E o Chile só não está ruim socialmente porque a população lá é muito pequena. A economia é baseada na produção mineral e agrícola.
Do Valor
Indústria perde importância no PIB chileno
Por José Carlos Prado
Há alguns anos, o
ex-primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair perguntou à
primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, qual era o segredo do
êxito econômico do país dela. Como parte de sua famosa resposta, disse o
seguinte: "Senhor Blair, nós ainda produzimos coisas".
Uma das mais importantes do mundo, a indústria alemã permitiu ao país
superar sem maiores problemas a mais recente crise econômica vivida
pelo planeta. E no Chile?
De acordo com estudo encomendado pela Associação das Indústrias
Metalúrgicas e Metalmecânicas (Asimet) do Chile, ao qual o "Diario
Financiero" teve acesso exclusivo, a situação no país é diametralmente
diferente: houve, diz a pesquisa, uma queda acentuada na participação em
relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e os altos custos das fontes de
energia representam uma ameaça constante.
A indústria, que nos anos 70 representava 17% do PIB, no fim de 2012
encolheu para pouco mais de 10%, o equivalente a cerca de US$ 27
bilhões.
O informe compara a realidade chilena com a de países desenvolvidos e
de emergentes, com a indústria do Chile ficando abaixo da média dos
dois grupos, de 13,6% e 15,9%, respectivamente.
De fato, é justamente a Alemanha que lidera essa classificação, com
sua indústria representando quase 20% do PIB. Ainda mais complicado é o
que acontece com as empresas que se dedicam a processos metalúrgicos e a
fabricar produtos metalmecânicos no Chile.
O documento da Asimet revela que elas atualmente respondem por apenas
2,4% do PIB chileno, o equivalente a US$ 6,2 bilhões. Na Alemanha, o
setor alcança 15,8% do PIB, com uma alta relevância (84,3%) em relação à
indústria como um todo.
No Chile, a porcentagem é três vezes menor, de apenas 23,5%. Para o
presidente da Asimet, Gastón Lewin, o Estado tem um papel importante a
desempenhar, em especial, para determinar um marco regulatório no qual
os empresários industriais possam atuar.
"Nós temos que avançar nas políticas públicas de longo prazo no país,
conseguir um grande pacto entre os setores privados e o público, que
permita seguir adiante nessa direção", afirmou o líder setorial. Da
mesma forma que o resto da economia chilena, a indústria -
particularmente a representada pela Asimet - viu seus custos de produção
aumentarem, afetados pelos altos preços das fontes de energia, entre
outros motivos.
Esse custo transformou-se em uma ameaça cada vez maior para o setor e
o deixa em posição de desvantagem diante de seus concorrentes mais
diretos. De acordo com dados do setor, o Chile é o país com os maiores
custos de energia em toda a região. Em junho, o preço médio no mercado à
vista foi de US$ 137,54 por MWh, enquanto no Peru foi de US$ 24,94.
Além disso, fontes do mercado garantem que nos próximos meses vão
começar a ser negociados contratos com tarifas que poderiam subir 40% em
relação aos valores atuais.
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