Do blog do Luís Nassif sobre a terceirização de laboratórios de hospitais públicos no estado de São Paulo
Em princípio, terceirização não pode ser vista como uma prática deletéria. Em muitas empresas, terceirizam-se setores não vitais para concentrar a estrutura gerencial naqueles que são essenciais ao negócio. Muitas vezes terceirizam-se partes essenciais, pela incapacidade de melhorar a gestão. Aí vira gambiarra.
Não sei qual é o caso, mas há críticas consistentes à terceirização de laboratórios de hospitais públicos em São Paulo, conforme matéria de hoje de Cláudia Colucci, na Folha (clique aqui).
Sem ter ainda uma opinião formada, vamos às informações principais da matéria e aos argumentos que constam da matéria, contrários a essa terceirização:
1. A maioria dos exames está sendo feita pelo Laboratório CientíficaLab, comprado em 2007 pelo Laboratório Delboni Auriemo que, por sua vez, pertence ao Diagnósticos da América (Dasa). A contratação é feita por meio de OSs (Organizações Sociais) que administram os hospitais estaduais.
(N.do B: uma observação pessoal. Há um ou dos anos fiz meus exames de check-up no Delboni Auriemo, perto do meu escritório. Para exames um pouco mais complexos, meu próprio médico apresentou ressalvas ao laboratório. Visitando as instalações é nítida a sensação de que há uma deterioração no atendimento, ou fruto do crescimento vertiginoso dos últimos anos ou de outros problemas).
2. Entidades representativas de médicos, enfermeiros e demais profissionais da saúde têm protestado contra o processo. Dizem que os hospitais cujos laboratórios foram terceirizados estão sofrendo atrasos nos resultados dos exames e limitação no número de testes.
3. Entre as unidades terceirizadas pela Secretaria está o laboratório de alta complexidade do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, referência nacional no atendimento de doenças infecto-contagiosas.
4. Na opinião do médico Carlos Frederico Dantas Anjos, diretor clínico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, a decisão de terceirizar o laboratório da instituição coloca em risco todo o sistema de vigilância epidemiológica hospitalar. (...) "Há outras formas de reduzir custos, com metas de desempenho, qualidade e eficiência. Uma das formas é o uso mais eficiente dos recursos de custeio, com centralização de compras de equipamentos”, (diz ele).
5. Ele diz que estava de plantão, em um sábado, quando uma mulher com suspeita de doença coronariana aguda deu entrada no pronto-socorro do Emílio Ribas. Entre os exames, foi pedida a dosagem da troponina (exame que detecta a presença de uma enzima liberada no sangue após a lesão do miocárdio). O laboratório terceirizado, porém, só teria entregue o resultado do exame na terça-feira seguinte. "Na terça-feira, quando o exame chegou, ela já tinha feito uma angioplastia", conta.
Comentário
Vale uma boa discussão esse modelo de contratos de gestão, criação de fundações ou terceirização de hospitais públicos - nas áreas federal e estadual.
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