Por Rodrigo Medeiros
Disponível no site Sonegômetro (http://www.sonegometro.com), o estudo do Sindicato
Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) afirma que a
sonegação estimada de tributos no País chega aos 10% do Produto Interno
Bruto (PIB). De acordo com o estudo: “em um Estado onde a tributação é
alta [36% do PIB] e a contraprestação do serviço estatal é baixa há uma
tendência a interpretar a tributação como algo nocivo. Para comprovar a
assertiva basta verificar os índices que mensuram a satisfação e
condição de vida da população”.
A tributação brasileira é regressiva, sendo ela majoritariamente
indireta e, portanto, afetando de forma mais negativa a renda dos mais
humildes. Segundo o estudo do Sinprofaz, “No Brasil, por exemplo, quem
ganha até dois salários mínimos, paga 49% dos seus rendimentos em
tributos, mas quem ganha acima de 30 salários, paga 26%”. O ranking de
2012 do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) aponta para o fato de que
estamos atrás de países como Uruguai, Rússia, Romênia, Cuba, México e
Omã nesse indicador. Evoluímos desde os anos 1980, porém essa melhora
perdeu velocidade mais recentemente.
Com um expressivo déficit acumulado em conta corrente do seu balanço
de pagamentos, a expansão do mercado doméstico e a continuidade das
conquistas sociais podem ter entrado em uma zona de elevado risco no
Brasil. A retirada da política monetária de facilitação quantitativa nos
EUA causaria uma imediata desvalorização cambial do real e ainda
efeitos negativos de curto prazo na inflação. Para os mais pobres, a dor
da mordida da inflação seria maior. Não é preciso muito esforço
intelectual para se notar o caráter injusto da nossa tributação, porém
acredito que o mesmo se mostra também perverso nos impactos que causa ao
custo Brasil.
Segundo o relatório Doing Business 2013, a tributação total
sobre o lucro chega aos 69,3% no Brasil (comentário meu: esse número é meio estranho, deve estar majorado), ao passo que a média na América
Latina e Caribe é de 47,2% e na OCDE, 42,7%. Esse número brasileiro já
havia chamado minha atenção anteriormente, porém ainda não havia ligado o
mesmo ao conceito geral da curva de Laffer. Basicamente, pode-se dizer
que um exagero na tributação “mata” o tributo, pois ele empurraria
atividades produtivas para a informalidade, ou a extinção. A baixa
produtividade da economia brasileira seria um dos produtos desse quadro.
Essa situação impacta na competitividade do País e nas suas
possibilidades futuras de desenvolvimento.
Reconheço que esse complexo debate é muito difícil de ser aprofundado
politicamente em um contexto de campanha eleitoral antecipada. Não
deveria nos interessar mais uma rodada de discussão maniqueísta e
estéril entre governo e oposição. Afinal, a compatibilização do nível de
tributação com a qualidade dos serviços públicos ofertados é demanda
atual da sociedade brasileira, sendo que o tema também se mostra muito
relevante para a competitividade da nossa economia.
Rodrigo Medeiros é professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes)
http://jornalggn.com.br/blog/rodrigo-medeiros/tributacao-brasileira-em-debate-por-rodrigo-medeiros
Comentário interessante sobre o relatório Doing Business:
ResponderExcluirhttp://caderno.allanpatrick.net/2011/06/13/banco-mundial-o-relatorio-doeing-business-e-a-escravidao/