domingo, 3 de agosto de 2014

O que está acontecendo com a engenharia brasileira?

Por Motta Araujo

Repetidos desabamentos de prédios, quedas impressionantes de viadutos novos, crateras lunares em estradas,
buracos vulcanicos em obras desabadas de metrôs, o que está acontecendo com a outrora reputada engenharia brasileira?

Tenho algumas respostas presumiveis:
1.Degradação do ensino de engenharia. Tradicionalmente uma das tres profissões clássicas da elite brasileira (ao lado de direito e medicina), o Brasil teve excelentes engenheiros que construiram com qualidade a infra estrutura do Pais ora em operação, rodovias, pontes, tuneis, predios, uma das maiores pontes maritimas do mundo, a Rio Niteroi, a Escola Nacional de Engenharia do Rio, hoje da UFRJ, o Instituto Militar de Engenharia, a Politecnica de São Paulo e outras escolas de ponta garantiram a construção de um pais gigante como o Brasil.
A crise de falta de obras entre 1980 e 2000 fez minguar o numero de estudantes de engenharia e uma parte dos que se formaram foram para o sistema financeiro que cismou que engenheiros são os financistas ideais.
2.Com a falta de obras se desmontaram as grandes empresas de projetos que cresceram no Governo Militar, Montreal de Engenharia, Internacional de Engenharia, CNEC, Orplan e outras grandes plataformas que congregavam engenharias treinados em projetos que acumularam vasta experiencia, hoje quase todos fora do mercado por aposentadoria, viraram empresarios em outros ramos, mudaram de Pais, etc.
3.O MEGA FATOR da péssima qualidade atual de nossa engenharia que atende pelo nome de REDUÇÃO DE CUSTO, uma obsessão de Tribunais de Contas, de investidores em PPP, de Secretarios de Fazenda, querem o MINIMO CUSTO agora porque o BAIXO CUSTO na verdade vai custar muito mais no medio e longo prazo. Um viaduto mal feito, como o que desabou em BH, VAI CUSTAR MUITO MAIS para desmontar o mal feito e refaze-lo, mas ninguem enxerga isso por  queprecisa ter alguma inteligencia e seriedade profissional.
4. A CORRUPÇÃO, tanto no setor publico como no privado, na area estatal tradicionais comissões de 3% viraram hoje de 20% para começar, é preciso economizar na obra para pagar a comissão, no setor privado, quem contrata e paga a obra em muitos projetos NÃO É COM O DINHEIRO DELE, são companhias abertas com muitos acionistas, são fundos de pensão, clubes, hospitais de ONGs, então para gerar comissão a construtora precisa economizar no cimento e aço.
5. A TERCEIRIZAÇÃO. No passado uma grande construtora fazia a obra inteira, do canteiro às chaves, hoje a grande construtora só assina o contrato e paga a comissão, tudo o mais é terceirizado e ai perde-se o controle da qualidade porque cada um dos terceirizados quer ganhar o maximo com a redução de custo no seu subcontrato.
6.FALTA DE MÃO DE OBRA ESPECIALIZADA - Como todo filho de operario quer ser ""dotô"", ninguem mais quer ser pedreiro, carpiteiro, encanador, soldador, na falta o subempreiteiro que na ponta faz o serviço contrato no laço quealquer um que aparece. Nas crises dos anos 80 muitos bons profissionais emigraram para os EUA, em Washington o grosso dos carpinteiros de construção são brasileiros, dominam o mercado e isso se repete em muitos lugares.
7.FALTA DE FISCALIZAÇÃO DOS CONSELHOS DE ENGENHARIA - Os CREA estaduais são hoje meros cartorios arrecadadores, tem pouquissima eficiencia em fiscalização de obras, faz-se preciso uma MEGA REESTRUTURAÇÃO desses Conselhos para colocar na rua inspetores, alem disso os CREA deveriam tambem credenciar engenheiros projetistas com Exame de Capacidade, hoje pela escassez tem construtoras usando recem formados sem experiencia pratica para assinar projetos, cabe ao CREA aprovar em exame quem possa fazer uma ponte, é preciso um profissional com dez anos de curriculo.
8.DESMONTE DA ENGENHARIA OFICIAL - No passado o DER de São e o DNER tinham otimos engenheiros de carreira para aprovar e fiscalizar projetos, a COMPANHIA DO METRO DE SÃO PAULO tinha um grande Departamento de Engenharia, tudo isso foi desmontado por causa da filosofia de terceirização que no Brasil é muito mal feita, sem engenharia propria os orgãos contratantes oficiais ficam sem parametros para verificar projetos, está tudo terceirizado, desde o projeto basico até a fiscalização, o orgão oficial sem engenheiros não tem mais controle sobre a qualidade. Tanto o DER de S.Paulo como o DNER tinham ALTA REPUTAÇÃO de engenharia propria, tinham os dois REVISTAS DE ENGENHARIA do orgão, com artigos de seus engenheiros.
Pata uma nova onda de obras de infra estrutura o Brasil precisa se preparar, ao contrario muito viaduto vai desabar matando gente e atrasando o Pais, temo um grande apagão de engenharia que é uma barreira ao crescimento.

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