A postagem “Oferta apertada de etanol e perspectivas de importação de gasolina” apontou que a importação de gasolina será muito significativa nos próximos anos se a oferta de etanol continuar restringida. Nessa postagem, serão apresentadas as projeções de importação de gasolina em diferentes cenários de oferta de etanol e de mistura de etanol anidro na gasolina. Além disso, serão estimados o dispêndio com importações e o prejuízo que pode gerar ao importador, a Petrobras, em contexto que os preços internacionais e domésticos estão descolados.
A restrição de oferta de etanol se reflete em seu preço relativo pouco competitivo com a gasolina. Consideramos três possibilidades de preço relativo de etanol: 0,70, 0,75 e 0,80, e duas possibilidades de mistura de etanol anidro, 20% e 25% (E20 e E25).
Somente se a oferta de etanol se recuperar e o preço relativo for inferior a 0,70, o Brasil não importará gasolina nos próximos dez anos. Esse patamar de preços corresponde à média brasileira até 2008. Nos demais cenários, as importações de gasolina são bastante significativas. No cenário mais crítico, que corresponde à manutenção da situação atual – preço relativo de 0,80 e mistura de 20% de etanol anidro, as importações alcançam 13,5 bilhões de litros em 2022.
Considerando o custo médio de importação de gasolina observado em 2012, US$ 0,788 por litro (ANP, 2013), pode-se estimar o impacto desses cenários sobre a balança comercial brasileira. O cenário de gasolina C E25 e preço relativo médio de 0,70 é o único a apresentar resultado positivo. No cenário mais crítico (E20 e preço relativo de 0,80), o déficit com a importação de gasolina supera US$ 10 bilhões em 2022.
Como o preço da gasolina no mercado internacional é superior ao preço praticado domesticamente, a compra de derivados no mercado internacional implica em prejuízo para o importador (Petrobras). No caso, o preço de importação foi estimado em US$ 0,788/litro e acrescido do custo de internação médio US$ 0,027/litro (MME, 2012). O preço médio de venda do produtor no mercado interno foi US$ 0,618 litro, segundo MME (2012). Assim, para cada litro de gasolina importado pelo Brasil em 2012, a Petrobras teve um prejuízo de US$ 0,197. Em 2012, o prejuízo total com importação foi estimado em US$ 0,7 bilhão. No cenário mais crítico, o prejuízo com importação de gasolina alcançaria US$ 2,7 bilhões.
Essa postagem aponta que a recuperação da oferta de etanol é fundamental para evitar os impactos de importação excessiva de gasolina. Se o etanol não for competitivo, mantendo a situação dos últimos dois anos, a balança comercial brasileira vai ser fortemente impactada, gerando prejuízo para a Petrobras que importa o combustível a preços superiores aos praticados no mercado doméstico.
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