O mapa de indicadores fiscais elaborado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) mostra que o gasto do Brasil com juros da dívida pública como o terceiro maior do mundo. O Brasil só perde para a Grécia, que está passando o pires e quase ninguém acredita que ela vá conseguir pagar a sua dívida, e para o Líbano que tem as finanças abaladas pelas despesas da guerra.
A dívida bruta equivale há 65% do PIB, muito menor que outros países como os Estados Unidos (103% do PIB), Japão (230%), Alemanha (81%) e Itália (127%).
Além disso, se consideramos os créditos a receber do governo (por exemplo as reservas internacionais brasileiras estão em mais de 370 bilhões de dólares), a dívida líquida está em torno de 34% do PIB, valor razoavelmente baixo.
Não dá para entender por que o governo brasileiro insiste em pagar juros tão elevados aos credores. Devedores com dívidas bem maiores, quase na insolvência pagam juros menores que o Brasil.
Não acredito que seja por causa da inflação. Se for para desaquecer economia, dá para aumentar o % de depósito compulsório (reduz o volume de dinheiro disponível na economia) ou atuar pontualmente em alguns setores via IOF aumentando o custo do financiamento.
A elevação de juros só faz adiar e piorar os problemas da economia porque inibe investimentos, onera as contas públicas. Juro alto não faz o preço do feijão ou do tomate cair. Muito menos o Brasil tem poder para fazer preços internacionais baixarem através de sua taxa de juros; esse poder só o governo dos EUA e a China pelo tamanho do seu mercado consumidor.
O juros efeito muito fraco sobre a maioria dos preços, atua indiretamente através do câmbio, mas é um tiro no pé. Câmbio valorizado mata a competitividade da economia e somente empurra o problema para depois.
Análise campeã do Luis Nassif:
ResponderExcluirA volta da velha senhora, os juros de dois dígitos
sab, 12/10/2013 - 09:12 - Atualizado em 13/10/2013 - 15:38
Luis Nassif
A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de aumentar a taxa Selic para 9,5% ao ano e os termos do comunicado indicam que poderá voltar novamente aos dois dígitos. E mostra – mais uma vez – a enorme dificuldade do país em definir estratégias claras de desenvolvimento.
O organismo econômico brasileiro se assemelha a de um viciado que não pode viver sem drogas, sob risco de crises de abstinência.
***
Nos dois últimos anos, o governo Dilma Rousseff deu início à mais ousada estratégia monetária dos últimos vinte anos, de tentar trazer as taxas de juros aos níveis internacionais e proceder a alguma correção do câmbio.
E aí se observou um fenômeno típico de organismos viciados.
A economia está dividida entre os grandes grupos – capitalizados e ofertantes de recursos – e pequenas e médias empresas – demandantes de crédito.
As grandes empresas vinham apresentando bons níveis de rentabilidade. Reduzida a Selic, constatou-se que caíram as margens de lucros.
Percebeu-se, então, que eram garantidas pelos ganhos financeiros. A reação de empresas maiores foi promover reajustes de preços, visando recompor margens.
Para permitir a recomposição sem repasses, muitos setores foram agraciados com redução nos encargos trabalhistas, fruto do festival de desonerações fiscais do Ministro Guido Mantega.
***
O segundo movimento foi no câmbio.
Desde que assumiu, a presidente Dilma Rousseff estava convencida da necessidade de promover desvalorizações controladas do real, para devolver um mínimo de competitividade à economia interna.
Nos últimos meses, houve forte instabilidade no dólar, com a perspectiva de elevação das taxas de juros dos Estados Unidos. O Banco Central aproveitou a brecha e promover uma desvalorização controlada do real, que bateu nos R$ 2,30.
Com isso, reduziu os riscos de crise externa, mas à custa de uma elevação nos preços internos, especialmente dos chamados comercializáveis (produtos cujos preços são regulados pelas cotações internacionais).
***
O ritmo de crescimento baixo da economia poderia amenizar o repasse para os preços. Mas, ao mesmo tempo, abriria espaço para que a mídia do eixo Rio-São Paulo voltasse a exercitar o terrorismo.
Algum tempo atrás, os dois maiores jornais de São Paulo estamparam, na primeira página, a falsa informação de que famílias estariam retornando aos hábitos de consumo do período hiperinflacionário. Durante semanas, o Jornal Nacional bateu diariamente na tese da perda do controle inflacionário.
Esse movimento gerou um efeito cascata que se espalhou por diversos setores e acabou sendo contido pela decisão de elevar a Selic.
***
Agora, retorna-se ao mesmo jogo anterior. Aumentam-se os juros, os grandes grupos recompõem os lucros com ganhos financeiros. E a rapa, o enorme contingente dos tomadores de crédito – pequenas e médias empresas, consumidores pessoa física passam a pagar mais.
A melhoria de caixa das empresas – com a alta da Selic – será bancada com a redução dos recursos disponíveis para educação, saúde, investimento. Há que se poupar mais, para garantir os juros, os ganhos financeiros dos grandes e a tranquilidade da velha mídia.
http://jornalggn.com.br/noticia/a-volta-da-velha-senhora-os-juros-de-dois-digitos
Só faltou Nassif mencionar a pressão inflacionária provocada pela seca americana no segundo semestre de 2011, problema problema na safra de alguns produtos nacionais no final de 2012 como o tomate(usado para aterrorizar a Dimla).
ResponderExcluirO BC, diferentemente dos outros mundo afora, trabalha com o passado. Fica querendo corrigir a série de 12 meses no índice de inflação. Tem que olhar para frente, tem que atuar para amenizar a inflação futura, isso se for realmente necessário.