O Banco Central apertou as normas sobre exposição cambial dos bancos em junho como resposta a um forte aumento do endividamento externo de curto prazo. Depois de passar muito tempo enxugando gelo, o BC resolve ir à fonte do problema, coisa muito difícil de ocorrer no nosso país, que não costuma tomar medidas que contrarie os interesses da banqueirada.
O BC sabe há muito tempo que o câmbio está valorizando devido à entrada de capitais de curto prazo. O Meirelles vem com uma conversa fiada dizendo que é por conta do superávit comercial. Isso não se sustenta, basta dar uma olhada para o balanço de pagamentos. Depois de pagar as obrigações no exterior (fretes, seguros, remessa de dividendos e juros), o que sobra do saldo comercial é ridículo.
A compra de divisas seria efetiva para conter a valorização do câmbio se o BC estivesse comprando o excedente de dólares dos exportadores. Não era bem isso que ocorria. Os bancos estavam tomando empréstimos de curto no exterior para vender os dólares para o BC. Só em abril o BC comprou US$11 bilhões.
Essa ação dos banqueiros deixa a economia mais vulnerável, uma vez que o volume de reservas é feito na maior parte com capitais especulativos que podem sair do país ao menor sinal de perigo.
A manutenção de reservas com uma taxa de juros do Brasil custa caro para o Brasil. É como tomar dinheiro no cheque especial para aplicar na poupança. O banco ganha duas vezes.
Não seria mais fácil e mais barato limitar o ingresso de capitais de curto prazo? Qual o interesse do país?
Pela ação das autoridades do Banco Central, do Ministério da Fazenda e do Tesouro, me parece que o destino do Brasil é ser espaço de valorização financeira de capitais que não têm nenhum compromisso com a geração de riqueza aqui dentro. A função do governo nisso é arrecadar impostos para pagar juros.
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