por Rogerio Maestri
Já no artigo de 13/03/2015 denominado Quem está em crise não é a Petrobras é o Shale Oil nos USA, se chamou a atenção que a produção do Shale Oil nos USA estava com uma crise bem maior do que a Petrobrás. Na época se dispunha de dados de produção de dois meses depois da queda do preço do petróleo que poderiam ser comparados entre si (Dec 2014 e Jan 2015) ou com a situação anterior, que ainda não tinha sofrido o impacto da queda de preço do petróleo. No artigo anterior se chamou a atenção para um dado importante que é o número de plataformas de perfuração em funcionamento, como esta contagem é feita no próprio mês e se pode saber o número exato de plataformas que estão operando no dia do relatório, já se possuíam dados do mês de março que davam uma ideia sobre futura produção do Shale Oil.
Atualizando-se com os dados de 14-04-2015 se verifica que as condições seguem a mesma tendência, o número de plataformas de perfuração caindo pela metade (181 => 91), o número de poços produzindo mantendo-se praticamente inalterado, e a produção de Barris por dia caindo, ou seja, a produção por poço caindo. A queda da produção que não era tão evidente na informação anterior, fica mais clara com a apresentação de um novo dado, a produção por poço em funcionamento.
Dados atualizados da produção de petróleo em Dakota do Norte 14-04-2015 fonte https://www.dmr.nd.gov/oilgas/directorscut/directorscut-2015-04-14.pdf
A primeira coluna deixa claro que o investimento em perfuração está caindo vertiginosamente, é importante destacar que perfurar um poço pode ser uma atividade que ocupa bem mais do que um mês, logo o valor de 91 plataformas de perfuração representam as plataformas que necessariamente não são novas operações. Porém o número de plataformas em perfuração é importante para definir o emprego na região e extrapolando os dados para o resto dos USA se pode ter uma ideia da taxa de desemprego no setor, outras regiões de shale oil, não estão sofrendo um impacto tão alto como na Dakota do Norte, porém estão sofrendo.
Como uma plataforma emprega aproximadamente 50 homens e a tendência em curto prazo e cair aproximadamente 1000 plataformas de óleo e gás, só na plataforma se pode estimar uma perda de empregos diretos se 50.000 operários bem remunerados. Se somarmos empregos diretos em todo a cadeia do petróleo aos indiretos, pode tranquilamente se supor uma perda de 250.000 empregos num intervalo de nove a doze meses.
A última coluna demonstra a queda de produção dos poços individualmente, porém este dado pode ser visto de uma forma bem pior, pois como o número máximo de plataformas de perfuração que operaram na Região de Bakken foram 218 em 29/5/2012, os poços são relativamente jovens, pois em dezembro de 2014 operavam um número significativo de sondas (181) bem próximo ao máximo.
O que tem de vergonhoso nisto tudo é que Energy Information Administration, tem a cara de pau de dizer só agora que a produção de petróleo começou a cair nos Estados Unidos (vide no sumário http://www.eia.gov/petroleum/drilling/#tabs-summary-2 ou no texto básico http://www.eia.gov/petroleum/drilling/pdf/dpr-full.pdf) sendo isto noticiado na Bloomberg Bussiness como uma notícia nova Shale Oil Boom Could End in May After Price Collapse. em 13/04/2015.
Talvez a forma de apresentar os dados pela Energy Information Administration (EIA) esconda um pouco o problema, pois enquanto os dados que se obtém da produção real dos campos de petróleo (dados da tabela) revelam diretamente a queda de produção no campo como um todo, os dados que são utilizados de forma capciosa pela EIA, os dados da tabela correlacionam à produção unitária ao longo do tempo através da última coluna que representa a relação da produção com o número total de poços em operação em Bakken. Como o número de poços não varia muito de mês a mês, qualquer queda na produção fica documentada, já forma de apresentar da EIA correlaciona a produção total dos novos campos perfurados com o número de plataformas de perfuração em funcionamento. Como os campos são novos e os números de plataformas vão caindo se obtém as ridículas figuras de variação da produção em campos novos.
A imagem da uma percepção a quem olha rapidamente que há um aumento incrível de produtividade com o tempo, mas o que esta figura representa logo vai demonstrar seu absurdo quando o número de plataformas caírem a praticamente zero, saltando a produtividade dos campos novos a valores absurdos.
Parece que a imprensa norte americana age na direção contrária do que a imprensa brasileira, enquanto a primeira a interpretar uma produção de petróleo, que em breve estará em queda livre, é otimista e não critica os dados manipulados do governo norte-americano, a nossa imprensa ao interpretar uma produção em crescimento, quase que exponencial, procura tudo para desvalorizar o nosso produto.
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