Em épocas de crise financeira como a que estamos vivendo, os mecanismos normais de mercado deixam de funcionar, convenções são quebradas, as visões sofrem transfigurações e comportamentos sofrem mudanças. Surgem descontinuidades que demandam mudanças nas instituições e nas regras de operação. É por isso que o próprio Banco Central do Brasil foi obrigado a rapidamente mudar as regras de depósito compulsório, uma anomalia herdada da época de hiperinflação que havia se transformado numa convenção imutável, para evitar contração maior de crédito. É hora de deixar de lado as convenções do período de normalidade e aprender as novas lições que o novo mundo nos oferece. Com a crise, num piscar de olhos, as prioridades mudaram, colocando em xeque a própria política monetária do BC. A redução das exigências de depósito compulsório significa aumentar a oferta de crédito, portanto a liquidez no mercado monetário, o que equivale rigorosamente a uma redução nos juros. De fato, o BC está disponibilizando recursos adicionais aos bancos a custo zero dos depósitos à vista e reduzindo o custo de captação dos depósitos a prazo e de poupança. Desta forma, a não ser que o Banco Central do Brasil seja esquizofrênico, a Selic deveria ser reduzida, como tem feito a quase totalidade dos bancos centrais em todo o mundo, para dar certo alívio na contração de crédito e encorajar o nível de atividade em 2009.
Yoshiaki Nakano
Valor 21/10/2008
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