quinta-feira, 15 de março de 2012

Governo busca queda de dois dígitos nas contas de energia

Enquanto que no final do governo PSDB/DEMo (Serra), o estado de SP prorrogou algumas concessões de rodovia sem exigir benefícios para os usuários, o governo federal vai aproveitar o vencimento de concenções de geradoras de energia para reduzir o custo para os consumidores.




Veja matéria do Valor de hoje.

BRASÍLIA - O governo tem várias alternativas desenhadas para baratear as tarifas de energia das concessões que vencem a partir de 2015, mas vê surgir divergências entre os ministérios sobre o prazo que terão os contratos renovados. O Ministério da Fazenda defendeu, em reuniões no Palácio do Planalto, que a prorrogação das concessões tenha prazos diferentes para evitar novamente uma situação em que acabem expirando de forma simultânea.
A redução dos preços da energia é ponto central nas discussões. Uma das possibilidades mais fortes é alocar todo o ganho com a renovação dos contratos que já tiveram investimentos amortizados na tarifa cobrada dos consumidores pelo uso da rede de transmissão. Ela representa de 6% a 7% das contas de luz residenciais e de 12% a 15% para grandes indústrias. A presidente Dilma Rousseff quer que a queda dos preços finais fique em dois dígitos para oficializar em breve a decisão, já praticamente tomada, de prorrogar as concessões.
  
A tarifa de uso do sistema de transmissão, conhecida pela sigla TUST, deverá custar R$ 7 bilhões aos consumidores de energia elétrica em 2015. Nas contas de luz, o peso dela depende essencialmente do nível de consumo, mas é apenas uma pequena parcela do que se paga. Cerca de 34% da conta é composta por tributos diretos e encargos setoriais. Outros 31% se referem à geração, 29% cabem à distribuição e o resto vai para a transmissão.
O preço médio da energia gerada pelas usinas cujas concessões estão expirando é de R$ 93 por megawatt-hora, segundo a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace). O governo providencia um levantamento detalhado de todos os investimentos dessas usinas que já foram amortizadas. Com essas informações, definirá o novo preço que as usinas vão receber para ter suas concessões prorrogadas, remunerando somente os custos de operação e manutenção do serviço.
Uma das hipóteses discutidas pelas autoridades do setor elétrico é que a simples redução das tarifas de geração pode causar distorções no mercado, criando valores diferentes para a energia comercializada. Um bloco de eletricidade - o das concessões renovadas - poderia ter seus preços fortemente reduzidos, enquanto o restante ficaria com preços que refletem melhor o custo de manter o país aceso.
Surgiu, então, outra possibilidade. É a de manter sem alterações os preços vendidos livremente pelas geradoras às distribuidoras, nos leilões de energia. Porém, a diferença entre o preço de venda nos leilões e o custo da geração - descontando os investimentos amortizados - seria alocada para bancar os R$ 7 bilhões por ano que os consumidores finais pagam pelo uso da rede de transmissão. Nas simulações feitas pela Abrace, com base nessa premissa, seria possível praticamente eliminar a TUST, gerando um desconto de 6% a 7% para as contas de luz residenciais. Uma fonte graduada do governo confirmou que essa é uma das alternativas que estão em análise.
Sem alarde, há ainda um intenso debate interno sobre o prazo das concessões a serem renovadas. A Casa Civil da Presidência da República tem promovido uma série de reuniões para buscar um consenso. Dilma, que antes de assumir a Casa Civil no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chefiou o Ministério de Minas e Energia, acompanha de perto essa pauta.
No Ministério de Minas e Energia, é dado como certo que as concessões serão prorrogadas por 30 anos. Tal ideia, porém, não é um consenso. Em recentes encontros no Palácio do Planalto, por exemplo, representantes do Ministério da Fazenda defenderam que o Executivo opte por diferentes prazos para as novas concessões, caso decida pela prorrogação das atuais. Assim, argumentaram os auxiliares do ministro Guido Mantega, o governo não enfrentaria novamente uma situação em que diversas concessões corram o risco de expirar de forma simultânea.
Mas a Advocacia-Geral da União (AGU) se opôs à ideia. Alertou que o governo poderia enfrentar dificuldades para defender a decisão, a qual beneficiaria mais algumas empresas do que outras. Mesmo assim, os técnicos da Fazenda sustentaram que essa é uma escolha legítima do "poder concedente".
Consultado sobre a divergência, o advogado-geral da União, ministro Luís Inácio Lucena Adams, disse desconhecer o assunto. O Ministério da Fazenda não comentou o tema. Para autoridades do Ministério de Minas e Energia, a definição de prazos escalonados só seria factível se os empreendimentos fossem licitados novamente, uma vez que o governo ficaria mais à vontade para impor novas condições para os negócios. No caso de prorrogação dos contratos, essa opção é inviável, segundo o ministério.
A alternativa de realização de novas licitações foi debatida nas recentes reuniões promovidas no Palácio do Planalto. Nesse caso, além de também discutir os prazos das novas concessões, o governo precisaria ainda estudar uma forma de redestinar os ativos em questão. No entanto, as autoridades do Executivo chegaram à conclusão de que a prorrogação das concessões é o modelo que tem menos riscos jurídicos.
Apesar disso, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) ameaça recorrer à Justiça caso o governo anuncie a prorrogação das concessões. Para a entidade, os preços podem cair mais com uma relicitação. "Vamos até a última instância", diz Paulo Skaf, presidente da Fiesp.
(Daniel Rittner e Fernando Exman | Valor)

http://www.valor.com.br/brasil/2571162/governo-busca-queda-de-dois-digitos-nas-contas-de-energia?utm_source=newsletter_tarde&utm_medium=15032012&utm_term=governo+busca+queda+de+dois+digitos+nas+contas+de+energia&utm_campaign=informativo&NewsNid=2559376

13 comentários:

  1. Concenções? Por que as concessões petistas ganharam este nome?

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    1. O correto é concessão.

      Concessão não deixa de ser uma privatização.

      Tanto faz vender uma empresa (como no caso da Vale) ou ceder a administração de uma estrada é tudo privatização.


      Fui contra várias privatizações. Inclusive dos aeroportos. No entanto afirmo sem nenhuma dúvida, o modelo usado pelo PT é muito melhor do que o dos tucanos uma vez que se preocupa com os usuários.

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  2. Também se chama de privatização o uso do Estado para fins particulares como ocorreu, por exemplo, com os negócios da srª. Erenice e filhos quando ela comandava a Casa Civil, no governo Lula.
    Se privatização boa é a que beneficia o usuário, o caso das telecomunicações foi um processo bem sucedido. Diferente de hoje, telefone não era para qualquer um.

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    1. Meu caro anônimo,se você procurar se informar bem do processo, no caso da Telesp, os grandes investimentos foram feitos antes da privatização. Até a demissão do quadro foi feita pelo Estado. A Telefônica só pegou o filé, aumentou absurdamente as tarifas e começou a distribuir as linhas e serviços como ADSL. A infraestrutura estava pronta.

      Em regiões fora das grandes cidades de SP, só por agora foram modernizar a infraestrutura.

      Não foi lá um sucesso assim. Os serviços eram um porcaria. Moro em Campinas e já fiquei meses sem serviço porque caixa de distribuição do meu bairro estava sobrecarregada (venderam muitas linhas sem investir em infraestrutura).

      Os tucanos poderiam ao menos ter vendidos as empresas de telefonia para grupos brasileiros e deixado a opção de uso do FGTS. Faz muita diferença. Estou falando no desenvolvimento de uma indústria de componentes e equipamentos para telefonia.

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  3. Quando se descobriu o caso da Erenice, pelo que sei, ela foi defenestrada do governo.

    É claro, não existe desvio no setor privado? No governo tucano de SP também não? A Grobo não mostra.

    Os bastiões da honestidade mostrados pela Veja(Gabeira, Desmostenes Torres e cia) já foram todos desmacarados.

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  4. Antes das privatizações existia a figura do usuário sem telefone, o tal usuário que andava com fichas no bolso para usar no orelhão e que se valia de amigos, vizinhos ou parentes para poder indicar suas linhas como telefones de recado.
    Para esse cara que não tinha direito ao telefone e que hoje pode possuir uma ou mais linhas o processo de privatização representa um enorme ganho, né não?

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    1. Recomendo a Leitura do livro Brasil Privatizado do jornalista Aloysio Biondi para você ter uma melhor noção desse processo.

      O contexto dos anos 80 e início dos noventa é bem diferente de hoje. Era inflação alta e uma enorme dívida externa inicial privada que foi estatizada no final do governo dos milicos. Quem ficou com o pato foram as estatais.

      Além disso, elas não podiam aumentar a receita pois o governo segurava as tarifas e os privatistas também fecharam o acesso a crédito público.

      Com isso essas empresas não tinham fôlego para investimento.

      A telefonia privada deixa muito a desejar. Os contratos não estão sendo cumpridos. Há oferta, mas o custo é elevado e a qualidade baixa.

      Pegue o caso das estatais que se salvaram da sanha entreguista do PSDB/PFL. Hoje estão entre as melhores no setor onde atual.

      CEMIG, COPASA, Banco do Brasil, Petrobras são referência.

      Se era para entregar as estatais, porque os demo-tucanos não deixaram para os cotistas do FGTS, para os brasileiros?

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    2. Empresas privatizadas durante o governo tucano estão entre as maiores e melhores nos setores em que atuam.
      Cia. Vale do Rio Doce e Embraer são referência.

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    3. A corta essa. Light, AES-Eletropaulo, Telefônica...

      Algumas dessas já eram referência antes da privatização.

      O problema não é privatizar ou não. O problema foi o baixo preço, a desnacionalização (podiam ter ficar sobre controle de capital nacional) e a venda de todas empresas do setor (no caso das Telefonias) e entrega de empresas estratégicas como a Vale.

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  5. Pois é.
    Depois que se descobriu que a Casa Civil foi transformada em um balcão de negócios a Erenice tinha mais é que sair.
    O que não deu para entender foi o aparecimento dela na cerimônia da posse da Dilma.
    O que também não dá para entender é o que a Veja, Demóstenes e Gabeira têm a ver com esse nosso pobre debate.

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    1. Tem muito a ver. A fantasiosa revista da classe média brasileira concentra seu ataque no governo federal enquanto esconde os podres dos seus aliados em SP, GO, DF.

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  6. "Prefiro o barulho da imprensa ao silêncio da ditadura."
    (Dilma Rousseff)

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