quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Alta de 0,50% leva taxa Selic de volta aos dois dígitos

Do GGN

Jornal GGN - Em decisão esperada pelo mercado, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) aumentou a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual em sua última reunião de 2013, levando a Selic para 10% ao ano. Com a decisão, a taxa atingiu seu maior patamar desde janeiro de 2012, quando os juros estavam em 10,5%. O processo de queda teve início em março do ano passado, e só foi interrompido em março deste ano, ocasião em que a Selic chegou a 7,25%.
“​Dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 10,00% ao ano, sem viés”, diz a autoridade monetária, em nota divulgada após a reunião. Votaram por essa decisão Alexandre Antonio Tombini (presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.
O economista-chefe do banco Santander, Maurício Molan, destaca que a decisão veio em linha com o esperado, mas aponta mudanças no comunicado, com a autoridade monetária deixando de se referir ao ajuste da taxa básica e passando a se referir ao processo de ajuste. “A gente acredita que, se [o Banco Central] não mudasse o comunicado, haveria a probabilidade de o mercado apostar em nova alta dos juros. Com a mudança, passa a ficar mais dependentes de dados para a decisão entre 0,25% ou 0,50%).
Molan explica que o processo de ajuste dos juros envolve mecanismos de transmissão de política monetária, e existe uma defasagem nesse processo. “Em algum momento, o Banco Central vai mencionar que, apesar da inflação não estar caindo e das expectativas elevadas, vai esperar um tempo até que o processo de ajuste das condições faça efeito na economia e na inflação. Ao se referir ao processo, estamos mais perto desse momento, onde se diminui o ritmo e interrompe o ciclo de alta, acreditando que isso não interrompe o ciclo de ajuste”.
Além disso, a autoridade monetária lembra que o ciclo foi iniciado em abril. “O Banco Central procura lembrar que esse ciclo de aperto monetário já vem de algum tempo. Ou seja, como começou em abril, leva-se tempo para o início desse aperto fazer efeito, o chamado efeito defasado do ciclo monetário”. Ao se retirar a frase falando que o aumento vai contribuir para o processo de ajuste, Molan interpreta que as autoridades estão mais perto do fim do ciclo. “Não tira a frase objetiva, mas fica implícito que eles acreditam que a decisão provavelmente vai se aproximar daquela taxa de juros compatível com taxa em declínio”. A ata que detalha os fatores que levaram ao aumento dos juros será divulgada na próxima quinta-feira (5).
Para o economista-chefe do Santander, o ciclo de aperto tem contribuído para a melhora das expectativas com relação a política monetária – por algum tempo, o mercado questionou se o Banco Central caminharia no sentido de trazer juros para dois dígitos, e o fez, em um sinal de que a política monetária está sendo conduzida de forma independente. “As declarações no sentido de contenção de gasto e reversão de algumas isenções de encargos ano que vem podem ser o inicio do processo de recuperação da credibilidade no sentido fiscal”, acredita Molan.
Apesar disso, existem alguns riscos que não devem ser descartados, como a questão dos preços dos combustíveis e a recente alta da moeda norte-americana. “Acho que o maior risco está no dólar. Na gasolina, tem que ocorrer o reajuste de preços, no que chamamos de reajuste relativo – que gera inflação no primeiro momento, e depois não mais. A gente vê a taxa de repasse do dólar para a inflação abaixo do imaginado, mas se a continuidade do ciclo de depreciação for mais intensa, traz risco para o cenário de convergência da inflação”, diz Maurício Molan.

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