Do Valor Online
Por Diogo Martins | Valor
14/02/2012 - 13:52
RIO – A mudança de perfil da política monetária adotada pelo governo — de restritiva na primeira metade de 2011 para expansionista no segundo semestre do ano passado — não foi realizada a tempo de refletir nos resultados do comércio varejista. A avaliação é do gerente da coordenação de serviços e comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Reinaldo Pereira, ao comentar a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta terça-feira.
No primeiro semestre de 2011, quando eram lançados aumentos na taxa básica de juros (Selic) e nas restrições ao crédito, o comércio varejista restrito acumulou alta de 3,1%, ao passo que na segunda metade do ano o avanço foi de 2,8%, em meio ao afrouxamento monetário e à redução da Selic.
“Reajustes para cima ou para baixo nos juros levam um tempo até surtirem efeitos na economia. É fato que a redução de juros não ajudou o comércio no segundo semestre”, disse o especialista do IBGE.
A taxa de juros foi ampliada no primeiro semestre pelo governo em razão da inflação, que estava alta e próxima ao teto da meta de 6,5%.
De acordo com Pereira, foi justamente a inflação que acabou por impactar negativamente o desempenho anual do volume de vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que cresceu 4%, resultado inferior aos 6,7% registrados pela atividade em igual período. O desempenho de 4% foi o mais baixo desde 2009, quando a alta foi de 5,9%.
Pereira afirmou que o aumento de preços de commodities no mercado internacional encareceu o preço dos produtos de hipermercados, o que levou as pessoas a comprarem menos. Em 2011, as receitas nominais do grupo avançaram 11,5%.
“As pessoas gastaram menos, porque os preços ficaram mais ‘salgados’”, afirmou, citando a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no grupo alimentação em domicílios, que cresceu 5,41% no ano passado.
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