quarta-feira, 22 de agosto de 2007

A hipocrisia do banco da sustentabilidade

O Banco do Brasil iniciou uma campanha que tenta associar sua imagem à sustentabilidade, diz que suas atitudes são pautadas pela responsabilidade social.

Como boa parte das campanhas das grandes corporações, o investimento no marketing é muito maior do que suas ações sociais. Vejamos um exemplo prático.

O Banco do Brasil diz que é parceiro dos agricultores e é o principal agente financeiro do Pronaf sendo responsável pela liberação de 2/3 dos recursos. São recursos a juros subsidiados para fortalecer a agricultura familiar ou seja pequenos proprietários, assentados, posseiros, enfim, agricultores de baixa renda.

No entanto, a fiscalização da CGU (Controladoria Geral da União), órgão que fiscaliza a utilização das verbas federais descobriu que o BB usa a liberação de recursos do programa para vender produtos e serviços. Em 70% dos casos a CGU constatou exigência de “reciprocidade” nos contratos, condicionando a liberação dos recursos à compra de seguros e de títulos de capitalização.

A CGU pegou também vários casos de bloqueio dos recursos agricultores para pagamento futuros da dívida. Se era para isso por que o banco não quitou a dívida e devolveu os juros?

“Esse é um caso de perversão, de irregularidade, que precisa ser investigado”, diz o diretor financeiro e de proteção à produção rural, João Luiz Guadagnin, da Secretaria de Agricultura Familiar (Folha de São Paulo, 21/08/07).

As normas do Conselho Monetário Nacional proíbem a venda casada, mas a autoridade que deveria fiscalizar os bancos, o Banco Central, tem toda sua diretoria advinda do mercado financeiro.

Agora um banco público responsável socialmente deveria no mínimo cumprir as leis. Não dá para acreditar que a alta administração do banco não saiba disso.

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