Do Tijolaço
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Manter o ritmo atual de consumo é loucura.
Pode ser a sobrevivência eleitoral de Alckmin.
Mas é o suicídio de nossa maior metrópole.
Ontem, ao longo do dia, entraram só 125 milhões de litros de água no Sistema Cantareira.
E saíram, mesmo sendo um sábado, dia de menor consumo, 2 bilhões de litros.
São dados oficiais da própria Sabesp.
A vazão afluente foi de 1,45 metros cúbicos por segundo, a segunda menor do ano.
Mas, o “saldo” hídrico foi o pior desde o início do bombeamento, porque, no dia da menor afluência (0,8 m³/s, em 22 de maio), a liberação de água para os rios de sua bacia estava um metro cúbico por segundo abaixo da atual.
A saída de água pelo Túnel 5, por onde a água do Cantareira se junta ao reservatório de Paiva Castro (onde estão entrando cerca de 2 m³/s), registrou uma vazão de 19,19 m³ que, somada aos 4 m³/s liberados para os rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, dá 23,19 m³/s de vazão defluente total.
Basta fazer as contas com os 180 bilhões de litros que remanescem no Cantareira, aí incluído todo o volume que se espera bombear para o abastecimento da Grande São Paulo.
Até o final da semana que se inicia, metade do volume previsto para bombeamento do maior reservatório, o Jaguari-Jacareí, já terá sido retirado. Um pouco menos de dois meses depois de ser iniciado.
Mantido o ritmo atual e se todas as previsões otimistas da Sabesp estiverem certas, a segunda metade durará menos de um mês: em torno de 15 de agosto.
Com otimismo, porque os reservatórios, neste momento, se assemelham mais a um conjunto de canais do que a represas.
Restarão então dois meses da água abaixo da tomada d’água do reservatório Atibainha.
Nos seis primeiros dias de julho, a água afluente chegou a meros 2,3 m³/s, pouco mais de 20% da mínima mensal já registrada desde 1930, que é de 11,7 m³/s.
Novamente, os dados estão disponíveis e é só nossa imprensa querer tratar o assunto com a gravidade que ele tem.
A necessidade de racionamento de água, que era dramática, tornou-se desesperadora e esconder isso é tão grave que não é possível que um governante o faça, por razões eleitorais.
Não é possível sustentar a retirada de água no volume em que está sendo feita.
Nem mesmo o remanejamento de parte dos consumidores do cantareira para o sistema Alto Tietê pode ser mantido, porque o ritmo de esvaziamento deste que é o segundo maior fornecedor de água para os paulistanos também aponta pouco mais de 100 dias de consumo: tem 24,8% de seu volume útil e cai a 0,2% ao dia.
Manter o ritmo atual de consumo é loucura.
Pode ser a sobrevivência eleitoral de Alckmin.
Mas é o suicídio de nossa maior metrópole.
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