As manchetes dos jornais mostram a operação do governo do Rio para retomada do controle das favelas do complexo do Alemão. Em apenas um dia foram 19 mortos e há suspeitas de que mais 11 corpos estejam pelas vielas.
Pelos números da violência parece que o país está mergulhado numa guerra civil. O problema é no país inteiro.
Há muito tempo a sociedade abandonou uma grande parcela da população à sua própria sorte. O Estado não está presente. Abriu-se espaço para que grupos assumam o controle desses bolsões.
Vai se acumulando uma infinidade de fatores negativos que vão levando os jovens para o caminho da marginalidade.
O que se pode esperar de um jovem que é criado num ambiente horroroso, não têm acesso a uma escola decente, vê a mãe doméstica, ralando a vida inteira sem pespectiva nenhuma de melhora de vida?
O que dizer para um jovem que se perde na bandidagem e não dá valor nenhum à vida humana se antes disso a sociedade não deu valor à vida dela? A violência e o banditismo é fruto da nossa sociedade desigual.
A sociedade (classe média) está mais preocupada com a rentabilidade dos títulos públicos, com a valorização de suas ações na bolsa ou com a compra de um carro novo. Muitas pessoas acham que a pobreza é por culpa dos pobres, que não se esforçam, que não gostam de trabalhar, que não aproveitam as oportunidades. É uma visão mesquina.
A taxa de desemprego entre os jovens é o dobro da registrada para a população em geral e as vagas que estão disponíveis não são muito animadores. Desde o final dos anos 70 o país não cresce, as taxas de desemprego que já eram altas na década de 80, dobraram na década de 90. O emprego formal (com carteira) ocupa apenas 1/3 da força de trabalho.
A situação ainda está feia. Não dá para dizer (como certo presidente) que nunca antes nesse país estivemos tão bem.
Sugestão de leitura:
Matéria da Carta Capital sobre a ação do governo do Rio nas favelas do Complexo do Alemão
http://www.cartacapital.com.br/2007/07/451/batalha-no-alemao
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