quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Mais do mesmo: SELIC mantida a 11,25%

Por decisão unânime o COPOM decide manter a Selic a 11,25%, aumentando os ganhos com arbritagem, uma vez que o FED abaixou os juros nos EUA para 3,5%.

Num país onde há total liberdade para movimentos de capitais, o Banco Central não pode manter a taxa de juros num patamar muito maior do que as taxas internacionais. Tomando como base os juros dos EUA e o risco país (259 pontos) chega-se à conclusão que os juros no Brasil não poderiam estar muito longe da casa dos 6 ou 7%. No entanto o BC insiste a Selic num patamar quase o dobro do necessário proporcionando elevados ganhos de arbritagem aos rentistas, que trazem dólares para ganhar com juros e na bolsa brasileiro. Dinheiro esse que não trás nenhum investimento produtivo, mas se multiplica rapidamente devido aos altos ganhos e aumenta o passivo externo do país. Além do mais, a manutenção dos juros altos faz o Real se valorizar reduzindo a competitividade das nossas exportações.

Enquanto se discute muito os efeitos de uma possível recessão nos EUA, eu temo muito mais o conservadorismo do nosso BC. A inflação no Brasil foi eliminada em 1994/95 com o plano Real, mas até hoje se usa a inflação como desculpa para manter os altos ganhos da elite rentista às custas dos nossos impostos. Por isso não se pode pagar um salário decente para os professores, não há recursos para investir na saúde.

A dívida interna brasileira é grande e cara (os juros custaram uma média de 8% do PIB ao ano, de 1996 a 2000). Ao contrário do que prega a grande mídia e a classe média repete, a dívida públic é grande por conta dos altíssimos juros e não por causa de empréstimos tomados para engordar os bolsos dos políticos. Herdamos do governo Collor uma dívida baixa (na casa dos 14% do PIB), daí em diante, os déficits do governos foram inexpressivos, isto é, o governo não recorreu ao mercado para financiar seus gastos primário. A dívida pública cresceu basicamente por causa dos juros altos e por estar atrelada ao dólar durante a desvalorização do Real em 1999.

Há justificativas para manter os juros no patamar atual? Em breve vamos discutir os efeitos da Selic elevada na economia.

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