quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Argentina: o caso Nisman e a ação da imprensa blindando Lagomarsino

http://jornalggn.com.br/noticia/argentina-o-caso-nisman-e-a-acao-da-imprensa-blindando-lagomarsino

Por Marcus Vinícius Coelho
Estou em Buenos Aires desde 26/01 e venho acompanhando o caso Nisman, mesmo porque a imprensa argentina, além de tendenciosa, é monotemática e o caso da moda, atualmente, é esse. Acompanhei, inclusive, uma coletiva de Lagomarsino, cujas declarações vou usar neste comentário.
Antes de mais nada, me espanta que seja publicado, sem maiores comentários, um texto de Ariel Palacios, da Globo. Ambos, indivíduo e empresa, são altamente tendenciosos. Tanto isso é verdade que o tuíte postado por Lagomarsino, mencionado por Ariel, e altamente ofensivo a Cristina Kirchner ("andate a la reconcha de tu putísima madre") foi confirmado, hoje, por La Nación, que também é de oposição.
Se esse caso tivesse acontecido num país de justiça e, principalmente, imprensa sérias (portanto não é o caso da América Latina, em geral) Lagomarsino seria, unanimente, considerado o principal suspeito e já teria sido submetido a interrogatório e, possivelmente, indiciado, devido aos seguintes fatores, todos amplamente noticiados pela própria imprensa opositora:
1 - Lagomarsino foi a última pessoa a estar com Nisman, como ele mesmo admite e os registros do condomínio fechado onde Nisman morava indicam. Ele esteve com Nisman às 16 e às 20 horas do sábado 18/01/2015 e, posteriormente, nem os registros, nem os guarda costas do procurador indicam qualquer outra visita externa ao condomínio.
2 - A arma usada na morte era de Lagomarsino, como ele admitiu e foi comprovado pela perícia. Segundo afirmou na coletiva, Nisman, que dispunha de 2 armas próprias, pediu-a emprestado na primeira ida de Lagomarsino a sua casa e recebeu-a na segunda. Ainda segundo Lagomarsino, a arma não seria capaz de disparar, pois não era usada há muito tempo. Mas disparou!
3 - Lagomarsino também admitiu ter manuseado a arma e instruído Nisman como usa-la, mas só havia DNA de Nisman na mesma.
4 - Nisman não tinha resíduos de pólvora nas mãos, que comprovariam, junto com o DNA, o disparo de suicídio. Lagomarsino não foi submetido a qualquer tipo de perícia forense.
5 - Na segunda ida ao apartamento de Nisman, Lagomarsino saiu pela porta da frente, que foi encontrada fechada; aliás o acesso pelo elevador social ao andar depende da digitação de código na saída do elevador. Já a porta dos fundos foi encontrada fechada, com a chave por dentro, o que impedia a abertura da mesma por fora; para abri-la, foi necessário empurrar e chave, pela fechadura para dentro do apartamento.
Inicialmente, a Presidenta Cristina Kirchner manifestou suspeitar de suicídio e foi ridicularizada pela imprensa. Depois que foi descoberta a presença de Lagomarsino na cena do crime a Presidenta apresentou suas suspeitas quanto a esse indivíduo, em rede nacional. À medida que mais indícios foram sendo revelados, a imprensa, pouco a pouco, foi passando a "gostar" da hipótese de suicídio.
A imprensa aceita tudo que diz Lagomarsino, sem qualquer questionamento, demonstrando a cumplicidade entre ambos.
Concluindo, como dizia Brizola: "se tem rabo de jacaré, barriga de jacaré e focinho de jacaré, deve ser jacaré".

Nenhum comentário:

Postar um comentário