quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Meirelles diz a deputados que estuda meios para conter câmbio

No Valor de ontem (28/10) tinha uma manchete: Meirelles diz a deputados que estuda meios para conter câmbio

Pensei: S E R A ?

Mas ao ler a matéria do Alex Ribeiro vi que era conversa fiada para engar os deputados incautos. Ele diz que pretende liberalizar mais o câmbio para conter valorização do real. Pretendem liberar os fundos de pensão a investirem no exterior.

Brincadeira! Há anos diziam que o Brasil precisa atrair poupança. O governo deixa de tomar medidas necessária para não desagradar o "investidor" estrangeiro e agora querem liberar os fundos de pensão para investir lá fora. Não sou contra os fundos de pensão fazerem um ou outro investimento estratégico, mas isso não resolve o problema do câmbio.

Ao contrário, isso só vai piorar, pois no momento atual que muita gente está vindo ganhar dinheiro no Brasil, os fundos não vão sair. Podem querer sair justamente no período que o Brasil precisar dos dólares.



Meirelles diz a deputados que estuda meios para conter câmbio
Alex Ribeiro, de Brasília
Valor 28/10/2009

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem em apresentação à bancada do PMDB na Câmara dos Deputados que estuda adotar novas medidas de liberalização cambial para conter a tendência de valorização da taxa de câmbio.

Sem citar medidas específicas, Meirelles disse que um dos problemas são os limites para os fundos de pensão aplicarem recursos no exterior, em virtude de regras que, segundo ele, vêm da época dos controles cambiais no país. Segundo o presidente do BC, a ideia é dar sequência à agenda de liberalização cambial que, nos últimos anos, incluiu medidas como a unificação dos mercados de câmbio livre e flutuante e o fim da exigência de cobertura cambial paras as exportações.

Deputados peemedebistas criticaram a tendência de apreciação cambial, afirmando que leva à desindustrialização e prejudica o setor agrícola. Os parlamentares cobraram medidas adicionais para conter o fortalecimento do real ante o dólar. Meirelles se filiou ao PMDB em setembro e disse que define até março se sairá candidato a algum cargo nas eleições do próximo ano.

O presidente do BC apresentou dados aos parlamentares que mostram que, a despeito da valorização cambial, a atividade industrial continua a se expandir no país, puxada sobretudo pelo mercado doméstico. "Não se pode falar de desindustrialização porque a industria está crescendo", afirmou, ponderando que segmentos mais ligados a exportações podem estar sendo mais afetados.

Meirelles disse que, quanto aos setores agrícolas, há uma correlação positiva entre a moeda nacional e o preço das commodities. Quando os preços das commodities sobe, a moeda nacional se fortalece ante o dólar, e vice-versa. "O Brasil, no passado, era ligado a outras economias emergentes. Hoje, sua moeda flutua junto com a de outros exportadores de commodities."

O presidente do BC reafirmou o compromisso com o regime de câmbio flutuante, argumentando que países que adotaram sistemas de câmbio fixo ficaram vulneráveis a crise e tiveram aumento de inflação. Mas disse que o compromisso com o câmbio flutuante não significa que o governo irá observar imóvel aos movimentos no câmbio. "O governo está atendo a isso."

Prova da preocupação do governo, disse, foi a taxação com Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos ingressos de investimentos em renda fixa e ações. Segundo ele, o BC também está comprando dólares no mercado para combater "problemas de liquidez".

Em fins do ano passado, quando o Brasil foi contagiado pela crise internacional, havia falta de dólares, e o BC entrou vendendo moeda, lembrou Meirelles. Agora, quando há excesso de liquidez no mercado, o BC está entrando comprando dólares.

O presidente do BC descartou o uso de medidas como controle de capitais para evitar a apreciação excessiva da moeda nacional. "A quarentena foi usada principalmente no Chile, e o sistema não foi bem sucedido", disse.

Meirelles afirmou que o governo está negociando a criação de sistemas de moedas locais com China, Rússia e India, o que deverá diminuir a dependência do dólar nas transações comerciais com outros países.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Boicote à BR Distribuidora


Está rolando uma corrente na internet pedindo boicote à Br Distribuidora para assim conseguir baixar o preço da gasolina. É uma falta de sentimento cívico dar preferência a distribuidoras estrangeiras que nada produzem no Brasil, apenas vendem a gasolina da Petrobras, fazem lucros e manda para suas matrizes. Além disso o preço da gasolina produzido na Petrobras é pouco mais de R$0,40. Para chegar nos R$2,50 se somam os impostos e a margem das distribuidoras e postos.
Veja o comparativo de preços entre vários países na figura acima ou no endereço http://www.petrobras.com.br/pt/produtos/composicao-de-precos/. Verás que os preços praticados no Brasil não são os maiores do mundo.


Leia o texto da corrente e mais abaixo veja meu comentário

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GASOLINA (GNV, DIESEL e ÁLCOOL)

Como poderemos baixar os preços???
NÃO DEIXE DE LER ...
Voce lembra do Criança Esperança?
A UNICEF e a Rede Globo ‘abriram as pernas’....
Foi a força da Internet contra uma FÁBRICA DE DINHEIRO
que DESCOBRIU-SE nunca chegar a quem de direito.
Então continue a ler
Não deixe de participar,
mesmo que vc HOJE não precise abastecer seu carro com gasolina!! Mesmo que você não tenha carro, saiba que em quase tudo que voce consome, compra ou utiliza no seu dia-a-dia, tem o preço dos transportes, fretes e distribuição embutidos no preço de custo e consequentemente repassados a voce.
Voce sabia que no Paraguai (que não tem nenhum poço de petróleo) a gasolina custa R$ 1,45 o litro e sem adição de álcool Na Argentina, Chile e Uruguai que juntos (somados os 3) produzem menos de 1/5 da produção brasileira, o preço da gasolina gira em torno de R$ 1,70 o litro e sem adição de álcool
QUAL É A MÁGICA ??

Voce sabia, que já desde o ano de 2007 e conforme anunciado aos "quatro ventos" pelo LULA e sua Ministra DILMA... o Brasil já é AUTO-SUFICIENTE em petróleo e possui a TERCEIRA maior reserva de petróleo do MUNDO
Realmente, só tem uma explicação para pagarmos R$ 2,67 (cartel do DF) o litro, a GANÂNCIA do Governo com seus impostos e a busca desenfreada dos lucros exorbitantes da nossa querida e estimada estatal brasileira que refina o petróleo por ela mesma explorado nas "terras tupiniquins"

CHEGA !!!
Se trabalharmos juntos poderemos fazer alguma coisa.
Ou vamos esperar a gasolina chegar aos R$ 3,00 ou R$ 4,00 o litro? Mas, se você quiser que os preços da gasolina baixem, será preciso promover alguma ação lícita, inteligente, ousada e emergencial.
Unindo todos em favor de um BEM COMUM !!!

Nós precisamos de uma ação enérgica e agressiva para ensinar às produtoras de petróleo e derivados que são os COMPRADORES que, por serem milhões e maioria, controlam e ditam as regras do mercado, e não os VENDEDORES que são "meia-dúzia".
Com o preço da gasolina subindo mais a cada dia, nós, os consumidores, precisamos entrar rapidamente em ação!!
O único modo de chegarmos a ver o preço da gasolina diminuir é atingindo quem produz,
na parte mais sensível do corpo humano: o BOLSO. Será não comprando a gasolina deles!!!

MAS COMO ??!!
Considerando que todos nós dependemos de nossos carros, e não podemos deixar de comprar gasolina, gnv, diesel ou álcool. Mas nós podemos promover um impacto tão forte a ponto dos preços dos combustíveis CAIREM, se todos juntos agirmos para

FORÇAR UMA GUERRA DE PREÇOS ENTRE ELES MESMOS.

Aqui está a idéia:
Para os próximo meses (agosto, setembro e outubro...)
não compre gasolina da principal fornecedora brasileira de derivados de petróleo, que é a PETROBRÁS (Postos BR).
Se ela tiver totalmente paralisada a venda de sua gasolina, estará inclinada e obrigada, por via de única opção que terá, a reduzir os preços de seus próprios produtos, para recuperar o seu mercado.
Se ela fizer isso, as outras companhias (Shell, Esso, Ipiranga, Texaco, etc...) terão que seguir o mesmo rumo, para não sucumbirem economicamente e perderem suas fatias de mercado.
Isso é absolutamente certo e já vimos várias vezes isso acontecer!
CHAMA-SE LEI DA OFERTA E DA PROCURA

Mas, para haver um grande impacto, nós precisamos alcançar milhões de consumidores da Petrobrás.
É realmente simples de se fazer!!
Continue abastecendo e consumindo normalmente!! Basta escolher qualquer outro posto ao invés de um BR (Petrobrás). Porque a BR?
Por tratar-se da maior companhia distribuidora hoje no Brasil e consequentemente com maior poder sobre o mercado e os preços praticados.
Mas não vá recuar agora... Leia mais e veja como é simples alcançar milhões de pessoas!!
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Comentário:
Boicotar a Br Distribuidora soa para mim como atitude anti-cívica. Ao não abastecer na BR você está dando preferência a distribuidoras estrangeiras que nada produzem no Brasil, compram a gasolina da Petrobras e simplesmente revendem. Além disso o preço da gasolina produzido na Petrobras é pouco mais de R$0,40. Para chegar nos R$2,50 se somam os impostos e a margem das distribuidoras e postos.

Veja o comparativo de preços entre vários países na figura no início deste post ou no endereço http://www.petrobras.com.br/pt/produtos/composicao-de-precos/. Verás que os preços praticados no Brasil não são os maiores do mundo.

Tem até um distribuidora aqui no Brasil (a Shell) que faz propaganda enganosa, ela diz vender gasolina premium (a V-Power), diz que é a gasolina desenvolvida para a fórmula 1. Na verdade a gasolina V-Power é a gasolina aditivada que é igual em qualquer posto HONESTO. A única gasolina premium comercializada no Brasil é a Br Podium produzida lá na RPBC (Cubatão). Além disso, no Brasil, o maior programa de controle de qualidade de combustível na ponta para o consumidor é o De Olho no Combustível da Br que monitora constantemente a qualidade do combustível vendido na sua rede.

Não se pode comparar a estrutura de preços dos combustíveis do Brasil com o dos EUA, ou da Argentina. Tomem cuidado! Boa parte das comparações de preço que aparecem na mídia são enganosas. Na Argentina os preços são de certa forma tabelados, e muitas vezes tem inibido os investimentos na produção petrolífera, em pouco tempo estarão importando sem terem dólares para pagar, aí os preços vão disparar. Nos EUA o mercado é bem competitivo e os combustíveis acompanham de perto os preços do petróleo. Além disso lá os impostos sobre a produção são pequenos. Na terra do Tio Sam a taxação é pesada sobre a renda e a propriedade.

O SISTEMA DE PREÇOS de combustíveis no Brasil é próximo ao da Europa. Em primeiro lugar os preços da Petrobras são baixos, não são diferentes dos dos EUA ou da Argentina como queiram. A diferença aqui é que os preços são mais estáveis, os preços da gasolina e do diesel não sobem e descem acompanhando o petróleo, eles são definidos a partir da tendência de longo prazo. Por exemplo,em meados de 2007, quando o petróleo beirou US$150/barril, os preços da Petrobras estavam definidos olhando o petróleo a menos de US$70. Se a gasolina tivesse subido e a inflação acelerasse mais a turma da bufunfa teria arranjado mais uma desculpa para mandar o BANCO CENTRAL subir mais os juros.

Na média de 2008, os preços cobrados pela Petrobras foi pouco maiores que R$0,40.
Para chegar nos R$2,50 da bomba tem os impostos, a margem da distribuidora e do posto. Quem cobra os impostos não é a Petrobras. É uma falta de compromisso com o país fazer campanha contra a BR Distribuidora.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Ofensiva da Caixa irrita concorrência

Ofensiva da Caixa irrita concorrência


    Vanessa Adachi e Raquel Balarin, de São Paulo
    Valor 13/10/2009
Texto: A-

A Caixa Econômica Federal (CEF), controlada pelo Tesouro Nacional, é pivô de uma disputa sem precedentes dentro da Febraban, a federação que reúne a banca nacional, em torno das folhas de pagamento de servidores municipais e estaduais. Os grandes bancos privados - Bradesco, Itaú, HSBC e Santander - e até o Banco do Brasil, igualmente controlado pelo governo federal, têm apresentado queixas formais contra a Caixa, acusando-a de instigar prefeituras e governos estaduais a romper contratos para administração da folha de pessoal. Por ser banco público, a Caixa pode assumir as folhas sem licitação pública.

Na última reunião mensal realizada pela subcomissão de negócios com o setor público da Febraban, no dia 18 de setembro, o clima esquentou. Em resposta às queixas, representantes da Caixa têm dito aos outros bancos que a conquista de novas folhas de pagamento é uma determinação da cúpula do banco e faz parte da estratégia traçada. Foi o que disse também ao Valor o vice-presidente de Finanças da Caixa, Márcio Percival (ver reportagem na página C3).

Ao acenar com preços mais altos para assumir as folhas, a Caixa tem capturado a atenção das prefeituras, que se ressentiram com a queda da arrecadação ocasionada pela crise neste ano.

Os bancos sentiram o movimento da Caixa ganhar força a partir de março. Estimativas com base nas queixas apresentadas à Febraban indicam que ao menos 80 municípios romperam seus acordos com outras instituições neste ano, substituindo-as pela Caixa. A ofensiva do banco federal se mostrou mais forte em Santa Catarina, onde cerca de 50 prefeituras já estariam em contato com a Caixa, sendo que dez já lhe entregaram suas folhas. Em alguns casos, os bancos tomam ciência do cancelamento quando não recebem das prefeituras os arquivos de dados para pagamento no fim do mês.

A agressividade negocial incomoda até mesmo o Banco do Brasil, que já perdeu as contas de municípios como Embu e e Santa Cruz das Palmeiras, em São Paulo. O BB detém cerca de 65% do mercado de folhas de salários de funcionários públicos municipais e estaduais, o que torna inevitável que, em sua ofensiva para ganhar mercado, a Caixa atravesse o caminho do Banco do Brasil, gerando uma situação particularmente desconfortável entre as duas instituições federais. Procurado, o BB informou que não comentaria o assunto.

No passado recente o BB foi alvo de queixas semelhantes por parte dos bancos privados. Mas, segundo o relato de executivo de um banco, o caso da Caixa supera o do BB em termos de agressividade.

Curioso é que a maioria das licitações de folhas deste ano fracassou por falta de interesse dos bancos - de pouco mais de 200 leilões, cerca de 180 fracassaram. Além disso, o movimento da Caixa acontece quando falta pouco mais de dois anos para que a portabilidade de contas seja estendida aos funcionários públicos.

Os contratos, que têm prazo de cinco anos, preveem pagamento de multa corrigida por índice de preço em caso de rompimento. Mas, na maioria dos casos, as prefeituras não pagam as multas, segundo a queixa dos bancos, que têm recorrido à Justiça. Cálculos feitos até agora indicam que as perdas por penalidades não pagas chegam a R$ 80 milhões. Em geral, a multa é calculada pro-rata em relação ao período remanescente do contrato suspenso. "A agressividade excessiva está incomodando o sistema", diz o executivo de um banco. "Com esse apetite voraz, a Caixa tem extrapolado os limites", reclama outro.

Uma lista à qual o Valor teve acesso reúne alguns dos municípios que, segundo os bancos, teriam quebrado o contrato para transferir suas folhas de salários para a Caixa. Constam dela Barra Mansa (RJ), Santo Antonio de Pádua (RJ), Teófilo Otoni (MG), Umuarama (PR) e Lapa (PR), que tinham contrato com o Itaú Unibanco; São José (SC), Navegantes (SC) e Afogados da Ingazeira (PE), que eram atendidos pelo Bradesco; Caçador (SC), São Miguel do Oeste (SC), Morro da Fumaça (SC), que trabalhavam com o HSBC; Jataí (GO), Novo Hamburgo (RS), Imperatriz (MA) e Ferraz de Vasconcelos (SP), do Santander. O banco de origem espanhola estaria ainda sob risco de perder o contrato do governo da Paraíba para a Caixa.

O que os bancos dizem ao prestar queixa é que a Caixa conta com um arsenal imbatível para ganhar essas folhas, como linhas de financiamento para investimentos em infraestrutura de toda sorte, além de repasse de recursos federais, inclusive do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC.

Hoje a Caixa tem menos de 10% das folhas de um universo de 5,5 mil municípios. Levando-se em conta as folhas de salários de Estados, sua fatia de mercado fica em torno de 5%. A agressividade de agora é vista como uma tentativa de reparar um erro estratégico do passado, quando a Caixa foi a única entre as grandes instituições que ficou de fora da disputa por folhas em meados da década.

O mal estar tem sido tanto dentro da Febraban que o tema, antes restrito à subcomissão dos negócios com o setor público, pode vir a ser tratado em instâncias superiores da casa. Procurados, além do Banco do Brasil, Itaú Unibanco, HSBC, Santander e Bradesco também preferiram não conceder entrevistas. Em nota, a Febraban informou que "não entra no mérito de assuntos concorrenciais a não ser que haja alguma irregularidade que seja reportada aos comitês pertinentes, de autorregulação ou de ética, o que não foi o caso".

Rede estatal de banda larga deve chegar a 76% do país

Infraestrutura: Meta é atender 4 mil cidades e 162 milhões de pessoas

Rede estatal de banda larga deve chegar a 76% do país


Cristiano Romero, de Brasília
13/10/2009


Estão avançados os estudos no governo para a criação da rede nacional de banda larga. O plano prevê a implantação de uma rede estatal de fibra ótica de 31.448 quilômetros, interligando 4.245 municípios (o equivalente a 76% do território nacional) e beneficiando 162 milhões de pessoas (87% do total). Trata-se do último grande projeto do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado da anunciada consolidação das leis sociais.

O projeto, segundo informou ao Valor o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna, está orçado em R$ 1,1 bilhão e pode ser executado em 14 meses. Com o plano, que depende ainda de aprovação do presidente Lula, o governo pretende criar a infraestrutura necessária para viabilizar o acesso da maioria da população à internet. A meta é fazer isso a uma velocidade de conexão considerada rápida - 1 megabyte (1 Mbps). Hoje, 90% das conexões de internet no Brasil são feitas com velocidade inferior a 1 Mbps.

"Vai começar com 1 megabyte real de velocidade nos dois sentidos, ou seja, um mega de 'upload' (envio de arquivos) e 1 mega de 'download' (recebimento). O custo para elevar depois a capacidade é marginal", afirmou Santanna, principal idealizador do Plano Nacional de Banda Larga.

O presidente Lula quer, com o projeto, promover inclusão digital. Mesmo sendo o país mais rico da América Latina, o Brasil possui baixo índice de penetração de banda larga. De cada 100 habitantes, apenas 5,2, segundo o Barômetro Cisco publicado em dezembro de 2008, têm acesso a essa tecnologia. No Chile (8,5%), na Argentina (7,8%) e no Uruguai (6,5%), os índices de penetração são maiores.


Foto Destaque

Em recente visita ao município de Barra do Piraí, no interior fluminense, o presidente ficou impressionado com o projeto de inclusão digital implantado pela prefeitura com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da Universidade Federal Fluminense (UFF). Lá, ele viu crianças da rede escolar pública portando computadores individuais.

Em setembro, o presidente encarregou uma comissão interministerial de consolidar, no prazo de 45 dias, uma proposta de um plano nacional de banda larga. A comissão criou dois grupos para analisar o tema - um para tratar de infraestrutura e, outro, de mudanças no marco regulatório. A apresentação da proposta definitiva está prevista para o dia 9 de novembro, quando Lula terá que tomar decisões importantes sobre o projeto.

Uma dessas decisões diz respeito à escolha da entidade que administrará a rede nacional de banda larga. Há quatro possibilidades sendo analisadas. A primeira é usar a antiga holding do Sistema Telebrás, que foi mantida mesmo após a privatização, em 1998, das empresas de telefonia (as teles). Outra opção é criar uma nova empresa.

Uma terceira possibilidade é usar estatais do setor de tecnologia de informação, como o Serpro e a Dataprev, para incorporar as novas atividades. Outra seria encampar a Eletronet, empresa pertencente ao grupo AES que está em processo de falência, e da qual a LightPar, braço de participações acionárias da Eletrobrás, detém 49% do capital.

Das quatro alternativas, a que mais tem ganhado força dentro do governo é ressuscitar a Telebrás. "A Telebrás é uma empresa que já está constituída e tem tudo pronto para tocar essa operação. Para usá-la, basta uma portaria do Ministério das Comunicações, porque a Lei Geral de Telecomunicações (LGT) já atribui ao ministro o poder de dar uma nova função à estatal", revelou Santanna.

A Telebrás, que é uma empresa de capital aberto com ação cotada em bolsa, tem R$ 283 milhões em caixa. O governo detém 91% das ações. Santanna acredita que, uma vez que a estatal volte a funcionar, o governo poderá promover uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) para captar recursos e destiná-los a futuros investimentos. "Podemos pulverizar o capital, como fez a Deutsche Telecom", comparou.

A solução Telebrás não agrada a todos no governo. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, por exemplo, tem restrições. "O nosso foco não é a Telebrás. Lamentavelmente, em vez de a gente falar do plano, que é algo extraordinário, está se falando da Telebrás. Ela tem uma participação mínima nesse processo. Não dependemos da Telebrás para fazer isso. Ela pode ser ator, mas não um ator importante ou decisivo", criticou o ministro em entrevista ao Valor.

Costa defende que o plano de banda larga seja executado em parceria com as grandes empresas de telefonia. Ele cita o acordo firmado, em 2008, entre o governo e as teles para a instalação de internet nas escolas públicas urbanas. Pelo acordo, gestado no Ministério das Comunicações, as empresas trocaram uma obrigação ainda dos tempos de privatização - a instalação de postos de serviços de telecomunicação nas cidades com até 50 mil habitantes - pela implantação de internet em 57 mil escolas, a custo zero para o governo. "Foi um acordo extraordinário", afirmou o ministro.

As divergências entre Santanna e Costa vão além da Telebrás. A visão do primeiro, que encontra amplo respaldo no governo, é a de que há uma falha de mercado no segmento de banda larga no Brasil, um dos mais caros e deficientes do mundo. As empresas só levam infraestrutura de banda larga às regiões do país onde há forte demanda e dinheiro para pagar pelos serviços.

"É fácil entender por que uma parceria com as teles não vai andar. A lógica da telefonia fixa é cobrar por tempo e distância. A lógica da internet é outra. Você não paga por distância e tempo, mas por capacidade alugada (de banda larga)", argumentou Santanna, acrescentando que a legislação não prevê a universalização desses serviços. "Quanto mais rápida for a banda larga, mais mercado a empresa de telefonia vai perder em outros negócios, como voz (telefonia fixa). Por isso, em todo o mundo as teles estão procurando outros negócios, como a geração de conteúdo."

Nelson Simões da Silva, diretor geral da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), sistema que interliga em alta velocidade as universidades e os institutos de pesquisa públicos e privados e foi o responsável pela implantação da internet no Brasil, diz que a privatização do Sistema Telebrás foi muito bem-sucedida ao criar uma infraestrutura de telecomunicação no país. O problema é que essa infraestrutura não chegou às regiões mais pobres do país, limitando o acesso da população aos serviços de internet.

"A RNP não teria a infraestrutura que tem hoje se não fosse o processo de abertura do mercado. Se fosse a Telebrás, no ritmo em que ela vinha (antes da privatização), não teria conseguido. A penetração de telefonia fixa e celular é grande. Estes são os méritos desse processo, mas há falhas. O estímulo para levar infraestrutura onde não há renda não existe", explicou Simões ao Valor. "A política pública falhou nessa área. Portanto, o novo projeto é uma resposta de política pública que não prescinde de uma atuação da indústria de telecomunicação, de forma alguma, mas ele incorpora um ator novo."

Costa está convencido de que é possível levar banda larga aos rincões do país de braços dados com as empresas de telefonia. Na semana passada, o ministro convocou os principais dirigentes das teles para uma reunião em Brasília, na qual solicitou a elaboração de um plano de investimento em banda larga.

"O que nós queremos é motivar as empresas, dizendo: 'Precisamos chegar a todas as cidades, estamos do seu lado, queremos participar com o que nós temos e vocês com o que vocês têm'", disse o ministro, acrescentando que o governo não vai explorar comercialmente os serviços de banda larga. "Não queremos roubar o espaço comercial de ninguém. O governo não vai contratar as empresas privadas. Vai indicar o caminho onde elas precisam investir."

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Legado Lula I - Um Colchão de Segurança

Recebi de um amigo um texto do Stephen Kanitz defendendo a manutenção de elevadas reservas cambiais. Só que o camarada, mesmo depois da crise só pensa em função do mercado financeiro. Aqui vai minha resposta e abaixo o texto do Kanitz.


Já parou para estimar o custo destas reservas? No mínimo uns R$30 bilhões por ano. É um custo muito alto, é mais que os gastos com edução. São mais de 3 bolsa-família. E para que servem essas reservas? Para garantir a saída tranquila dos especuladores que vêm aqui ganhar muito no mercado financeiro: ganham nas ações, na dívida pública e com a valorização do real. Esse dinheiro de curto prazo pouco contribui para o desenvolvimento do país.

Não vivem dizendo que o Brasil depende de capital estrangeiro para se financiar? Mas as reservas não são aplicadas em títulos da dívida dos EUA? Você tomaria dinheiro emprestado no cheque especial para aplicar na poupança? Mas é essa a política das reservas.

Essa conversa de que precisamos atrair capital estrangeiro é conversa fiada. Entram os dólares, o BC compra os dólares e em contrapartida emite dívida pública. Ele fica sentado nesses dólares até que o "investidor" decide sair ao menor sinal de crise. E somos nós contribuintes que sustentamos essa farra.

Há outros meios de manter certa estabilidade cambial. Por exemplo o professor de Economia Política Internacional de Harvard Dani Rodrik sugere que os países em desenvolvimento como o Brasil limite a entrada ou a saída de capitais de curto prazo. Afinal é esse capital volátil que entra num primeiro momento valorizando o câmbio, tirando competitividade das nossas empresas e estimulando importações. No momento seguinte esse mesmo capital sai de forma desordenada bagunçando as contas externas.

O capital que o Brasil precisa é daquelas empresas que vem para cá construir fábricas, trazer novas tecnologias. E boa parte desse capital está aqui mesmo, nos fundos girando em falso na ciranda da dívida pública. Um autor que explica bem a questão das distorções causadas no Brasil pelo excesso de liberdade do capital financeiro internacional é Bresser-Pereira (professor da FGV). Não é o autor que mais admiro, mas é bem didático nesta questão.

Tentativa de crescer com poupança externa é estratégia errada
Valor Econômico, 18.9.2009
http://www.bresserpereira.org.br/view.asp?cod=3557
Crises financeiras nos anos 1990 e poupança externa
http://www.bresserpereira.org.br/view.asp?cod=2927
É o câmbio, sr. presidente
http://www.bresserpereira.org.br/view.asp?cod=3491



2009/10/5 E. R. I. <xxxxxx@gmail.com>

Legado Lula I - Um Colchão de Segurança

Stephen Kanitz

http://blog.kanitz.com.br/2009/10/o-legado-lula-i-um-colchao-de-seguranca.html

Publiquei em 2004 na Veja, o artigo "Faça um Colchão de Segurança", onde colocava uma preocupação com o baixo nível de reservas internacionais do Brasil na época, e que diante da crise que viria em 2008 foi presciente.

"Volatilidade faz parte da vida - e sempre fará. O correto é conviver com ela, e não tentar impedi-la.

Governos anteriores acreditavam que saberiam intervir inteligentemente no câmbio ou nos juros, a cada nova crise, e portanto acumular reservas seria desnecessário e custoso.


Nunca criamos reservas internacionais suficientes para enfrentar crises. Hoje (2004) temos somente 18 bilhões de dólares, dez dias de nosso PIB.


Reservas financeiras substanciais compram tranqüilidade e tempo, já que nenhuma crise dura para sempre.


TODAS as crises foram nefastas para o Brasil porque nossas reservas sempre terminaram antes. Criar reservas nunca foi nossa prioridade.


A China vive uma fase de prosperidade porque possui nada menos que 420 bilhões de dólares, o suficiente para enfrentar a pior crise que se possa imaginar.


Ninguém sabe como será o amanhã, exceto que teremos muitas crises pela frente. Se você tiver zero de reservas familiares, a crise o afetará 100%. Quanto mais reservas você tiver, menos ela o afetará.

Quem enfrenta uma crise sem ter reservas acaba contraindo mais dívidas, como sempre acontece com o Brasil.

Gostaria de dizer que Lula leu este artigo na Veja e mandou o Banco Central começar a acumular os 200 bilhões de reservas que acabou nos protegendo da crise de 2008.

Certamente foi incentivado por Henrique Meirelles, primeiro administrador financeiro guinado ao Banco Central, que pensa como todo administrador.

Reservas internacionais será um legado do governo Lula, que nenhum sucessor terá coragem de desmontar.

Reservas internacionais
Dizer que Lula surfou a onda dos 18 bilhões de reservas deixadas pelo Plano Real é uma bobagem monumental. 18 bilhões não seguram crise alguma, desaparecem em duas semanas, como desapareceram em 1998 no final do Primeiro Mandato de FHC.

Lula ao criar estas reservas de 200 bilhões lutou contra dezenas de especialistas, inclusive economistas de seu próprio partido, que achavam que 200 bilhões de reservas deveriam ser gastos em "saúde e educação".

Estas reservas, apesar de óbvias, eram politicamente complicadas devido ao seu custo elevadíssimo.
O governo tinha que financiá-las a um juro interno de 16% ao ano, e só recebia 4% de juros quando aplicadas em títulos estrangeiros.

A crise americana de 2008 foi até uma benção, ao provar a tese de que reservas são necessárias, sempre. Nunca mais teremos que recorrer ao FMI, ou à amizade de um Bill Clinton.

Estas reservas acumuladas por Lula serão um legado para sempre. Nos salvou da crise de 2008, bem diferente do desastre da crise de 1998 quando não tínhamos reservas suficientes.

Ter reservas suficientes será política de todo futuro governo, e precisamos ficar atentos e protestar se um futuro presidente decidir torrar as reservas, como algo custoso e desnecessário.

http://blog.kanitz.com.br/2009/10/o-legado-lula-i-um-colchao-de-seguranca.html

E.R.I.

Brasília-DF


terça-feira, 6 de outubro de 2009

Publicidade do Kassab

O Kassab pretende gastar mais de R$100 milhões com publicidade, é um valor muito grande, mesmo considerando o tamanho da cidade e as campanhas de utilidade pública que a prefeitura precisa fazer.

Mas tenho visto propagandas da prefeituras da capinal no interior do estado parecendo até propaganda partidária. Na última peça que vi se falou da virada esportiva (depois do evento não faz sentido fazer propaganda) e o prefeito aparecia como garoto propaganda promovendo a gestão do governo "democrático" da capital paulista. Como se a capital não tivesse muitos problemas, a gestão Kassab só tem a mostrar a virada esportiva e o "cidade limpa" (controle da publicidade em placas e outdoors). Projetos que não promovem nenhuma grande transformação.

Prêmio Congresso em Foco

O Congresso em Foco diz que é um site jornalístico que faz uma cobertura analítica, independente e crítica do Congresso Nacional e dos principais fatos políticos da capital federal. Parece piada. Por exemplo, no quesito combate a corrupção, foram listados os hipócritas que vestem a camisa branca, mas por baixo estão sujos de lama. Os outros da lista não tem nenhum destaque.

Demóstenes Torres (DEM-GO)
Gustavo Fruet (PSDB-PR)
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)
Pedro Simon (PMDB-RS)

Pedro Simon é o fiel aliado da Ieda Cruzes que está atolada na lama lá no RS, Jarbas Vasconcelos foi pintado pela Veja a pouco tempo como o legítimo representante do que há de bom no PMDB. Dos demos-tucanos nem preciso falar.

http://www.premiocongressoemfoco.com.br/Voto.aspx
Vladimir M Coutinho
www.vlad.blog.br

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Moody's concede grau de investimento ao Brasil, e daí?

Moody's concede grau de investimento ao Brasil, e daí? Só no Brasil o pessoal ainda leva a sério as agências de risco. Essas agências davam rating da Argentina muito melhor do que o Brasil pouco antes do calote deles. As mesmas agências davam nota AA+ para os derivativos lastreados por hipotecas de alto risco.

E mesmo se essas agências fossem sérias, para o desenvolvimento do país não ter grau de investimento não significa nada. Não é de capital financeiro que o país precisa. Não é essa lógica que segue o "bom" investimento. Quem olha grau de investimento é o especulador, o dólar que vem aqui se multiplicar num período que não precisamos e vai embora ao menor sinal de crise.

Para que serve esse tipo de capital? Já pensou o mecanismo perverso de extração de recursos se processa: dólar entra, é convertido em reais. Por um lado valoriza o real tirando competitividade da economia nacional, por outro o BC compra os dólar e em seguida emite dívida pública para fazer frente a essa compra pagando 8,6% e aplica os dólares a 2%. É como tomar dinheiro no cheque especial para aplicar na poupança. Coisa de bobo.


Segue a notícia que estou comentando:

Brasil é primeiro país a alcançar Grau de Investimento da agência Moody's desde início da crise

A agência de classificação de risco Moody's anunciou, na última segunda-feira (22) a alteração da classificação das dívidas interna e externa de longo prazo do Brasil, elevando o país à categoria de Grau de Investimento. Com a nova classificação, o Brasil se torna o único país que teve sua posição elevada para grau de investimento pela Moody's desde o início da crise econômica mundial.

Entre os fatores relacionados pela agência para a elevação, destaca-se "a notável melhora apresentada na estrutura de dívida do governo". Além da condução responsável das políticas fiscal e monetária nos últimos anos, a agência ressalta o desempenho do Brasil durante a crise e as medidas tomadas pelas autoridades brasileiras.

Outro motivo é a forte recuperação da atividade econômica. Entre os principais países que entraram em recessão técnica em decorrência da crise, o Brasil apresentou a maior taxa de crescimento do PIB no segundo trimestre de 2009. A agência acredita que "as chances de que o Brasil continue melhorando seu perfil de crédito são razoavelmente altas",

A classificação de risco reflete a opinião da agência opinião sobre a capacidade e a disposição de um governo para honrar suas obrigações relativas à dívida. Com a elevação, o Brasil se torna grau de investimento pelas três maiores agências classificadoras de risco. O grau já havia sido concedido pela Standard and Poor's e pela Fitch em 2008.