quinta-feira, 19 de junho de 2014

Médicos cubanos revolucionam atendimento na comunidade de Planalto Serrano, no Espírito Santo

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Da OPAS/OMS Brasil


Com aproximadamente 15.500 habitantes¹, a comunidade de Planalto Serrano, na periferia do município de Serra, volta e meia estampa as manchetes dos principais jornais do Espírito Santo. Serra ocupa a décima oitava posição nacional de cidades com maior número de homicídios² no Brasil, e o Planalto Serrano é conhecido como uma das comunidades mais violentas do município.
A região sofreu durante os últimos anos com ausência de serviços públicos e de infraestrutura. Em 2012, foi inaugurada a Unidade Regional de Saúde (URS) de Planalto Serrano, responsável pelas áreas A e C da comunidade. Segundo Naiara Vidoto, 25 anos, coordenadora da unidade, a URS abrange uma população de aproximadamente 12 mil pessoas: “Eu acho que a fama é maior do que a realidade, porque a violência diminuiu nos últimos anos. A população mudou, está mais orientada e com mais educação. Hoje em dia, quando acontece algum episódio de violência, os próprios moradores se unem para tentar resolver os problemas”.

Com três equipes de Saúde da Família, sendo dois médicos principais e um médico de apoio do Programa Mais Médicos, Naiara conta que a relação tem sido muito positiva. “Nós contamos com três médicos cubanos na unidade. Eles foram muito bem recebidos pela população, e já estão se sentindo em casa. Não tive nenhuma reclamação deles até agora, então acredito que daqui para frente não vou ter mais. Pelo contrário, eles recebem muitos elogios”. A unidade conta ainda com um ginecologista, um pediatra e um professor de educação física, que faz exercícios com os pacientes no pátio da instituição.

Organização da rotina de atendimentos
O Dr. Orlando Maure Ceballo, 47 anos, e a Dra. Tamara Delgado Riesgos, 51, chegaram na unidade em dezembro do ano passado. Logo de início, Orlando e Tamara decidiram unir forças e trabalhar em conjunto com a coordenação e a equipe local para organizar a rotina de atendimentos.

Havia muito atraso nas consultas de pré-natal, mas agora, 7 meses depois da chegada dos médicos cubanos, a agenda já está em dia: “Quando vem para a consulta, a paciente já sai com a data da próxima marcada. E a partir da 34ª semana de gravidez, todas as gestantes têm consulta uma vez por semana”, explica ele. O médico ressalta que todos os exames ginecológicos, em mulheres grávidas ou não, são feitos com a presença de uma enfermeira ou de um acompanhante escolhido pela paciente.

O desenvolvimento de um programa de atendimento para os casos de hipertensão e diabetes, as duas doenças mais comuns entre os pacientes da unidade, também foi uma das prioridades. “Nós começamos classificando os tipos de cada enfermidade, os fatores de risco em cada paciente, e estamos montando um quadro com todas as informações. Isso facilita não só o atendimento como a utilização e o abastecimento de medicamentos, pois a farmácia distribui os remédios de acordo com o cadastro. Como havia um registro menor e diferente da realidade, os medicamentos ou não eram suficientes, ou eram inadequados para o tratamento”, explica o Dr. Orlando.
No caso das crianças, o médico conta que os casos mais comuns na região são parasitismos e doenças respiratórias, como asma e bronquite.

Além da organização do atendimento na unidade, os médicos cubanos do programa Mais Médicos tiveram a iniciativa de sistematizar as consultas domiciliares, para aqueles pacientes que não podem se deslocar até a unidade básica de saúde. Eles visitam pacientes idosos e/ ou acamados, e fazem visitas às pacientes em puerpério, até 15 dias depois do parto.

A Dra. Tamara destacou a importância do trabalho dos agentes comunitários para fortalecer a integração entre a comunidade e o atendimento médico do Sistema Único de Saúde: ”Os agentes comunitários têm um papel fundamental porque são eles que conhecem a fundo a população”.

A semana dos médicos segue uma rotina de trabalho planejada. Às segundas pela manhã eles fazem atendimentos domiciliares e à tarde consultas de pediatria; as terças são dedicadas ao estudo dos casos e aprofundamento em Língua Portuguesa; às quartas são realizados atendimentos de puericultura pela manhã e clínica geral à tarde; às quintas, consultas de pré-natal e clínica geral; às sextas, ginecologia pela manhã e reunião de equipe à tarde, incluindo os médicos, o time de enfermagem e os agentes de saúde.

A reunião de equipe visa a estabelecer as prioridades e a programação de trabalho semanal, além da troca de experiências e solução de incidências. “A reunião semanal é um recurso importante para a organização do trabalho da unidade. Somando-se a isso as visitas domiciliares, as palestras informativas, o trabalho dos agentes comunitários e o acompanhamento regular dos pacientes, evitamos que os quadros evoluam para doenças mais graves e mantemos o estoque e a distribuição regular de medicamentos da unidade. Uma pessoa pode conviver com hipertensão e diabetes a vida inteira, basta fazer o controle e o seguimento adequado”, afirma a médica.

“Tem bastante demanda, mas temos muita aceitação da população e uma ótima relação com a coordenação”, conta o Dr. Orlando. “Ainda temos que organizar muita coisa, mas estamos felizes com o resultado do nosso trabalho.  Estamos ajudando a quem precisa”, sorri a Dra. Tamara
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