SEG, 12/03/2018 - 11:56
ATUALIZADO EM 12/03/2018 - 12:02
Apontado receptor de caixa dois do governador tucano é dono de imóvel recheado de polêmicas: na Operação Lava Jato e por fraude com a construção do prédio

Jornal GGN - Há quase um ano, dois delatores da Odebrecht anunciavam à Operação Lava Jato que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), recebeu R$ 10,7 milhões de caixa dois do departamento de propina da empreiteira, e que o dinheiro foi repassado "pessoalmente" ao empresário Adhemar Cesar Ribeiro, cunhado do político tucano.
Os montantes foram destinados às campanhas de 2010 e 2014 de Alckmin ao Palácio dos Bandeirantes, sendo que R$ 2 milhões teriam sido para a primeira e o restante para a segunda. Os delatores são o ex-presidente de uma das empresas da Odebrecht sediada em São Paulo, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, e os ex-executivos da empreiteira Carlos Armando Guedes Pachoal e Arnaldo Cumplido de Souza e Silva.
Reportagem da Folha de S.Paulo desta segunda-feira (12) agora acrescenta um dado às revelações da Lava Jato sobre o tucano: Adhemar Ribeiro não apenas teria recebido parte dos montantes pessoalmente de caixa dois para a campanha de Alckmin, como também é o proprietário de um edifício comercial que sediou e sedia três empresas da família do governador. O imóvel ainda teria sido o espaço oficial para as campanhas do tucano de 2008 à Prefeitura de São Paulo e do período seguinte ao governo paulista.
O espaço é apontado nas prestações de contas de Alckmin Tribunal Regional Eleitoral (TRE) como alugado. De acordo com a reportagem, o edifício está localizado na avenida Nove de Julho, no bairro de alto custo do Itaim Bibi, em São Paulo, e o endereço é registrado como sede de empresas de Alckmin, como a Humanitas Fórum, Palestras & Cultura, e já sediou a Trigo Assessoria.
Com a agência de notícias Trigo Assessoria, da filha de Alckmin, Sophia, como sócia, ocorreu um episódio suspeito levantado pelo jornal: em fevereiro de 2017, poucos dias depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação dos executivos da Odebrecht, a empresa mudou de endereço. Pouco tempo depois, foi divulgado à imprensa trechos da delação que imputam o cunhado de Alckmin, proprietário do imóvel, como o coletor de caixa dois para a campanha do político tucano.
O edifício foi narrado pela delação de Carlos Armando Paschoal, que era superintendente da Odebrecht em São Paulo. O executivo contou que participou de uma reunião, em 2014, "com Geraldo Alckmin no escritório deste, na avenida Nove de Julho, próximo à avenida São Gabriel". A conversa de Alckmin teria ocorrido entre o governador e o então conselheiro da Odebrecht, Aluízio de Araujo, falecido em 2014.
Ao final da reunião, o delator disse que Alckmin entregou a eles um cartão, com o contato de seu cunhado. Desde então, os repasses teriam sido feitos diretamente com Adhemar Cesar Ribeiro, em lugares determinados pelo irmão da esposa do governador tucano.
O edifício remete, ainda, a outra polêmica de 2011, quando a Folha de S.Paulo publicou uma fraude relacionada à construção da sede do Wall Street Empreendimentos e Participações, empresa de Adhemar.
À época, a empresa foi acusada pela prefeitura de São Paulo de falsificar documentos para pagar um valor menor de outorga onerosa na construção. Com a obra licenciada entre 1994 e 1999, a empresa deveria ter recolhido R$ 4,2 milhões para construir o prédio de 4,1 mil metros quadrados, mas pagou apenas R$ 184 mil. Em mais de 10 anos, a fraude gerou um rombo de R$ 41 milhões.
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