As maiores exportadoras de bens manufaturados do país estão reduzindo seus embarques. Como operam com contratos de longo prazo, que duram dois a três anos, e têm maior acesso a instrumentos financeiros, como o hedge, as grandes empresas são as últimas a sentir o efeito negativo do câmbio. Mas a valorização do real já se prolongou tempo suficiente para prejudicar a receita obtida por essas companhias no exterior.
Com base no ranking das 40 maiores empresas exportadoras do Ministério do Desenvolvimento, o Valor identificou 12 fabricantes de manufaturados, como automóveis, autopeças, celulares e máquinas. Metade dessas companhias diminuiu as exportações este ano e uma se esforça para manter as vendas. As cinco restantes ainda conseguem aumentar as vendas externas por motivos específicos (ver matéria abaixo). Estão fora dessa lista as empresas que vendem commodities, caso do aço e da celulose.
"A maioria dessas transações é entre matriz e filial. As multinacionais não perdem, já que atendem os mercados através de outras fábricas ao redor do mundo. É o Brasil que perde", avalia José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Ele explica que as filiais brasileiras não estão conseguindo renovar os contratos e o custo do hedge se tornou muito alto com o atual patamar do dólar.
As grandes empresas apontam a valorização do real como o principal motivo para a queda das exportações. Desde o fim de 2002, quando o dólar estava a R$ 3,5, a moeda brasileira acumula alta de 102,6%. Ontem, o dólar fechou a R$ 1,75. Outro fator que também reduz as vendas ao exterior é a atratividade do mercado brasileiro, que é amplo e está aquecido. Por conta disso, as multinacionais vendem seus produtos internamente e utilizam menos o país como plataforma de exportação.
O "boom" de exportação de celulares "made in Brasil" também pode estar no fim. De janeiro a setembro de 2005 em relação a igual período de 2004, a Nokia aumentou as exportações em 360%. Em 2006, a companhia decidiu abastecer o mercado dos Estados Unidos via México ao invés do Brasil. As exportações da filial brasileira caíram 48% naquele ano. Em 2007, a Nokia não figura entre as 40 maiores exportadoras do país, segundo a lista do Mdic.
Nenhum comentário:
Postar um comentário