quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Procuradores da Lava Jatos defendem delegados da PF mas não esclarecem vazamentos

http://jornalggn.com.br/noticia/procuradores-da-lava-jatos-defendem-delegados-da-pf-mas-nao-esclarecem-vazamentos
Os Procuradores da República, empenhados na Operação Lava Jatos, apressaram-se em soltar uma nota defendendo o direito à opinião dos delegados parceiros - que, segundo matéria do Estadão, fizeram campanha para Aécio no Facebook e divulgaram comentários depreciativos a Lula e Dilma.
Mas até agora não esclareceram os vazamentos seletivos da Lava Jatos, nem se preocuparam com a utilização política do vazamento no dia anterior às eleições. E parecem não se dar conta de que a explicitação de preferências partidárias, da parte dos delegados, amplia as desconfianças em relação à isenção dos trabalhos na Lava Jatos.
Mais ainda essa demonstração de solidariedade de procuradores que, em nenhum momento, mostraram a menor preocupação com o vazamento seletivo dos depoimentos e seu uso político.
O argumento de que o objetivo geral é o interesse público não bate com as atitudes nem de delegados nem de procuradores da Lava Jatos.
Do Estadão

Procuradores saem em defesa de delegados da Lava Jato

Mateus Coutinho - O Estado de S. Paulo
13 Novembro 2014 | 15h 32

POR MEIO DE NOTA, MEMBROS DA FORÇA-TAREFA DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RESPONSÁVEL PELAS AÇÕES DA OPERAÇÃO AFIRMAM QUE A OPINIÃO DOS POLICIAIS NÃO AFETA A INVESTIGAÇÃO

Os Procuradores da República da força-tarefa do Ministério Público Federal que atua nas ações da Operação Lava Jato divulgaram nota nesta quinta-feira, 13, em defesa aos delegados da Polícia Federal envolvidos na operação e que postaram nas redes sociais mensagens de apoio ao candidato do PSDB, Aécio Neves e críticas à Dilma, Lula e ao PT, durante o período eleitoral.
"Em nosso país, expressar opinião privada, mesmo que em forma de gracejos, sobre assuntos políticos é constitucionalmente permitida, em nada afetando o conteúdo e a lisura dos procedimentos processuais em andamento.", afirma a nota do MPF. A força-tarefa é composta de cerca de seis procuradores federais que acompanham as 12 ações penais decorrentes da Lava Jato na Justiça Federal do Paraná, além dos inquéritos que surgiram com a operação.
O caso veio à tona na reportagem do Estado desta quinta que mostrou que os delegados compartilharam em seus perfis no Facebook propaganda eleitoral do então candidato tucano que reproduzia reportagens com o conteúdo da delação premiada do doleiro Alberto Youssef. Neste depoimento, o doleiro mencionou que Dilma e Lula teriam conhecimento do esquema de desvios - o teor desses depoimentos está sob segredo de Justiça.
Os policiais ajudaram ainda a divulgar notícias sobre o depoimento à Justiça Federal de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, no qual disse que o PT recebia 3% do valor de contratos superfaturados da estatal.
"A exploração pública desses comentários carece de qualquer sentido, pois o objetivo de todos os envolvidos nessa operação é apenas o interesse público da persecução penal e o interesse em ver reparado o dano causado ao patrimônio nacional, independentemente de qualquer coloração político-partidária.", conclui o texto do MPF.
Veja abaixo a íntegra da nota:
"Os Procuradores da República membros da Força-Tarefa do Ministério Público Federal, diante do teor da reportagem "Delegados da Lava Jato exaltam Aécio e atacam PT na rede", publicada pelo jornal "O Estado de São Paulo" nesta data, vem reiterar a confiança e o apoio aos delegados, agentes e peritos da Polícia Federal que trabalham nessa operação.
Em nosso país, expressar opinião privada, mesmo que em forma de gracejos, sobre assuntos políticos é constitucionalmente permitida, em nada afetando o conteúdo e a lisura dos procedimentos processuais em andamento.
A exploração pública desses comentários carece de qualquer sentido, pois o objetivo de todos os envolvidos nessa operação é apenas o interesse público da persecução penal e o interesse em ver reparado o dano causado ao patrimônio nacional, independentemente de qualquer coloração político-partidária."

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