularidade o Alckmin também, porque paulista acha chique pagar caro

Os pedágios de 4,11% a 8,47% a partir de primeiro de julho. Mas os paulistas gostam pois elegem os tucanos há décadas.

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/06/1649253-pedagios-de-rodovias-paulistas-sobem-nessa-quarta-imigrantes-chega-a-r-23.shtml?cmpid=facefolha

Com Aécio e Anastasia, Minas perdeu mais de R$ 14 bilhões da saúde

Comentário do Vlad: olha as pedaladas do Aécio, fez manobra fiscal para descumprir a obrigatoriedade de investir 12% da receita na saúde.
http://jornalggn.com.br/noticia/com-aecio-e-anastasia-minas-perdeu-mais-de-r-14-bilhoes-da-saude


Irregularidades aconteceram entre os anos de 2003 e 2012 e refletem o descumprimento de vários dispositivos constitucionais e legais pelos governos tucanos
Jornal GGN - O Ministério Público Federal (MPF) ingressou com ação civil pública contra o Estado de Minas Gerais por descumprimento da Emenda Constitucional 29/2000, que fixou a obrigatoriedade de aplicação do percentual mínimo de 12% do orçamento em ações e serviços de saúde pública. De acordo com a ação, o governo estadual, entre 2003 e 2012, descumpriu sistematicamente preceitos legais e constitucionais, "em total e absurda indiferença ao Estado de Direito", efetuando manobras contábeis para aparentar o cumprimento da EC 29. Os governadores responsáveis pelo período questionado eram Aécio Neves e Antonio Anastasia, ambos do PSDB e senadores.
Na prática, R$ 9,5 bilhões deixaram de ser aplicados no Sistema Único de Saúde (SUS) pelo Estado de Minas Gerais, quantia que, em valores atualizados, corresponde a um desfalque de R$ 14,2 bilhões. 
Para os procuradores da República, não é sem razão que após tantos anos investindo no SUS bem abaixo do mínimo constitucional, “o serviço público de Saúde, embora considerado o mais importante pela população, alcançou, em 2009 e 2010, os piores índices de satisfação” dentre os serviços públicos prestados pelo Estado de Minas Gerais, conforme relatório técnico do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sobre as contas do governador do Estado no Exercício 2011.

Por 10 anos, o governo estadual incluiu gastos estranhos à saúde para simular o cumprimento da obrigação de investir o mínimo constitucional. O GGN fez reportagens especiais sobre o assunto, com base em questionamentos feitos pelo Ministério Público do Estado de Minas. Neste caso, o MP-MG aponta que o Estado mineiro praticou o crime de fraude contábil ao tentar fazer parecer que dinheiro da saúde foi investido em saneamento básico via Copasa, que é uma empresa mista. A Promotoria da Saúde tentou, por anos, responsabilizar os governadores na ação, mas a Procuradoria Geral do Estado travou o andamento da investigação contra o tucano.
Emenda 29
No caso dos estados, os 12% do mínimo constitucional (Emenda 29) são compostos por recursos públicos oriundos de transferências da União via Fundo de Participação do Estado (FPE) e de arrecadações de impostos estaduais (ITCD, ICMS e IPVA). Esses recursos entram no caixa do Estado a título de orçamento vinculado, ou seja, devem ser obrigatoriamente aplicados na Saúde Pública.

A legislação, inclusive, dispõe, de forma explícita, para não restar dúvidas ao governante, que os recursos vinculados ao cumprimento do mínimo constitucional em saúde devem ser investidos em ações e serviços "que sejam de responsabilidade específica do setor de saúde, não se confundindo com despesas relacionadas a outras políticas públicas que atuam sobre determinantes sociais e econômicas, ainda que com reflexos sobre as condições de saúde", como o saneamento básico, por exemplo.

No entanto, para os governos que administraram o estado naquele período, entraram como se fossem gastos com saúde pública até "despesas com animais e vegetais", já que verbas direcionadas ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e à Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) foram computadas como gastos com saúde.

Interessante é que, antes de 2003, tais despesas eram incluídas na função adequada (no caso do Ima, função 20-Agricultura; no caso da Feam, função 18-Gestão Ambiental), mas passaram a ser contabilizadas como saúde a partir daquele ano para fugir ao cumprimento do mínimo constitucional.

E a mesma manobra foi feita em diversas outras áreas, incluindo repasses a entidades assistenciais, como a Coordenadoria de Apoio e Assistência à Pessoa Deficiente, além do pagamento de benefícios previdenciários a servidores ativos e inativos do estado, o que é expressamente vedado pela Lei Complementar 141/2012.

Nesse ponto, o MPF lembra que a LC 141 foi editada com o propósito de regulamentar a EC 29, mas, na prática, apenas reforçou todo o arcabouço legislativo já existente, inclusive repetindo o texto de normas de natureza infralegal, como a Resolução nº 322/2003, do Conselho Nacional de Saúde, que elenca expressamente as inclusões proibidas.

Uma dessas vedações diz respeito à inclusão de verbas destinadas ao pagamento de aposentados e pensionistas, principalmente porque se trata de beneficiar uma clientela fechada, contrariando o princípio da universalidade e gratuidade do SUS. Conforme destacou a Comissão Técnica do TCE-MG ao rechaçar a aplicação, as ações e serviços de saúde prestados por entidades como, por exemplo, o IPSEMG, IPSM e Hospital Militar, são de "acesso restrito aos servidores e a seus dependentes e inclusive por eles custeadas", não sendo, portanto, nem "gratuito nem universal, uma vez que só podem usufruir da assistência prestada por esses Institutos aqueles que contribuem diretamente, quer sejam segurados da ativa, inativos, pensionistas ou seus dependentes, não sendo permitido aos cidadãos em geral utilizar-se da referida assistência".

Chama ainda atenção o fato de que as receitas que custeiam tais serviços originam-se de fontes próprias - do próprio servidor, que contribui com 3,2% da sua remuneração frente aos 1,6% do Estado, no caso do IPSEMG e IPSM -, ou do pagamento de taxas arrecadadas pela atividade policial.

Ou seja, para alegar o cumprimento da EC 29, os governos estaduais, de 2003 a 2012, consideraram não apenas a receita vinculável (FPE + impostos), "mas também despesas que foram suportadas por recursos diretamente arrecadados, ou seja, que sequer representaram efetivos gastos para o Estado, não consistindo em investimentos reais deste. Assim, conseguiu que um maior valor do próprio orçamento fiscal ficasse livre para outros gastos que não em saúde".

Para o MPF, "Valer-se destes valores pagos pelos usuários ou oriundos de terceiros, computando-os na soma de investimentos públicos estaduais como se fossem a mesma coisa, é uma inegável artimanha para inflar números e distorcer a realidade".

"Para além disso, o Governo de Minas Gerais chegou ao absurdo de incluir como se fossem aplicações em ASPS serviços veterinários prestados ao canil da 2ª CIA, reforma da maternidade da 4ª CIA Canil do BPE, serviços de atendimento veterinário para cães e semoventes, aquisição de medicamentos para uso veterinário, aquisição de vacinas para o plantel de semoventes", relata a ação.

Caso Copasa
Mas os valores de maior vulto, indevidamente incluídos para simular a aplicação do mínimo constitucional, foram direcionados à Copasa, uma sociedade de economia mista que presta serviços de água e esgoto mediante a cobrança de tarifas aos consumidores mineiros. Embora o Estado detenha o controle acionário da empresa, 41,59% de seu capital pertence a outros acionistas, entre eles o The Bank of New York Mello Corporation.

Pois os governos estaduais contabilizaram os gastos feitos pela Copasa com saneamento básico - que, segundo a própria empresa, foram despesas pagas majoritariamente com recursos oriundos de tarifas pagas pelos consumidores, além de recursos oriundos do lançamento de ações na bolsa de valores e de contratos de financiamento - como despesas com o SUS no cumprimento do mínimo constitucional.

Lembrando que também neste caso, até 2002, os investimentos em saneamento básico eram agregados na função 17-Saneamento, o MPF destaca que serviços pagos pelo consumidor vão de encontro à natureza dos serviços públicos de saúde, que devem ser obrigatoriamente gratuitos.

Além disso, a Copasa sequer integra o orçamento fiscal do estado, pois se trata de uma pessoa jurídica de direito privado, não estando integrada, portanto, ao SIAFI, para controle da regularidade no uso de recursos públicos. "Não é sem motivo, portanto, que no decorrer de todos os anos de práticas irregulares, a CAEO [Comissão de Acompanhamento da Execução Orçamentária do Estado] ressaltou a má-fé do governo ao misturar a COPASA com as reais despesas do Estado em saúde, para fins de tentar parecer cumprido o mínimo garantido pela Constituição", afirma a ação.

Para se ter ideia do prejuízo ao SUS causado pela inclusão indevida da Copasa no quadro geral de valores que o governo estadual alegava ter investido em saúde, basta ver que esses recursos já chegaram a representar até 37,18% do total, como ocorreu em 2006.

Por sinal, naquele ano, "apenas 43,57% da quantia que o Estado afirmava ter investido em saúde realmente reverteu em benefício de ações universais e do SUS. Mais da metade, na verdade, dizia respeito a saneamento básico, previdência social, serviços prestados a clientela fechada e verbas diretamente arrecadadas que sequer provinham do orçamento fiscal estadual, as quais jamais poderiam ter sido incluídas no cálculo do piso constitucional em saúde".
"Ver-se diante da crua realidade de nossos hospitais não deixa ignorar que, caso os bilhões de reais que deixaram de ser investidos no SUS em virtude de distorções nos cálculos do Governo de Minas tivessem sido direcionados corretamente, o cenário poderia ser diferente", afirmam os procuradores da República.
Pedidos
A ação pede que a Justiça Federal determine à União condicionar o repasse dos recursos do Fundo de Participação dos Estados ao efetivo cumprimento da EC 29 pelo Estado de Minas Gerais, com a aplicação, nos próximos anos, dos 14 bilhões que deixaram de ser investidos entre 2003 e 2012. Ou seja, além do valor que o Estado deverá investir normalmente, o governo ainda terá de acrescer parcelas que resgatem a quantia não aplicada nos anos anteriores.

Para isso, o Estado deverá apresentar, no prazo máximo de seis meses, estudos técnicos contábeis e econômicos que demonstrem o valor percentual necessário e possível a ser acrescido à percentagem relativa ao mínimo constitucional (EC nº 29/00) em cada um dos próximos anos, até que seja sanada sua dívida.

Pede-se ainda a criação, ainda para este ano de 2015, de conta corrente específica para receber os recursos vinculados ao cumprimento do mínimo constitucional.
(ACP nº 0033275-93.2015.4.01.3800)

Clique aqui para ter acesso ao conteúdo integral da ação.
Com informações do MPF

domingo, 28 de junho de 2015

O TCU força a mão nas pedaladas fiscais

http://jornalggn.com.br/noticia/o-tcu-forca-a-mao-nas-pedaladas-fiscais


É uma quadra excepcional da história, em que a governabilidade fica na dependência do notório ex-deputado Augusto Nardes, relator do julgamento das pedaladas fiscais no TCU (Tribunal de Contas da União), do não menos notório presidente da Câmara Eduardo Cunha, e do igualmente notório presidente do Senado Renan Calheiros.
É o país de joelhos ante um conselho de notáveis.
Agora, o TCU prepara-se para julgar as contas de Dilma Rousseff. E acena com a possibilidade de rejeição devido à suposta repetição das pedaladas ocorridas em 2013 e 2014.
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O tema das pedaladas foi levantado pioneiramente pelo Estadão no ano passado e desnudou de vez o desastre representado pela gestão Guido Mantega-Arno Agustin, respectivamente Ministro da Fazenda e Secretário do Tesouro.
Por pedaladas entende-se atrasos propositais nos repasses aos bancos públicos de recursos para quitar compromissos de programas sociais obrigatórios, como seguro-desemprego, abono, benefícios previdenciários e Bolsa Família.
Outra coisa é o Tesouro deixar pendurada uma dívida no Banco do Brasil e BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) na conta equalização de juros, respectivamente do crédito agrícola e do PSI (Programa de Sustentação do Investimento)
É uma conta complexa e que não para de aumentar. Não deixa de ser uma pedalada, mas não pode ser tratado como crime de responsabilidade fiscal, por não se referir a transferências obrigatórias.
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O fato político foi criado por uma reportagem da Folha, inteiramente calcada nos números levantados pelo Estadão, mas levantando a tese de que as pedaladas prosseguiram em 2015 – o que daria álibi para o impeachment.
O jornal pegou o balanço de dezembro da STN e percebeu uma dívida de R$ 10,5 bilhões com a equalização. Depois comparou o de março de 2015, observando um aumento para R$ 12,7 bilhões. Concluiu que as pedaladas continuaram, sem atentar (ou atentando) para o fato de que não se tratava de repasses obrigatórios.
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As pedaladas fiscais propriamente ditas – ou seja, os atrasos nas transferências obrigatórias - foram todas corrigidas ainda no final do ano passado, depois que Dilma Rousseff se reelegeu. Daí a razão da gigantesca deterioração das contas públicas, antes mesmo do efeito recessão sobre as receitas.
Os demais atrasos perduram, mas esta semana a Secretaria do Tesouro Nacional soltou uma nota deixando claro que há portarias prevendo o pagamento dessas despesas. São portarias elásticas, bem ao estilo do ex-Secretário do Tesouro Arno Agustin.
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Dentro da legalidade, o que o TCU poderá fazer de pior – para as contas públicas – será decidir que tudo precisa ser colocado em dia, inclusive o ressarcimento aos bancos públicos pelas taxas de equalização. Significaria uma notável injeção de capital neles, mas as metas fiscais deste ano iriam para o espaço.
Qualquer ação adicional – como o de rejeitar as contas de Dilma – é golpe.
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Os problemas reais da economia são de outra ordem: o nível de atividade caindo, a receita despencando junto, o desemprego aumentando e o Banco Central teimando em manter a taxa Selic em 14,5%.

Deputados entregam íntegra de emendas elaboradas por empresas

Comentário do Vlad: deputados apresentam projetos e emendas ainda com o timbre das empresas que os patrocinaram. O que você acha disso?

http://jornalggn.com.br/noticia/deputados-entregam-integra-de-emendas-elaboradas-por-empresas

MARCELO CAMARGO/ABR/FOTOS PÚBLICAScunhaa.jpgTroca-troca de projetos ficou mais intenso depois que a presidência da Câmara foi assumida por Cunha (PMDB-RJ)

da Rede Brasil Atual
Procedimento, tido como legítimo e comum no Congresso, tem sido criticado por analistas na atual legislatura, por estar sendo feito sem critérios. E já levou parlamentares a serem chamados de 'office boys'
 
por Hylda Cavalcanti
Brasília – Quanto menor é o nível de conhecimento dos parlamentares sobre o processo legislativo e maior a renovação das bancadas, assim como o comprometimento deles com o poder econômico, maiores são as chances de aproveitarem contribuições e subsídios encaminhados por empresas privadas e instituições diversas em seus projetos e emendas. Muitas vezes até, eles aproveitam os próprios textos literais, da forma como lhes são entregues. Esse tipo de procedimento, que tem chamado a atenção da Câmara dos Deputados nos últimos dias, nas votações de maior repercussão, ultrapassa a questão do lobby e passou a levar os autores destas matérias a serem conhecidos como “parlamentares que atuam como laranjas” da iniciativa privada e de entidades de classe.
Mas a prática não é proibida e sempre foi comum nas últimas décadas, no Congresso Nacional. Segundo confirmam parlamentares e assessores da Casa, o envio sistemático de sugestões de emendas e até textos prontos aos gabinetes muitas vezes até ajuda na atuação dos parlamentares. Mas o aumento das sugestões acatadas, por outro lado, na avaliação de analistas legislativos, mostra que as relações entre os representantes do Congresso e estes setores estão cada vez mais intricadas. E que, nos últimos tempos, cada vez menos são feitas alterações ou apreciações por parte do gabinete do parlamentar.
“Não podemos ser ingênuos para criticar por criticar esse tipo de trabalho porque todos os órgãos possuem assessoria parlamentar justamente para atuar junto aos gabinetes da Câmara e do Senado, inclusive sindicatos e entidades de classe. Mas o aumento observado pode ser um reflexo de que alguma coisa não anda bem na atual legislatura”, afirmou o cientista político Alexandre Ramalho, consultor legislativo do Senado e professor da Universidade de Brasília (UnB).

‘Office boys’

Para o analista político Antônio Augusto de Queiroz, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), o acompanhamento e trabalho de empresas e entidades junto aos deputados é legítimo. O problema apontado por ele é a forma como estas práticas têm sido observadas. “É preciso certo cuidado, critério para avaliar e participar da discussão sobre estas matérias a serem entregues. Caso contrário, os deputados correm o risco de se transformarem em meros office-boys das empresas", ressaltou.
Na última noite, durante o início da votação do Projeto de Lei (PL) 863, da desoneração, a divulgação, pelo jornal Folha de S. Paulo, de emendas aprovadas em nome de empresas e associações deram prova disso – o que foi ratificado, posteriormente, pelos deputados que as apresentaram. A protocolização das emendas entregues por empresas e entidades a esses parlamentares apenas registrou uma repetição do que aconteceu durante a apreciação do projeto de lei sobre a terceirização, em abril passado – quando os parlamentares se valeram da mesma prática.
Conforme avaliação primária da mesa diretora da Casa, na época – pelo menos 20 textos que foram formalizados, referentes a emendas ao PL da terceirização continham, ainda, o papel timbrado de instituições diversas.
No caso da votação do PL 863, foram confirmadas três emendas – apresentadas pela empresa Contax, de call center; pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit); e pela Frente da Indústria de Máquinas e Equipamentos, que congrega indústrias do setor. A primeira foi apresentada pelo deputado Tenente Lúcio (PSB-MG). A segunda, por Vanderlei Macris (PSDB-SP). A última, pelo parlamentar Jerônimo Goergen (PP-RS).
Os três confirmaram ter usado os textos, mas argumentaram que discutiram o assunto com estas empresas e entidades e, em alguns casos, o material foi analisado e passou por acréscimos com a participação de assessores de seus gabinetes.  “Não vejo problema em representar setores da sociedade”, afirmou à Folha o deputado Jerônimo Goergen (que não foi encontrado pela reportagem da RBA).

Aumento da pressão

A questão que chamou a atenção, no entanto, foi o fato de a maior parte dos deputados ter deixado claro o aumento da pressão, nos últimos dias, para pedir a retirada ou inclusão de itens que facilitassem a situação de determinados setores na mudança das alíquotas de recolhimento sobre o faturamento das empresas – uma vez que o projeto, que integra o ajuste fiscal do governo, tinha a proposta inicial de reduzir a desoneração para 56 setores da economia.
Para assessores das lideranças do DEM, do PSDB e do PDT, ouvidos em separado, uma parte do aumento deste tipo de auxílio indireto aos deputados tem ocorrido, nos últimos meses, também, em razão da renovação de 1/3 da Câmara. Boa parte dos projetos são de parlamentares que não conseguiram se reeleger e constantemente têm procurado os colegas das bancadas e entregado projetos pedindo para serem apresentados por eles. E a maior parte dos pedidos têm sido feitos junto aos recém empossados, como confirmou um advogado da liderança do PSDB.
O troca-troca de projetos ficou mais intenso depois que a presidência da Câmara foi assumida pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Cunha nunca escondeu que desde o início do primeiro mandato costuma pedir matérias para serem apresentadas por outros colegas, como estratégia para que sejam aprovados em comissões técnicas da casa e do Senado.

Regulamentação do lobby

Outro que usa o mesmo artifício é o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Ao ser questionado pelo fato de, em 25 anos na Câmara só ter conseguido aprovar uma única proposta de emenda constitucional (PEC) de sua autoria, Bolsonaro afirmou que o dado não reproduz a realidade porque outros projetos seus foram aprovados por colegas. "Sou completamente discriminado porque eu sou um homem de direita. Então, alguns projetos meus dou para outro deputado apresentar porque, se pintar meu nome, não vai para a frente", disse.
Para o especialista em marketing político Alexandre Bandeira, o tema remete diretamente à falta da regulamentação do lobby no país. A regulamentação é alvo de uma proposta que tramita no Congresso há décadas, sem apreciação por parte nem da Câmara nem do Senado.
“O conjunto dos parlamentares é soberano para decidir sobre as matérias e é legítimo esse aproveitamento de textos e matérias apresentados a eles por entidades da sociedade civil e instituições, que muitas vezes possuem assessorias parlamentares bem maiores que o número de servidores que compõem a estrutura dos gabinetes destes deputados. O que o país precisa é regularizar o lobby", acentuou Bandeira.
De toda forma, a repercussão desse rito legislativo leva os técnicos e segmentos diversos que acompanham as atividades do Congresso a observarem um outro lado da tramitação das propostas. Uma vez, que, embora um projeto aprovado na Câmara ou no Senado tenha o registro dos parlamentares autores –  responsáveis formalmente por tais textos – o caminho percorrido até a matéria ser incluída na pauta do plenário pode ter sido bem mais sinuoso do que o imaginado.

Financiamento de gasoduto pode ser afetado com prisão de Odebrecht

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Jornal GGN - A prisão de Marcelo Odebrecht, presidente da construtora Odebrecht, pode prejudicar um financiamento de US$ 4,2 bilhões para a construção do Gasoducto Sur Peruano. A empresa brasileira tem participação de 75% no consórcio que ganhou a concessão para construir e operar o gasoduto por 34 anos.
A Odebrecht tem sido questionado por instituições financeiras que participam do financiamento e estão esperando os resultados das investigações sobre a empreiteira. No total, 14 bancos fazem parte do operação, como o BBVA, da Espanha, o Citi, dos EUA, e ING, da Holanda.  Além desta obra, o financiamento de US$ 1,5 bilhão para a construção da linha 2 do metrô do Panamá também poderá ser prejudicado.
Do Valor
 
Talita Moreira
 
A prisão do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, pode respingar em um financiamento de cerca de US$ 4,2 bilhões que vem sendo costurado por um grupo de 14 bancos para a construção de um gasoduto no Peru.
 
A companhia brasileira detém participação de 75% no consórcio que, no ano passado, arrematou a concessão para construir e operar o gasoduto por um período de 34 anos. Os outros 25% pertencem à Enagás, da Espanha.
 
Instituições financeiras que participam da operação têm feito questionamentos à Odebrecht desde o fim da semana passada, quando Marcelo foi detido pela Polícia Federal em razão da Operação Lava­Jato. Ninguém desistiu do negócio, mas a orientação nos bancos tem sido levantar o máximo de informações e esperar os desdobramentos das investigações sobre a empresa, apurou o Valor.
 
Os japoneses Sumitomo, Banco de Tókio Mitsubishi UFJ e Mizuho, o italiano Intesa San Paolo, os espanhóis BBVA e Instituto de Crédito Oficial, os franceses Natixis, Crédit Agricole e Société Générale, o holandês ING, o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC), o canadense Scotiabank, o americano Citi e o norueguês DNB são os bancos que têm mandato para costurar um empréstimo sindicalizado para o Gasoducto Sur Peruano (GSP). A concessionária ainda pretendia atrair outras instituições para compor o financiamento.
 
A ideia era firmar o contrato em julho. Por ora, o prazo não foi oficialmente descartado e as reuniões para acertar detalhes estão mantidas, mas a prisão de Marcelo Odebrecht elevou as incertezas em um projeto já complexo por natureza.
 
Segundo as negociações, os recursos terão prazo de sete anos e vão substituir um empréstimo­ponte de US$ 600 milhões concedido em agosto do ano passado pelos bancos Sumitomo, Banco de Tókio Mitsubishi, Intesa San Paolo, BBVA e Natixis. Esse empréstimo vence no início de 2016, o que dá ao consórcio uma boa margem para encontrar uma solução caso haja mudanças no sindicato de bancos. Todavia, os planos do GSP eram de quitar esse financiamento antes do prazo e substituí­lo pelos recursos novos.
 
O GSP vai se estender por 1.080 quilômetros entre o campo de gás de Camisea, na região de Cuzco, e a cidade de Ilo, no litoral peruano. O investimento total é de US$ 7,328 bilhões e o início da operação está previsto para 2017.
 
Nas anotações que fez na prisão e pediu que fossem enviadas a seus advogados, Odebrecht pergunta sobre o GSP e demonstra preocupação com o projeto. O bilhete foi examinado pela Polícia Federal, que suspeitou de uma tentativa do empresário de orientar a defesa a ocultar provas.
 
Procurado pelo Valor, o GSP não se pronunciou até o momento de conclusão desta reportagem.
 
O projeto não é o único cujo modelo de financiamento entrou em compasso de espera devido às investigações sobre a Odebrecht. O Valor PRO -­ serviço de informações em tempo real do Valor - revelou anteontem que também foi afetado o andamento do contrato de US$ 1,5 bilhão para a construção da linha 2 do metrô do Panamá pela Construtora Norberto Odebrecht (CNO) e pela espanhola FCC Construcciones.
 
O financiamento do metrô tem prazo de oito anos e foi acordado por um grupo composto por Citi, Deutsche Bank, Mizuho e Banco de Tokio Mitsubishi.

Os bancos surfando na recessão

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Por André Araújo
A economia do país está afundando nos grandes setores, menos nos bancos.
Os lucros espetaculares continuam crescendo a cada trimestre, mesmo após as provisões para calotes. É um espanto, mas não espanta, porque é a resultante de uma política de completo apoio do Banco Central para que os bancos cobrem do cliente aberrantes tarifas e taxas de juros 20 ou 30 vezes a taxa básica Selic que já é a mais alta do mundo. O Banco Central não tem nenhum parâmetro para conter a taxa imposta pelos bancos no FALSO PRESSUPOSTO de que é o mercado competitivo que regula as taxas. A premissa é falsa porque com a concentração do mercado bancário não há, na prática, competição, quatro grandes bancos tem 80% do mercado bancário.
A razão da existência de bancos públicos é servir de baliza contra a ganância dos bancos privados. Mas tal orientação não lhes foi imposta, então os bancos públicos cobram o mesmo que os privados, são estes, os privados que balizam os bancos públicos e não o contrário.
Os economistas de "mercado" que dirigem o Banco Central vendem a fantasia do mercado competitivo, quando na realidade é o maior cartel do país e mais: em tempos de crise DIMINUI a competição, porque os clientes estão endividados e PRESOS aos bancos onde tem dívidas.
O Banco Central tem toda sua filosofia para dar maior lucratividade aos bancos, liberdade para impor serviços e sistemas sem qualquer consideração pelos interesses dos clientes. Os bancos atuam para minimizar seus riscos à custa do cliente.
Em tempos de crise os bancos seriam um elemento essencial para tirar a economia do atoleiro, mas é na crise que eles atuam PRÓ CICLICAMENTE, retraindo e encarecendo o crédito e aprofundando a recessão.
No mercado de câmbio, o Banco Central deixou de fazer os controles sobre entrada e saida, tarefa que delegou aos próprios bancos, que hoje fazem o que querem com os clientes que não tem mais a quem apelar.
O que o Banco Cental fez seria como se a SUSEP - Superintendência de Seguros Privados - delegasse as seguradoras a função da polícia. Nas batidas de veículos, a seguradora é que faria o BO e a investigação, definindo a culpa de cada um. Foi o que o BC fez com o câmbio, seus operadores são também juízes das transações, o cliente depende do julgamento dos bancos, que são  interessados na operação. Quem tomou essa decisão deve gostar muito dos bancos, um amor profundo, dar aos banos todos os instrumentos para manejar para eles a operação.
Os bancos NÃO serão um ponto de apoio para sair da crise, não estão a serviço do país e de sua economia, seguem a orientação filosófica do Banco Central, onde não existe o cliente, interessa só a saúde dos bancos e essa saúde é representada por lucros cada vez maiores, que dão solidez ao sistema, é disso que o BC gosta, bancos sólidos e clientes quebrados.