Depois me criticam quando digo que o Ministério Público, seja o estadual em SP quanto o federal, é o Tucanistão.
Da Folha
FLÁVIO FERREIRA
MARIO CESAR CARVALHO
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
Cansados de esperar pela cooperação de
seus colegas brasileiros, procuradores da Suíça que investigam negócios
feitos pela multinacional francesa Alstom com o governo do Estado de São
Paulo arquivaram as investigações sobre três acusados de distribuir
propina a funcionários públicos e políticos do PSDB.
Em fevereiro de 2011, a Suíça pediu que o
Ministério Público Federal brasileiro interrogasse quatro suspeitos do
caso, analisasse sua movimentação financeira no país e fizesse buscas na
casa de João Roberto Zaniboni, um ex-diretor da estatal CPTM.
Como nenhum pedido foi atendido, nesta
semana autoridades brasileiras foram informadas de que o Ministério
Público da Suíça desistiu de contar com a colaboração do Brasil e
decidiu arquivar parte das suas investigações.
Segundo o procurador da República
Rodrigo de Grandis, responsável pelas investigações sobre os negócios da
Alstom no Brasil, houve uma "falha administrativa": o pedido da Suíça
foi arquivado numa pasta errada e isso só foi descoberto anteontem.
O Ministério Público da Suíça havia
pedido que Grandis fizesse buscas na casa de Zaniboni porque ele é
acusado de receber US$ 836 mil (equivalentes a R$ 1,84 milhão) da Alstom
na Suíça.
A procuradoria suíça também pediu que
fossem interrogados os consultores Arthur Teixeira, Sérgio Teixeira e
José Amaro Pinto Ramos, suspeitos de atuar como intermediários de
pagamento de propina pela Alstom.
Segundo os procuradores da Suíça, Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira foram os responsáveis pelos repasses ao ex-diretor da CPTM.
O Ministério Público estadual
paulista, que também investiga os negócios da Alstom, soube da
existência do pedido da Suíça e solicitou cópias da documentação ao
órgão federal responsável pela cooperação com autoridades estrangeiras, o
DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica
Internacional).
Indagado sobre a situação, o gabinete de Grandis afirmou só ter encontrado o pedido suíço anteontem.
A Procuradoria da República em São
Paulo informou que o gabinete cometeu uma "falha administrativa" ao
deixar de anexar a solicitação a outro pedido de cooperação da Suíça, e o
documento acabou indo para uma pasta de arquivo de papéis do caso.
Fora do processo correto, o pedido suíço ficou sem qualquer providência no gabinete por dois anos e oito meses.
O Ministério Público Federal afirmou
que já comunicou o DRCI sobre o problema. Segundo a procuradoria, as
autoridades suíças deverão ser indagadas se ainda têm interesse na
adoção das medidas quanto aos suspeitos.
Porém, nesta semana autoridades
brasileiras receberam a informação de que os suíços cansaram de esperar e
arquivaram as investigações sobre Zaniboni, Ramos e Sérgio Teixeira,
morto em 2012.
Eles haviam sido indiciados pelas autoridades suíças por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.
O único que continua sendo investigado
é Arthur Teixeira, controlador da empresa Gantown, sediada no Uruguai,
que teria feito repasses da Alstom para Zaniboni entre 1999 e 2002.
Zaniboni afirma que o dinheiro se referia a serviços de consultoria prestados antes de sua chegada à CPTM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário