Valor 12/08/09
Pela primeira vez no governo Lula, o BC desmontou completamente suas posições no mercado futuro de câmbio
Pela primeira vez no governo Lula, o Banco Central desmontou completamente suas posições no mercado futuro de câmbio. O BC não está comprado nem vendido e sim neutro, com exposição zero em derivativos. Já no mercado à vista, ele adquiriu em maio, junho e julho US$ 8,159 bilhões. "Costumamos pautar nossa atuação pela natureza do fluxo cambial e não consideramos que o uso desses contratos seja necessário neste momento", afirma o diretor de política monetária, Mario Torós.
Se o BC atuasse com swaps mesmo com as pressões de valorização do real vindas do fluxo à vista poderia distorcer o mercado, criando anomalias no cupom cambial e na diferença entre o dólar à vista e futuro, diz Roberto Padovani, estrategista do WestLB. E nesse momento as pressões vêm claramente do mercado à vista. Foram cerca de US$ 7 bilhões em ingresso líquido de abril a julho. Em junho e julho foi o segmento financeiro do mercado à vista que garantiu o fluxo de dólares, com o maior volume de captações externas de empresas, demanda por ações na BM&FBovespa e investimento externo direto crescente.
Para alguns economistas, não há muito mais que se possa fazer além do que o BC está fazendo, exceto apertar os gastos públicos. O ex-diretor do BC Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco, acredita que hoje o peso do diferencial entre os juros externos e internos é bem menor e este não é o fator principal para explicar a recente valorização do câmbio. Para ele, se o objetivo é ter um real mais fraco, o ideal seria que houvesse contenção de gastos públicos.
Outros economistas, como Fernando Cardim de Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, veem na enxurrada de recursos para a bolsa um dos focos da valorização e defendem o controle de capitais. "Uma opção é fazer com que parte dos recursos que vierem para a bolsa fique depositada sem remuneração por um período mínimo de tempo", sugere. De janeiro a 6 de agosto, o saldo líquido do investimento externo na Bovespa foi de R$ 13,266 bilhões - 76,6% maior que os R$ 7,49 bilhões de todo o ano de 2003, maior volume da série histórica iniciada em 1994.
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