domingo, 26 de outubro de 2014

Pedro Rezende: A democracia tutelada do sistema eleitoral

Entrevista cedida a Luis Nassif

Jornal GGN - Um dos maiores especialistas em urnas eletrônicas, Pedro Rezende concedeu entrevista ao GGN sobre a possibilidade de fraudes nas urnas eletrônicas que foram usadas para a votação das eleições neste domingo (26). "O eleitor foi acostumado com um processo eleitoral em que a participação dele como fiscal é praticamente nula. Isso transforma a democracia que deveria ser participativa numa democracia tutelada. Apenas a votação deveria ser secreta. Todo o restante do processo deveria ser transparente", disse.
Cursando PHD em Matemática Aplicada e professor do Departamento de Ciência da Computação da UNB, Rezende integra o CMind (Comitê Multidisciplinar Independente), grupo que investiga desde 2009 o voto eletrônico no Brasil. Mas seu envolvimento com o assunto vem de 2002, quando tentou ingressar na equipe que analisaria o código dos programas do sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). "Tive que desistir por discordar da exigência de que antes assinasse um termo de sigilo sobre o que viesse a conhecer do sistema", contou.
 
Ao GGN, Pedro Rezende explicou como a fraude se dá na codificação, uma maneira antidemocrática porque só é acessível a especialistas em computação. "Quando a gente fala do código germinado nos referimos aos programas da maneira que são escritos pelos programadores. Código é a abreviação de código fonte", esclarece, afirmando que é uma linguagem própria. "Pela lei 9.504, os direitos do eleitor de acompanhar o voto foram trocados pelo direitos dos partidos e do Ministério Público poderem conhecer e examinar o código fonte, isto é, a matriz do programa de resultados da forma como são produzidos pelos programadores". 
 
 
Rezende explica que a única forma de fiscalização e prevenção para que se tivesse certeza de que as votações não foram fraudadas seria a auditoria antecipada: "A auditoria preventiva possível seria em um momento anterior à eleição e posterior à preparação das urnas, para averigar se de fato há a possibilidade de se inserir programas com assinatura forjada e se passarem como originais pelo TSE".

Ouça a entrevista:

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