segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Too Big to Fail

Grandes Demais para falir

Do blog do Luís Nassif

http://www.projetobr.com.br/web/blog?entryId=9127 (após o comentário sobre a entrevista do Lessa).

Parece haver uma grande incompreensão sobre o significado profundo da falência do Lehman Brothers. Morto o mito do "grande demais para falir", da noite para o dia, uma legião de poupadores, direta ou indiretamente, viu-se de posse de trilhões em dívida que estava incorretamente precificada.

Do dia para a noite, parece que todos os grandes emissores de dívida americana, a saber, Wall Street, os grandes conglomerados bancários, GE (que no fundo é uma gigantesca empresa financeira), GM, Ford (bem, estes já eram), os bancos regionais, não eram lá muito confiáveis.

Em termos de poupança, os americanos, viram, neste último ano, os três pilares de seu patrimônio dilapidados: suas casas, suas ações e a dívida das grandes empresas americanas. É algo tão cataclísmico que é absolutamente impossível antever suas implicações. Não é uma mera crise de liquidez: é uma destruição grotesca da avaliação do valor do estoque de poupança existente na economia. Esta perda foi realizada e ponto final: com pacote, sem pacote, a perda é real, e de alguns trilhões de doláres.

Mais do que isso, porém. A quebra da Lehman expôs a precariedade das inter-relações contratuais na moderna tecnologia financeira. O calote não se restringiu aos detentores de dívida e aos depósitantes. Abrangeu uma gama muita ampla de outra relações: os ativos custodiados na Lehman Europe, os ativos dados como garantia à Lehman pelo seus clientes, etc, etc, etc. Isso mais do que tudo destruiu o conceito de Wall Street.

Os Brasileiros surtaram, estão fora-de-si, perderam qualquer conexão com a realidade. Não tem que se perder tempo discutindo se haverá ou não impactos severos na economia Brasileira. Isto está dado! É tão certo quanto o sol se levantar amanhã. Devíamos estar perdendo tempo tentando antever os meios pelos quais a praga vai ser propagada, tentando antecipar suas consequências e na medida do possível evitá-las. Mas claramente isto não irá acontecer...

Os Brasileiros preferem acreditar que o bom momento econômico dos últimos 12 meses são mérito próprio, não decorrência da fulminante explosão de liquidez financeira do segundo semestre de 2006 ao 3o trimestre de 2007, que perdurou, ainda, sob algumas formas específicas até o 2o trimestre de 2008. As decisões de investimento que estão sendo implementadas hoje, foram tomadas naquele referêncial.

Investimento, é bom lembrar, implica em continuada demanda por capital: depois de instalada a maquina, a empresa vai precisar de capital de giro, etc e tal... Este capital não existe mais. A farra de expansão de crédito bancário acabou. A farra de imprimir dinheiro via compra de reservas acabou. Estamos no início do processo de retração de liquidez na economia Brasileira, e vai ser doloroso.

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