qua, 04/02/2015 - 17:19
Atualizado em 04/02/2015 - 19:01
Jornal GGN - O Ministério Público Federal (MPF) e o
juiz federal Sergio Moro, que comanda as investigações da Operação Lava
Jato, dispensaram os depoimentos da ex-gerente de Abastecimento, Venina
Velosa da Fonseca, subordinada ao ex-diretor Paulo Roberto Costa.
Venina respondeu a todas as perguntas do MPF: em suas respostas
afirmou que alertou a presidente da Petrobras, Graça Foster, sobre o
esquema de desvio de dinheiro da estatal; isentou a área de
Abastecimento da Petrobras de responsabilidades na fiscalização das
obras da empresa, dirigida pelo réu confesso Paulo Roberto Costa, e
afirmou que o setor de ambos sequer tinha contato com as empreiteiras.
Mas quando os advogados que defendem empreiteiras interviram e
fizeram perguntas a Venina, as respostas não foram completas. O advogado
Antonio Sergio de Moraes Pitombo, da Engevix, carregou uma lista de
questões. Em boa parte delas, a interrogada respondeu que não sabia,
porque a área responsável pela assinatura de novos compromissos era a de
Engenharia e Serviços, setor vinculado a Renato Duque - o denunciado
que não quis ser delator e sofreu tentativas de extorsão de informações
por parte do juiz Sergio Moro.
Perguntas relacionadas a licitações, fiscalização ou execução das
obras da Petrobras eram todas respondidas por Venina colocando a culpa
na diretoria de Serviços.
Em respostas genéricas, Venina era novamente questionada pelos
advogados. Em uma das perguntas, Pitombo disse: "O senhor Paulo Roberto
Costa se vangloriava de ser próximo ao governo? Próximo ao acionista
controlador, como a senhora chamou?".
A pergunta que dirigia questões contra o delator mais de uma vez
protegido pela Justiça do Paraná foi interrompida por Sergio Moro, que
impediu que Venina respondesse.
O advogado Fábio Tofic Simantob, também da defesa de executivos da
Engevix, reclamou ao juiz a rejeição das perguntas. Disse que para as
dúvidas do MPF, todas foram respondidas pela interrogada. "Durante as
perguntas do Ministério Público, o depoimento foi praticamente 'de ouvi
dizer'. Agora que afeta realmente coisas que a testemunha em tese teria
que saber, ela se esquiva", criticou Simantob.
Moro rebateu: "Desculpe, doutor, mas ela respondeu que não é da área dela".
Venina Velosa foi genérica ao comentar que todas as decisões da
estatal são colegiadas, fazendo entender que Graça Foster, José Sérgio
Gabrielli, ou demais diretorias poderiam terconhecimento de tudo.
Em pergunta direta sobre a sua área, sobre a escalada de preços na
obra de Pernambuco, quando Venina e Paulo Roberto Costa foram
conselheiros da Refinaria Abreu e Lima, disse que os valores maiores
"causaram estranheza", e que a sua reação no momento foi pedir
informações à área de Duque.
Além da dificuldade imposta pelo próprio juiz que guia o caso e que
estava conduzindo o depoimento, das perguntas técnicas sem
aprofundamento do Ministério Público Federal, Venina também não
economizou em termos extremamente técnicos e burocráticos, o que
dificultou a compreensão para os advogados dos réus das empreiteiras e
impediu novos rebatimentos.
A conclusão a que chegaram o MPF e o juiz Sergio Moro é de que o
depoimento de Venina - o mais tenso de todos já realizados na Operação
Lava Jato - não teve contribuição significativa, uma vez que muitas
informações apenas diziam respeito à diretoria de Serviços e, portanto,
não seria de acréscimo para outros interrogatórios do cartel das
empreiteiras - como nas próximas audiências sobre a Camargo Corrêa,
Galvão Engenharia e Mendes Junior. Assim, as outras participações da
ex-gerente de Abastecimento foram canceladas.
Assista à íntegra do depoimento de Venina, publicado pelo Estadão no link do original da matéria no início do post.
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