quarta-feira, 1 de outubro de 2014

O porquê a oposição vai ganhar as eleições

É comédia, mas faz sentido o conceito IAPM.



Do blog do Prof. Hariovaldo Prado

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A ideia de que o destino do país possa ser decidido no interior da cabine indevassável por milhões de eleitores comuns em decisões soberanas é idílica e bela, porém falsa e perigosa, pelo grau de impresibilidade que esse processo acarretaria ao mundo dos negócios.

A eleição é muito importante para ser deixada ao mero arbítrio dos eleitores, nem sempre qualificados para entender as grandes complexidades envolvidas. Na verdade é necessário que o eleitor seja amparado, assistido e inspirado pelos formadores de opinião. Sem a tutela da opinião publicada a opinião pública pode tomar caminhos imprevisíveis e inconvenientes.
Se o eleitor chega até a cabine eleitoral mergulhado em dúvidas hamletianas, isso significa que os “formadores de opinião” não desempenharam a contento o seu papel.
Felizmente para a próxima eleição presidencial os prognósticos não poderiam ser mais auspiciosos. Tudo indica que o PM – Partido Midiático – conseguirá na eleição presidencial vindoura a sua maior vitória desde 1989 quando, com uma performance brilhante, levou o Doutor Fernando Collor ao poder.
Homens da envergadura do Doutor Roberto Marinho, Octávio Frias, João Jorge Saade do ainda vivíssimo Senor Abravanel, mais do que construir os seus impérios de comunicação souberam educar os seus herdeiros à sua imagem e semelhança e hoje vemos que esses grandes homens continuam vigilantes entre nós não fisicamente mas através dos seus maravilhosos herdeiros, motivo de orgulho para os seus papais que, do céu onde eles conseguiram penetrar por méritos evidentes, estão, em estado de graça, observando e aprovando a atuação dos seus herdeiros.
E assim em 2014 veremos o Brasil retornar ao bom caminho desviando-se da trajetória de equívocos iniciada em 2002, quando em gesto de rebeldia infantil a imatura sociedade brasileira tomou as rédeas nos dentes e ignorou os conselhos dos seus guias naturais.
Nossa análise está lastreada no indicador IAPM (Índice de Absorção Passiva da Mensagem), conceito desenvolvido, após exaustivos estudos, pela equipe técnica do CMAPP – Centro Munchausen de Análises e Pesquisas Políticas – com o objetivo de apurar e dimensionar a efetiva influência dos meios de comunicação nas eleições brasileiras.
O IAPM mede o grau de absorção passiva da mensagem midiática e é expresso numa escala de 0 a 1 (100%).
O índice zero indica uma relação de desconfiança total do receptor em relação ao emissor da mensagem, resistência, rejeição, questionamentos, dúvidas e impenetrabilidade. Já o índice 1 (100%) sugere uma relação idílica, pautada pela confiança absoluta no emissor da mensagem, receptividade e atitude de abertura total para a penetração da mensagem. Os índices zero e hum (100%) são situações extremas. Como regra geral o IAPM varia de 0,2 a 0,8, com raríssimas exceções. No Brasil a única exceção relevante conhecida é a revista Veja, que ostenta um invejável IAPM de 1, o que indica efetividade de 100% da mensagem vejista, significando dizer que a Veja consegue transformar 100% dos seus leitores em eleitores.
Por exemplo, existe uma diferença substancial entre o IAPM dos novelistas habituais e telespectadores fiéis e assíduos do Jornal Nacional e a turma do futebol. Um novelista ou uma novelista ideal acompanha em silêncio e com dedicação quase religiosa as tramas da novela sofrendo e chorando com os dramas dos seus personagens. São os telespectadores ideais pois dedicam total atenção e absorvem passivamente tudo que lhes é transmitido até nos comerciais. Temos aqui um IAPM próximo de 1. O mesmo podemos dizer dos telespectadores assíduos e fiéis do Jornal Nacional.
Já a turma do futebol é diferente. Ativos, dispersivos e barulhentos eles criticam treinadores e jogadores, reelaboram a mensagem, xingam juiz e bandeirinhas, mudam de canal sem a menor cerimonia. Como cada um deles se julga um Mestre ou Doutor no assunto eles ousam questionar até o comentarista oficial da emissora. Uma lástima. Temos pois no caso do futebol um IAPM muito baixo.
Assim instrumentalizados teoricamente não é difícil prever o resultado de uma eleição. Basta avaliar o impacto e o alcance dos principais meios de comunicação à luz do IAPM.
Vamos aos fatos e aos números:
O primeiro e mais importante meio de comunicação a ser observado é o Sistema Aberto de Televisão. O cálculo do IAPM para o sistema aberto de TV é bastante complexo pois deve levar em conta as especificidades de cada tipo de programação, conforme acima explicitado.
A rigor, todos os programas televisivos abertos, uns mais outros menos, enfrentam o problema da falta de assiduidade e fidelidade. Grande parte dos assíduos, fiéis e exemplares telespectadores de outrora sucumbiram diante das perigosas seduções da Internet e hoje são telespectadores eventuais. Submetidos a outras influências nem sempre benéficas eles não mais reproduzem fielmente os valores e a cultura das emissoras. Uma lástima. Assim o IAPM das Rede abertas de TV caiu significativamente nos últimos anos.
No frigir dos ovos, depois de exaustivos cálculos, atribuímos ao Sistema Aberto de TV um IAPM médio de 0,5, bem inferior ao da Veja – o benchmarking do setor. Isso significa admitir que 50% dos telespectadores podem ser convertidos em eleitores.
Ainda assim o Sistema Globo, no seu conjunto, pelo seu alcance nacional, ainda é a influência mais poderosa na eleição brasileira e os filhos do Doutor Roberto merecem ser cultuados como os maiores formadores de opinião do Brasil. Considerando que o Sistema Globo alcança em torno de 80 milhões de potenciais eleitores brasileiros, temos:
80.000.000 x 0,5 = 40.000.000
Assim o Sistema Global, no seu conjunto, deverá arrebanhar para a oposição brasileira cerca de quarenta milhões de votos.
O SBT, por outro lado, alcança 20 milhões de potenciais eleitores, então temos:
20.000.000 x 0,5 = 10.000.000
Da decadente Rede Bandeirantes, com um alcance mais modesto de dez milhões de potenciais eleitores, podemos esperar:
10.000.000 x 0,5 = 5.000.000
E assim chegamos aos cinquenta e cinco milhões de votos!.
Aqui abrimos um parêntese para homenagear os vejistas. Corpo de elite recrutado na classe média eles são a nossa menina dos olhos. A confiança absoluta deles na justiça da nossa causa nos anima, conforta e emociona. Com uma fé absoluta em sua bíblia vejista eles constituem de longe o corpo mais motivado, aguerrido, homogêneo e valoroso da oposição. Com a paixão no coração e a Veja na cabeça eles marcham, coesos, disciplinados e determinados na vanguarda do exército oposicionista. Entre os vejistas o IAPM – Índice de Absorção Passiva da Mensagem – é igual a 1 (100%). Constituem o eleitorado mais cativo, fiel, dedicado e previsível da oposição. No caso da Veja o leitorado pode facilmente ser transformado sem perdas em eleitorado. É milho no papo e voto na urna. Alvíssaras!
Sendo o IAPM igual a 1, a matemática para a apuração dos votos dos vejistas é bastante simples:
São 1.250.000 (tiragem) x 4 (leitores por exemplar) = 5.000.000 milhões de votos!
Assim, se aos cinquenta e cinco milhões de votos já apurados somarmos os cinco milhões de votos certos dos vejistas, alcançamos os sessenta milhões de votos.
Finalmente temos um conjunto de atores políticos menores mas que no seu conjunto conseguem arrebanhar um significativo número de eleitores. Entre eles temos a Rede TV, a CBN, os jornais Folha de São Paulo e Estadão e blogs como Josias de Souza, Ricardo Noblat, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes e outros menos votados. Alguns apresentam um IAPM bem elevado como Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes, No seu conjunto esses atores menores deverão nos trazer cinco milhões de votos e com isso alcançaremos, sempre numa análise conservadora, os sessenta e cinco milhões de votos.
Apesar dessa avalanche de votos não podemos assegurar a vitória no primeiro turno dada a dispersão dos votos oposicionistas. Contudo no segundo turno, seja qual for o candidato oposicionista, Dilma se defrontará com a face cruel da derrota.
Suspeito que os petralhas não vão gostar dessa verdade inconveniente e que nós, do CMAPP, possamos ser vítimas de uma campanha de difamações. Acontece que aos combatentes da verdade não é lícito privilegiar o conforto pessoal em desfavor da sua missão.
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* O autor é Mestre e Doutor pelo Institut des Hautes Etudes en Sciences Politiques Hariovaldo Prado’. Fundador e Diretor do CMAPP – Centro Munchausen de Análises e Pesquisas Políticas. Tem uma obra ainda inédita chamada “A Verdade nas Pesquisas Eleitorais”

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