segunda-feira, 9 de julho de 2007

Promiscuidade na relação das diretorias do Banco Central com o mercado financeiro

A Carta Capital desta semana publicou uma matéria sobre a promiscuidade da relação entre os dirigentes do Banco Central e o mercado financeiro (A Roda da Fortuna, Carta Capital 452 pgs. 20-24). Também há pouco tempo o jornalista Luís Nassif (www.luisnassif.com.br) publicou o livro Cabeças-de-planilha (Ediouro) onde mostra como os operadores do Plano Real passaram de professores universitários a colecionadores de Maserati.

Eu sempre falo: o maior problema do Brasil não é a corrupção, não esta que estamos acostumados a ver nos jornais, não esta que está prevista no Código Penal.

O milhão que o Roriz não conseguiu explicar, o pagamento da pensão feito por lobista da Mendes Jr que o Renan Calheiros está tendo que se explicar nem passam perto do volume de recursos que são torrados pelo Banco Central ao definir uma taxa de juros exageradamente alta.

A discussão sobre o juros uso de juros eladíssimos para o controle da inflação é controversa entre os economistas. Mas o que todo mundo concorda que isso leva a um grande ônus financeiro para o governo (que terá que deixar de investir em saúde, educação, infraestrutura,etc). Todo mundo concorda também que o sistema financeiro é o setor que mais se beneficia dos juros altos que o BC insiste em manter.

Essa forma de corrupção está muito bem oculta, não está prevista no código penal. Tudo bem disfarçado do mais sério tecnicismo.

Nas palavras do Paulo Nogueira Batista Júnior, hoje representante do Brasil no FMI: "Onde está o problema? Em grande medida, no controle informal dos grandes bancos sobre as nomeações para os cargos de direção do Banco Central. Nos bastidores, vigora um regime de indicações e vetos que conduz ao seguinte: a escolha de pessoas rigorosamente identificadas com os interesses e a visão de mundo do mercado financeiro."(artigo publicado em 26 de março de 2005 na Agência Carta Maior).

Esse pessoal têm passado no Banco Central somente para turbinar suas carreiras. Não dá para esperar que essa turma tome alguma decisão que desagrade os futuros patrões.

Isso é como amarrar cachorro com linguiça. O BC deveria fiscalizar o sistema financeiro mas é dominado pelos interesses do grupo econômico que fiscaliza. Se observa há anos no Brasil que BC dificilmente toma medidas que contraria os interesses dos bancos. Medidas como controles de capitas, que outros países utilizam para controlar o sistema financeiro, no Brasil são tidas como heresias.

A grande imprensa não discute estes temas. Esse assunto só aparece em voga na Carta Capital, na Agência Carta Maior, no blog do Nassif e no Centro de Mídia Independente entre outros.

Ainda bem que a grande mídia está perdendo espaço para esses veículos novos.

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