sexta-feira, 6 de junho de 2014

A entrevista de Aécio Neves no Roda Viva

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Do Blog de Rogerio Faria
Quando Fernando Barros e Silva intervinha, Aécio demonstrava sua insegurança, com pequenos ataques e ironia. Foi do diretor de redação da Revista a Piauí a primeira, e uma das poucas provocações ao pré-candidato. Logo no começo ele perguntou ao tucano: Você usa cocaína? Junto com a negativa, a acusação do suposto boato ao submundo da internet, rede de calúnias e difamação. Falou isso sem corar nem a si nem ao Augusto Nunes e Ricardo Setti, ambos colunistas da Veja – o primeiro, ainda o apresentador do programa. Mais pra frente, depois de assunto tão delicado, Fernando Barros até lembrou a longa carreira do senador, da qual ele se orgulha.
A entrevista de Aécio Neves, pré-candidato tucano ao Governo Federal, ao Roda Viva de 2 de junho, careceu de mais ousadia, mais provocação. Estava lá para apresentar seus projetos, sua linha de pensamento. Entretanto, diferentemente do que fizeram com Padilha, nada lhe perguntaram sobre o mensalão mineiro, a complicar a vida de seu candidato àquele governo (Pimenta da Veiga), nada perguntaram sobre o escândalo Alstom, e o envolvimento do conselheiro tucano no Tribunal de Contas, ou crise da água em São Paulo. Temas que ele terá que enfrentar no debate.
Augusto Nunes, o mediador que não fica no meio (está bem à direita), ainda afirmou sem vergonha que a Petrobrás era a maior usina de escândalo do mundo (Logo ele! Da Veja!) e mandou a bola para Aécio cortar. O tucano, claro, prometeu que vai coloca-la na linha.
Mas valeu ainda outra provocação vinda da Piauí. Aécio lembrou que quando assumiu o Governo de Minas, reduziu as secretarias de 22 para 15, apenas para Fernando Barros lembrar que terminou o seu mandato com as 22 novamente. Daí, veio aquele discurso genérico sobre austeridade. E nesse sentido foi uma das mais claras (eu disse claras?) promessas do pré-candidato: cortar metade dos ministérios se eleito. Quais? Pelo menos três? Ele não sabe. Ainda está estudando o assunto e diz depois de agosto. Ou seja, ele promete, mas não sabe o quê, porque ainda vão ver o que é, porém ele vai fazer.
Ainda acusou o PT de contratar milhares de militantes virtuais, quando, na verdade, a Folha deu em 29 de março que o PSDB contratava nove mil, que passariam por 300 sessões de treinamento. Segundo o periódico: “Os tucanos vão bancar os equipamentos e custos. A ordem para os militantes é espalhar notícias favoráveis ao mineiro, e todo tipo de crítica negativa ao governo Dilma”.
Já a relação com o Bolsa Família é caso de esquizofrenia. Disse que é a favor, quer ampliar, mas quer diminuir. Isso porque o PSDB já acusou o programa de assistencialista, mas também já reivindicaram a paternidade. Aí já estava dando sono.
Ainda questionado quanto às medidas impopulares para correção dos rumos da economia, nada disse que pudesse se comprometer. Prometeu as famigeradas reformas política e tributária. Sobre a FHC, instado a compará-lo a Lula, rodeou, rodeou, mas não quis dizer que foi melhor.
Bem, apesar de muitos Fernandos (Folha, Bandeirantes e Piauí), faltaram Fernando Barros e Silva. Não para destratar o candidato, como fizeram com Padilha, mas para provocá-lo, para ajudar a revelar um pouco mais o pré-candidato. Não que a entrevista não tenha sido reveladora a seu modo. De qualquer forma, não sei se houve um excesso de cumplicidade ou de desinteresse dos jornalistas pelo próprio entrevistado.

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