domingo, 8 de junho de 2014

PSDB e campanha antecipada: dois pesos, duas medidas

Jornal GGN – Enquanto o PSDB aciona a justiça eleitoral contra as declarações de Dilma Rousseff na figura de presidente da República, argumentando que a petista faz campanha antecipada por sua reeleição, o presidenciável tucano, Aécio Neves, pede votos em eventos de massa espalhados pelo Brasil. Todos organizados para alavancar apoio político com vistas às eleições 2014.
Pelo menos é isso o que depreende-se da leitura da página principal de O Globo nesta sexta-feira, 6 de junho. Duas reportagens, dispostas em paralelo, dão o tom de que "campanha antecipada", para a legenda tucana, tem dois pesos e duas medidas.
Uma diz que o Tribunal Superior Eleitoral rejeitou o pedido de multa por campanha antecipada solicitado pelo PSDB contra a presidente. O partido entendeu que durante uma entrevista, a chefe do Executivo pediu voto a um jornalista.
A outra notícia contém uma frase disparada por Aécio em meio a um evento organizado pelo PMDB no Rio de Janeiro, nesta quinta (5), que contou, segundo a reportagem, com 1,6 mil pessoas. Disse o tucano: “Me deem a vitória no Rio, que eu dou a vocês a presidência", num claro pedido de apoio eleitoral.
No caso de Dilma, o TSE concluiu que a presidente não fez campanha antecipada ao prometer concluir obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) “se tiver segundo mandato”. A declaração foi dada à imprensa do interior de São Paulo em abril. Um radialista perguntou a Dilma se ela conseguiria entregar a obra do contorno ferroviário da região em um eventual segundo mandato. A presidente brincou com o radialista: “Se eu tiver segundo mandato, se você votar em mim, eu concluo.”
De acordo com O Globo, o advogado do PSDB, Marcelo Ribeiro, disse que houve um “escancarado pedido de voto” na declaração de Dilma. Em defesa da presidente, a Advocacia-Geral da União argumentou que a entrevista foi uma prestação de contas sem intenção de pedir votos. Os ministros do TSE entenderam o episódio como um momento de bom humor cujo descuido não merece punição.
Não é a primeira vez que o PSDB move uma ação contra Dilma por campanha antecipada. A legenda entrou com representação no Tribunal em maio por conta da inserção da presidente em rede nacional no 1º de maio. O DEM endossou o pedido de multa por suposta campanha eleitoral fora do prazo legal, ao lado dos tucanos. A propaganda eleitoral só é permitida a partir de 6 de julho, de acordo com a lei nº 9.504/1997.
Em São Paulo, onde o PSDB tem Geraldo Alckmin no comando do Estado, o alvo foi o adversário Paulo Skaf, pré-candidato do PMDB e presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo). Os tucanos entraram com representação no Ministério Público Eleitoral acusando Skaf de fazer propagandas usando a Fiesp, com caráter eleitoral. O empresário foi proibido de fazer novas inserções.
Por outro lado, também não é a primeira vez que Aécio pede “a vitória” em um estado para chegar à Presidência. Em abril, durante uma palestra promovida pelo PSDB em São Caetano do Sul, o senador fez a mesma coisa: pediu ajuda para ter sucesso em São Paulo. Na ocasião, 1,5 mil pessoas ocuparam um restaurante e as ruas do bairro Mauá, na divisa com São Bernardo do Campo, no Grande ABC – região que há décadas é considerada um cinturão petista.
Em setembro de 2013, o PT acionou a justiça contra as peças publicitárias do PSDB, encabeçadas por Aécio Neves. O partido considerou que as produções com slogan “Eu sou Aécio Neves. Vamos conversar?” era uma maneira precoce de apresentar o pré-candidato à presidência da República. O pedido de sanção, neste caso, também foi rejeitado. 

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