terça-feira, 5 de novembro de 2013

Da série acredite se puder: Preocupação com contas públicas faz dólar fechar em alta de quase 2%

Acredite se puder: a imprensa atribuí a alta do dólar as contas públicas brasileiras. Como se o capital estrangeiro estivesse punindo o governo do PT. Esse filme eu já vi. Na verdade a mudança de ânimo dos especuladores tem mais a ver com as novas apostas no cassino mundial e não com o Brasil. Em outras palavras o especulador está de olho no movimento do BC dos EUA e da União Européia.



Preocupação com contas públicas faz dólar fechar em alta de quase 2%

Por Silvia Rosa | Valor
SÃO PAULO  -  O pessimismo dos investidores com a condição macroeconômica do Brasil e a preocupação com um possível rebaixamento da nota de crédito soberana do país voltaram a pesar sobre os mercados, levando o real a liderar as perdas frente ao dólar hoje. A moeda americana encerrou em alta de 1,96% a R$ 2,2890, maior cotação desde 6 de setembro e maior variação desde 21 de agosto, quando foi registrada a máxima do dólar no ano, de R$ 2,4510. O contrato futuro de dólar com vencimento em dezembro avançava 1,83%  para R$ 2,302.
Depois de um resultado fiscal fraco na semana passada, as declarações de representantes do governo hoje publicadas nos jornais não foram suficientes para acalmar os investidores. Para os analistas, o governo não tem mostrado ações efetivas para melhorar as contas públicas, buscando garantir a meta do superávit fiscal,  o que se torna mais preocupante em um cenário de aumento da taxa Selic pressionando a elevação da dívida pública.
Para um tesoureiro de um banco nacional, a declaração da ministra da Casa Civil , Gleisi Hoffmann, ao jornal “Folha de S. Paulo” hoje de que vê com simpatia o sistema de banda para o superávit primário ajudou a reforçar essa visão. O Barclays já trabalha com um cenário de rebaixamento em um degrau da nota de crédito do Brasil no ano que vem, mas vê a aprovação da mudança do indexador da dívida de Estados e municípios, que ainda será votada no Senado, como um risco de perda do grau de investimento do país, o que poderia trazer impacto negativo para os mercados, havendo uma fuga maior de capitais. “Parte desse risco já está refletida no mercado como mostra a deterioração do risco de crédito do Brasil em relação a outros países latino-americanos”, afirma Marcelo Salomon, economista do Barclays para a América Latina.
O projeto que define novos indexadores para a correção da dívida de Estados e municípios foi aprovado pela Câmara Federal no dia 23 de outubro e será votado agora no Senado. Pelo texto, as dívidas dos Estados e municípios serão corrigidas pela taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 9,5% ao ano, ou pelo IPCA mais 4% ao ano, o que for menor.
Hoje o movimento de alta do dólar lá fora, após dados positivos do setor de serviço nos Estados Unidos, contribuiu para acentuar a valorização da moeda americana em relação ao real, que chegou a bater R$ 2,2950 na máxima do dia. A disparada do dólar levou um movimento de zeragem de perdas (stop loss), uma vez que muito investidores mantinham operações estruturadas que tinham como barreiras de alta um dólar entre R$ 2,25 e R$ 2,27. “À medida que o dólar ultrapassou essas barreiras, provocou um movimento de zeragem de posições”, afirma um tesoureiro de um banco nacional. Para ele, há espaço para o dólar buscar um patamar acima de R$ 2,30 no curto prazo.
A piora dos fundamentos domésticos tem pesado sobre o real. Desde a semana passada, o dólar acumula alta de 4,57% em relação à moeda brasileira, representando a maior alta considerando um grupo de 13 principais divisas emergentes.
Diante desse cenário, os investidores já começam a discutir a necessidade do BC em estender o programa de intervenção do câmbio, lançado em 22 de agosto, para o ano que vem. Desde maio, o BC já colocou cerca de US$ 64 bilhões por meio da venda de contratos de swap cambial. Se mantiver o programa de intervenção até o fim do ano, o BC fechará o ano com uma posição perto de US$ 100 bilhões em contratos de swap e linha.
(Silvia Rosa | Valor)


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